STF coloca no banco dos réus acusados de mandar matar Marielle

Política
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A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal decidiu na tarde desta terça-feira, 18, colocar no banco dos réus os irmãos Brazão - Chiquinho, deputado federal, e Domingos, conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado do Rio -, acusados de terem mandado matar a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes.

 

Por unanimidade, o colegiado seguiu o voto do relator, Alexandre de Moraes. Ele argumentou que a delação premiada do ex-PM Ronnie Lessa - que colocou a PF no encalço dos mandantes da morte da vereadora - foi corroborada por outros elementos probatórios. Segundo ele, há prova suficiente de materialidade e indícios suficientes de autoria para que o STF receba a denúncia.

 

"Há documentos, depoimentos. Há o juízo de cognição sumária. Fortes indícios corroborando a colaboração premiada", ponderou Moraes ao defender a justa causa para abertura do processo penal, ante o "suporte probatório mínimo" que indica a legitimidade da acusação.

 

O ministro apontou acusação da PGR é coerente, indica os fatos "satisfatoriamente", detalhando indícios "suficientes" sobre o elo de interesses escusos entre os acusados e as motivações dos crimes e descreve "de forma pormenorizada" as condutas atribuídas aos denunciados.

 

Moraes disse que fez questão de apresentar em seu voto tabelas de referências e indícios de provas trazidos pela Polícia Federal que corroboraram as afirmações de Lessa. O ministro destacou por exemplo, que as informações sobre a relação entre os irmãos Brazão e Macalé -miliciano que teria levado a Lessa a proposta de matar Marielle - "batem absolutamente com toda produção probatória".

 

O ministro narrou ter citado em seu parecer 10 documentos e 17 tópicos que, comparados com a delação, "dão sustentáculo" para que o Ministério Público Federal possa denunciar os investigados. Moraes explicou que, ao longo da instrução penal, a Procuradoria deverá provar, "sem dúvida razoável", os indícios, para que haja eventual condenação.

 

Ação Penal aberta

 

Com a ação penal aberta, terá início o trâmite de instrução do processo, com a realização de audiências, depoimentos de testemunhas e acusados. Só então que é marcada uma sessão de julgamento para análise de mérito do caso - o que não tem data para acontecer.

 

Os irmãos vão responder pelos crimes de organização criminosa, um homicídio triplamente qualificado (o de Marielle), um homicídio quadruplamente qualificado (de Anderson) e outro tentado, contra a assessora Fernanda Chaves.

 

No caso de Chiquinho Brazão, deputado federal, o STF abriu vista do caso à Câmara, ante a possibilidade de a Casa legislativa, após votação, eventualmente sustar o andamento da ação penal.

 

Também se tornaram réus pelos assassinatos o ex-chefe da Polícia Civil do Rio, Rivaldo Barbosa, e o policial militar Ronald Paulo Alves Pereira, o 'Major Ronald', apontado como ex-chefe da milícia da Muzema, na zona oeste do Rio.

 

Além disso, responderá à imputação de organização também o ex-assessor de Domingos Brazão no TCE Robson Calixto da Fonseca, o "Peixe".

 

O STF não analisou os detalhes do mérito da denúncia da PGR, protocolada em maio, mas discutiu se a acusação tem elementos suficientes, a justa causa, para que seja aberto um processo penal contra os denunciados. Um outro procedimento trata das imputações de obstrução de justiça aos investigados.

 

Moraes leu o relatório do caso. Em seguida a Procuradoria-Geral da República argumentou que há provas da existência dos crimes, como os laudos periciais juntados aos autos, além de "elementos de convicção" sobre o delito de organização criminosa. O Ministério Público Federal frisou que há elementos suficientes de autoria, com a descrição das imputações de maneira individualizada, o que, para a Procuradoria, é o que basta no atual momento do processo para reconhecer a justa causa da ação penal.

 

Após o pronunciamento do MPF, as defesas de acusados se manifestaram. O advogado de Rivaldo sustentou que as suspeitas que recaem sobre o ex-chefe da Polícia Civil do Rio foram analisadas pelo Superior Tribunal de Justiça quando da discussão sobre a federalização do caso Marielle. A defesa diz que o delegado é um "inocente preso" e apontou falta de justa causa para abertura da ação.

 

A defesa de Chiquinho Brazão falou em "erro judiciário" e negou "animosidade" entre Marielle e o parlamentar. Segundo os advogados do deputado, a Polícia Federal não trouxe diligências "frutíferas aos autos" no sentido de confirmar as alegações do delator Ronnie Lessa. Na mesma linha, os representantes de Domingos Brazão sustentaram que o STF viria a decidir sobre o "retrocesso de sua jurisprudência", em uma referência à decisão da Corte máxima sobre a impossibilidade de denúncias e condenações serem lastreadas apenas em colaboração premiada.

