Flávio Dino diz que ordenou secretários a 'comandar pessoalmente' PM do DF no 8/1

Política
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O ministro da Justiça e Segurança Pública Flávio Dino afirmou na manhã deste domingo, 7, que orientou seus secretários a "comandar pessoalmente" a Polícia Militar do Distrito Federal no enfrentamento ao ataque aos Três Poderes em 8 de janeiro. Em publicação no X, antigo Twitter, Dino relembrou as medidas do ministério para lidar com o ataque e detalhou a intervenção no comando da força policial.

Os secretários de Dino, Ricardo Cappelli e Diego Galdino, assumiram a PMDF apenas no fim da tarde, depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarar intervenção federal para conter os atos golpistas. O ataque às sedes dos Três Poderes já havia avançado e a atuação da PMDF antes da mudança de comando continua até hoje sob uma sombra de suspeição.

No dia das invasões, o Estadão mostrou que policiais abandonaram a barreira e tomavam água de coco em frente à Catedral Metropolitana de Brasília no momento em que golpistas invadiam o Supremo Tribunal Federal (STF). Integrantes da cúpula da Polícia Militar foram presos em agosto, denunciados por se 'omitirem no cumprimento do dever', e o governador Ibaneis Rocha (MDB), chegou a ser afastado do cargo pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes por ter, de acordo com a decisão, se omitido na proteção da Praça dos Três Poderes. Ibaneis voltou à posição em março.

Mais recentemente, o governador foi acusado pelo presidente Lula, em entrevista veiculada pelo jornal O Globo nesta sexta, 5, de ter um "pacto" com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a Polícia do Exército e parte da força de segurança do DF, de modo a permitir os ataques de 8 de janeiro. Ao Estadão, o governador disse que as acusações do presidente são "vazias" e "sem qualquer fundamento nos fatos". Durante seu afastamento, ainda em janeiro, Ibaneis deu depoimento à Polícia Federal e negou ter sido omisso, mas afirmou que não tinha conhecimento da possibilidade de ações radicais.

"Havia na verdade um pacto entre o ex-presidente da República (Jair Bolsonaro), o governador de Brasília (Ibaneis Rocha) e a polícia, tanto a do Exército quanto a do DF", afirmou Lula na entrevista de sexta-feira.

Não é a primeira vez que Lula questiona a conduta do policiamento local durante os atos golpistas. Ao Estadão, em janeiro do ano passado, o presidente se queixou de uma suposta "conivência" das forças de segurança no ataque em 8 de Janeiro. "Teve muita gente da PM conivente, muita gente das Forças Armadas aqui dentro conivente. Eu estou convencido de que a porta do Palácio do Planalto foi aberta para essa gente entrar porque não tem porta quebrada. Ou seja, alguém facilitou a entrada deles aqui", disse Lula na ocasião.

Sob suspeita, Ibaneis passou dois meses afastado

As suspeitas de que Ibaneis Rocha teria sido omisso no comando da polícia local surgiram de imediato. No mesmo dia dos atos golpistas, o governador foi afastado do cargo. No despacho, Moraes considerou que o emedebista adotou uma "conduta dolosamente omissiva" diante dos ataques aos prédios públicos.

Afastado, o celular do governador foi entregue à Polícia Federal (PF) para perícia. O relatório da PF indica que Ibaneis recebeu às 14h23 do dia 8 de janeiro, uma mensagem de áudio de Fernando de Souza Oliveira, o nº 2 da secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal. No áudio, o então secretário-executivo dizia ao governador que, ao meio-dia, "não havia nenhum informe de questão de agressividade" e que "tudo estava de forma ordeira e pacífica". Minutos antes, os golpistas haviam acabado de invadir os prédios públicos. Ibaneis voltou ao cargo de governador no dia 15 de março.

O relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, divulgado em novembro, alega que o governador tinha "pleno conhecimento do risco de atos violentos" no dia dos ataques. Sem apontar dolo, o relatório da senadora Eliziane Gama (PSD-MA) afirma que o governador agiu com "extrema negligência".

Ibaneis se recusou a participar do ato em memória de um ano dos ataques, que será realizado no Congresso nesta segunda, 8. O governo do DF será representado pela vice Celina Leão (PP), a mandatária interina durante o período de afastamento de Rocha.

PMs tomavam água de coco durante a invasão

No dia das invasões, o Estadão mostrou que, enquanto golpistas invadiam o Congresso Nacional, policiais militares do DF tomavam água de coco em frente à Catedral Metropolitana de Brasília. Questionado à época, o secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, disse ter determinado que "todo o efetivo da PM atuasse, firmemente, para restabelecer a ordem com a máxima urgência".

Torres, no entanto, sequer estava no País. O secretário havia viajado na sexta-feira, 6 de janeiro, para Orlando, nos Estados Unidos, mesmo tendo sido alertado sobre a possibilidade de tumulto na capital. Anderson Torres passou quatro meses detido pela suspeita de omissão.

A coronel Cíntia Queiroz, uma das pessoas responsáveis por elaborar planos de contenção para o protesto, afirmou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do DF que a imprensa havia divulgado a imagem "fora do contexto". "Foi divulgada uma imagem de três policiais no dia 8 de dezembro (sic) tomando água de coco, como se aquilo tivesse acontecido às 15 horas da tarde, no horário da invasão, mas isso aconteceu às 8 horas da manhã".

Ao contrário do alegado, a foto foi tirada pela reportagem do Estadão às 15h50, conforme registrado nos metadados dos dispositivo usado para fazer o registro.

Suspeitas na cúpula da PMDF

Em agosto de 2023, no bojo de um inquérito relatado por Alexandre de Moraes para investigar eventuais omissões de autoridades durante os atos golpistas, sete integrantes da cúpula da Polícia Militar do DF foram presos pela Operação Incúria, da Polícia Federal.

Nas denúncias encaminhadas ao STF, a Procuradoria-Geral da República (PGR) alegou que "havia profunda contaminação ideológica de parte dos oficiais da Polícia Militar do DF". Alguns oficiais, segundo a acusação, eram adeptos de "teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas".

O julgamento dos sete denunciados já tem data para ocorrer. A Primeira Turma do STF irá pautar o caso em plenário virtual entre os dias 9 e 20 fevereiro. Eles são acusados pelos crimes de omissão; abolição violenta do Estado Democrático de Direito; golpe de estado; dano qualificado pela violência e grave ameaça, com emprego de substância inflamável, contra o patrimônio da União e com considerável prejuízo para a vítima; deterioração de patrimônio tombado; e violação de deveres funcionais.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."