Venezuela vira cobrança a candidatos de esquerda após nota do PT favorável a Maduro

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
Enquanto se torna uma das principais dores de cabeça do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no quesito diplomático, as suspeitas de fraude na eleição na Venezuela também ecoam nas eleições municipais de 2024. Nesta semana, veículos de mídia organizaram os primeiros debates entre candidatos às prefeituras das maiores cidades do País.

Em embates diretos entre candidatos, o tema foi abordado como crítica a candidatos do PT ou de esquerda. Em nota publicada em 29 de julho, a Executiva Nacional petista tratou Nicolás Maduro como "presidente reeleito", sem contestar a lisura do processo eleitoral no país vizinho. No texto, o PT, de forma institucional, saúda os eleitores venezuelanos e chama o pleito venezuelano de "jornada pacífica, democrática e soberana".

Enquanto isso, o Itamaraty segue com uma postura de cautela, sem apontar fraude na eleição de forma enfática, mas cobrando por mais transparência. A cautela do Brasil não é correspondida pela ditadura chavista, que se recusa a fornecer as atas da eleição para a checagem de observadores independentes.

SP: 'Prefeito de Caracas', diz Datena a Boulos

O deputado federal e candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL-SP), apoiado por Lula na disputa, foi alvo de críticas por não condenar explicitamente o regime autoritário do país vizinho. Em sabatina ao portal G1 na quarta-feira, 7, o deputado federal disse que a política venezuelana não é "seu modelo de democracia".

No debate da Band, o apresentador de TV José Luiz Datena sugeriu que Boulos fosse "prefeito em Caracas", capital venezuelana. "Depois, quero saber se você é democrata, porque parece que não é, apoia Maduro e a ditadura na Venezuela. Você deveria ser prefeito em Caracas", disse o apresentador. "Até você com fake news, Datena? Te conheço, sei que você é uma pessoa correta", respondeu Boulos.

Já o empresário e ex-coach Pablo Marçal (PRTB) disse que Boulos é o candidato de quem quer transformar a capital paulista em uma "m... de Venezuela". "Se quiser a m... que está hoje, continue com o Ricardo (Nunes), que tem perfil para prefeito. Se quiser uma m... de Venezuela, vote naquele cara ali (Boulos)", disse o candidato do PRTB.

Porto Alegre: 'Não sou candidata na Venezuela', diz Maria do Rosário

Questionada sobre o regime político da Venezuela, a deputada federal e candidata a prefeita de Porto Alegre Maria do Rosário (PT-RS) não cravou que o país vizinho vive uma ditadura. A pergunta foi feita durante um confronto direto com o candidato Felipe Camozzato, deputado estadual gaúcho pelo Novo, em um debate promovido pela Rádio Gaúcha e pelo jornal Zero Hora na última terça-feira, 6.

"Seu partido defende esse regime", disse Camozzato, ao que a petista respondeu dizendo que defendia "a democracia, em qualquer circunstância". "Não sou candidata na Venezuela, sou candidata em Porto Alegre", completou Maria do Rosário.

O candidato do Novo se queixou da resposta, a qual julgou como evasiva, e afirmou que precisava saber "claramente se a senhora defende a ditadura de Nicolás Maduro ou não". A petista, na réplica, voltou a dizer apenas que "defendia a democracia". "Ela não consegue condenar a ditadura de Nicolás Maduro", disse Camozzato, que insistiu na pergunta: "É ou não uma ditadura?". Maria do Rosário, por fim, afirmou que "é ditadura quando o senhor quer falar no meu tempo".

BH: 'Metrô em Caracas'

O deputado estadual mineiro Bruno Engler (PL), nome apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para a eleição em Belo Horizonte (MG), fez críticas a Lula e ao PT no debate da Band, declarando que o partido do presidente financiou a construção de um metrô na capital da Venezuela.

A afirmação ocorreu em meio a um embate com o senador Carlos Viana (Podemos). "O último metrô que foi construído em BH foi no período Fernando Henrique Cardoso. O PT construiu metrô em Caracas, com o seu dinheiro", disse Engler.

Em outra categoria

O presidente da França, Emmanuel Macron, destacou a necessidade de aumentar os investimentos em defesa na Europa, em meio às ameaças russas e ao conflito na Ucrânia. Em pronunciamento, Macron afirmou que a segurança europeia está diretamente ameaçada pela guerra na Ucrânia, que se transformou em um "conflito global".

"A Rússia segue aumentando seu orçamento de armamento para a guerra, e a Europa precisa conseguir se defender sozinha, sem ajuda dos EUA", declarou. Ele ressaltou que a paz no continente só será possível com o fortalecimento da capacidade militar europeia. "Precisamos tomar decisões agora para a segurança da Ucrânia e da UE", afirmou.

Macron mencionou que a França dobrou seus gastos militares nos últimos dez anos e que está trabalhando para aumentar os investimentos em defesa na Europa. "Faremos uma reunião com chefes de defesa europeus em Paris na semana que vem", anunciou, reforçando a importância de uma estratégia conjunta. O líder francês também abordou a "dissuasão nuclear", afirmando que as armas nucleares são um pilar de proteção para a França. Ele ainda sugeriu um debate sobre a extensão do "guarda-chuva nuclear" francês a outros parceiros europeus. No entanto, ele deixou claro que a decisão final sobre o assunto caberá exclusivamente ao presidente da França.

