PV vai acelerar saída de deputados que votaram contra prisão de Chiquinho Brazão

Política
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Os deputados Jadyel Alencar (PI) e Luciano Amaral (AL) devem ter a saída do PV acelerada após terem votado pela soltura do deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ). Os parlamentares foram os únicos membros da Federação Brasil da Esperança, que inclui também o PT e o PCdoB, contrários à manutenção da prisão do suspeito de mandar matar a vereadora Marielle Franco (PSOL), em março de 2018.

 

A Câmara aprovou nesta quarta-feira, 10, por 277 votos a 129, que o parlamentar continue preso. A Federação orientou voto favorável ao parecer do deputado Darci de Matos (PSD-SC), que opinou pelo encarceramento do parlamentar. Todos os 64 deputados do PT e os sete do PCdoB que estavam presentes na sessão seguiram a orientação. Dos seis congressistas do PV, apenas Jadyel Alencar e Luciano Amaral votaram contra o relatório e, portanto, a favor da soltura do colega.

 

O presidente nacional do Partido Verde (PV), José Luiz Penna, afirmou nesta quinta-feira, 11, que a permanência de Jadyel e Luciano se tornou "insustentável" após os votos para beneficiar Brazão. Os dois deputados já estão com processo de desfiliação desde o início deste ano, quando eles pediram para deixar o PV.

 

"Não tem como eles continuarem no partido, eles não têm nada a ver com a gente. O partido não tem nada a ver com miliciano. E ainda tem o compromisso que nós temos na Federação. Nós somos base do governo. O que eles estão pensando? Os caras não estão nem aqui e nem lá e fazem essas m... Mas nós não vamos ter mais essas boiadas", afirmou Penna ao Estadão.

 

"São duas pessoas que não têm a menor experiência. Eles já tem um histórico, falta neles um mínimo de talento", disse.

 

Ao Estadão, Jadyel Alencar afirmou que é favorável à condenação e à cassação do mandato de Brazão, mas disse não concordar com a prisão preventiva determinada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. A reportagem também procurou Luciano Amaral, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

 

O motivo da saída dos dois deputados da legenda vai além do caso Chiquinho Brazão. No início deste ano, os parlamentares receberam dos diretórios estaduais uma carta de anuência, que permite que deixem a legenda sem perderem o mandato na Câmara.

 

Segundo Penna, a carta de anuência ainda precisa passar pela apreciação da cúpula do partido e, por isso, ainda não foi encaminhada para a Casa. Com a postura dos dois deputados na votação sobre o destino do suspeito de mandar assassinar a vereadora, o presidente disse que a sigla está se mobilizando para referendar a decisão "para ontem".

 

Com a decisão da legenda, a Câmara deverá ser notificada pelo PV sobre a saída dos parlamentares e, depois, precisará avalizar os pedidos. Após esse processo, Jadyel e Luciano estarão sem partido e poderão se filiar a uma nova legenda.

 

Ao Estadão, Jadyel disse que foi contra a orientação da Federação sobre a prisão de Chiquinho Brazão pela "maneira como a prisão foi feita" por ordem de Moraes. A Constituição Federal estabelece que um deputado federal pode ser preso apenas em casos de flagrante delito. O magistrado argumentou que o suposto mandante do assassinato estava praticando o crime de obstrução de Justiça em organização criminosa.

 

"Eu sou a favor da punição, da condenação e da cassação do deputado Chiquinho Brazão. Eu irei votar abertamente pela cassação do deputado. O que eu não poderia fazer na votação de ontem (quarta) era votar contra a Constituição, que eu afirmei cumprir no meu juramento de posse", afirmou.

 

Sobre a saída do PV, o deputado mencionou divergências anteriores entre ele e o comando piauiense do PV. "Fizeram uma eleição para o diretório estadual e nem fui convidado, o que fere o regimento interno do partido."

 

Eleito para o primeiro mandato na Câmara em 2022, ele diz que pretende se filiar ao Republicanos. Procurado, o presidente nacional da sigla, deputado federal Marcos Pereira (SP), não respondeu.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."