Relator do Código Eleitoral recua e mantém permissão a manifestações em igrejas

Política
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O senador Marcelo Castro (MDB-PI), relator do projeto do Código Eleitoral, recuou em relação a proibir manifestações políticas em templos religiosos e decidiu manter o mesmo texto aprovado na Câmara dos Deputados. Com isso, ficará permitida a realização de manifestações políticas nos templos.

No início de março, em entrevista ao Papo com Editor, do Broadcast Político/Estadão (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Castro havia dito que vetaria o trecho aprovado na Câmara. À época, o senador chegou a argumentar que um templo religioso "é o lugar de se praticar religião, não é lugar de se praticar política" para justificar a mudança.

O senador, então, foi convencido pela bancada evangélica a manter o dispositivo no texto. O argumento apresentado pelos líderes religiosos é que a campanha política continua proibida nos templos.

Castro protocolou seu relatório na tarde desta quarta-feira, 20, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Logo em seguida, concedeu entrevista coletiva a jornalistas.

O texto incluído no Código Eleitoral pelos deputados - e mantido pelo relator no Senado - regulariza que um pastor fale abertamente que um determinado candidato está mais alinhado com os valores da sua igreja, por exemplo. Na prática, o pastor não poderia pedir abertamente os votos, mas poderia indicar aos seus fiéis qual o candidato mais identificado com a instituição.

O parágrafo 3º do artigo 483 do relatório estabelece que, "com o intuito de assegurar a liberdade de expressão, as manifestações proferidas em locais em que se desenvolvam atividades acadêmicas ou religiosas, tais como universidades e templos, não configuram propaganda político-eleitoral e não poderão ser objeto de limitação".

Além disso, outro dispositivo (o artigo 617) estabelece que "não configura abuso de poder a emissão, por autoridade religiosa, de sua preferência eleitoral, nem a sua participação em atos regulares de campanha, observadas as restrições previstas nesta Lei".

Além disso, Castro confirmou, em entrevista coletiva nesta quarta-feira, 20, o que havia anunciado na entrevista ao Broadcast Político no início do mês: o senador vai derrubar a proibição criada na Câmara para a publicação de pesquisas eleitorais a partir da antevéspera da eleição.

Por outro lado, os institutos de pesquisa serão obrigados a publicar, junto com seus levantamentos, os resultados de suas pesquisas do pleito de quatro anos antes e a comparação com o resultado final da eleição. O objetivo, segundo Castro, é deixar claro ao eleitor se um instituto de pesquisa é digno de confiança ou não.

O relator afirmou que essa "foi a melhor maneira de expor fraude de pesquisas que sabemos que existe". Os institutos que tiverem dados díspares de suas pesquisas com os resultados eleitorais não terão nenhum tipo de punição, como antecipado pelo Broadcast Político. Castro afirmou, na entrevista coletiva, que conservou "a imensa maioria das mudanças da Câmara no Código Eleitoral".

O senador também incluirá no Código Eleitoral uma mudança em relação ao aprovado na Câmara sobre Inteligência Artificial. Pelo novo texto, os materiais de campanha produzidos com o uso de IA terão de deixar explícito que se trata de um conteúdo artificial, e não produzido por um humano. O texto não trará nenhuma regulamentação mais ampla, que deve ficar para o projeto de regulação da IA no Brasil.

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O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, deve se reunir com o rei Charles III nesta segunda-feira, 3, quando discutirá as ameaças do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de tornar o Canadá o 51º Estado de seu país.

O rei foi criticado no Canadá por ficar em silêncio sobre as ameaças de Trump de anexar o Canadá.

Trudeau disse em Londres neste domingo, 2, que discutirá assuntos importantes para os canadenses com o rei Charles e afirmou: "Nada parece mais importante para os canadenses agora do que defender nossa soberania e nossa independência como nação". Charles é o chefe de Estado do Canadá, que é um membro da Comunidade Britânica de ex-colônias.

No geral, o movimento antirrealeza no Canadá é pequeno, mas o silêncio do monarca sobre as ameaças de Trump tem estimulado conversas nos últimos dias.