 

O relator Alexandre de Moraes deu início a leitura de seu voto afastando as alegações preliminares das defesas sobre a incompetência do STF para analisar o caso. O magistrado ressaltou que a Corte máxima pode julgar o processo, considerando que a suposta organização criminosa narrada pela PGR não terminou antes da diplomação de Chiquinho como deputado federal, tendo atividade "permanente".

 

Nesse ponto, o ministro chegou a lembrar da investigação sobre obstrução de Justiça, que corre em apartado no STF, destacando que não há como alguém atrapalhar uma investigação se não há "poder para obstruir". Segundo Moraes, está evidente a relação entre o desempenho do mandato e os crimes. O relator ainda lembrou que a competência do STF sobre o caso foi debatida quando o colegiado chancelou as prisões preventivas dos alvos da Operação Murder Inc.

 

Moraes também afastou pedidos para que o ministro Flávio Dino fosse declarado suspeito ou impedido para debater o caso, vez que foi ministro da Justiça do governo Lula quando as investigações passaram para a alçada da Polícia Federal.

 

Além disso, foi afastada a alegação de cerceamento de defesa. Nesse ponto, Moraes chegou até a repreender os advogados que fizeram sustentações orais. "Não é cabível que um advogado venha à tribuna e diga que não teve acesso a todas as provas. Isso é um absurdo processual", anotou.

 

Os advogados de Chiquinho Brazão alegaram em defesa prévia que a versão do delator Lessa é 'ilação desconexa', argumentando que o "legítimo anseio" pela responsabilização dos autores do atentado "não pode dar azo à destruição da vida de pessoas alheias ao fato e inocentes". A defesa de Domingos sustentou que a 'palavra solitária de notório matador carioca' não pode levar à condenação do conselheiro afastado do TCE.

 

'Major Ronald' contestou, por meio de sua defesa, as imputações da Procuradoria-Geral da República alegando que a investigação sobre o caso é 'um poço sem fundo de incompetências e incoerências'. Ele e Domingos questionam a competência do STF para julgar o caso sob argumento de que ambos não têm foro por prerrogativa de função junto à Corte.

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A apuração das eleições no Irã indica a realização de um segundo turno entre o reformista Masoud Pezeshkian e o ultraconservador Saeed Jalili, ex-negociador do programa nuclear. A participação eleitorral foi a maior da história. Pelo menos 60% dos eleitores não foram votar.

Pezeshkian obteve 42,4% dos votos, enquanto Jalili recebeu 38,3%. O presidente do Parlamento, Mohammad Bagher Qalibaf, obteve 13%, enquanto o clérigo xiita Mostafa Pourmohammadi obteve pouco menos de 1%.

Com Jalili agora sozinho, a campanha de Pezeshkian precisaria atrair os eleitores para o segundo turno de 5 de julho. Grande parte dos eleitores que não foram votar são da base do reformista. O Irã enfrenta dificuldades econômicas e protestos contra a repressão da polícia da moral.

"Vamos encarar isto como um protesto por direito próprio, uma escolha muito generalizada de rejeitar o que está em oferta - tanto os candidatos como o sistema", disse Sanam Vakil, diretor do programa da Chatham House para o Oriente Médio e o Norte da África. "Isso nos diz muito sobre a opinião pública e a apatia, a frustração. Isso meio que reúne tudo."

A lei iraniana exige que o vencedor obtenha mais de 50% de todos os votos. Caso contrário, os dois primeiros candidatos da corrida avançam para um segundo turno uma semana depois. Houve apenas mais um segundo turno de eleições presidenciais na história do Irã: em 2005, quando o linha-dura Mahmoud Ahmadinejad derrotou o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani.

Como tem acontecido desde a Revolução Islâmica de 1979, as mulheres e aqueles que apelam a mudanças radicais foram impedidos de concorrer, enquanto a votação em si não será supervisionada por monitores reconhecidos internacionalmente.

Houve sinais de um desencanto mais amplo do público com a votação. Mais de 1 milhão de votos foram anulados, de acordo com os resultados, normalmente um sinal de que as pessoas se sentem obrigadas a votar, mas não querem selecionar nenhum dos candidatos.

A participação geral foi de 39,9%, de acordo com os resultados. As eleições presidenciais de 2021 que elegeram Ebrahim Raisi tiveram uma participação de 48,8%, enquanto as eleições parlamentares de março tiveram uma participação de 40,6%.

Houve apelos para um boicote, inclusive da ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Narges Mohammadi. Mir Hossein Mousavi, um dos líderes dos protestos do Movimento Verde de 2009 e que continua em prisão domiciliar, também se recusou a votar juntamente com a sua esposa, disse a sua filha.

Também houve críticas de que Pezeshkian representa apenas mais um candidato aprovado pelo governo. Em um documentário sobre o candidato reformista transmitido pela televisão estatal, uma mulher disse que a sua geração estava "avançando para o mesmo nível" de animosidade com o governo que a geração de Pezeshkian teve na revolução de 1979.

