Precisamos 'macetar' legalização do aborto e das drogas, diz Michelle em evento do PL Mulher

Política
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A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro conclamou suas correligionárias do Partido Liberal na Bahia a "macetar" a liberação das drogas e do aborto e a "ideologia de gênero", durante um evento na capital, Salvador, neste sábado, 9. Desde 2023, Michelle tem já realizou 17 eventos parecidos em outros Estados brasileiros, com o objetivo de incentivar mulheres conservadoras a disputarem as eleições municipais deste ano.

 

"Nós precisamos, como diz aqui na Bahia, nós precisamos macetar. Mas é macetar a legalização do aborto, macetar a legalização das drogas. Nós vamos macetar essa ideologia de gênero do mal. Vamos macetar tudo aquilo que o inimigo e essa extrema esquerda maldita, que é usada para o mal, querem implantar na nossa sociedade. Nós não aceitamos, mulheres", disse.

 

O Supremo Tribunal Federal (STF) julga a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal desde 2015. Na última quarta-feira, 6, o julgamento do caso foi suspenso após o ministro Dias Toffoli pedir mais tempo para análise. A Corte também iniciou a votação sobre a descriminalização do aborto até a 12ª semana da gestação. Não há previsão de o tema retornar à pauta do plenário.

 

Ainda sobre o aborto, em fevereiro, o Ministério da Saúde suspendeu uma nota técnica feita pela pasta com recomendações a respeito da realização de aborto para casos já previstos em lei. A publicação refutava conceitos adotados em um documento anterior do ministério, elaborado sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que dificultava o acesso ao aborto legal.

 

Críticas a Lula e Janja

 

A ex-primeira-dama também aproveitou para criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e alfinetar a atual primeira-dama, Janja. "Claro que algumas nascem com a vocação de viajar. Mas eu nasci com a vocação de trabalhar pelo povo", disse ela, sem citar o nome de Janja. "O que dói o meu coração hoje é que tem muita coisa para dar continuidade, e está tudo parado. Porque as prioridades deste atual governo são outras. É gastar o dinheiro do contribuinte com irresponsabilidade", disse.

 

Michelle acusou Lula de fazer "chacota com uma candidata na Venezuela". A referência é à fala recente de Lula sobre María Corina Machado, opositora de Nicolás Maduro. Ao comentar as eleições no país, o presidente brasileiro colocou em dúvida o comportamento dos opositores e sugeriu que candidatos impedidos de concorrer não deveriam "ficar chorando". Corina Machado está inelegível por 15 anos.

 

No evento, Michelle contou ter tido "depressão" em 2019, no primeiro ano de governo do marido, Jair Bolsonaro, por não ter conseguido ajudar todas as pessoas que a procuravam pedindo auxílio.

 

"Eu tive depressão no primeiro ano, porque eu queria, eu achei que fosse chegar e resolver a situação de todo mundo. Mas a gente sabe como é burocrático, como a máquina é lenta. A gente chegando ali, de primeira viagem, e as mães chegavam pra mim: 'Michelle (...), se o meu filho não tomar medicação em 30 dias, ele vai perder o movimento das pernas, ele vai parar de mexer a cabeça'. E nós, que somos mães, nos colocamos no lugar de outras mães e sentimos a dor delas", disse.

 

Nos eventos que realiza desde o ano passado pelo PL Mulher, a ex-primeira-dama busca incentivar mulheres conservadoras a se organizarem para disputar as eleições municipais de outubro deste ano. "Nós sabemos que muitas acham que não têm aptidão para estar na política partidária, mas muitas aqui são lideranças sociais. E muitas aqui já fazem política", afirmou. No discurso, Michelle exaltou a presidente estadual do PL baiano, a deputada federal Roberta Roma (PL-BA). A parlamentar é casada com o ex-deputado João Roma, que foi ministro da Cidadania de Bolsonaro (2021-2022).