Ele destacou que a guerra na Ucrânia não será decidida pela Rússia ou pelos EUA, mas sim por um esforço coletivo. "Precisamos de um acordo que garanta paz duradoura na Ucrânia", disse, acrescentando que "a paz não pode ser conquistada se abandonarmos a Ucrânia".

O francês ainda criticou as tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, alertando para os impactos negativos que elas podem ter não apenas na Europa, mas em todo o mundo. "As tarifas de Trump vão impactar a economia americana e a economia europeia", disse, acrescentando que é preciso convencer o republicano de que essas medidas não são positivas.

A Suprema Corte dos Estados Unidos, de maioria conservadora, manteve nesta quarta-feira, 5, o bloqueio à ordem do presidente Donald Trump que congelava US$ 2 bilhões (R$ 11,6 bilhões) em pagamentos a organizações de ajuda internacional.

Dividida, a Suprema Corte formou a estreita maioria de 5-4 para manter a decisão da instância inferior, exigindo que o governo faça os pagamentos devidos. O resultado é uma derrota para o governo, que buscava repreender o juiz distrital Amir Ali por suspender o corte de gastos de Donald Trump.

Apesar da maioria conservadora na Corte, essa foi a segunda vez que o governo tentou, sem sucesso, persuadir o Supremo a intervir imediatamente contra um juiz de instância inferior em disputas legais envolvendo ações de Trump na Casa Branca.

A maioria dos juízes observou que o governo não contestou a ordem inicial de Ali, apenas o prazo imposto - que, de qualquer forma, já havia expirado na semana passada.

A votação dividiu a ala conservadora da Corte, composta por seis do total de nove juízes. O presidente do Supremo, John Roberts, e a juíza Amy Coney Barrett, indicada pelo próprio Donald Trump, votaram com os três progressistas para manter a ajuda internacional.

Na divergência, Samuel Alito questionou a autoridade de Amir Ali para ordenar a liberação dos recursos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e do Departamento de Estado.

"Um único juiz de distrito, que provavelmente não tem jurisdição, tem o poder de forçar o governo dos Estados Unidos a pagar (e provavelmente perder para sempre) US$ 2 bilhões dos contribuintes?", questionou.

"A resposta a essa pergunta deveria ser um sonoro 'Não', mas a maioria deste tribunal aparentemente pensa o contrário. Estou pasmo", disse Alito. Ele foi acompanhado na dissidência pelos conservadores Clarence Thomas, Neil Gorsuch e Brett Kavanaugh.

O governo argumentou que a situação mudou porque substituiu o congelamento total decretado por Donald Trump por ordens individuais, resultando no cancelamento de 5,8 mil contratos da USAID e 4,1 mil concessões do Departamento de Estado, que totalizavam quase US$ 60 bilhões.

Na decisão, contudo, a Suprema Corte manteve a suspensão temporária de Amir Ali e instruiu o juiz a detalhar quais as obrigações devem ser cumpridas pelo governo. Na quinta-feira, Ali realizará uma audiência para decidir se mantém de forma mais duradoura o bloqueio ao decreto de Trump.

Entenda o caso

Logo após voltar à Casa Branca, Donald Trump ordenou o congelamento das contribuições da USAID e do Departamento de Estado a organizações de ajuda internacional. O decreto classificava os programas como desperdício de dinheiro e alegava que estariam desalinhados com os objetivos da política externa.

A ordem foi questionado na Justiça em ação que alertava contra a suspensão do financiamento de programas emergenciais em outros países.

O juiz Amir Ali, nomeado por Joe Biden, determinou no mês passado que o financiamento fosse restabelecido temporariamente. Passadas duas semanas, ele concluiu que o governo não demonstrava intenção de cumprir a ordem e estabeleceu o prazo para a liberação de pagamentos devidos.

O governo recorreu, classificando a ordem de Ali como "extremamente intrusiva e profundamente equivocada", além de protestar contra o prazo imposto para a liberação dos recursos.

O controvertido decreto é parte dos esforços de Donald Trump para cortar gastos do governo federal, em operação liderada pelo homem mais rico do mundo, o bilionário Elon Musk, chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).

Um dos seus objetivos é cortar a ajuda da USAID, que tem programas de saúde e emergência em cerca de 120 países. Trump disse que a agência é "administrada por lunáticos radicais", enquanto seu novo braço direito a descreveu como uma "organização criminosa". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em declaração conjunta publicada nesta quarta-feira, 5, os ministros das Relações Exteriores da França, Alemanha e Reino Unido pediram que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas seja mantido, que todos os reféns sejam libertados e que o fluxo contínuo de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza seja garantido.

"Solicitamos a todas as partes que se envolvam de forma construtiva na negociação das fases subsequentes do acordo para ajudar a garantir sua implementação total e o fim permanente das hostilidades. Saudamos os esforços do Egito, do Catar e dos EUA na mediação e na busca de um acordo para a extensão do cessar-fogo".

Os ministros ainda afirmaram que o Hamas deve pôr fim "a seu tratamento degradante e humilhante" e reiteraram a solidariedade com o povo israelense diante dos ataques terroristas cometidos pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.