STF mantém condenação da União a pagar 200 mil pinheiros por contrato dos anos 1950 no Paraná

Política
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Com um placar apertado, o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou recursos envolvendo uma condenação da União ao pagamento de indenização bilionária por causa do não cumprimento de um contrato fechado em 1950, sobre a entrega de 200 mil pinheiros adultos. O pedido era para que o Supremo debatesse se seria possível rever a condenação, já definitiva, considerando que a perícia sobre o valor dos pinheiros estaria, segundo a União e o Ministério Público Federal, "viciada".

 

Por seis votos a cinco, o STF negou seguimento - sequer analisando o mérito - de recursos que foram impetrados pelo Ministério Público Federal e a União contra uma decisão dada pela ministra Rosa Weber, hoje aposentada. A magistrada já havia, em decisão monocrática, negado analisar os apelos sob o argumento de que não haveria afronta à Constituição no caso e que seria necessário reexaminar fatos e provas - o que, segundo Rosa, não seria possível segundo a jurisprudência do STF.

 

O ministro Dias Toffoli inaugurou corrente divergente no julgamento e defendeu que o recurso tramitasse normalmente na Corte máxima. Tal posicionamento foi acompanhado pelos ministros Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin, Luis Roberto Barroso e Edson Fachin. A corrente vencedora, no entanto, é a de Rosa Weber, que foi seguida pela ministra Cármen Lúcia, e os ministros Gilmar Mendes, André Mendonça, Luiz Fux e Kassio Nunes Marques (que deu voto decisivo no caso).

 

O debate teve início em uma ação civil pública que a Procuradoria e União moveram pedindo a anulação de uma decisão que mandou a União a pagar indenização equivalente a 200 mil pinheiros que não foram entregues no bojo de um contrato de compra e venda fechado em dezembro de 1951 entre a Superintendência das Empresas Incorporadas ao Patrimônio Nacional (SEIPN) - sucedida pela União - e a Companhia de Madeiras do Alto Paraná S.A.

 

Foi questionada uma relação jurídica no caso, sendo que, se ela fosse derrubada, a indenização também seria. Além disso, a ação apontou "flagrante erro material" na perícia realizada na ação, quando do cálculo do valor de cada "pinheiro adulto", o que resultou - segundo a AGU e o MPF - em uma "indenização astronômica". Os órgãos pediam que o valor fosse corrigindo, tomando por base o valor dos pinheros "ao tempo" do laudo.

Em primeiro grau, o pleito foi atendido e o laudo contestado foi declarado "imprestável", com a ordem para que a indenização fosse fixada seguindo o valor real dos pinheiros adultos "ao tempo" do da perícia, em fevereiro de 1985. Depois, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região determinou a realização de uma nova perícia.

 

Em meio ao imbróglio, o STF analisou uma parte do caso, determinando uma perícia judicial, a qual foi homologada em março de 2017 pelo juízo da 4ª Vara Federal de Curitiba. Na ocasião, a prova técnica definiu em Cr$ 56.000,00 o valor do pinheiro em pé, em fevereiro de 1985. Segundo a AGU, o valor levaria a um total de R$ 4 milhões, em outubro de 2002, sendo que o precatório inicial do caso - que chegou a ser suspenso pelo STF - era de R$ 300 milhões.

 

No entanto, o caso sofreu uma nova reviravolta no Superior Tribunal de Justiça, que reformou o acórdão do TRF-4 e julgou improcedente o pedido da AGU e da Procuradoria. A avaliação foi a de que não havia conflito aparente de normas constitucionais que justificasse a "relativização da coisa julgada" - a indenização que havia sido determinada.

 

Assim, o tema do recurso no STF passou a ser a possibilidade de ajuizamento de ação civil pública, para questionar valor que foi fixado, contra a União, a título de indenização, "com fundamento em laudo pericial reconhecidamente eivado de erros grosseiros, quando expirado o prazo da ação rescisória, considerados os princípios da motivação das decisões judiciais, da justa indenização, da moralidade e da razoabilidade".

 

A Advocacia-Geral da União, por exemplo, alegou ao STF suposta violação da regra constitucional de que todas as decisões devem ser legitimamente fundamentadas. Isso por que, segundo o órgão, a decisão do STJ está relacionada a um "laudo pericial viciado e redunda no pagamento de indenização exorbitante".

 

A AGU diz que o documento apresenta "inequívocos erros crassos" e haveria ainda afronta aos princípios da moralidade e da razoabilidade no caso. Pedia que o STF definisse se o fato de a indenização ser fixada com base em "perícia viciada" autorizaria ou não a "relativização da coisa julgada" - revisão de uma condenação que já se tornou definitiva.

 

"Debate-se, no presente feito, se a União deverá pagar quase um bilhão de reais - por se entender que o valor da indenização se encontraria acobertado pela coisa julgada, não podendo ser rediscutido em sede de ação civil pública -, a despeito da incontroversa existência de erros crassos existentes no laudo pericial que levaram a um montante indenizatório muito maior do que aquele efetivamente devido", indicou o órgão no recurso agora negado pelo STF.

