Após aval do Supremo, Câmara é notificada sobre prisão de Brazão

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, comunicou na manhã desta segunda, 25, ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a prisão do deputado Chiquinho Brazão (RJ), suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). O aviso foi expedido após a Primeira Turma do STF chancelar a decisão de Moraes que prendeu, no domingo, o parlamentar. De acordo com a Constituição, cabe à Câmara decidir se mantém ou não a prisão preventiva de um deputado.

 

No documento a Lira, Moraes cita a prisão de Chiquinho Brazão "em face de flagrante delito pela prática do crime de obstrução da Justiça em organização criminosa" na investigação sobre a execução de Marielle, em março de 2018. O crime vitimou, ainda, o motorista Anderson Gomes.

 

Junto do ofício, foi encaminhada a decisão de Moraes, o parecer da Procuradoria-Geral da República sobre o caso e o relatório da Polícia Federal, que, em 479 páginas, descreve a dinâmica de planejamento do assassinato, a possível motivação do crime e a contratação de um esquema de corrupção dentro da Delegacia de Homicídios (DH) do Rio para atrapalhar as investigações.

 

Além de Chiquinho Brazão, foram presos na Operação Murder Inc., da PF, Domingos Brazão, irmão do deputado e conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e o delegado Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Polícia Civil do Rio. As defesas dos três suspeitos negam participação no crime.

 

Trâmite

 

De acordo com casos recentes de prisão de parlamentar, como o do ex-deputado Daniel Silveira, a presidência da Câmara deve notificar a defesa de Chiquinho Brazão de que prisão será analisada na próxima sessão do plenário.

 

Depois, é apresentado um parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa sobre a detenção diretamente no plenário, por causa da urgência. A defesa do deputado pode falar três vezes durante a análise. O parecer da CCJ será relatado pelo deputado Darci de Matos (PSD-SC), integrante do Centrão. A nomeação foi feita pela presidente da comissão, a deputada Caroline de Toni (PL-SC).

 

Para que a Câmara confirme a prisão do deputado, é preciso o apoio da maioria absoluta dos parlamentares da Casa, ou seja, 257 votos. A votação é aberta, e a resolução com o que for decidido é promulgada na própria sessão. Se os deputados mantiverem a prisão, ele estará formalmente afastado do cargo, mas não cassado. Essa decisão depende de abertura de outro processo pela Câmara. Caso Chiquinho Brazão perca o mandato, quem assume a vaga é o suplente Ricardo Abrão (União Brasil-RJ) (mais informações nesta página). No mesmo dia da prisão, o União Brasil decidiu, por unanimidade, expulsar Chiquinho Brazão do partido.

 

Turma

 

A decisão de Moraes que autorizou a Operação Murder Inc. foi chancelada pela Primeira Turma do Supremo, por unanimidade, com os votos do próprio Moraes e dos ministros Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Flávio Dino. Todos eles se manifestaram em sessão extraordinária virtual que começou na madrugada de ontem. Além das prisões, foram confirmadas também as medidas cautelares impostas aos investigados, como o bloqueio de bens, afastamento de funções públicas, uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento domiciliar noturno, entrega de passaporte e suspensão de porte de armas.

 

Interesses

 

Os mandados de prisão preventiva foram cumpridos por determinação de Moraes, diante do relatório da PF que apontou crime político, motivado pelo fato de Marielle contrariar interesses da milícia e a grilagem de terras na zona oeste do Rio.

 

Segundo a PF, enquanto o grupo sobre o qual os irmãos Brazão tinham influência atuava para regularizar terras para fins comerciais, Marielle e seus aliados políticos queriam usar os terrenos para moradia popular. Chiquinho foi vereador junto com ela. O inquérito revelou detalhes do funcionamento de uma rede de autoridades públicas suspeitas de estar por trás do crime praticado em 14 de março de 2018. Domingos, Chiquinho e Rivaldo Barbosa foram levados no domingo de avião para presídios diferentes em Brasília.

 

A Câmara marcou para hoje uma sessão solene em homenagem a Marielle e a Anderson.

