Ato de Bolsonaro no Rio terá 'vaquinha' e palanque com Ramagem e Castro

Política
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A nova manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o próximo domingo, 21, no Rio, deverá ter no palanque o governador Cláudio Castro (PL) e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). A presença dos dois é ponto central no ato bolsonarista. O comparecimento de Castro é visto como uma chance de ele mostrar lealdade ao ex-chefe do Executivo. Já a ida de Ramagem é considerada uma oportunidade de aumentar a visibilidade do pré-candidato à prefeitura da capital fluminense ao lado do seu principal cabo eleitoral.

 

Os três dividiram o palanque em março, no lançamento da pré-candidatura de Ramagem na quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel, na zona oeste do Rio. Na ocasião, Bolsonaro ficou incomodado com a baixa adesão ao evento e pediu que os seguranças do local autorizassem que os apoiadores se aproximassem do palco. Castro foi vaiado por parte do público.

 

O governador do Rio não esteve no ato convocado por Bolsonaro na Avenida Paulista, em fevereiro, justificando uma viagem a Portugal. Por isso, o envolvimento dele, desta vez "em casa", é uma expectativa entre bolsonaristas. De acordo com o pastor evangélico Silas Malafaia, um dos organizadores do evento, o governador do Rio ficará livre para discursar, "se quiser". Diferentemente da manifestação em São Paulo, o religioso não bancará os custos do evento, que serão cobertos por uma "vaquinha" feita por deputados.

 

Somente quatro dos 13 governadores eleitos com apoio de Bolsonaro estiveram no ato em fevereiro: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais. Na ocasião, apenas Tarcísio discursou. Procurado pelo Estadão, Castro não respondeu se vai discursar ao lado de Bolsonaro no domingo.

 

O ato na Paulista foi convocado logo após Bolsonaro e aliados serem alvos de uma operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga suposta tentativa de golpe de Estado. O governador do Rio move uma ação na Suprema Corte questionando dívidas do Estado com a União, além de ser investigado pela Polícia Federal (PF) por suposto recebimento de propina. A defesa dele diz que as informações sobre a investigação são "infundadas, velhas e requentadas".

 

Deputado federal e pré-candidato à prefeitura do Rio, Ramagem também confirmou presença, segundo Malafaia, mas não deverá discursar no palanque. Como Ramagem está em pré-campanha, a preocupação entre os bolsonaristas é que o ato possa ser enquadrado como propaganda eleitoral antecipada. Em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), pré-candidato à reeleição apoiado por Bolsonaro, também não falou ao público.

 

Ramagem, que é ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), é investigado por supostas espionagens ilegais praticadas durante o período em que esteve a frente da agência, no governo Bolsonaro, contra adversários políticos. Procurado, o deputado não respondeu sobre a presença no ato de domingo.

 

Investigado por uma tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro fez o convite para a manifestação em suas redes sociais, afirmando que ele e os demais organizadores vão "levar informações sobre o nosso Estado Democrático de Direito" e falar "sobre a maior fake news da história do Brasil, que está resumida hoje na minuta de golpe" - documento para declarar estado de sítio no País e que, segundo as investigações, foi editado por Bolsonaro.

 

Malafaia corroborou o que disse o ex-presidente no convite, afirmando que durante o evento eles vão "mostrar como isso é uma narrativa, uma fake news".

 

Sobre o financiamento do ato, Malafaia disse que não vai contribuir com dinheiro, se referindo aos dois trios elétricos que alugou em São Paulo para a última manifestação.

 

Os custos do ato no Rio vão ser cobertos por uma "vaquinha" de deputados federais bolsonaristas, afirmou Malafaia ao Estadão. Segundo ele, os deputados do PL Sóstenes Cavalcante (RJ), Bia Kicis (DF), Eduardo Bolsonaro (SP), entre outros, já contribuíram. O custo estimado da estrutura para o dia é de R$ 125 mil.

 

O pastor afirmou que fará a organização e gestão dos recursos doados, caso necessário. "É claro, eu vou ficar pagando evento com meu dinheiro?", questionou.

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O governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou a injeção de mais de US$ 50 milhões ao Fundo Amazônia, com o intuito de conservar a floresta amazônica. "Os Estados Unidos estão anunciando US$ 50 milhões para o Fundo Amazônia, o que elevará as contribuições totais dos EUA para o Fundo Amazônia para US$100 milhões, sujeito à notificação do Congresso", afirmou a Casa Branca, em comunicado.

No comunicado à imprensa é reforçado ainda que o governo Biden, juntamente com o BTG Pactual e mais 12 parceiros, está anunciando o lançamento da Coalizão Financeira de Restauração e Bioeconomia do Brasil. A coalizão pretende mobilizar pelo menos US$ 10 bilhões em investimentos públicos e privados para projetos de restauração de terras e relacionados à bioeconomia até 2030.

A Casa Branca também destacou o apoio da administração Biden à Iniciativa Tropical Forest Forever Facility (TFFF) - um novo fundo de US$ 125 bilhões para conservar as principais florestas do mundo -, proposta pelo governo Lula.

"A TFFF atrairá capital privado substancial e fará uma contribuição significativa para a conservação das florestas tropicais. Os Estados Unidos estão anunciando apoio para ajudar a finalizar o trabalho técnico e analítico necessário para projetar e configurar a Facility", ressaltou.

Neste domingo, Biden realiza visita a Manaus e deve se reunir com lideranças indígenas, antes de seguir para o Rio de Janeiro, para a cúpula do G20. Ele é o primeiro presidente americano em exercício a visitar a Amazônia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu, neste domingo, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, na primeira reunião bilateral com um chefe de Estado vindo ao Brasil para o G20. Durante o encontro, Lula relatou a reunião e o trabalho do G20 Social e pediu que a África do Sul continue com essa prática inaugurada pela presidência brasileira, dado que Ramaphosa será o próximo a assumir a presidência do grupo.

O presidente sul-africano garantiu que deve dar continuidade ao trabalho do Brasil no G20, enquanto o Brasil se colocou à disposição da África do Sul para "transferir toda a experiência brasileira na presidência do G20", informou comunicado do Palácio do Planalto, divulgado há pouco.

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Ainda segundo o comunicado, participaram da reunião os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, da Fazenda, Fernando Haddad, da Agricultura, Carlos Fávaro, e da Gestão e da Inovação, Esther Dweck. Também participaram o assessor especial, Celso Amorim, e o secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento e Indústria, Márcio Elias Rosa.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, publicou no X que já está no Rio de Janeiro para a cúpula do G20, que começa nesta segunda-feira, 18, e vai até terça-feira, 19. "Estou aqui para aprofundar nossas parcerias globais e criar novas. Isso importa mais do que nunca", frisou na postagem.

Ela também ressaltou que serão dois dias intensos de discussões e que está "totalmente pronta para apoiar as ambições da presidência brasileira".