Jalili, outrora descrito pelo diretor da CIA, Bill Burns, como "estupefatamente opaco" em negociações, provavelmente teria vencido se os três ultraconservadores não tivessem dividido a votação de sexta-feira. Jalili é conhecido como o "Mártir Vivo" depois de ter perdido uma perna na guerra Irã-Iraque na década de 1980 e é famoso entre os diplomatas ocidentais pelos seus sermões e pelas suas posições ultraconservadoras.

Agora a questão é se Pezeshkian conseguirá atrair eleitores para a sua campanha. No dia das eleições, ele fez comentários sobre relações com o Ocidente depois da votação, aparentemente tentando angariar participação para a sua campanha - mesmo depois de ter sido alvo de uma advertência velada do líder supremo, Aiatolá Ali Khamenei.

"Pezeshkian tem sido um candidato geralmente desanimador", disse a consultoria geopolítica Eurasia Group em uma análise antes da votação de sexta-feira. "Se ele se qualificar para um segundo turno, sua posição enfraqueceria à medida que o bloco eleitoral conservador se unisse em torno de um único candidato."

Ebrahim Raisi, 63 anos, morreu no acidente de helicóptero de 19 de maio, que também matou o ministro das Relações Exteriores do país e outras pessoas. Ele era visto como um protegido de Khamenei e um potencial sucessor. Ainda assim, muitos o conheciam pelo seu envolvimento nas execuções em massa que o Irã conduziu em 1988, e pelo seu papel nas sangrentas repressões à dissidência que se seguiram aos protestos pela morte de Mahsa Amini, uma jovem detida pela polícia por supostamente usar de forma imprópria o lenço de cabeça obrigatório, ou hijab.

Na sexta-feira, houve apenas um ataque reportado durante a eleição. Homens armados abriram fogo contra uma van que transportava urnas eleitorais na agitada província de Sistão e Baluchistão, no sudeste, matando dois policiais e ferindo outros, informou a agência de notícias estatal IRNA. A província vê regularmente violência entre as forças de segurança e o grupo militante Jaish al-Adl, bem como entre traficantes de drogas.

O segundo turno das eleições ocorre em um momento em que tensões mais amplas tomam conta do Oriente Médio devido à guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza. Em abril, o Irã lançou o seu primeiro ataque direto a Israel. Os grupos de milícias que Teerã arma na região - como o Hezbollah libanês e os rebeldes Houthi do Iêmen - estão envolvidos nos combates e intensificaram os seus ataques.

Enquanto isso, a República Islâmica continua a enriquecer urânio próximo de níveis de armamento e mantém um arsenal suficientemente grande para construir - caso decida - várias armas nucleares.

Sanam Vakil, diretor do programa da Chatham House para o Oriente Médio e o Norte da África, diz que "vai depender se o público em geral, os 60% que ficaram em casa, sairão e se protegerão dessas visões ultraconservadoras" de Jalili. "É sobre isso que será a próxima sexta-feira."

Um homem armado com um arco e flecha atirou contra um policial que protegia a Embaixada de Israel em Belgrado e foi morto a tiros após o ataque, informou o Ministério do Interior da Sérvia neste sábado, 29, segundo o jornal britânico Guardian.

O ministro do interior, Ivica Da?i?, disse que o incidente foi um ataque terrorista contra a Sérvia.

Ele disse em um comunicado que o agressor disparou uma flecha contra o policial, atingindo-o no pescoço.

Ele disse que o policial então "usou uma arma em legítima defesa para atirar no agressor, que morreu em consequência de seus ferimentos".

O policial estava consciente quando foi transportado para o principal hospital de emergência de Belgrado, onde será realizada uma operação para remover o ferrolho de seu pescoço, acrescento ele.

A agência de notícias sérvia Tanjug citou Da?i? dizendo que o policial estava em correndo risco de morte e foi submetido a uma cirurgia.

A Comissão Europeia - braço executivo da União Europeia (UE) - pediu que as plataformas Shein e Temu comprovem que seguem as regras de compliance impostas pela Lei dos Serviços Digitais, em nota divulgada na sexta-feira, 28.

De acordo com a comissão, as empresas chinesas de comércio digital precisam entregar mais informações sobre a implementação de ferramentas para denúncia de produtos ilegais e proteção de menores, garantia de interface que evita técnicas de manipulação dos usuários, transparência de sistemas recomendados e rastreabilidade de comerciantes.

Ambas Shein e Temu têm até 12 de julho de 2024 para entregar e comprovar as informações requeridas. Após este prazo, a Comissão Europeia analisará os dados e pode abrir uma investigação formal, se houver descumprimento das regras, conforme o comunicado.

As exigências fazem parte de um esforço da União Europeia para enquadrar empresas estrangeiras nas novas leis digitais do bloco. Nesta semana, a americana Apple foi a primeira empresa acusada formalmente de descumprir as regras, sob alegação de que a loja de aplicativos do fabricante do iPhone, a App Store, não permite que desenvolvedores direcionem clientes para canais alternativos de ofertas e conteúdo.