Nunes e Boulos tentam conter 'lacração' de Marçal, que é alvo de processo do MP

Política
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As campanhas de dois dos principais candidatos à Prefeitura de São Paulo adotaram estratégias para tentar conter os métodos "lacradores" do postulante do PRTB, Pablo Marçal. Com forte penetração nas redes sociais, a campanha do empresário e influenciador tem sido marcada por uma conduta agressiva com os adversários, sobretudo durante os debates eleitorais. Nesta segunda-feira, 19, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) e o jornalista José Luiz Datena (PSDB) não participaram do encontro promovido pela revista Veja.

 

O estilo franco-atirador de Marçal está direcionado principalmente para Nunes e Boulos. O prefeito e o deputado deram declarações nos últimos dias nas quais já sugeriam a ausência no debate. No sábado, 17, Nunes criticou a postura adotada pelo candidato do PRTB e afirmou que os coordenadores das principais campanhas estavam conversando para uma atuação em conjunto que garanta uma "eleição limpa". O prefeito também cobrou mais empenho da Justiça Eleitoral no combate à desinformação: "É muita conversa e pouca ação pelo Tribunal Regional Eleitoral", disse.

 

Também no sábado, após uma representação do MDB, partido de Nunes, o Ministério Público pediu liminarmente que a Justiça suspenda o registro de candidatura de Marçal até julgamento de uma ação de investigação judicial eleitoral (AIJE) por suspeita de abuso de poder econômico durante a pré-campanha deste ano (mais informações nesta página).

 

Boulos - que protagonizou confrontos com Marçal no debate promovido pelo Estadão, Portal Terra e FAAP na semana passada - condicionou sua participação nos futuros debates às regras dos eventos. "Debate que tenha regra bem definida, que não tenha espaço para baixaria, eu vou participar, mas os que tenham regras complicadas, nós vamos ter que avaliar", disse ele na sexta-feira passada, 16.

 

Críticas

 

A ausência do candidato do PSOL, de Nunes e de Datena se tornou o principal assunto do encontro da Veja. A candidata do PSB, Tabata Amaral, Marçal e Marina Helena (Novo), os únicos presentes, criticaram de forma incisiva a não participação dos três adversários. Mas o debate também foi marcado pela ausência de propostas concretas para a cidade e pela recusa do candidato do PRTB a responder às perguntas que lhe eram direcionadas. Ao ser questionado, afirmava que a resposta seria dada em sua página no Instagram. A estratégia foi criticada por Tabata. "Marçal é tipo aquele aluno que só topa fazer prova com consulta. Ele só responde depois que o assessor vem falar no ouvido dele. Ou só topa responder na rede social porque, com certeza, tem uma equipe dando um Google. Queria deixar a reflexão: será que queremos um prefeito que vai governar dando Google, porque não conhece a cidade, não tem experiência ou preparo?"

 

Além de não responder a boa parte dos questionamentos colocados no debate, Marçal abriu mão de seu direito de perguntar à candidata do Novo. No lugar de abordar algum tema relevante para a Prefeitura, ele pediu que Marina Helena tratasse do que quisesse durante seu tempo de fala.

 

Equipe

 

Tabata aproveitou o número reduzido de debatedores para estabelecer um embate direto com o candidato do PRTB. Ela procurou associar Marçal ao ex-governador e ex-prefeito João Doria (sem partido), além de explorar a falta de apoio de Jair Bolsonaro (PL) à sua candidatura - o candidato do PRTB procura se posicionar como um nome ligado ao ex-presidente na disputa paulistana. "Quando a gente olha para o seu redor o que a gente vê é a equipe do Doria. Pesquisem quem é Wilsinho (Wilson Pedroso), que está com ele, pesquisem quem é Filipe Sabará. Até a calça está mais apertadinha. Você acha que o Bolsonaro lhe rejeita porque você é o Doria 2.0?", perguntou Tabata.

 

Os ex-secretários de Doria ocupam postos-chave na campanha de Marçal. Filipe Sabará está à frente do plano de governo do influenciador, enquanto Wilson Pedroso é responsável pela coordenação da campanha.

 

Ex-presidente

 

Bolsonaro chegou a elogiar Marçal na quinta-feira passada, contudo mudou de postura no sábado, após assistir a um vídeo em que o influenciador afirma que não procurou seu apoio. De acordo com a CNN Brasil, o ex-presidente chamou o candidato do PRTB de "mentiroso" e afirmou que Marçal conversou com ele por uma hora. O ex-presidente e seu partido, o PL, apoiam formalmente Nunes.

 

A campanha do prefeito discute como lidar com o candidato do PRTB. "Estamos bastante preocupados. Sempre tem alguma situação nas campanhas de fake news, mas, nessa, está muito fora do razoável. Está extrapolando demais", disse Nunes no sábado.

 

A ausência no debate de ontem foi uma decisão na qual prevaleceu a opinião da ala do marqueteiro Duda Lima em detrimento das recomendações de Bolsonaro. O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) apoiou a decisão do prefeito. O ex-presidente, porém, segundo um aliado, argumentava que seria melhor correr o risco de ouvir mais ataques de Marçal do que deixar o púlpito vazio, como aconteceu. À reportagem, Nunes disse que foi convencido pela coordenação de sua campanha a não comparecer.

