Lula: Não posso falar o nome do Boulos, já fui multado uma vez por isso

Política
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Após ter sido condenado a pagar uma multa por propaganda eleitoral antecipada envolvendo a pré-candidatura do deputado federal Guilherme Boulos (Psol) à prefeitura de São Paulo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve em dois eventos com Boulos neste sábado, 29. Em ambos, foi discreto em relação ao afilhado político e, no segundo compromisso, chegou a mencionar a punição da Justiça Eleitoral. "Eu não posso falar o nome do Boulos porque já fui multado uma vez porque falei o nome dele, não posso falar", disse Lula no final do discurso durante evento no bairro Jardim Ângela.

A multa foi imposta ao presidente porque, em ato para comemorar o feriado do dia do Trabalhador, Lula pediu voto para o deputado na disputa pela prefeitura paulistana, o que a lei eleitoral veda para o período.

No discurso, contudo, o petista não deixou de mencionar o rival de Boulos na disputa, apesar de não ter citado o nome do prefeito Ricardo Nunes (MDB). Segundo Lula, a assinatura da extensão da linha do metrô não pode ocorrer hoje, como programado, porque Nunes, que também é pré-candidato, não foi ao evento.

"A gente hoje ia assinar o contrato da estação do metrô para chegar aqui, mas o prefeito que nos deu o terreno não veio, e o governador então a Caixa Econômica federal e o ministro das Cidades resolveram não assinar porque é importante fazer isso junto do governador e com o prefeito", disse Lula, alfinetando Nunes. "Para nós, quando se quer fazer investimento, não se preocupa de que partido é o governador, mas se o povo precisa das coisas. E é por isso que trazer o metrô para cá é uma necessidade de dar conforto para vocês, de não fazer que um companheira ou companheira que trabalha não perca 3h na fila do ônibus", emendou o presidente.

"Ainda tenho que fazer muita coisa para melhorar a vida da periferia", disse o petista ao fim do discurso, para em seguida descer do palco e cumprimentar o público junto de Boulos.

Foi a segunda agenda de Lula neste sábado na capital paulista. Durante a manhã, o presidente realizou o lançamento da pedra fundamental do campus Zona Leste da Unifesp e do campus Cidade Tiradentes do Instituto Federal de São Paulo.

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Steve Bannon, o aliado de longa data de Donald Trump, foi preso nesta segunda-feira, 1º, após se entregar em uma prisão federal em Connecticut. Ele cumprirá uma pena de 4 meses por sua condenação por obstruir a investigação parlamentar sobre o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021.

Bannon, de 70 anos, chegou à Instituição Correcional Federal por volta do meio-dia e foi formalmente levado sob custódia federal, disse o Bureau of Prisons. Em declarações aos repórteres que estavam no local, Bannon chamou a si mesmo de "prisioneiro político" e disse que Trump o "apoiava muito".

Ele foi recebido do lado de fora da prisão por uma pequena multidão de apoiadores com bandeiras "Trump 2024". Embora não trabalhe mais oficialmente para Trump, Bannon voltou manifestar seu apoio nesta segunda-feira ao republicano e prometeu que usaria toda a sua influência para promover sua vitória, principalmente por meio do seu podcast "War Room", que continuará mesmo sem ele.

Steve Bannon foi condenado em outubro de 2022 a quatro meses de prisão por obstruir a investigação realizada pelo Congresso e pela sua recusa em cooperar com a investigação parlamentar sobre o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021, sentença confirmada em recurso em 10 de maio de 2024.

Na véspera do 6 de janeiro, Bannon afirmou que "o inferno iria explodir". No dia em que centenas de apoiadores de Donald Trump invadiram a sede do Congresso dos Estados Unidos, ele tinha falado por telefone com o presidente em fim de mandato. Por conta disso, parlamentares quiseram questioná-lo sobre o seu papel.