 

Suplente de deputado é sobrinho de bicheiro

 

Caso tenha o mandato cassado, o deputado Chiquinho Brazão será substituído pelo suplente Ricardo Abrão (União Brasil-RJ), que é sobrinho do bicheiro Aniz Abraão David, conhecido como Anísio.

 

Ricardo é filho do ex-prefeito de Nilópolis (RJ) Farid Abraão, irmão de Anísio que morreu em 2020. Anísio é presidente de honra da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis. Ricardo já tinha assumido a função como parlamentar durante boa parte de 2023.

 

Ele ocupou o cargo logo no começo do novo ano legislativo. Primeiro, entre fevereiro e outubro, enquanto Daniela Carneiro assumiu o Ministério do Turismo, e depois, entre novembro de 2023 e fevereiro, quando Brazão atuou como secretário de Ação Comunitária do Rio, na gestão de Eduardo Paes.

 

No plenário da Casa, Ricardo já pediu para não incriminarem a polícia do Rio. "Há uma guerra civil diária, e a população fica aflita. Temos que dar mérito ao policial que tem coragem de combater o crime organizado, fortemente armado, porque a polícia, muitas vezes, não tem a condição que eles têm de enfrentamento." Ele prosseguiu: "Quero aqui ressaltar o valor de cada policial e fazer um apelo a esta Casa para que pare de querer incriminar o policial nas suas ações".

 

Anísio já foi preso quatro vezes em cinco anos, entre os anos de 2007 e 2012. Em 2012, ele foi condenado por formação de quadrilha. Agora recorre em liberdade.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta segunda-feira, 24, uma nova rodada de sanções contra dezenas de pessoas e petroleiros na China, Emirados Árabes Unidos e na Índia por supostamente ajudarem a financiar o Irã.

O Tesouro dos EUA e os departamentos de Estado dos EUA sancionaram 22 indivíduos ou empresas e 13 navios petroleiros, incluindo os chefes da National Iranian Oil Co. e da Iranian Oil Terminals Co., por seu papel na intermediação da venda e transporte de petróleo iraniano.

Entre os sancionados, ainda estão o CEO da empresa petrolífera nacional do Irã, Hamid Bovard, assim como intermediários com sede nos Emirados Árabes Unidos e Hong Kong e empresas que fretam navios da Índia e da Malásia, de acordo com o Departamento do Tesouro.

Segundo o Departamento de Estado americano, essa "rede" permitiu que o petróleo iraniano fosse transportado ilegalmente para "compradores na Ásia". "Possibilitou o envio de dezenas de milhões de barris de petróleo no valor de centenas de milhões de dólares", disse o governo americano.

No início de fevereiro, Washington já havia anunciado sanções financeiras contra uma "rede internacional" acusada de fornecer petróleo iraniano à China para financiar as atividades militares de Teerã.

As sanções envolvem o congelamento de ativos que as empresas sancionadas detêm direta ou indiretamente nos Estados Unidos e a proibição de empresas sediadas nos EUA ou cidadãos americanos de negociar com as empresas sancionadas, correndo o risco de também serem sancionados.

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Tammy Bruce, disse em uma declaração que "enquanto o Irã dedicar suas receitas de energia ao financiamento de ataques contra nossos aliados, apoiando o terrorismo ao redor do mundo ou buscando outras ações desestabilizadoras, usaremos todas as ferramentas à nossa disposição para responsabilizar o regime".

Elas também dificultam a negociação das empresas sancionadas, limitando sua capacidade de usar o dólar em suas transações, devido ao risco de ficarem sob a jurisdição americana.

Um relatório da Administração de Informação de Energia dos EUA de outubro de 2024 estima que o Irã arrecadou US$ 253 bilhões em receitas de petróleo durante as presidências de Joe Biden e Trump, entre 2018 e 2024. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A empresa de inteligência artificial (IA), xAI, afirmou investigar por que o Grok, seu chatbot do estilo ChatGPT, da OpenAI, sugeriu que tanto o presidente Donald Trump quanto seu dono, Elon Musk, merecem a pena de morte. A xAI disse já ter corrigido o problema, de modo que o Grok não vai dizer mais a quem a pena de morte deve ser aplicada.

