PGR nega à defesa de Bolsonaro acesso à delação de Mauro Cid sobre as joias sauditas

Política
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A Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou, na quarta-feira, 24, contrária ao pedido feito pela defesa de Jair Bolsonaro (PL), que solicitava acesso à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid e a outros documentos ligados à venda de joias sauditas. O caso foi revelado pelo Estadão em 2023.

No documento, o procurador Paulo Gonet explica que a colaboração de Cid vai além das joias e ela pode gerar outros desdobramentos. "Existem outras investigações em curso, ainda não finalizadas, que também se baseiam nas declarações prestadas pelo colaborador, o que reforça a inviabilidade do acesso pretendido neste momento processual", pontuou em trecho da decisão.

Ele também afirmou que Bolsonaro não possui direito de acessar as informações e que, segundo a legislação, a delação precisa continuar em sigilo até que seja formalizada uma denúncia ou queixa-crime. Ou seja, até que a investigação seja concluída.

"Todos os elementos relevantes para as investigações desenvolvidas nesta Petição já se encontram documentados e foram franqueados à defesa do investigado. Caso exista outra investigação relacionada ao interessado, o pedido de acesso, certamente, será deferido nos autos pertinentes, uma vez demonstrada a condição de investigado", conclui Gonet.

"Frise-se que o acesso tal como pleiteado há que ser irrestrito, haja vista que o enunciado da súmula vinculante 14 somente excepciona o acesso aos elementos de prova que não tiverem sido documentados em procedimento investigatório, o que não se aplica ao presente caso, haja vista a midiática informação sobre o indiciamento e conclusão da apuração", diz trecho do documento escrito pelos advogados.

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O exército israelense divulgou na noite desta quinta-feira, 17, um vídeo com imagens gravadas por um drone, onde um homem, que as Forças de Defesa de Israel (FDI) identificaram como o líder do Hamas Yahya Sinwar, aparece no que Israel descreveu como "momentos antes de sua eliminação".

No vídeo, é possível ver o drone entrando no segundo andar de um prédio destruído após um bombardeio. Um homem, aparentemente coberto de poeira e com um pano ao redor do rosto, possivelmente para esconder sua identidade, aparece sentado em uma poltrona em uma sala coberta de destroços. Ele observa o drone por alguns segundos antes de atirar um pedaço de madeira contra o dispositivo.

A identidade do homem que aparece nas imagens não pôde ser verificada de forma independente por agências de notícias internacionais, mas a sala vista no vídeo do drone corresponde à localização de fotografias anteriores obtidas pelo The New York Times mostrando o cadáver de Sinwar. Também nas fotos, segundo o NYT, o cadáver está usando um lenço semelhante ao usado pelo homem no vídeo.

A morte de Sinwar foi anunciada nesta quinta-feira por Israel. Ele morreu em um ataque em Rafah, no sul de Gaza. Com 61 anos e chefe desde 2017 do grupo terrorista em Gaza, Sinwar era apontado como um dos principais mentores do ataque do Hamas a Israel em outubro do ano passado.

Operação de rotina

Sinwar, que era um dos homens mais procurados por Israel, foi encontrado sem querer em uma patrulha de rotina para uma unidade de soldados israelenses no sul da Faixa de Gaza. Durante a patrulha, um tiroteio irrompeu e os israelenses, apoiados por drones, destruíram parte de um prédio onde vários terroristas estavam abrigados.

Quando a poeira baixou e eles começaram a vasculhar o prédio, os soldados encontraram um corpo muito semelhante ao de Yahya Sinwar. As autoridades israelenses disseram que confirmaram sua morte na quinta-feira, usando registros dentários e impressões digitais. Seu DNA também foi testado para confirmação, de acordo com uma autoridade israelense e a Casa Branca.

Sinwar foi preso por Israel do final dos anos 1980 até 2011, e durante esse tempo ele passou por tratamento para câncer no cérebro - deixando as autoridades israelenses com extensos registros médicos.

Além disso, parte do DNA de Sinwar já havia sido encontrada em túneis do Hamas perto de onde as tropas encontraram os corpos de seis reféns no final de agosto, disse Daniel Hagari, porta-voz do exército israelense. Os militares acreditam que semanas de buscas na área levaram Sinwar a sair do esconderijo, disse ele.

Durante a noite, a polícia informou que o corpo de Sinwar havia chegado a um necrotério de Tel Aviv para "exames complementares". (Com agências internacionais).

Clique aqui para assistir ao vídeo.

O Exército israelense confirmou nesta quinta-feira, 17, a morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, arquiteto do atentado de 7 de outubro do ano passado. A troca de tiros que eliminou o comandante do grupo palestino ocorreu na quarta-feira, 16, em Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Os militares tinham informação de que Sinwar estaria escondido na área, mas não sabiam onde.

A morte, no entanto, foi quase casual. O Exército confirmou ontem que a operação que havia matado três terroristas não tinha Sinwar como alvo. Apenas quando os soldados se aproximaram dos corpos é que perceberam que um deles poderia ser o chefe do Hamas.

