O tenente-coronel Mauro Cid disse em sua delação premiada à Polícia Federal que o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), era o líder do chamado "gabinete do ódio", grupo de assessores do Palácio do Planalto que atuava nas redes sociais e que é acusado de disseminar notícias falsas contra adversários do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL). A informação é do colunista Aguirre Talento, do portal UOL.Além de Carlos, Cid disse que o próprio Bolsonaro estava vinculado à disseminação de notícias falsas contra o processo eleitoral, o que a PF já suspeitava desde que encontrou mensagens enviadas pelo ex-presidente na qual ele pede que o empresário Meyer Nigri "repasse ao máximo" uma mensagem que acusa o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, de interferir nas eleições.
O advogado de Bolsonaro, Fábio Wajngarten negou ao portal as irregularidades apontadas por Mauro Cid e citou a declaração do subprocurador da República, Carlos Frederico Santos, que disse ao Estadão que ainda é preciso comprovar as informações repassadas pelo ex-ajudante de ordens.
"O eminente procurador leu toda a peça e concluiu que a mesma é fraca e desprovida de qualquer elemento de prova. A 'delação', segundo o procurador, mais se parece com uma confissão e o mesmo, por reiteradas vezes, disse que nada se aproveita", declarou Wajngarten.
Segundo o portal, Cid disse que Carlos definia as estratégias de Bolsonaro nas redes sociais e dava ordens para a equipe do "gabinete do ódio", formada por Tércio Arnaud Tomaz, Mateus Matos Diniz e José Matheus Sales Gomes.
O grupo, investigado no inquérito das milícias digitais, que apura ataques contra as instituições democráticas brasileiras, negou em depoimentos separados à Polícia Federal ter disseminado os ataques.
A delação de Cid foi homologada pelo ministro Alexandre de Moraes.
Responsável pelas investigações, o subprocurador Carlos Frederico disse que não segue o método da Operação Lava Jato.
"Eu investigo para comprovar. Não posso partir de ilações. Isso foi o jogo da Lava Jato. Eu não trabalho como o pessoal da Lava Jato. Eu trabalho com provas concretas para que as pessoas sejam denunciadas com provas irrefutáveis", disse ele ao Estadão.
A delação de Cid coloca Bolsonaro como figura central em uma série de outros casos, como a venda de joias sauditas pela Presidência da República, a tentativa de um golpe de Estado após o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vencer a eleição, e a fraude no cartão de vacina do ex-presidente.
Neste sábado, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro ironizou trecho da delação, também revelado pelo UOL, de que ela e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) teriam tentado convencer Bolsonaro a dar um golpe.
"Eu sei dar golpe e quero ensinar para vocês agora: jab, jab, direto, cruzado, up, esquiva, up", declarou Michelle, encenando os golpes no palco de um evento do PL Mulher no Espírito Santo.
Cid aponta em delação que Carlos Bolsonaro era líder do 'gabinete do ódio', revela portal
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