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A vice-presidente do Equador, Verónica Abad, afirmou em um vídeo divulgado neste sábado, 4, que a partir de 5 de janeiro, dia em que começa a campanha eleitoral, assumirá temporariamente a presidência do país. A mensagem foi divulgada em meio a um conflito aberto entre ela e o presidente equatoriano, Daniel Noboa.

"Em 5 de janeiro de 2025 assumirei a presidência constitucional da República do Equador por mandato expresso da lei", disse ela em um vídeo publicado no X, antigo Twitter.

Ela acrescentou que deve assumir o posto enquanto Noboa "participa como candidato presidencial da campanha eleitoral".

A Constituição do Equador obriga presidentes que optem por buscar a reeleição a pedir licença do cargo para fazer campanha. No entanto, a lei não deixa claro se o procedimento é igual quando um governante está terminando o governo de outro presidente. É este o caso de Noboa, que está terminando o período de governo do ex-presidente Guillermo Lasso.

Segundo o constitucionalista André Benavides, Noboa é obrigado a pedir licença e, caso não o faça, cometeria uma "falta grave", que pode resultar na perda de direitos políticos e terá de ser resolvida pelo Tribunal Contencioso Eleitoral.

"Enquanto não houver uma ausência temporária do presidente, ou seja, o pedido de licença, Abad não pode assumir a presidência", disse Benavides.

Noboa não se pronunciou sobre o anúncio de Abad.

A relação entre Noboa e Abad azedou desde a campanha eleitoral de 2023, mas o motivo para a briga não foi esclarecida. Noboa chamou Abad de desleal, e ela o classificou como misógino. O governo atual tentou de todas as formas afastar Abad do cargo, mas sem êxito.

A vice-presidente não explicou como pretende concretizar sua posse como presidente, mas indicou que ao assumir a vice-presidência constitucionalmente junto a Noboa, em 2023, "não é preciso que haja nenhum ato de posse no exercício da presidência".

Ela enfatizou que para exercer a função de presidente precisará do apoio de todas as instâncias do Estado e aludiu às forças armadas, que não se pronunciaram.

O anúncio de Abad foi feito horas antes de uma sessão convocada pela Assembleia Nacional do Equador em que definirá a licença para aqueles que tentarão concorrer à reeleição.

"Não é obrigatório que o presidente tire licença. Não existe uma norma expressa que estabeleça que o presidente deve pedir licença", disse anteriormente o ministro do Governo, José de la Gasca.

Noboa nomeou na quinta-feira Sariha Moya como vice-presidente interina.

Ele citou a "ausência temporária" de Abad para justificar a decisão, alegando que a vice-presidente descumpriu uma ordem de viajar à Turquia até 27 de dezembro.

Abad, em um ofício, afirmou que usaria seu direito de férias e cumpriria a ordem no prazo legal de 30 dias. As informações são da Associated Press.

Edmundo González, líder da oposição na Venezuela e que foi reconhecido pelos Estados Unidos como o vencedor das mais recentes eleições presidenciais no país sul-americano, começou neste sábado, 4, uma série de viagens internacionais que o levarão para Washington dias antes de Nicolás Maduro assumir o terceiro mandato como presidente venezuelano.

Diplomata aposentado, González viajou para o exílio na Espanha em setembro depois de um juiz emitir um mandado de prisão contra ele na Venezuela, em seguida às eleições presidenciais de 28 de julho. Maduro foi declarado o vencedor da disputa pelo Conselho Nacional Eleitoral, órgão composto por pessoas leais ao governo atual.

Nas últimas semanas, González tem dito que viajará à Venezuela para tomar posse como presidente, mas não disse como pretende retornar nem como planeja contestar Maduro, cujo partido controla todas as instituições e os militares da Venezuela.

O próximo mandato presidencial começa em 10 de janeiro. "Por qualquer que seja o meio necessário, eu estarei lá", disse González.

Na quinta-feira, Maduro anunciou uma recompensa de US$ 100 mil para quem trouxesse informações sobre o paradeiro de González.

Durante uma entrevista coletiva, González disse que viajará no sábado para os EUA, onde espera conversar com o presidente do país, Joe Biden, após uma breve visita ao Uruguai para uma reunião com o presidente Luis Lacalle Pou. Ele também pretende visitar o Panamá e a República Dominicana. Hoje ele estava na Argentina, onde trabalhou como embaixador.

Os EUA e a maior parte dos países europeus rejeitaram os resultados oficiais das eleições na Venezuela, afirmando que as autoridades não apresentaram resultados detalhados a respeito da disputa. Em paralelo, a oposição apresentou atas de 85% das urnas do país mostrando que o vencedor das eleições foi González. Fonte: Associated Press.

O chanceler da Áustria, Karl Nehammer, disse que vai renunciar ao cargo nos próximos dias depois de as negociações para formar um novo governo no país fracassarem pela segunda vez.

"Tentamos tudo até agora. Um acordo sobre os principais pontos não é possível, então não faz sentido para um futuro positivo para a Áustria", disse Nehammer, do Partido Popular, para a rede austríaca ORF.

O anúncio foi feito após o Partido Popular e o Partido Social-Democrata continuarem as conversas para a formação de um governo, um dia depois de o partido Neos abandonar as negociações. As informações são da Associated Press.