Lula chama Bolsonaro de 'ignorante', 'aloprado' e 'maluco' em reduto bolsonarista

Política
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a quem chamou de "ignorante", "aloprado" e "maluco". Em evento em Belford Roxo (RJ) nesta terça-feira, 6, o petista afirmou que o antecessor "não entendia nada, a não ser de falar bobagem", ao se referir a investimentos do governo passado. No segundo turno da eleição de 2022, Bolsonaro foi o candidato à Presidência mais votado na cidade da Baixada Fluminense, superando a votação de Lula em 20 pontos percentuais.

 

"O maluco que governou este País (Jair Bolsonaro) era um aloprado. Ele não entendia nada, a não ser de falar bobagem. A não ser de pregar o ódio e prender os outros. O cara deixou morrer 700 mil pessoas nesse País dizendo que a covid era uma gripezinha. Um cara ignorante como ele jamais deveria chegar a Presidência da República", disse.

 

Nos últimos dias, Lula tem feito afagos a aliados de Bolsonaro. Na semana passada, o presidente disse ao governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) que ele terá do governo federal "o que for necessário". "Vim anunciar ao Tarcísio que estamos juntos", disse em evento em Santos (SP). Nesta terça, em cerimônia pela manhã em Magé (RJ), fez acenos ao governador do Rio, Cláudio Castro (PL), que retribuiu: "as eleições acabaram".

 

Em Belford Roxo, Lula esteve acompanhando do prefeito da cidade Wagner Carneiro, o Waguinho (Republicanos), um dos poucos aliados na região durante a campanha de 2022. Um ano e quatro meses após o comício em campo aberto que sacramentou a aliança entre eles, a relação entre o chefe do Executivo e o político da Baixada Fluminense tem sido baseada em "trocas" e em acenos de fidelidade.

 

De um lado, o apoio político de Waguinho ao petista nas eleições à Presidência em 2022 foi uma jogada do petista para reduzir a vantagem do ex-presidente Jair Bolsonaro na Baixada Fluminense. Evangélicos, Waguinho e a mulher, a ex-ministra do Turismo Daniela Carneiro, comandam a sexta maior cidade do Estado desde 2017 e chegaram a discutir um apoio formal ao clã Bolsonaro.

 

"Waguinho não teve medo dos negacionistas, não teve medo dos malucos e resolveu me apoiar em 2022. Eu não me esqueço nunca aquela noite, trazido pelo André Ceciliano (secretário de Relações Federativas do governo federal). Tive a oportunidade de conhecer você e a Daniela. Amor a primeira vista existe. E foi o que aconteceu na minha relação e da Janja com você e a Dani. Você é motivo de orgulho para a Baixada Fluminense", afirmou Lula, durante cerimônia de anúncio de investimentos em um hospital oncológico e a construção da sede do Instituto Federal em Belford Roxo na tarde desta terça-feira.

 

Em troca pelo apoio na campanha, logo após o pleito, Waguinho atuou na equipe de transição do governo federal e Daniela se tornou ministra na cota pessoal do presidente. O embate com o então partido da deputada, o União Brasil, e relações do casal e escândalos por supostas ligações com milicianos fez com que ela fosse exonerada do ministério em julho de 2023.

 

Após a demissão, Lula discutiu a liberação de emendas e obras em benefício de Belford Roxo, reduto de Waguinho, e manteve um apoio político público ao casal.

 

Os dois estiveram ao lado de Lula na cerimônia que ocorreu no centro de Belford Roxo na tarde desta terça. Daniela agradeceu o período no governo: "Tenho orgulho a cada dia de ter apoiado o presidente Lula".

 

Waguinho também discursou e, evocando um "tom religioso", disse que "Deus poderosamente está sobre a vida de Lula". "Lula é um homem de sensibilidade humana, de bom coração, que gosta de gente, que gosta do povo e se preocupa com cada cidadão brasileiro. Todos nós podemos dizer que Deus poderosamente está sobre a vida de Lula", disse Waguinho.

 

O presidente agradeceu ao prefeito por nomear uma creche do município com o nome do neto, Arthur Araújo Lula da Silva, que morreu aos seis anos vítima de uma infecção generalizada. Lula visitou a creche ao lado de aliados.