Bannon foi considerado culpado de duas acusações de desacato ao Congresso: uma por se recusar a prestar depoimento ao Comitê da Câmara em 6 de janeiro e uma segunda por se recusar a fornecer documentos relacionados ao seu envolvimento nos esforços do ex-presidente republicano para reverter sua derrota eleitoral de 2020 para Biden.

Um juiz permitiu que Bannon ficasse livre por quase dois anos enquanto ele apelava, mas ordenou que ele se apresentasse à prisão nesta segunda-feira depois que um painel do tribunal de apelações confirmou seu desacato às condenações do Congresso. A Suprema Corte rejeitou na sexta-feira, 28, sua tentativa de última hora para adiar sua sentença.

Outro assessor de Trump, o conselheiro comercial Peter Navarro, também foi condenado por desacato ao Congresso. Ele se apresentou à prisão em março para cumprir sua sentença de quatro meses após a Suprema Corte ter recusado sua tentativa de adiar a sentença.

Bannon também está enfrentando acusações criminais no tribunal estadual de Nova York, alegando que ele enganou doadores que deram dinheiro para construir um muro ao longo da fronteira EUA-México. Bannon se declarou inocente de lavagem de dinheiro, conspiração, fraude e outras acusações, e o julgamento foi adiado até pelo menos o final de setembro.

Em março, Peter Navarro, que uma vez trabalhou como assessor de comércio para Trump, se apresentou à prisão federal em Miami para começar a cumprir sua própria pena de prisão de quatro meses após um júri considerá-lo culpado de desacato ao Congresso por ignorar uma das intimações do comitê. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Autoridades informaram na última sexta-feira, 28, que um homem ficou em estado grave após ser mordido por um tubarão na Flórida, nos Estados Unidos. A vítima foi encontrada em um barco, perdendo muito sangue devido a uma lesão grave no antebraço, por agentes da unidade marítima do Gabinete do Xerife do condado de Nassau (NCSO, na sigla em inglês).

Um agente aplicou um torniquete para estancar o sangramento. "A vítima foi transportada de helicóptero para um hospital próximo em estado crítico, mas a expectativa é de que ele se recupere", escreveu o órgão em um publicação no X (antigo Twitter).

A BBC aponta que o incidente ocorreu após outros dois ataques de tubarão separados que ocorreram também em junho na costa da Flórida, machucando três pessoas: uma mulher teve parte do braço amputada e "ferimentos críticos" no quadril em um ataque; o outro ataque foi contra duas adolescentes, em que uma teve lesões "significativas" na parte superior das pernas e em uma das mãos, enquanto a outra teve ferimentos leves no pé.

Recentemente, outro caso teve repercussão nos Estados Unidos: o ator Tamayo Perry, que fez parte do elenco de um dos filmes da franquia Piratas do Caribe, morreu no dia 22 de junho após ser atacado por tubarões no Havaí. Segundo informações do serviço de emergência de Honolulu, o artista, que também trabalhava como salva-vidas, estava praticando surfe. Ele chegou a ser socorrido e foi levado às pressas para a costa, mas não resistiu aos ferimentos.

Segundo a BBC, os ataques de tubarão são mais comuns na Flórida do que em outras partes do mundo: em 2023, o estado registrou 16 incidentes não provocados com mordidas de tubarão, segundo o Arquivo Internacional de Ataques de Tubarão da Universidade da Flórida, o que representa 44% do total dos Estados Unidos e 23% a nível mundial. Não houve ataques fatais no estado no ano passado. Dados da universidade também apontam que há de 70 a 100 ataques de tubarão por ano em todo o mundo, que matam cerca de cinco pessoas, diz a emissora.

As juízas que compõem a minoria liberal na Suprema Corte dos Estados Unidos divergiram veementemente da decisão que garantiu imunidade parcial a Donald Trump. O voto contrário afirma que a maioria conservadora transformou a figura do presidente em "rei acima da lei".