 

Acompanhada do ex-presidente Jair Bolsonaro, Michelle disse que seu objetivo com o PL Mulher não é o de disputar com os homens da agremiação, e sim de atuar como "ajudadoras". "Esse é o nosso papel como esposas", disse. "Nós queremos colaborar com vocês. Nossa política é diferenciada, nossa política é feminina e não feminista. Estamos aqui para ser ajudadoras, esse é nosso papel como esposas. Não estamos aqui para competir com vocês, nós queremos fortalecer o movimento feminino partidário", afirmou. Não é a primeira vez que ela usa o termo: em setembro de 2022, num evento em Natal (RN), Michelle disse que "a mulher é ajudadora do esposo".

 

"Nós queremos fortalecer o movimento feminino partidário, porque nós sabemos que é um ano muito importante, onde nós temos que trabalhar firme, com a nossa presidente estadual Roberta Roma e as nossas presidentes municipais (do PL), para que a gente possa fortalecer e eleger o maior número de mulheres de bem a vereadoras e prefeitas da Bahia", disse. Durante o evento, a ex-primeira-dama recebeu a Comenda 2 de Julho, considerada a principal honraria da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba) - a distinção foi aprovada pelos deputados estaduais baianos em 20 de dezembro passado.

 

Em seu discurso, Michelle contou ainda que não gostou da experiência de trabalhar como assessora parlamentar na Câmara dos Deputados. Foi nessa função que ela conheceu Jair Bolsonaro. "Eu sempre fiz política e não sabia. Até porque eu tinha aversão à política. Eu achava que eu não deveria estar (...) na política, porque a política não era lugar para pessoas de bem. E eu fiquei três anos nos bastidores, não gostei muito de como era o trabalho ali. Quando eu estava para sair da Câmara, eu conheci o nosso capitão. E eu falei: 'poxa vida, a pessoa não gosta de política e casa com um político'", contou.

Em outra categoria

O presidente da França, Emmanuel Macron, destacou a necessidade de aumentar os investimentos em defesa na Europa, em meio às ameaças russas e ao conflito na Ucrânia. Em pronunciamento, Macron afirmou que a segurança europeia está diretamente ameaçada pela guerra na Ucrânia, que se transformou em um "conflito global".

"A Rússia segue aumentando seu orçamento de armamento para a guerra, e a Europa precisa conseguir se defender sozinha, sem ajuda dos EUA", declarou. Ele ressaltou que a paz no continente só será possível com o fortalecimento da capacidade militar europeia. "Precisamos tomar decisões agora para a segurança da Ucrânia e da UE", afirmou.

Macron mencionou que a França dobrou seus gastos militares nos últimos dez anos e que está trabalhando para aumentar os investimentos em defesa na Europa. "Faremos uma reunião com chefes de defesa europeus em Paris na semana que vem", anunciou, reforçando a importância de uma estratégia conjunta. O líder francês também abordou a "dissuasão nuclear", afirmando que as armas nucleares são um pilar de proteção para a França. Ele ainda sugeriu um debate sobre a extensão do "guarda-chuva nuclear" francês a outros parceiros europeus. No entanto, ele deixou claro que a decisão final sobre o assunto caberá exclusivamente ao presidente da França.

Ele destacou que a guerra na Ucrânia não será decidida pela Rússia ou pelos EUA, mas sim por um esforço coletivo. "Precisamos de um acordo que garanta paz duradoura na Ucrânia", disse, acrescentando que "a paz não pode ser conquistada se abandonarmos a Ucrânia".

O francês ainda criticou as tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, alertando para os impactos negativos que elas podem ter não apenas na Europa, mas em todo o mundo. "As tarifas de Trump vão impactar a economia americana e a economia europeia", disse, acrescentando que é preciso convencer o republicano de que essas medidas não são positivas.

A Suprema Corte dos Estados Unidos, de maioria conservadora, manteve nesta quarta-feira, 5, o bloqueio à ordem do presidente Donald Trump que congelava US$ 2 bilhões (R$ 11,6 bilhões) em pagamentos a organizações de ajuda internacional.

Dividida, a Suprema Corte formou a estreita maioria de 5-4 para manter a decisão da instância inferior, exigindo que o governo faça os pagamentos devidos. O resultado é uma derrota para o governo, que buscava repreender o juiz distrital Amir Ali por suspender o corte de gastos de Donald Trump.

