Presidente demitido da EBC volta a criticar Israel: 'terroristas comandados por Netanyahu'

Política
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O ex-presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC) Hélio Doyle voltou a criticar Israel nas redes sociais após ser demitido do órgão nesta quarta-feira, 18, por compartilhar uma postagem que chamavam apoiadores do País de "idiotas". Em outra publicação na noite desta quinta, 19, Doyle disse que os simpatizantes dos israelitas seriam "cúmplices dos terroristas" comandados pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

 

Doyle fez um comentário na postagem do cartunista Carlos Latuff que, indiretamente, causou a sua demissão. Na quarta, o então presidente da EBC compartilhou um post de Latuff que dizia: "Não precisa ser sionista para apoiar Israel. Ser um idiota é o bastante".

 

"Obrigado, Latuff. Você ainda está sendo moderado ao chamar os apoiadores e cúmplices dos terroristas comandados por Netanyahu só de idiotas e desonestos", afirmou o ex-presidente da EBC em nova postagem feita nesta quinta-feira.

 

'Constrangimento ao governo'

 

Ainda na quarta, Doyle foi demitido da EBC após se reunir com o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta. O ex-presidente disse que o compartilhamento do post, que foi mostrado pelo Estadão, criou um "constrangimento ao governo".

 

"O ministro Paulo Pimenta me manifestou hoje seu descontentamento por eu ter repostado, no X , postagem de terceiro acerca do conflito no Oriente Médio. Disse-me que a referida repostagem e sua repercussão na imprensa criaram constrangimentos ao governo", afirmou na rede social.

 

"Diante disso, pedi desculpas e comuniquei que deixo a presidência da EBC, agradecendo ao ministro Pimenta e ao presidente Lula pela confiança em mim depositada por todos esses meses."

 

Cautela

 

O Brasil tem adotado uma postura contrária ao conflito, porém com linguagem cautelosa. A orientação do presidente Lula é que a sua base se afaste do tema da guerra em Israel e foque esforços na pauta econômica. Na segunda-feira, 16, o diretório nacional do PT, porém, divulgou uma resolução sobre o conflito. O texto defende o fim das ações violentas e coloca no mesmo patamar os ataques do Hamas e a ação de Israel.

 

O presidente e alguns ministros usaram expressões como "ataques terroristas" e "atos terroristas", mas sem associá-las expressamente à organização responsável pelos ataques com assassinatos e sequestros de civis, incluindo crianças, em Israel nos últimos dias. O ministro do Esporte, André Fufuca (PP-MA) foi o único integrante do primeiro escalão a classificar o Hamas diretamente como terrorista nas redes sociais.

 

Na quarta-feira, os Estados Unidos vetaram, de forma isolada, uma proposta de resolução patrocinada pelo Brasil sobre a guerra no Conselho de Segurança das Nações Unidas. O projeto previa pausas humanitárias no confronto e condenação dos ataques terroristas. Segundo a diplomacia dos EUA, o veto se deve à ausência de menção ao direito de autodefesa de Israel, apoiado por Washington.

 

Após a saída de Doyle da EBC, o governo Lula passou a orientar, informalmente, os servidores a tratarem com neutralidade a guerra em Israel. A recomendação do governo é direcionada, principalmente, a ocupantes de cargos de chefia, segundo informação da CNN.

 

Repúdio aos danos causados por Israel

 

Ao Estadão, Doyle afirmou na quarta que defende a existência de Israel e de um Estado Palestino e a coexistência pacífica dos dois povos. Segundo o ex-presidente da EBC, o compartilhamento da postagem representa um repúdio aos danos causados pela contraofensiva israelense.

 

"Defendo a existência de Israel e de um Estado Palestino, conforme resoluções da ONU, e a coexistência pacífica entre israelenses e palestinos. Condeno a ocupação de territórios palestinos por Israel, assim como qualquer violência contra civis praticada por qualquer um dos lados. Isso significa que, em relação aos fatos recentes, condeno tanto o Hamas quanto o governo de Israel. Ao compartilhar o post, o apoio a Israel ao qual me refiro é quanto aos ataques indiscriminados contra a população de Gaza", afirmou Doyle.