 

Relembre

 

Arthur faleceu com apenas sete anos, em 1º de março de 2019. Lula, que na época estava preso na carceragem da Polícia Federal (PF), em Curitiba, capital do Paraná, recebeu autorização para se despedir do neto e compareceu ao velório em São Bernardo do Campo (SP). A causa da morte da criança foi uma infecção generalizada causada por uma bactéria.

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De mãe brasileira e pai argentino, Kira Salim (Clara Ganapol Salim) é uma das vítimas do atropelamento que deixou 11 mortos durante um festival de rua em Vancouver, no Canadá.

A vítima tinha 34 anos e há quase três anos morava na Columbia Britânica. Kira era musicista, formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) em 2014, com mestrado em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e Educação na Universidad Europea del Atlántico Universidad Europea del Atlántico, concluído em 2021.

Desde 2024, atuava como conselheira escolar na Fraser River Middle School, na cidade de New Westminster. Anteriormente, trabalhou como professora infantil em outra escola secundária no Canadá e foi professora de música na Escola Americana do Rio de Janeiro. Kira era casada e se identificava como uma pessoa não-binária.

Nas suas redes profissionais, Kira afirmava que sua missão pessoal era "facilitar o desenvolvimento de jovens e comunidades marginalizadas e criar um ambiente diverso e equitativo".

A vítima também trabalhava com a adaptação de condições acadêmicas especiais, para estudantes neurodivergentes e estudantes com deficiências.

No Brasil, Kira fundou e cantou no bloco Marcha Nerd, com alguns amigos de faculdade da Unirio, em 2013. O bloco reúne pessoas fantasiadas de cosplay, com foliões fantasiados de personagens de animes, desenhos animados, filmes e histórias em quadrinhos, ao som de aberturas e trilhas de séries, filmes e animes.

"A ideia era tirar de casa as pessoas que frequentavam eventos de anime, cinema e levar elas para o carnaval. Juntar esses dois mundos tão distantes", afirmou Kira em uma entrevista no Youtube.

Em 2022, antes de ir para o Canadá, Kira se despediu com um vídeo publicado nas redes sociais do bloco, e compartilhou a ansiedade em morar no Canadá, principalmente pela forte presença da cultura asiática no país - uma das suas principais paixões.

Além de professora de música, Kira era compositora e pianista.

O governador de Illinois, JB Pritzker, discursou neste domingo, 27, em um evento tradicional do Partido Democrata de New Hampshire, reforçando sua projeção nacional em meio a especulações sobre uma possível candidatura presidencial em 2028. O jantar aconteceu no McIntyre-Shaheen 100 Club, onde Pritzker foi o orador principal. Trata-se de um dos principais eventos do calendário político no Estado, que realiza a primeira primária presidencial dos Estados Unidos.

De acordo com sua assessoria, Pritzker tratou da "ascensão do autoritarismo" e da necessidade de os democratas "lutarem contra isso". O bilionário herdeiro da rede Hyatt já havia chamado atenção nacional em fevereiro, ao comparar parte da retórica do presidente Donald Trump ao discurso da Alemanha nazista.

Pritzker tem feito uma série de discursos de perfil nacional, incluindo participação em um evento da Human Rights Campaign em Los Angeles e outro programado para junho em Minnesota. Ele ainda não confirmou se pretende buscar a reeleição para o governo de Illinois em 2026.

Entre os governadores democratas apontados como potenciais candidatos em 2028, Pritzker tem se posicionado de forma distinta. Gretchen Whitmer, de Michigan, buscou pontos de diálogo com Trump, enquanto Gavin Newsom, da Califórnia, lançou um podcast em que entrevista aliados do ex-presidente, como Steve Bannon.

Lou D'Allesandro, ex-senador estadual de New Hampshire e que conheceu Pritzker em Chicago anos atrás, afirmou que o governador de Illinois "tem todos os ingredientes para chegar ao topo", mas alertou que os democratas precisam reconectar-se com as bases eleitorais. Pritzker já havia sido orador em outro evento democrata em New Hampshire em 2022, o que já havia alimentado especulações sobre suas ambições nacionais.

