Dino deixa governo habilitando discurso de Lula contra Bolsonaro na segurança pública

Política
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usou o encerramento da gestão de Flávio Dino no Ministério da Justiça para, no ano eleitoral, habilitar o discurso da gestão em favor do compromisso com a segurança pública e rechaçar, com dados, críticas de negligência no combate ao crime organizado. A área é, na gestão petista, um dos principais focos de avaliação negativa e deve aparecer com destaque nas principais disputas eleitorais deste ano.

O próprio presidente incentiva a polarização nas campanhas, sobretudo nas capitais. Nesta quarta-feira, 31, em um ato que marcou o encerramento da passagem de Dino pela pasta, no Palácio do Planalto, o governo buscou marcar a posição de que a abordagem distinta da adotada no governo de Jair Bolsonaro (PL) mostrou-se mais eficiente e que o bolsonarismo "não tem o monopólio da verdade sobre o tema".

Egresso do Exército e tendo no meio militar uma forte base de apoio, Bolsonaro destacou-se pela tolerância a excessos policiais como algo necessário no combate a criminosos e, também, por atribuir a queda em indicadores durante seu governo, como o de homicídios, à ampliação do armamento da população civil que incentivou.

"Não há dúvida de que esse tema é cada vez mais primacial para a sociedade e isso faz com que todos os segmentos políticos se mobilizem em razão dessa temática. O que faço questão de afirmar é que é falsa a ideia de que alguém detenha o monopólio da verdade sobre o tema", afirmou Dino.

Nesta quarta, foram apresentados dados que apontam redução da violência no País no primeiro ano da gestão de Lula e números que indicam pressão financeira contra organizações criminosas. Dino buscou corroborar a tese de que "dar tiro a esmo" não melhora a segurança pública e não significa eficiência no combate ao crime.

"O presidente Lula fez isso (pediu para 'cuidar primordialmente' da segurança pública) em relação a esses 13 meses e continuará a fazer em razão exatamente dos resultados que há. Procuramos mostrar que não há diferença de ênfase, de que um campo enfatize e o outro negligencie. Os números mostram que a visão diferente conduz a resultados melhores", afirmou Flávio Dino.

A partir desta quinta, ele retorna para o mandato no Senado, para o qual foi eleito em 2022, até tomar posse como ministro do Supremo Tribunal Federal, em 22 de fevereiro.

A cerimônia contou com a presença de Lula, do ministro da Defesa, José Múcio, e de Ricardo Lewandowski, futuro chefe do Ministério da Justiça.

No segundo semestre de 2023, Flávio Dino sofreu críticas veladas de outros governistas que consideravam urgente a apresentação de mais resultados no campo da segurança pública. O tema é considerado um "calo" para os petistas em virtude de problemas crônicos que se acumularam em estados como a Bahia, administrada por petistas há quase 20 anos.

No último compromisso público do ministro com Lula, o presidente elogiou Flávio Dino ao considerar que ele fez um "serviço extraordinário" mesmo assumindo a função em "um ano muito difícil".

"Todo mundo sabe que o político popular é aquele que grita 'bandido bom é bandido morto' (...) Isso não é polícia. A gente quer ver se a gente consegue humanizar o combate ao pequeno crime e jogar muito pesado. Por isso que eu trouxe um ministro experiente. Como vamos jogar pesado para enfrentar a indústria internacional do crime organizado? É essa que temos que enfrentar. É investir muito inteligência, porque pegar essa gente é mais complicado", disse Lula.

Redução de assassinatos e roubos em 2023

Entre os dados destacados pelo governo, queda no total de crimes violentos letais intencionais para um patamar semelhante ao de 2014. Em 2023 foram 40,4 mil, contra 42,1 mil em 2022, último ano do governo Bolsonaro. Os roubos de veículos caíram 9,7% no período, de 147,2 mil para 132,8 mil. Já os roubos a bancos foram 220 em 2022 e 130 em 2023, uma redução de 40%.