 

"Eu apoio totalmente a posição do presidente Lula e manter uma postura neutra pelo governo brasileiro é exatamente o que defendo e reforcei explicitamente como linha de atuação do jornalismo da EBC, como pode ser facilmente comprovado. O compartilhamento reflete minha posição acima, de protesto contra os ataques a civis, venham de um lado ou de outro. Talvez tenha também sido motivado pelo que considero hipocrisia dos que protestam justificadamente contra o ataque a israelenses, mas justificam os ataques a palestinos", disse.

 

Hélio é jornalista e foi professor da Universidade de Brasília (UnB) por 28 anos. Nomeado por Lula para presidir a EBC, ele estava à frente do órgão desde 14 de fevereiro. O salário bruto dele era de R$ 34.895,78.

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O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, disse na terça-feira, 13, que está disposto a alterar as regras federais que podem representar obstáculos para a construção de projetos de energia e capitalizar a abundância de recursos naturais do país.

Carney reiterou seu compromisso em ajudar a construir um oleoduto de oeste para leste para transporte de petróleo bruto - desde que haja um consenso nacional. O premiê disse que procura posicionar o país como uma superpotência energética que inclui, mas não se limita, à produção de petróleo e gás.

"O teste é que os canadenses merecem resultados - não retórica e nem falar uns com os outros", disse Carney em uma entrevista à CTV News Network do Canadá. "Acredito que, tanto por trabalhar no setor privado quanto no governo ao longo dos anos, você não consegue obter resultados a menos que trabalhe com parceiros."

Seus compromissos com o desenvolvimento energético surgem no momento em que o líder de Alberta, rica em recursos, pondera realizar um referendo no ano que vem sobre se a província deve se separar do país. A primeira-ministra de Alberta, Danielle Smith, disse que se opõe à secessão, mas os moradores da província estão irritados e frustrados com a política ambiental federal - sob o comando do ex-primeiro-ministro Justin Trudeau - que, segundo ela, frustrou as perspectivas econômicas da região.

"Podemos ser uma superpotência energética e temos todos os componentes - em energia nuclear, energia hidrelétrica e, potencialmente, na captura e armazenamento de carbono, o que será um dos determinantes da competitividade industrial e da produtividade em vários setores."

Ele disse que já prometeu reduzir o escopo das avaliações ambientais necessárias antes que os projetos de energia possam receber sinal verde. "Essa é uma grande mudança de abordagem que potencialmente abre uma série de projetos."

Carney nomeou um ex-banqueiro do Goldman Sachs Tim Hodgson como Ministro da Energia. Na entrevista, Carney elogiou a gestão de Hodgson como presidente da Hydro One e como a empresa de distribuição de eletricidade fez incursões com as comunidades indígenas do Canadá para obter consenso sobre importantes projetos de recursos.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva lamentou a morte de José 'Pepe' Mujica, ex-presidente do Uruguai e ídolo da esquerda latino-americana, nesta terça-feira, 13.

"Grande amigo do Brasil, o ex-Presidente Mujica foi um entusiasta do MERCOSUL, da UNASUL e da CELAC, um dos principais artífices da integração da América do Sul e da América Latina e, sobretudo, um dos mais importantes humanistas de nossa época", afirma o Itamaraty em nota, estacando o seu "compromisso com a construção de uma ordem internacional mais justa, democrática e solidária"

Mujica morreu aos 89 anos, após ter sido diagnosticado com um câncer de esôfago, que havia se espalhado. Com a idade avançada, ele não pode se submeter a tratamentos mais invasivos e se mostrou resignado com a morte em entrevista no começo do ano.

O Itamaraty relembrou a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que esteve com Pepe Mujica em seu sítio, nos arredores de Montevidéu, no fim do ano passado. Na ocasião, Lula presenteou o líder uruguaio com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração a cidadãos estrangeiros.

O ministério das Relações Exteriores afirma ainda que o legado de Mujica continuará "guiando todas e todos aqueles que genuinamente acreditam na integração de nossa região como caminho incontornável para o desenvolvimento e na nossa capacidade de construir um mundo melhor para as futuras gerações".

Por fim, o governo brasileiro se solidarizou com os familiares de Pepe Mujica e com os uruguaios.

