Primeiro juiz cego da Justiça do trabalho toma posse em SP

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
Márcio Aparecido da Cruz Germano da Silva entrará para história nesta sexta-feira, 26, ao tomar posse como juiz de primeiro grau na Justiça do Trabalho de São Paulo. Isso porque, aos 44 anos, o paranaense de Maringá (PR) será o primeiro com deficiência visual a ocupar o cargo de juiz de primeiro grau.

"Estou muito feliz por realizar esse sonho. Uma expectativa muito grande. Sei que haverá muito trabalho, mas o tribunal já tem dialogado comigo de uma forma muito bacana, está me recebendo muito bem. Tenho certeza que eu vou, junto com o tribunal, trabalhar de forma plena e fazer aquilo que eu acredito. O direito do trabalho lida com a coisa mais sensível da vida humana, que é o trabalho", disse ao Estadão nesta terça-feira, 23.

Germano perdeu totalmente a visão ainda criança. Dois erros médicos causaram a cegueira definitiva, segundo ele. Aos quatro anos, Germano estava com febre, mas o médico que o atendeu pensou que ele estava prestes a convulsionar. Um remédio com dosagem para adulto foi dado a Germano, mas ele é alérgico. A partir daquele momento, desenvolveu a síndrome de Steven Johnson.

"Ela provoca uma espécie de queimadura no corpo mesmo, por conta da reação do corpo em face daquele medicamento. Então eu perdi todo o tecido de recobrimento do corpo. Eu tive parada renal. Os próprios médicos atribuíram um milagre minha recuperação. Por conta disso, eu tive a sequela nas córneas e na conjuntiva", afirmou. Depois de perder parcialmente a visão, Germano enfrentou outro problema médico. "No meio da minha primeira série (ensino fundamental), o segundo erro médico, um erro oftalmológico agora, ele provocou a perda da visão do olho que eu enxergava. Eu fico cego com oito anos. Então foi uma sequência de dois erros médicos no intervalo de quatro anos."

Germano foi aprovado em outros dois concursos antes de entrar para magistratura. Em 2005, para técnico judiciário. Seis anos depois virou analista judiciário atuado no TRT da 9ª região até o momento. Germano desempenhou suas funções no gabinete do desembargador Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, tornando-se primeiro magistrado cego do Brasil.

Para estudar, Germano encontrou dificuldades desde o ensino fundamental com a falta de acessibilidade. "Depois de 2006, especialmente, com o advento da convenção da ONU sobre os direitos da pessoa com deficiência, que foi ratificada pelo Brasil em 2009, é que se inicia um processo mais incisivo de inclusão mesmo, porque a nossa Constituição, ela dizia que era 'preferencialmente' a inclusão da pessoa com deficiência na escola, o que abria espaço para aquele ensino que a gente chamava de segregado", disse Germano.

Na faculdade de direito, ele conseguiu estudar com a ampliação dos livros em formato digital, "porque o braille não alcançou o direito na velocidade e na dimensão dos livros de direito. São livros gigantes. Eu consegui um livro de direito durante todo o meu curso da faculdade em formato braille. O resto foi mediante auxílio dos colegas e depois a digitalização que ampliou as minhas possibilidades", disse.

Germano explica que o material para estudo, hoje, vem em um arquivo de melhor acesso. Há duas décadas, a situação era diferente. "Eram arquivos word, principalmente. E aí, a partir disso, tudo que estava no texto, o leitor de telas vai convertendo numa voz sintetizada. Aí eu podia dar um comando para ele ler um caractere, uma palavra, uma linha, um texto todo, e ele vai fazendo a leitura", afirmou. "Hoje eu entro em contato com a editora, sinalizo a minha condição, mando um laudo médico, assino um termo de responsabilidade de não repassar esse material, e hoje eu consigo comprar, em algumas, não em todas, um livro em formato digital acessível."

Em outra categoria

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse neste sábado, 3, que o presidente dos EUA, Donald Trump, propôs enviar tropas americanas ao México para ajudar seu governo a combater o tráfico de drogas, mas que ela rejeitou o plano.

As declarações de Sheinbaum foram feitas a apoiadores no leste do México, em resposta a uma reportagem do Wall Street Journal publicada na sexta, 2, descrevendo uma tensa ligação telefônica no mês passado na qual Trump teria pressionado ela a aceitar um papel maior para o exército dos EUA no combate aos cartéis de drogas no México.

"Ele disse, 'Como podemos ajudá-la a combater o tráfico de drogas? Eu proponho que o exército dos Estados Unidos venha e ajude você'. E você sabe o que eu disse a ele? 'Não, presidente Trump'", relatou a presidente do México. Ela acrescentou: "A soberania não está à venda. A soberania é amada e defendida".

"Podemos trabalhar juntos, mas vocês no território de vocês e nós no nosso", disse Sheinbaum. Com uma explosão de aplausos, ela acrescentou: "Nunca aceitaremos a presença do exército dos Estados Unidos em nosso território".

A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário sobre as declarações de Sheinbaum. A postura firme de Sheinbaum neste sábado sinaliza que a pressão dos EUA por intervenção militar unilateral colocaria ela e Trump em atritos, após meses de cooperação em imigração e comércio. Fonte: Associated Press.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse estar pronto para um cessar-fogo com a Rússia a partir deste sábado, 3, caso o país rival aceite uma trégua de, pelo menos, 30 dias. "Esse é um prazo razoável para preparar os próximos passos. A Rússia precisa parar a guerra - cessar seus ataques e bombardeios", escreveu Zelenski em seu perfil da rede social X.

Na mesma publicação, o mandatário ucraniano disse estar se preparando para importantes reuniões e negociações de política externa. "A questão fundamental é se nossos parceiros conseguirão influenciar a Rússia a aderir a um cessar-fogo total - um silêncio duradouro que nos permitiria buscar uma saída para esta guerra. No momento, ninguém vê tal prontidão por parte da Rússia. Pelo contrário, sua retórica interna é cada vez mais mobilizadora", completou, pedindo sanções à energia e aos bancos russos para pressionar o país a parar os ataques.

Mais cedo neste sábado, 3, Zelenski negou a proposta de uma trégua de 72 horas proposta pela Rússia em virtude das comemorações do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial, em 9 de maio. Os ucranianos também se negaram a garantir a segurança das autoridades que forem a território russo para as celebrações.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve desembarcar em Moscou no próximo dia 8 para participar do evento. A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, já está em solo russo.

Na preparação para a eleição parlamentar nacional, o governo interino de Portugal anunciou que planeja expulsar cerca de 18 mil estrangeiros que vivem no país sem autorização.

O ministro da Presidência, António Leitão Amaro, disse, neste sábado, 3, que o governo de centro-direita emitirá aproximadamente 18 mil notificações para que as pessoas que estão no país de maneira ilegal saiam.

O ministro afirmou que, na próxima semana, as autoridades começarão a emitir os pedidos para que cerca de 4,5 mil estrangeiros nesta situação saiam voluntariamente dentro de 20 dias.

A medida foi anunciada às vésperas das eleições parlamentares. O endurecimento das regras de imigração tornou-se uma das principais bandeiras de campanha do governo de centro-direita da Aliança Democrática, que busca a reeleição.

Portugal realizará uma eleição geral antecipada em 18 de maio. O primeiro-ministro, Luis Montenegro, convocou a votação antecipada em março, depois que seu governo minoritário, liderado pelo Partido Social Democrata, conservador, perdeu o voto de confiança no Parlamento e renunciou.

Portugal foi pego pela onda crescente de populismo na Europa, com o partido de extrema-direita na terceira posição nas eleições do ano passado.