O governo também destacou que prendeu mais em 2023 do que no último ano do governo Bolsonaro. Somente os agentes federais registraram 29,2 mil prisões, contra 19,6 mil em 2022. Se somadas as prisões realizadas pelos estados em operações das quais participaram a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do ministério, o número de prisões salta para 58,5 mil em 2023.

Outro dado apresentado pelo governo foi o prejuízo de R$ 7 bilhões ao narcotráfico em 2023, somente em apreensões de imóveis, veículos, dinheiro e drogas feitas pela Polícia Federal e pela Polícia Rodoviária Federal.

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O presidente Donald Trump comparecerá a uma sessão conjunta do Congresso na noite desta terça-feira, 4, para prestar contas de suas turbulentas primeiras semanas no cargo. A Casa Branca disse que o tema do discurso será a "renovação do sonho americano", e se espera que ele apresente suas conquistas desde seu retorno ao governo, além de apelar ao Congresso para fornecer mais dinheiro para financiar sua agressiva repressão à imigração.

"É uma oportunidade para o presidente Trump, como só ele pode, expor o último mês de conquistas e realizações recordes, sem precedentes", disse o conselheiro sênior Stephen Miller.

Até o momento, a Câmara e o Senado liderados pelos republicanos fizeram pouco para conter o presidente enquanto ele e seus aliados trabalham para reduzir o tamanho do governo federal e "refazer o lugar da América no mundo". Com um controle rígido sobre seu partido, Trump foi encorajado a tomar ações radicais após superar impeachments e processos criminais.

Os democratas, muitos dos quais ficaram longe da posse de Trump em janeiro, ignoraram amplamente os pedidos de boicote enquanto lutam para criar uma resposta eficaz ao presidente. Eles escolheram destacar o impacto das ações de Trump chamando funcionários federais demitidos como convidados, incluindo um veterano deficiente do Arizona, um profissional de saúde de Maryland e um funcionário florestal que trabalhou na prevenção de incêndios florestais na Califórnia. Eles também convidaram pessoas prejudicadas por cortes acentuados no orçamento federal para saúde e outros programas.

Alguns democratas, incluindo a senadora Patty Murray de Washington, se recusaram a comparecer. "A situação é que o presidente está cuspindo na cara da lei e deixando um bilionário não eleito demitir pesquisadores de câncer e destruir agências federais como a Administração da Previdência Social", disse Murray. "Em vez disso, estou me reunindo com eleitores que foram prejudicados pelas demissões imprudentes desta administração e seu congelamento ilegal e contínuo de financiamento em todo o governo."

Trump planejou usar seu discurso para abordar suas propostas para promover a paz na Ucrânia e no Oriente Médio, onde ele derrubou sem cerimônia as políticas do governo Biden em questão de apenas algumas semanas.

Na segunda-feira, Trump ordenou o congelamento da assistência militar dos EUA à Ucrânia, encerrando anos de firme apoio americano ao país para se defender da invasão da Rússia. Isso após sua explosiva reunião no Salão Oval na sexta-feira com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy e enquanto tenta pressionar o antigo aliado americano a abraçar as negociações de paz com seu invasor.

Muitos legisladores democratas planejaram usar gravatas e cachecóis azuis e amarelos em uma demonstração de apoio à Ucrânia.

O pano de fundo do discurso de Trump também será uma nova incerteza econômica desencadeada depois que o presidente abriu o dia colocando tarifas rígidas sobre as importações dos vizinhos do país e parceiros comerciais mais próximos. Um imposto de 25% sobre produtos do Canadá e do México entrou em vigor hoje - para garantir maior cooperação para combater o tráfico ilícito de fentanil - desencadeando retaliação imediata e despertando temores de uma guerra comercial mais ampla. Trump também aumentou as tarifas sobre produtos da China para 20%.

