Grampo da PF indica esquema de advogados para lista sêxtupla no TJ

Política
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A Polícia Federal investiga se as supostas negociações de propina para barrar processos no Tribunal de Ética e Disciplina da seccional da paulista da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), reveladas em novembro na Operação Biltre, também envolveram como 'moeda de troca' o apoio na indicação para a lista sêxtupla destinada ao preenchimento da vaga de desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo reservada à advocacia.

Um quinto dos tribunais é reservado à classe dos advogados. A indicação é realizada por meio de lista sêxtupla formada pela OAB. É o chamado quinto constitucional da Corte. Outro quinto é destinado ao Ministério Público.

A suspeita consta na decisão da juíza Maria Carolina Akel Ayoub, da 1.ª Vara Federal Criminal de São Paulo, que autorizou as buscas feitas pela PF nesta segunda-feira, 16, na Operação Ateliê, segunda etapa ostensiva da investigação que atinge a OAB paulista. "Não há dúvidas que os crimes narrados, em tese, constituem tráfico de influência e/ou corrupção passiva", escreveu a magistrada.

Ao acionar a Justiça para obter os mandados de busca e apreensão, a Polícia Federal expôs parte do conteúdo de grampos feitos durante a investigação. As conversas apontariam o interesse do advogado Carlos Frederico Barbosa Bentivegna em ajudar o colega Fernando Calza de Salles Freire, conselheiro federal da OAB (atualmente licenciado da função), em intervir em um processo disciplinar em troca do apoio deste último para a lista da OAB.

De acordo com a PF, o conselheiro licenciado teria sido 'contratado', junto com a advogada Gislaine Caresia, descrita pelos investigadores como uma espécie de operadora do suposto esquema, para barrar o processo. Em troca, Freire e Gislaine teriam recebido R$ 10 mil.

Em conversa com a advogada, Bentivegna diz que 'quer ficar amiguinho' de Freire. "Também vou dar trabalho para ele… Vou fazer ele me meter na lista de seis neguinho… Vamo que vamo (sic)", diz o advogado em uma das mensagens obtidas pela Polícia Federal.

Em outro diálogo, Bentivegna teria dito a Gislaine: 'o "nosso" gabinete no TJ (eu fantasiado de batman e você de chefe de gabinete com aquele salarinho ruim de 15k que os assessô ganha (sic)'. A advogada teria respondido que 'estamos juntos na questão do quinto e em tantas outras'.

A investigação do caso teve início em setembro do ano passado após denúncia de um advogado à Polícia Federal. De acordo com a corporação, o grupo investigado teria solicitado propinam troca da atuação junto ao Tribunal de Ética e Disciplina da OAB de São Paulo para encerrar processos disciplinares em tramitação, bem como para retirá-los de pauta. A PF vê indícios dos crimes de corrupção passiva e ativa, tráfico de influência, advocacia administrativa e associação criminosa.

COM A PALAVRA, A OAB-SP

"A Seção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB SP) e o seu Tribunal de Ética e Disciplina (TED), por seus respectivos Presidentes, vêm a público informar que nenhum Conselheiro ou integrante da atual gestão é alvo das diligências realizadas hoje (16).

Desde o início das investigações a OAB SP vem contribuindo com as autoridades competentes e iniciou apuração interna dos fatos.

Todos os procedimentos internos permanecem hígidos, sendo que aguardamos as conclusões das investigações policiais para que a sindicância interna, em curso, seja complementada e finalizada.

Em cumprimento ao Estatuto da Advocacia, Lei Federal nº 8.906/94, a OAB SP, atendendo chamado da Polícia Federal, está desde o início da manhã acompanhando a realização das diligências policiais, como é imperativo legal em casos em que os inscritos nos seus quadros são objeto de mandados de busca e apreensão."