A confirmação de que era de fato de Sinwar veio apenas mais tarde, após um exame de DNA. Parte do dedo do terrorista foi levada para testes rápidos em laboratórios israelenses, uma vez que os escombros do prédio onde ele estava eram um campo minado. No início da noite, o corpo dele foi recolhido e enviado para Israel.

Em uma declaração conjunta, o Exército e o Shin Bet, o serviço de inteligência, disseram que as operações militares de Israel restringiram gradualmente a área de atuação de Sinwar, o que acabou levando à sua morte. O governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu se apressou em esclarecer que nenhum refém foi morto no ataque.

O premiê, no entanto, fez uma ameaça. "Aos terroristas do Hamas. Seus líderes estão fugindo ou sendo eliminados. Peço a todos que estiverem com reféns, deponham as armas, libertem todos e vocês serão poupados", disse Netanyahu, em declaração transmitida pela TV.

Atentado

Desde o início da ofensiva contra o Hamas em Gaza, em outubro do ano passado, em retaliação aos ataques que mataram 1,2 mil pessoas em Israel e ao sequestro de mais de 200, autoridades israelenses afirmaram várias vezes que o objetivo era aniquilar o grupo. Nessa operação militar, o maior alvo era Sinwar, que por 374 dias conseguiu se esconder pelos túneis e escombros do enclave.

A morte de Sinwar serviu para renovar os apelos por um cessar-fogo em Gaza. O presidente dos EUA, Joe Biden, falou com Netanyahu por telefone e disse que finalmente Israel tinha uma grande oportunidade de concluir um acordo para libertar os reféns. "É hora de seguir em frente. Espero que ele (Netanyahu) termine a guerra", disse Biden.

No entanto, o próprio Netanyahu tratou de reduzir as expectativas por uma trégua. "O mal foi atingido, mas nossa tarefa ainda não está completa", disse o premiê. "A pessoa que esteve à frente do pior ataque contra judeus desde o Holocausto está morta. Mas a guerra ainda não acabou."

Parentes dos sequestrados se reuniram em Tel-Aviv, em uma mistura de satisfação e temor pela vida dos reféns. "É o fim de um ciclo", disse Anna Astmaker, prima de Karina Ariev, soldado sequestrada no ano passado. "Muitos estão comemorando, e com razão. Mas o que isso significa para os reféns?", questionou.

Prisão

Nascido em uma família de refugiados palestinos, Sinwar, de 62 anos, entrou para a militância armada quando Israel ainda ocupava Gaza. Após algumas passagens pela cadeia, por "atividades islâmicas", aproximou-se do fundador do Hamas, Ahmed Yassin, e assumiu o serviço de segurança interna do grupo.

Em 1989, foi condenado à prisão perpétua por quatro homicídios. Na prisão, tornou-se fluente em hebraico e, após ter feito uma cirurgia para retirar um tumor no cérebro, chegou a receber uma proposta para colaborar com Israel. Recusou. Em 2011, entrou na troca de mil palestinos pelo soldado israelense Gilad Shalit, e voltou para Gaza.

Com as mortes de Ismail Haniyeh, então chefe do gabinete político do Hamas, assassinado em julho no Irã, e de Mohamed Deif, chefe do Estado-Maior do grupo, morto em julho, Sinwar havia se tornado a figura principal da organização.

Na sua ausência, os candidatos a líder passam a ser Khaled Meshal, um dos fundadores e ex-chefe político do Hamas, que vive no exílio na Turquia; Khalil al-Hayya, um dos principais comandantes das Brigadas al-Qassam, braço armado do grupo e vice-líder em Gaza; e Mohamed Sinwar, irmão do líder morto ontem.

Reação

No enclave onde viveu seus últimos anos, os palestinos reagiram com um otimismo contido com a morte de Sinwar. Parte dos civis recebeu a notícia com alívio. "Eu queria que ele apodrecesse no inferno. Ele é responsável por toda essa destruição", disse Fadia, professora de 42 anos de Jabalia - ela pediu que seu sobrenome não fosse publicado, com medo de retaliação.

Rezeq el-Sabti, chefe de família de 44 anos, que vive com a família em uma tenda improvisada em Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza, demonstrou otimismo com relação ao fim dos combates. "Netanyahu dirá ao seu povo que mataram Sinwar", disse. "Isso me dá esperança de que a guerra possa acabar." De acordo com ele, o atentado de 7 de outubro foi um erro, já que o Hamas não tinha planos para proteger os moradores de Gaza. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata à Casa Branca, Kamala Harris, disse que a morte do líder do Hamas Yahya Sinwar representa uma "oportunidade de, finalmente, acabar com a guerra em Gaza" que começou há um ano.

"A justiça foi feita, e os EUA, Israel e o mundo inteiro estão em melhor situação como resultado", disse Harris em Wisconsin.

Ela acrescentou que espera que as famílias das vítimas do Hamas sintam uma sensação de alívio. "Eu direi a qualquer terrorista que matar americanos, ameaçar o povo americano ou ameaçar nossas tropas e nossos interesses, saiba disso: nós sempre os levaremos à justiça".