Fora de Washington, protestos públicos contra Trump e sua administração também estão se desenrolando. Grupos vagamente coordenados planejam manifestações em todos os 50 estados e no Distrito de Columbia simultaneamente ao discurso.

O objetivo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao tarifar os produtos do Canadá é prejudicar a economia canadense, e a decisão demonstra que qualquer país pode se tornar alvo de uma guerra comercial promovida pela Casa Branca, afirmou o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau nesta terça-feira, 4.

"Todo país está muito consciente de que, se o governo dos EUA está disposto a fazer isso com seus aliados mais próximos e vizinhos, todos estão vulneráveis a uma guerra comercial", disse Trudeau, referindo-se à decisão de Trump de aplicar tarifas de 25% sobre os produtos do Canadá e do México.

O primeiro-ministro canadense disse durante uma entrevista coletiva que a justificativa usada pela Casa Branca para tarifar o Canadá - a permissividade com o tráfico de fentanil na fronteira - é "completamente falsa", e que está ficando mais evidente que o objetivo final de Trump é enfraquecer a economia canadense.

"Temos que voltar ao que ele disse repetidamente, que ele quer ver um colapso total da economia do Canadá, porque isso facilitaria nos anexar. Primeiro, isso nunca vai acontecer. Mas ele pode danificar a economia e começou nesta manhã (de terça-feira). Mas descobrirá rapidamente, assim como as famílias americanas vão descobrir, que isso vai prejudicar as famílias dos dois lados da fronteira", afirmou.

"Estamos abertos a negociar, mas não podemos nos enganar sobre o que ele parece estar querendo. Eu tinha esperança de que essas tarifas fossem um plano de negociação para ter o impacto que vemos agora sem elas terem sido adotadas - como vimos nas últimas semanas, com os pedidos de clientes americanos secando para empresas canadenses, planos de expansão sendo suspensos. Mas agora que ele avançou com as tarifas, veremos o verdadeiro impacto de uma guerra comercial", acrescentou.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse que a Ucrânia está disposta a negociar um acordo de paz com a Rússia e que ele está pronto para atuar "sob a forte liderança" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração, feita na rede social X, foi publicada menos de uma semana depois de Trump ter acusado Zelenski publicamente de "brincar com a terceira guerra mundial" e de demonstrar ingratidão em relação ao apoio dado pelos Estados Unidos ao país.

"Nenhum de nós quer uma guerra sem fim. A Ucrânia está pronta para ir à mesa de negociação assim que possível para trazer uma paz duradoura mais perto. Ninguém quer a paz mais do que os ucranianos. Minha equipe e eu estamos prontos para trabalhar sob a forte liderança do presidente Donald Trump para chegar a uma paz que dure", disse Zelenski.

Na publicação, ele afirma que está disposto a "trabalhar rápido" para encerrar a guerra com a Rússia, com as etapas iniciais para este processo sendo a libertação de prisioneiros de guerra e uma trégua nos céus e nos mares "se a Rússia fizer o mesmo", com proibição de ataques a míssil, com drones de longo alcance e bombardeios sobre infraestrutura de energia ou civil.

"Depois queremos nos mover rapidamente em todos os próximos estágios e trabalhar com os Estados Unidos para chegar a um acordo final forte. Nós realmente valorizamos o quanto a América fez para ajudar a Ucrânia a manter a soberania e independência. E nos lembramos do momento em que as coisas mudaram quando o presidente Trump forneceu Javelins à Ucrânia. Estamos gratos por isso", disse Zelenski, referindo-se a um míssil antitanque.

"Nossa reunião em Washington, na Casa Branca, na sexta-feira, não foi do jeito que deveria ter sido. É lamentável que tenha ocorrido desta forma. É hora de consertar as coisas. Gostaríamos que a cooperação e a comunicação futuras fossem construtivas", disse o presidente ucraniano, acrescentando que está disposto a assinar um acordo de exploração de minerais da Ucrânia com os Estados Unidos "a qualquer momento e em qualquer formato conveniente".