COM A PALAVRA, O ADVOGADO FERNANDO CALZA DE SALLES FREIRE

O advogado Fernando Calza de Salles Freire disse à reportagem do Estadão que 'a operação (da Polícia Federal) está sob sigilo' e não quis se manifestar.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO CARLOS FREDERICO BARBOSA BENTIVEGNA

"Atuei e ainda atuo NUM processo disciplinar junto ao TED. Trata-se de advocacia, pura e simplesmente, inclusive não tendo tido êxito nenhum (i) nem no recurso contra o enquadramento e (ii) nem sequer numa petição de adiamento que apresentei. Perdendo todas até o momento! Trata-se de um trabalho normal de advocacia. As circunstâncias da minha candidatura ao Quinto não guardam relação nenhuma com isso. Ainda não tive acesso a nada do inquérito e, por esta razão, ainda não posso dizer nada sobre aquilo que investigam. Estou muito tranquilo e irei lá prestar os esclarecimentos na data designada."

COM A PALAVRA, A ADVOGADA GISLAINE CARESIA

A reportagem do Estadão fez tentativas de contato com o celular da advogada Gislaine Carreia e, até a publicação desta matéria, não houve retorno. O espaço está aberto para manifestação.

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Prestes a completar 100 dias de governo com a aprovação em queda, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou novos decretos com foco na imigração e nas polícias nesta segunda-feira, 28. Uma das ordens do republicano mira nas "cidades santuário", status que limita a cooperação para prisões e deportações de imigrantes sem documentos.

O presidente ordenou que a procuradora-geral, Pam Bondi, e a secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, publiquem uma lista com as "cidades santuário" e adotem "todas as medidas legais" contra aquelas que continuarem se opondo às políticas contra imigração. A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que essas cidades "obstruem" a aplicação da lei.

Em outro decreto assinado nesta segunda-feira, Trump determinou que o governo forneça apoio jurídico aos policiais acusados de irregularidades. Além de revisar as restrições para atuação das polícias e equipá-las com aparatos militares. Karoline Leavitt, disse que ordem deve "liberar as forças de segurança dos Estados Unidos para perseguir criminosos".

O terceiro decreto reforça as regras já existentes que exigem que os motoristas de caminhão profissionais tenham proficiência em inglês. A ordem de Trump afirma que esse "deve ser um requisito de segurança inegociável para motoristas profissionais."

Trump assinou os decretos um dia antes de completar 100 dias de governo. A Casa Branca programou uma série de eventos ao longo da semana para promover as ações do presidente, começando pela repressão contra imigração.

'Cidades santuário' na mira

À medida que tenta acelerar as deportações, a Casa Branca tem se mostrado cada mais irritada com as cidades que limitam ou bloqueiam a cooperação para a prisão de imigrantes sem documentos.

O governo já processou a cidade de Rochester, em Nova York, acusando as autoridades locais de obstruir ilegalmente a aplicação das leis sobre imigração.

O prefeito Malik Evans e o presidente da Câmara Municipal Miguel Meléndez, ambos democratas, criticaram a ação. "O que se vê na denúncia é mais teatro político do que prática jurídica", disseram em nota na sexta-feira. "A cidade de Rochester está comprometida em investir seus recursos na segurança pública para todos, e não em fazer o trabalho de fiscalização de imigração do governo federal."

O Departamento de Justiça também entrou com ação contra uma juíza de Milwaukee, detida na semana passada, acusada de obstruir a prisão de um imigrante.

Mesmo antes dos novos decretos, o Departamento de Segurança Interna já revisava bilhões de dólares em subsídios a cidades e estados, para garantir que estivessem em acordo com as prioridades do governo em matéria de imigração.

Um juiz federal de San Francisco bloqueou temporariamente a suspensão de verbas federais para cidades e condados que não cooperassem com as autoridades de imigração.

Assessores de Trump veem as "cidades santuário" como um dos principais obstáculos para a deportação em massa que o republicano prometeu em campanha.

Stephen Miller, vice-chefe de gabinete da Casa Branca, acusou governadores e prefeitos democratas de travarem uma "guerra" contra as autoridades federais. Segundo ele, democratas estariam permitindo que "imigrantes ilegais saíssem livres para estuprar e matar".

Tom Homan, o "czar da fronteira", disse mais cedo que o governo já realizou 139 mil deportações - abaixo do ritmo registro no último ano do governo Joe Biden. Ele disse que os números seriam mais altos, mas que havia menos pessoas para deportar porque as travessias na fronteira caíram significativamente.