Por seis votos a três, a corte determinou nesta segunda-feira, 1, que ex-presidentes têm imunidade absoluta nos atos oficiais, mas podem responder por suas ações pessoais. A decisão, vista como uma vitória para Trump, na prática, posterga processos no momento em que o líder republicano tenta voltar à Casa Branca.

Sonia Sotomayor escreveu que a maioria estava profundamente equivocada e que a decisão terá consequências severas para o futuro da democracia americana. A opinião foi compartilhada pelas juízas Elena Kagan e Ketanji Brown Jackson, todas indicadas por presidentes do Partido Democrata.

"Ordena que o Seal Team Six (unidade especial) da Marinha assassine um rival político? Imune. Organiza um golpe militar para manter o poder? Imune. Aceita um suborno em troca de um perdão? Imune. Imune, imune, imune", criticou Sotomayor.

As teses foram levantadas quando a Suprema Corte ouviu o pedido de Donald Trump por imunidade absoluta. Na ocasião, a defesa alegou que os presidentes precisavam dessa garantia para governar com independência e sustentou argumento ao ser confrontada com hipóteses extremas, da venda de segredos nucleares a assassinatos e golpes de Estado.

"Mesmo que esses cenários de pesadelo nunca se concretizem, e eu rezo para que nunca se concretizem, o dano já foi feito", escreveu a juíza. "Em cada uso do poder oficial, o Presidente é agora um rei acima da lei".

Sotomayor acusou a maioria de ignorar precedentes legais e argumentou que o parecer favorece apenas a defesa de Trump. Ela criticou, entre outras coisas, a decisão de que os promotores não poderiam usar os atos oficiais como evidência em um julgamento - mesmo que esses atos oficiais estejam relacionados a ações pessoais, passíveis de responsabilidade.

A acusação contra Trump, por exemplo, alega que ele explorou o poder do Departamento de Justiça para pressionar Estados a aceitar listas com eleitores falsos. Os juízes decidiram que as conversas de Trump com os funcionários do Departamento se qualificariam como atos oficiais e não poderiam ser usadas como evidência.

"Argumento por argumento, a maioria inventa imunidade por meio da força bruta", escreveu Sotomayor, acrescentando que a decisão estreita tanto a linha entre atos oficiais e não oficiais que torna quase impossível processar um ato não oficial.

Ela concluiu seu posicionamento de forma dura. No lugar do "respeitosamente, discordo" que frequentemente encerra os votos de divergência na Suprema Corte, escreveu: "Com medo por nossa democracia, eu discordo."

O voto da maioria, escrito pelo presidente da Suprema Corte John Roberts, afirma que a divergência da ala liberal tem um tom desproporcional. As dissidentes, por outro lado, afirmam que a preocupação é justificada.

Além de seguir a opinião de Sonia Sotomayor, a juíza Ketanji Brown Jackson, indicada de Joe Biden para Suprema Corte, apresentou uma divergência separada.

"A maioria dos meus colegas parece ter confiado na capacidade da Corte de impedir que os presidentes se tornem reis por meio da avaliação caso a caso do novo paradigma de responsabilidade presidencial", escreveu. "Temo que eles estejam errados. Mas, para o bem de todos nós, espero que eles estejam certos."

Trump alegou imunidade presidencial ao recorrer das acusações do procurador especial Jack Smith, que miram nos esforços do líder republicano para reverter a derrota na última eleição. O pedido chegou à Suprema Corte depois de ser rejeitado por tribunais inferiores.

O resultado da votação por seis votos a três reflete a divisão do tribunal, que tem seis juízes conservadores, sendo três deles indicados pelo próprio Donald Trump, e três liberais.

Na prática, a decisão atrasa o processo e torna improvável que o ex-presidente seja julgado antes das eleições. Isso porque caberá a juíza Tanya Chutkan convocar novas audiências para traçar a linha entre o que são atos oficiais e o que são ações pessoais de Trump no caso apresentado por Jack Smith. Se eleito, Trump poderia ordenar que o Departamento de Justiça encerre as acusações ou conceder perdão a si mesmo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)