 

Púlpito vazio

 

A Veja informou que, como todos os candidatos convidados haviam oficializado a presença no evento, a decisão foi manter no cenário os púlpitos destinados a cada um dos postulantes.

 

No sábado, Nunes disse que sua campanha estava disposta a "criar um movimento" para "restabelecer um mínimo de respeito, um mínimo de condições para o eleitor tomar a sua decisão. O nível baixou muito."

 

Segundo a assessoria de Datena, sua ausência foi devido ao excesso de compromissos. O apresentador, porém, tem dito que não se sente confortável com seu desempenho e preferiu ficar de fora.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, optou nesta segunda-feira, 3, por pausar toda a ajuda militar à Ucrânia. A pausa ocorre dias depois de um bate-boca entre Trump e o presidente ucraniano na Casa Branca.

Um funcionário da Casa Branca afirmou à Associated Press que a pausa na ajuda deve continuar até que Zelenski esteja disposto a negociar um acordo de paz com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Segundo o funcionário, trata-se de uma "revisão" para entender se a ajuda a Kiev estava "contribuindo para que a solução seja encontrada".

De acordo com informações da Agência Bloomberg, todo o equipamento militar dos EUA que estiver a caminho de Kiev não seria entregue aos ucranianos, incluindo armas em trânsito.

Pausa foi decidida depois de reunião com gabinete

Segundo informações do jornal Washington Post, a decisão foi tomada em uma reunião na Casa Branca nesta segunda-feira, 3, que incluiu o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, o vice-presidente J.D. Vance, o secretário de Defesa Pete Hegseth, a diretora de Inteligência Nacional Tulsi Gabbard e o enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

A medida segue uma ordem dada na semana passada por Hegseth para que o Comando Cibernético dos EUA suspendesse as operações ofensivas de informação e cibernética contra a Rússia enquanto as negociações para encerrar a guerra estiverem em andamento.

A decisão sobre a ajuda militar ocorre no mesmo dia em que Trump afirmou durante uma entrevista coletiva que Zelenski deveria "apreciar mais" a ajuda econômica e militar que Washington forneceu a Kiev ao longo dos três anos da guerra da Ucrânia. O republicano também acusou Zelenski de não querer realizar um acordo para acabar com a guerra.

"Se uma pessoa não quer fazer um acordo, ela não vai ficar muito tempo em evidência. O povo ucraniano quer um acordo, eles sofreram mais do que qualquer um", apontou Trump.

Mais cedo, Trump voltou criticar Zelenski após o presidente ucraniano afirmar que a guerra entre Ucrânia e Rússia estava "muito longe de acabar".

Discussão

Este é mais um capitulo da polemica entre os dois líderes que começou na sexta-feira, 28, após uma discussão no Salão Oval da Casa Branca. O bate-boca foi iniciado por discordâncias envolvendo um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. Durante o encontro, o presidente dos Estados Unidos pediu que a Ucrânia aceitasse "concessões".

Zelenski, por sua vez, exigiu que não houvesse condescendência com o presidente russo, a quem chamou de "assassino", e mostrou fotos da guerra iniciada há três anos, após a invasão de seu país. De repente, o tom mudou. O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, interveio, defendendo a "diplomacia" - o pontapé da discussão.

Após o diálogo tenso, Trump publicou um comunicado em suas redes sociais no qual disse que o ucraniano Volodmir Zelenski não está pronto para uma paz que envolva a participação americana. "Tivemos uma reunião muito significativa na Casa Branca hoje. Aprendemos muito que jamais poderia ser entendido sem uma conversa sob tanto fogo e pressão", escreveu o presidente em sua plataforma de mídia social, o Truth Social.

O presidente ucraniano havia viajado a Washington para assinar um acordo que permitiria que os Estados Unidos explorassem terras raras da Ucrânia. Mas após a briga, o acordo foi cancelado e Zelenski foi expulso da Casa Branca.

Ajuda dos EUA a Ucrânia

Em diversas ocasiões, Trump reclamou que os EUA forneceram cerca de US$ 350 bilhões em ajuda econômica e militar à Ucrânia ao longo dos três anos de guerra, mas na realidade os números são bem mais baixos.

O valor da ajuda de Washington para a Ucrânia até agora foi de US$ 120 bilhões (cerca de R$ 693 bilhões na cotação atual), segundo dados do Instituto Kiel para a Economia Mundial (IfW Kiel).

A ajuda militar fornecida por Washington consistiu em mísseis Patriot, mísseis Atacms, HIMARS (Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade), munições antidrones e minas terrestres antipessoal.(Com agências internacionais)

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, optou nesta segunda-feira, 3, por pausar toda a ajuda econômica e militar à Ucrânia. A pausa ocorre dias depois de um bate-boca entre Trump e o presidente ucraniano na Casa Branca.

