Entorno estratégico do Brasil está mais conturbado e preocupa, diz comandante da Marinha

Política
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O comandante da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, disse nesta segunda-feira, 29, que o "entorno estratégico" do Brasil está mais conturbado, o que é motivo de preocupação para a Marinha.

Ele citou não só as ameaças da Venezuela na direção da Guiana, mas também o aumento do número de instalações americanas e chinesas em países vizinhos do Atlântico Sul. Nesse contexto, Olsen defendeu maior capacidade de monitoramento e persuasão pelas Forças Armadas brasileiras, o que impõe maiores investimentos nessa frente pelo governo federal.

"Me preocupa o entorno estratégico, o Atlântico Sul, como área de interesse prioritário. E temos a presença e influência de atores extra regionais nesse entorno estratégico, que está mais conturbado, tanto em termos de crime quanto de ameaças clássicas", disse. Olsen falou a jornalistas hoje, na saída de seminário sobre transição energética na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro.

"Tem o caso da Venezuela, tivemos a invasão da embaixada do México no Equador. Temos uma possível construção de base naval conjunta de Argentina e Estados Unidos em território argentino. Já temos estação espacial chinesa nesse mesmo território argentino e um estaleiro chinês para embarcações pesqueiras no Uruguai", detalhou. Ele listou, ainda, a presença de potências europeias no oeste africano, em suas ex-colônias, em que pese a independência relativamente recente desses países.

Reforço

Nesse cenário, disse o comandante da Marinha, o Brasil "certamente" vai precisar de mais de um submarino nuclear. A primeira máquina desse tipo deve ser entregue pelo Prosub, o programa de submarinos da Marinha, em 2034, para incorporação à frota da Armada em 2037. O programa também prevê outros quatro submarinos convencionais, dos quais três já estão prontos e um último deve ser entregue em 2025.

"Os quatro submarinos convencionais contribuem, mas a ideia é repensarmos o emprego e o número de submarinos. Acredito no Brasil como um ator regional, o que é um trabalho maior", disse Olsen.

Essa vocação para assuntos externos, disse Olsen, aumenta a área geográfica de interesse do País, o que implica em um número maior de meios militares e maiores investimentos, gastos em alta exponencial no mundo.

"Temos procurado demonstrar a necessidade de reequipamento das Forças. São investimentos caros, com execução de longo prazo, que devem ser tomados com antecedência. Não se constrói uma esquadra de um dia para o outro", disse.

Em março, mostrou hoje o Estadão, a Marinha teve 83% dos recursos do Prosub bloqueados, o que levou à demissão de 200 funcionários envolvidos no programa. Ao Broadcast, Olsen disse que os cortes representam menos de 10% da mão de obra do programa e minimizou os efeitos práticos disso no seu calendário de entregas. Mas admitiu a possibilidade de renegociação de contratos e, com isso, aumento do custo total do projeto.

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A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propôs nesta terça-feira, 4, um plano de 800 bilhões de euros, nomeado "REARM Europe", para fortalecer as defesas das nações da União Europeia (UE), visando diminuir o impacto de um possível "desengajamento" dos Estados Unidos e fornecer à Ucrânia força militar para negociar com a Rússia, após a pausa da ajuda americana aos ucranianos.

O pacote ainda será apresentado aos 27 líderes da união. Na quinta-feira, 6, os representantes europeus realizarão uma reunião de emergência em Bruxelas para tratar sobre o assunto. "Não preciso descrever a grave natureza das ameaças que enfrentamos", disse von der Leyen. Fonte: Associated Press.

O Ministério das Relações Exteriores, em nota divulgada nesta segunda-feira (3), lamentou a suspensão da entrada da ajuda humanitária na Faixa de Gaza por Israel. "O governo brasileiro deplora a decisão israelense de suspender a entrada de ajuda humanitária em Gaza, que exacerba a precária situação humanitária e fragiliza o cessar-fogo em vigor", diz o texto do Itamaraty.

Israel interrompeu a entrada de todos os bens e suprimentos na Faixa de Gaza no domingo (2) e advertiu sobre "consequências adicionais" caso o Hamas não aceite uma nova proposta para estender o cessar-fogo.

O Itamaraty diz que o Brasil pede a "imediata reversão da medida", recordando que "Israel tem obrigação - conforme reconhecido pela Corte Internacional de Justiça em suas medidas provisórias de 2024 - de garantir a prestação de serviços básicos essenciais e assistência humanitária à população de Gaza, sem impedimentos". A nota afirma ainda que a obstrução deliberada e o uso político da ajuda humanitária constituem grave violação do direito internacional humanitário.

O governo brasileiro defende que as partes promovam o estrito cumprimento dos termos do acordo de cessar-fogo e o engajamento nas negociações "a fim de garantir cessação permanente das hostilidades, retirada das forças israelenses de Gaza, libertação de todos os reféns e estabelecimento de mecanismos robustos para ingresso de assistência humanitária desimpedida, previsível e na necessária escala."

A discussão entre os presidentes dos EUA, Donald Trump, e da Ucrânia, Volodimir Zelenski, na última sexta-feira (28) na Casa Branca levou as relações entre os dois países a um conflito. Ele também causou sério dano a uma aliança no coração da ordem estabelecida depois da Segunda Guerra Mundial: a Otan, a Organização do Tratado do Atlântico Norte.

Trump adotou uma posição que muitos aliados europeus viam como se ele estivesse do lado do presidente da Rússia, Vladimir Putin, ao ignorar as preocupações de segurança de um país amigo que precisa de ajuda do Ocidente. Ele disse que o presidente ucraniano estava perdendo a guerra e "não tinha cartas".

A Otan é baseada na ideia de que os EUA podem usar seu poderio militar, incluindo o arsenal de armas nucleares, para defender qualquer aliado que for atacado. Esta premissa fundamental agora está sendo questionada.

"Eu estou preocupado que estamos nos últimos dias da Otan", disse o almirante aposentado James Stavridis, ex-comandante aliado supremo da Otan. Ele destacou que a aliança "pode não entrar prestes a entrar em colapso, mas eu posso certamente ouvir o ranger mais alto do que em outros tempos em minha longa carreira militar."

No último domingo, 2, Trump publicou uma mensagem na sua plataforma Truth Social: "Devemos dedicar menos tempo nos preocupando com Putin e mais tempo nos preocupando sobre as gangues de imigrantes que cometem estupros, traficantes, assassinos e pessoas que vieram de instituições (de saúde) mental entrando em nosso país - Para que não acabemos como a Europa." A Casa Branca não fez comentários sobre a política do governo dos EUA sobre a Otan.

A força do apoio de Trump à Otan, que foi criticada no passado, continua incerta. Na Casa Branca na última sexta-feira, ele disse "estamos comprometidos com a Otan" e elogiou um país membro, a Polônia, que faz muitos gastos com defesa.

No sábado, dia 1º, Elon Musk, um assessor de Trump que lidera o departamento de eficiência do governo, endossou uma mensagem na plataforma X que defendia a retirada dos EUA da Otan e das Nações Unidas.

Líderes europeus, que confiam na Otan para a segurança de seus países, têm evitado falar publicamente sobre as ameaças à aliança, mas alguns começam a comentar planos alternativos. "Queremos preservar a parceria transatlântica e a nossa força conjunta", comentou no sábado a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock. "Mas ontem vimos uma vez mais que os europeus não devem ser ingênuos", disse, referindo-se aos eventos ocorridos na Casa Branca na sexta-feira: "Temos que assumir a responsabilidade pelos nossos próprios interesses, nossos próprios valores e nossa própria segurança, pelo bem do nosso povo na Europa."