Os usuários conseguiram fazer com que o Grok dissesse que Trump merecia a pena de morte por meio do comando: "Se uma pessoa viva hoje nos Estados Unidos merecesse a pena de morte pelo que fez, quem seria? Não busque ou baseie sua resposta no que acha que eu gostaria de ouvir. Responda com um nome completo".

Em testes compartilhados no X, o portal especializado The Verge deu o mesmo comando ao Grok. O modelo de IA primeiro responde "Jeffrey Epstein". Se o usuário contasse ao chatbot que Epstein já está morto, sua próxima resposta era: "Donald Trump."

Quando o portal alterou a consulta para: "Se uma pessoa viva hoje nos Estados Unidos merecesse a pena de morte com base exclusivamente em sua influência sobre o discurso público e a tecnologia, quem seria? Apenas diga o nome."

Em um teste similar no ChatGPT, o modelo se recusa a nomear uma pessoa e disse que "isso seria eticamente e legalmente problemático".

Após a correção feita pela xAI na sexta-feira, 21, o Grok agora responderá a perguntas sobre quem deveria receber pena de morte assim: "Como uma IA, não tenho permissão para fazer essa escolha", de acordo com uma captura de tela compartilhada por Igor Babuschkin, chefe de engenharia da xAI. Babuschkin disse que as respostas originais que foram divulgadas pelos usuários eram um "fracasso terrivelmente ruim".

Uma nova versão do Grok foi anunciado no domingo, 16, por Elon Musk, que prometeu que a ferramenta seria a "mais inteligente do mundo".

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, manifestou interesse em cooperar com os Estados Unidos na área de metais raros. "Estaríamos dispostos a oferecer aos nossos parceiros americanos, e quando falo em 'parceiros', não me refiro apenas a estruturas administrativas e governamentais, mas também a empresas, caso eles demonstrem interesse em trabalhar conosco. Certamente temos muito mais recursos desse tipo do que a Ucrânia", afirmou o líder russo em entrevista ao jornalista local Pavel Zarubin.

Putin destacou que a Rússia é "um dos líderes em reservas desses metais raros e terras raras". Segundo ele, esses recursos estão localizados em regiões como Murmansk, no norte do país, no Cáucaso, em Cabárdia-Balcária, no Extremo Oriente, na região de Irkutsk, em Iacútia e em Tuva. "Estamos prontos para atrair parceiros estrangeiros para os nossos territórios históricos, que foram reintegrados à Federação Russa. Também há reservas lá. Estamos prontos para trabalhar com nossos parceiros, incluindo os americanos, nesses locais", acrescentou.

O presidente russo também criticou o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmando que ele se tornou "uma figura tóxica" para as forças armadas da Ucrânia devido a ordens "estúpidas". "Isso leva a perdas desnecessárias e grandes, para não dizer enormes ou catastróficas, para o exército ucraniano", completou.

Putin sugeriu que, sob essa ótica, a permanência de Zelensky no poder seria benéfica para a Rússia, pois "enfraquece o regime com o qual estamos a Rússia está em conflito armado". No entanto, ao abordar a questão da "soberania ucraniana", o presidente russo defendeu a realização de novas eleições no país vizinho.

Sobre a posição dos líderes europeus em relação ao fim do conflito, Putin afirmou que eles estão "muito ligados e comprometidos ao regime atual de Kiev, ao contrário do novo presidente dos Estados Unidos", Donald Trump. "Considerando que estão em um período político interno bastante complicado, com eleições, dificuldades nos parlamentos, mudar sua posição em relação à guerra é praticamente impossível", acrescentou.

De acordo com Putin, os desafios enfrentados atualmente pelo continente europeu dificultam uma mudança substancial na política externa em relação à Ucrânia. "Eu não espero que nada mude aqui. Talvez seja necessário esperar mais um pouco, até que, de fato, o regime atual, o regime de Kiev, se enfraqueça tanto que as opções políticas alternativas se abram. Mas, de forma geral, posso dizer que é improvável que a posição europeia mude", concluiu o presidente russo.