Kira Salim (Clara Ganapol Salim), musicista brasileira de 34 anos, é uma das 11 vítimas mortas num atropelamento em um festival de rua em Vancouver, no Canadá, na madrugada deste domingo, 27 (pelo horário de Brasília). De identidade de gênero não-binária, Kira vivia no Canadá com o marido há quase três anos.

O Itamaraty confirmou ao Estadão o falecimento de uma cidadã brasileira no ataque e informou prestar todo atendimento consular aos familiares. No Brasil, parentes de Kira confirmaram sua morte à reportagem.

Natural do Rio de Janeiro e com família no Rio Grande do Sul, Kira formou-se em Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), em 2014.

Segundo a família, o marido de Kira não estava presente no momento do incidente e aguarda o contato das autoridades locais para dar celeridade ao processo de sepultamento. A vítima trabalhava em uma escola na cidade de New Westminster, a cerca de 26 quilômetros do centro Vancouver.

A polícia de Vancouver informou que a identificação das vítimas do acidente passa por lentidão, mas deve se normalizar nas próximas horas

No Brasil, Kira organizou e cantou no bloco Marcha Nerd, que reúne pelas ruas do Rio de Janeiro diversas pessoas fantasiadas de personagens de animes, desenhos animados, videogames, filmes e histórias em quadrinhos, ao som de aberturas e trilhas de séries, filmes e animes das décadas de 80 e 90.

Kira se despediu do bloco em julho de 2022 e, em vídeo publicado nas redes sociais, compartilhou a ansiedade em morar no Canadá.

Nas redes sociais, Kira afirmava que sua missão pessoal como profissional da educação era facilitar o desenvolvimento de jovens e comunidades marginalizadas, criando um ambiente "diverso e equitativo que valoriza diferentes forças e personalidades, oferecendo soluções personalizadas e inovadoras para apoiar os pacientes".

A polícia de Vancouver confirmou que um homem de 30 anos foi dominado pela multidão e preso em seguida. Ele permanece sob custódia. Durante coletiva, o chefe interino da polícia local, Steve Rai, afirmou que o suspeito sofre com problemas de saúde mental e tinha um histórico significativo de interações com a polícia e profissionais de saúde.

Rai em coletiva também descartou, por enquanto, que o caso tenha algum tipo de motivação terrorista e chamou o ataque de o dia mais sombrio da história da cidade. "Em nome de todos no Departamento de Polícia de Vancouver, quero expressar minhas sinceras condolências às vítimas, suas famílias e entes queridos e a todos que foram afetados por este ato de violência sem sentido e doloroso", disse em nota.

Festival homenageia chefe indígena filipino que lutou contra colonizadores

O Dia de Lapu Lapu comemora Datu Lapu-Lapu, um chefe indígena que enfrentou os colonizadores espanhóis que chegaram às Filipinas no século 16.

Os organizadores do evento em Vancouver disseram que ele "representa a alma da resistência nativa, uma força poderosa que ajudou a moldar a identidade filipina frente à colonização".

Políticos canadenses expressam solidariedade

O primeiro-ministro, Mark Carney, e outros políticos canadenses importantes publicaram mensagens expressando choque pela violência, condolências às vítimas e apoio à comunidade que celebrava sua herança cultural no festival.

"Ofereço minhas mais profundas condolências aos entes queridos dos falecidos e feridos, à comunidade filipino-canadense e a todos em Vancouver. Estamos de luto com vocês. Estamos monitorando a situação de perto e agradecemos aos nossos socorristas pela rápida ação", escreveu Carney.

"Enquanto esperamos para saber mais, nossos pensamentos estão com as vítimas e suas famílias, e com a comunidade filipina de Vancouver, que se reunia hoje para celebrar a resiliência", escreveu Jagmeet Singh, líder do Novo Partido Democrático, que havia estado no festival mais cedo naquele dia.

"Meus pensamentos estão com a comunidade filipina e todas as vítimas deste ataque sem sentido. Obrigado aos serviços de emergência que estão na cena enquanto esperamos para saber mais", escreveu Pierre Poilievre, líder do Partido Conservador.

David Eby, o primeiro-ministro da Colúmbia Britânica, a província onde Vancouver está localizada, disse que estava chocado e com o coração partido. "Estamos em contato com a cidade de Vancouver e forneceremos qualquer apoio necessário", escreveu Eby.