LEIA A NOTA NA ÍNTEGRA

O governo brasileiro tomou conhecimento, com profundo pesar, do falecimento na data de hoje do ex-Presidente da República Oriental do Uruguai, José Alberto "Pepe" Mujica, aos 89 anos, em Montevidéu.

Grande amigo do Brasil, o ex-Presidente Mujica foi um entusiasta do MERCOSUL, da UNASUL e da CELAC, um dos principais artífices da integração da América do Sul e da América Latina e, sobretudo, um dos mais importantes humanistas de nossa época. Seu compromisso com a construção de uma ordem internacional mais justa, democrática e solidária constitui exemplo para todos e todas.

Em 5 de dezembro do ano passado, durante visita a Montevidéu, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva condecorou "Pepe" Mujica com a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a mais alta condecoração oferecida pelo Brasil a cidadãos estrangeiros. Na ocasião, o Presidente da República referiu-se ao ex-Presidente Mujica como "a pessoa mais extraordinária" entre os presidentes com quem conviveu.

O legado de "Pepe" Mujica permanecerá, guiando todas e todos aqueles que genuinamente acreditam na integração de nossa região como caminho incontornável para o desenvolvimento e na nossa capacidade de construir um mundo melhor para as futuras gerações.

Neste momento de dor, o Governo brasileiro estende à viúva Lucía Topolansky e aos familiares do ex-Presidente, assim como ao governo e ao povo uruguaios, seus mais sentidos pêsames e expressões de solidariedade.

O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, apresentou seu novo gabinete nesta terça-feira, 13, semanas após sua vitória eleitoral, apostando em novatos e autoridades-chave nas relações com os Estados Unidos para reconstruir uma economia fragilizada pela política tarifária do presidente Donald Trump.

Carney decidiu manter François-Philippe Champagne como ministro das Finanças. Champagne enfrenta duas grandes tarefas imediatas: receber seus colegas do G7 na próxima semana em Banff, Alberta, para um encontro de três dias que deverá ser dominado por questões comerciais; e apresentar um plano orçamentário, provavelmente no próximo mês, delineando cortes de impostos e investimentos, conforme prometido durante a campanha eleitoral.

A maioria dos 28 integrantes do gabinete são recém-eleitos ou estão assumindo um cargo ministerial pela primeira vez. A mudança reflete a tentativa de Carney de distanciar sua administração da anterior, liderada por Justin Trudeau. Ex-presidente do Banco do Canadá, Carney venceu a eleição em 28 de abril defendendo que sua experiência econômica e capacidade de formulação política são o que o país precisa para enfrentar o atual período de turbulência econômica.

"Este novo gabinete foi construído para entregar as mudanças que os canadenses desejam e merecem," disse o primeiro-ministro.

Antes de assumir a liderança do Partido Liberal, Carney criticou o governo Trudeau por não dar a devida atenção à economia, reconhecendo que o país já estava em uma situação frágil antes mesmo de Trump impor tarifas de até 25% sobre importações canadenses estratégicas, como de automóveis, aço e alumínio.

O comércio com os EUA representava cerca de um quinto do crescimento econômico do Canadá, e Carney alertou que a relação econômica de décadas com o país vizinho - marcada por uma rede de suprimentos altamente integrada - chegou ao fim. Ele tem falado sobre explorar novos laços econômicos e de defesa com a Europa e a Ásia.

"Será que o leste do Canadá poderá se reorientar para o comércio com a Europa e o oeste para o comércio com a Ásia? Não é impossível, mas será caro," disse o economista Paul Krugman, vencedor do Prêmio Nobel, em podcast produzido pelo CIBC Capital Markets.

Entre as mudanças notáveis no gabinete do primeiro-ministro está a nomeação de Anita Anand como ministra das Relações Exteriores. Mélanie Joly, que ocupava esse cargo e fazia parte do círculo próximo de Carney nas negociações com a Casa Branca de Trump, assumiu o Ministério da Indústria, enquanto Dominic LeBlanc manteve a responsabilidade pelo comércio entre os EUA e o Canadá.

David McGuinty será o novo ministro da Defesa do Canadá.