Apesar da maioria conservadora na Corte, essa foi a segunda vez que o governo tentou, sem sucesso, persuadir o Supremo a intervir imediatamente contra um juiz de instância inferior em disputas legais envolvendo ações de Trump na Casa Branca.

A maioria dos juízes observou que o governo não contestou a ordem inicial de Ali, apenas o prazo imposto - que, de qualquer forma, já havia expirado na semana passada.

A votação dividiu a ala conservadora da Corte, composta por seis do total de nove juízes. O presidente do Supremo, John Roberts, e a juíza Amy Coney Barrett, indicada pelo próprio Donald Trump, votaram com os três progressistas para manter a ajuda internacional.

Na divergência, Samuel Alito questionou a autoridade de Amir Ali para ordenar a liberação dos recursos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e do Departamento de Estado.

"Um único juiz de distrito, que provavelmente não tem jurisdição, tem o poder de forçar o governo dos Estados Unidos a pagar (e provavelmente perder para sempre) US$ 2 bilhões dos contribuintes?", questionou.

"A resposta a essa pergunta deveria ser um sonoro 'Não', mas a maioria deste tribunal aparentemente pensa o contrário. Estou pasmo", disse Alito. Ele foi acompanhado na dissidência pelos conservadores Clarence Thomas, Neil Gorsuch e Brett Kavanaugh.

O governo argumentou que a situação mudou porque substituiu o congelamento total decretado por Donald Trump por ordens individuais, resultando no cancelamento de 5,8 mil contratos da USAID e 4,1 mil concessões do Departamento de Estado, que totalizavam quase US$ 60 bilhões.

Na decisão, contudo, a Suprema Corte manteve a suspensão temporária de Amir Ali e instruiu o juiz a detalhar quais as obrigações devem ser cumpridas pelo governo. Na quinta-feira, Ali realizará uma audiência para decidir se mantém de forma mais duradoura o bloqueio ao decreto de Trump.

Entenda o caso

Logo após voltar à Casa Branca, Donald Trump ordenou o congelamento das contribuições da USAID e do Departamento de Estado a organizações de ajuda internacional. O decreto classificava os programas como desperdício de dinheiro e alegava que estariam desalinhados com os objetivos da política externa.

A ordem foi questionado na Justiça em ação que alertava contra a suspensão do financiamento de programas emergenciais em outros países.

O juiz Amir Ali, nomeado por Joe Biden, determinou no mês passado que o financiamento fosse restabelecido temporariamente. Passadas duas semanas, ele concluiu que o governo não demonstrava intenção de cumprir a ordem e estabeleceu o prazo para a liberação de pagamentos devidos.

O governo recorreu, classificando a ordem de Ali como "extremamente intrusiva e profundamente equivocada", além de protestar contra o prazo imposto para a liberação dos recursos.

O controvertido decreto é parte dos esforços de Donald Trump para cortar gastos do governo federal, em operação liderada pelo homem mais rico do mundo, o bilionário Elon Musk, chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).

Um dos seus objetivos é cortar a ajuda da USAID, que tem programas de saúde e emergência em cerca de 120 países. Trump disse que a agência é "administrada por lunáticos radicais", enquanto seu novo braço direito a descreveu como uma "organização criminosa". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em declaração conjunta publicada nesta quarta-feira, 5, os ministros das Relações Exteriores da França, Alemanha e Reino Unido pediram que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas seja mantido, que todos os reféns sejam libertados e que o fluxo contínuo de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza seja garantido.

"Solicitamos a todas as partes que se envolvam de forma construtiva na negociação das fases subsequentes do acordo para ajudar a garantir sua implementação total e o fim permanente das hostilidades. Saudamos os esforços do Egito, do Catar e dos EUA na mediação e na busca de um acordo para a extensão do cessar-fogo".

Os ministros ainda afirmaram que o Hamas deve pôr fim "a seu tratamento degradante e humilhante" e reiteraram a solidariedade com o povo israelense diante dos ataques terroristas cometidos pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.