O ex-primeiro-ministro de Alberta Jason Kenney disse que, "para os canadenses decepcionados que o rei Charles não comentou (sobre as ameaças de Trump), ele só pode agir seguindo o conselho do primeiro-ministro do Canadá". "O governo do Canadá deve pedir ao chefe de Estado para ressaltar a soberania canadense", escreveu Kenney no X.

O rei, que se encontrou neste domingo com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, convidou Trump para uma visita de Estado à Escócia.

O acadêmico Philippe Lagassé disse que o governo do Reino Unido provavelmente lutará contra possíveis conselhos de Trudeau para que o rei fale em nome do Canadá, mas Daniel Béland, professor de ciência política na Universidade McGill, em Montreal, disse que muitos canadenses gostariam de uma declaração pública do rei e que eles podem ficar bravos se isso não acontecer.

Béland disse que espera que Trudeau levante, primeiramente, essa questão com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer. "Este é um assunto diplomático altamente delicado e eles devem agir com muito cuidado, não apenas por causa do contexto internacional tenso e da potencial reação pública negativa do presidente Trump, mas também porque qualquer erro aqui pode prejudicar a imagem e a legitimidade política da monarquia", disse Béland.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensky, afirmou neste domingo, 2, que o acordo sobre minerais está pronto para ser assinado, enquanto busca avançar as negociações além das disputas políticas nos Estados Unidos.

Em uma entrevista transmitida pela BBC, Zelensky destacou que não era apropriado manter tais conversas completamente abertas, pois "os inimigos podem tirar vantagem" de possíveis desentendimentos entre aliados. Ele evitou se aprofundar em conflitos políticos e enfatizou seu foco em promover discussões "construtivas" sobre o futuro.

"Se formos construtivos, o resultado positivo virá", declarou, segundo reportagem do The Guardian.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de retomar negociações com Donald Trump, Zelensky afirmou que viajou "12 horas de trem e depois mais 11 horas de avião porque o presidente dos Estados Unidos me convidou". Segundo ele, os EUA são um dos principais parceiros da Ucrânia. "Para mim, estar na Casa Branca quando sou convidado é um gesto de respeito."

Segundo o The Guardian, Zelensky reforçou que a intenção nunca foi "insultar" ninguém e que sempre buscou negociações bipartidárias com todas as forças políticas dos EUA. No entanto, ressaltou a importância de garantir que a posição da Ucrânia fosse devidamente ouvida, mantendo o foco no engajamento "construtivo" com os Estados Unidos.

Zelensky também enfatizou que a Rússia é a parte agressora no conflito e alertou contra qualquer tentativa de reescrever a narrativa da guerra, insinuando uma falsa equivalência entre as nações.

Curiosamente, o presidente ucraniano optou por falar por meio de um intérprete e recusou-se a se expressar em inglês.

Acordo de paz

Zelensky também rejeitou a sugestão de assinar um acordo de paz que envolvesse a entrega dos territórios ocupados pela Rússia, classificando essa possibilidade como "uma separação forçada de nossas terras" e "uma coerção" que poderia levar a novas hostilidades no futuro.

"Acredito que os países que nos apoiam, ou que talvez queiram atuar como mediadores nesta guerra, compreendem que, se o conflito terminar de forma injusta, será apenas uma questão de tempo até que as pessoas busquem essa justiça", afirmou.

"Não queremos nada que não nos pertença", enfatizou.

A França e a Grã-Bretanha propuseram um cessar-fogo de um mês na Ucrânia "no ar, nos mares e na infraestrutura energética", disse o presidente francês Emmanuel Macron ao jornal Le Figaro.

Macron não falou com repórteres ao sair da cúpula de líderes sobre a defesa da Ucrânia em Londres, mas falou com o Le Figaro a caminho da cúpula.

O presidente francês disse que ele e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, elaboraram uma trégua que duraria um mês. Os soldados só seriam enviados ao solo em um estágio posterior.

"Não haverá tropas europeias em solo ucraniano nas próximas semanas", disse. "A questão é como usaremos esse tempo para tentar obter uma trégua acessível, com negociações que levarão várias semanas e, então, uma vez que a paz seja assinada, uma mobilização."

Questionado em uma entrevista coletiva se ele estava ciente do plano colocado na mesa por Macron e Starmer, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse, sem dar mais detalhes, de acordo com uma tradução da BBC: "Estou ciente de tudo".