Um funcionário da Casa Branca afirmou à Associated Press (AP) que a pausa na ajuda deve continuar até que Zelenski esteja disposto a negociar um acordo de paz com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

O oficial apontou que todo o equipamento militar dos EUA que estiver a caminho de Kiev não seria entregue aos ucranianos, incluindo armas em trânsito. Segundo o funcionário, trata-se de uma "revisão" para entender se a ajuda a Kiev estava "contribuindo para que a solução seja encontrada".(Com AP)

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou no domingo, 2, que a guerra entre Rússia e Ucrânia "ainda está muito, muito longe de acabar". As declarações de Zelenski ocorreram depois de um bate-boca com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na sexta-feira, 28, sobre o futuro do conflito. O presidente ucraniano também afirmou que está confiante em uma manutenção do relacionamento entre Kiev e Washington.

"Acho que nosso relacionamento com os EUA continuará, porque é mais do que um relacionamento ocasional", disse Zelenski no domingo à noite, referindo-se ao apoio de Washington nos últimos três anos de guerra. "Acredito que a Ucrânia tem uma parceria forte o suficiente com os Estados Unidos para manter a ajuda militar e econômica", disse ele em um briefing em ucraniano.

O presidente ucraniano se mostrou otimista, apesar da briga diplomática entre países ocidentais que têm ajudado a Ucrânia com equipamentos militares e ajuda financeira. A reviravolta dos eventos é indesejável para a Ucrânia, cujo Exército está tendo dificuldade na luta contra os russos.

Zelenski participou de uma cúpula com líderes europeus em Londres no final de semana. O consenso é que a Europa terá que aumentar o seu financiamento militar e econômico a Ucrânia.

A Europa desconfia dos motivos e da estratégia de Trump para acabar o conflito. Friedrich Merz, o provável próximo chanceler da Alemanha, disse nesta segunda-feira, 3, que não acreditava que a discussão no Salão Oval fosse espontânea.

Merz apontou que assistiu à cena repetidamente. "Minha avaliação é que não foi uma reação espontânea às intervenções de Zelenski, mas aparentemente uma escalada induzida nesta reunião no Salão Oval", disse Merz. "Eu defenderia que nos preparássemos para ter que fazer muito, muito mais pela nossa própria segurança nos próximos anos e décadas", disse ele.

O político alemão afirmou que estava "surpreso" com o tom da discussão, mas que houve "uma certa continuidade no que estamos vendo de Washington no momento".

Trump rebate Zelenski

Após a declaração de Zelenski, Trump rebateu o presidente ucraniano. "Esta é a pior declaração que poderia ter sido feita por Zelenski e os EUA não vão tolerar isso por muito mais tempo!", disse o presidente americano em uma publicação em sua plataforma Truth Social.

"É o que eu estava dizendo, esse cara não quer que haja Paz enquanto ele tiver o apoio dos Estados Unidos", destacou Trump. O presidente americano também afirmou que a Europa não tem capacidade de fornecer ajuda militar suficiente para dar uma chance a Kiev em sua luta contra Moscou. "A Europa, na reunião que teve com Zelenski, declarou categoricamente que não pode fazer o trabalho sem os EUA. Está não é uma grande declaração para ser feita em termos de demonstração de força contra a Rússia".

Discussão

O bate-boca entre Trump e Zelenski começou durante uma reunião aberta para a imprensa no Salão Oval na sexta-feira. O republicano cumprimentou o presidente ucraniano com um aperto de mãos antes de fazer uma piada sobre seu traje de estilo militar. Durante o encontro, o presidente dos Estados Unidos pediu que a Ucrânia aceitasse "concessões".

Zelenski, por sua vez, exigiu que não houvesse condescendência com o presidente russo, a quem chamou de "assassino", e mostrou fotos da guerra iniciada há três anos, após a invasão de seu país. De repente, o tom mudou. O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, interveio, defendendo a "diplomacia" - o pontapé da discussão.

Após o diálogo tenso, Trump publicou um comunicado em suas redes sociais no qual disse que o ucraniano Volodmir Zelenski não está pronto para uma paz que envolva a participação americana. "Tivemos uma reunião muito significativa na Casa Branca hoje. Aprendemos muito que jamais poderia ser entendido sem uma conversa sob tanto fogo e pressão", escreveu o presidente em sua plataforma de mídia social, o Truth Social.

"É incrível o que se revela por meio da emoção, e determinei que o presidente Zelenski não está pronto para a paz se os Estados Unidos estiverem envolvidos, porque ele acha que nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações. Não quero vantagem, quero PAZ. Ele desrespeitou os Estados Unidos da América em seu estimado Salão Oval. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz."

Em meio à discussão, a planejada assinatura de um acordo entre os Estados Unidos e Ucrânia sobre minerais raros não aconteceu, segundo um assessor de imprensa da Casa Branca. O acordo que seria assinado permitiria que os Estados Unidos tivessem acesso recursos do subsolo ucraniano, como exigiu Trump, em compensação pela ajuda militar e financeira desembolsada nos últimos três anos.(Com AP)