"Estou satisfeito com o número? Ele é bom", disse. "Eu leio na mídia: 'Ah, as deportações do ICE estão atrás das do governo Biden.' Bem, por quê? Porque eles contavam também as remoções de fronteira."

Homan disse ainda que, a partir de terça-feira, o governo vai começar a exigir que imigrantes sem documentos a partir dos 14 anos se registrem e forneçam impressões digitais, sob pena de possível processo criminal. (Com agências internacionais).

O Partido Liberal do primeiro-ministro Mark Carney venceu a eleição federal do Canadá, encerrando uma reviravolta impulsionada pelas ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à economia e à soberania do Canadá. A disputa opôs o primeiro-ministro ao candidato conservador Pierre Poilievre.

Liderados por Carney, os liberais devem conquistar mais assentos na Câmara dos Comuns que os conservadores. Ainda não está definido se os liberais irão liderar um governo minoritário ou majoritário, já que os votos continuavam sendo contados.

As ameaças de Trump sobre tarifas e suas sugestões de que o Canadá deveria se tornar o 51º Estado dos EUA mudaram o rumo da disputa, já que as pesquisas mostravam Pierre Poilievre e seu Partido Conservador com liderança confortável há apenas alguns meses.

No discurso de vitória diante de apoiadores em Ottawa, Carney enfatizou a importância da unidade canadense diante das ameaças de Washington. "Como venho alertando há meses, os Estados Unidos querem nossa terra, nossos recursos, nossa água, nosso país", disse. "Essas não são ameaças vazias. O presidente Trump está tentando nos destruir para que os Estados Unidos possam nos dominar. Isso nunca... jamais acontecerá", acrescentou.

Quem é Mark Carney?

Mark Carney, ex-governador do Banco Central canadense, se tornou primeiro-ministro do Canadá após a renúncia de Justin Trudeau em janeiro deste ano. Em março, ele venceu com mais de 85% dos votos dos membros do Partido Liberal para assumir a função.

Carney tem 60 anos. Nasceu em Fort Smith, nos Territórios do Noroeste do Canadá, em 16 de março de 1965, e foi criado em Edmonton, Alberta. Sua esposa, Diana, nasceu no Reino Unido, e o casal tem quatro filhas.

Carney comandou o Banco do Canadá de 2008 a 2013 e o Banco da Inglaterra de 2013 a 2020. Após ajudar o Canadá a lidar com os piores impactos da crise financeira de 2008, foi recrutado para se tornar o primeiro não-britânico a chefiar o Banco da Inglaterra desde sua fundação em 1694.

Carney possui cidadania canadense, britânica e irlandesa. Ele está em processo para manter apenas a cidadania canadense - o que não é exigido por lei, mas é considerado uma decisão politicamente prudente.

Em 2020, começou a atuar como enviado especial das Nações Unidas para ação climática e finanças.

Carney é ex-executivo do Goldman Sachs. Trabalhou por 13 anos em Londres, Tóquio, Nova York e Toronto antes de ser nomeado vice-presidente do Banco do Canadá em 2003. Até o momento, ele não tinha experiência em política.

Formação acadêmica

Carney tem bacharelado em Economia pela Universidade de Harvard (1988) e mestrado e doutorado em Economia pela Universidade de Oxford. (Com informações da Associated Press).

O presidente da China, Xi Jinping, defendeu o fortalecimento de políticas para promover o desenvolvimento de tecnologias de inteligência artificial (IA) para ampliar a independência do país no setor de maneira "benéfica, segura e justa". O comentário foi realizado em uma reunião do Politburo na tarde de sexta-feira, 25, segundo comunicado divulgado nesta terça-feira, 29.

O encontro discutiu medidas focadas no desenvolvimento e na regulação de IA.

Em seu discurso, Xi pediu que as autoridades concentrem esforços coordenados para avançar na construção de infraestrutura computacional, promovam o compartilhamento de recursos de dados, façam a integração de políticas sobre direito de propriedade intelectual, encontrem novos talentos na área, entre outros.

O presidente chinês também defendeu o uso de incentivos fiscais e melhor nivelamento financeiro para o campo de ciência e tecnologia.