Boulos reage após apoiadores cobrarem postura contra Marçal como a adotada por Tabata

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Diante do crescimento de Pablo Marçal (PRTB) nas pesquisas de intenção de voto à Prefeitura de São Paulo, Tabata Amaral e Guilherme Boulos vinham adotado posturas distintas para lidar com a virulência do coach. Enquanto a candidata do PSB tem partido para cima com vídeos bem produzidos sobre os escândalos envolvendo o adversário, a campanha do PSOL vinha patinando para rebater o rival - e recebendo críticas de apoiadores.

 

Tentando não deixar Marçal atacá-lo sem resposta, Boulos publicou dois vídeos nesta segunda-feira, 26. Um deles, num tom similar aos vídeos de Tabata (veja abaixo), mostra cápsulas de projéteis de fuzil representando os rivais do PRTB e MDB. O outro aponta as acusações de ligações com organizações criminosas contra o "padrinho de Marçal", em referência ao presidente do PRTB, Leonardo Avalanche.

 

A publicação, no entanto, recebeu dezenas de queixas dos próprios apoiadores: "AINDA TÁ FRACO BOULOS PLMDS REAGE HOMEMMMM!!", "Quero ver vc batendo nesse picareta igual a Tabata", "tem q ir na jugular desse bandido coisa q a Tabata ta fazendo, tá muito água com açúcar essa sua campanha". Procurados, Nunes e Marçal não se manifestaram até o momento.

 

Dos primeiros 150 comentários da publicação no X, 60 se tratavam de apoiadores preocupados com o comportamento do candidato, criticando a demora ou a ineficiência da comunicação da campanha em contra-atacar Marçal, e a maioria aconselhava-o a se inspirar em Tabata. O restante das mensagens se dividia entre incentivo dos usuários e chacota dos fãs de Marçal.

 

Ex-presidente do PSOL e atualmente na coordenação de campanha de Boulos, Juliano Medeiros reagiu às críticas: "Teve gente que viu uma brincadeira circulando por aí e começou a achar que a campanha de Boulos estava descontraída demais. Desafio: entre agora nas redes de Boulos e veja quantos memes há em comparação com propostas e denúncias. Você vai ver que eleição é coisa séria pra gente", escreveu no X.

 

Apoiadores de Boulos compartilham vídeos de Tabata

 

Também nesta segunda, a campanha de Tabata divulgou sua segunda "superprodução" contra Marçal, considerada pela esquerda uma reação à altura da difamação que ele vem distribuindo na internet aos oponentes. Na última peça, a deputada federal menciona que ele foi condenado à prisão em 2010 e o associa ao PCC, em razão das diversas suspeitas envolvendo membros do partido dele, o PRTB.

 

"Uma pesquisa por seus aliados esbarra sempre nas mesmas letras: P de Pablo, C de coach, C de criminoso", diz a candidata.

 

O vídeo de tom sombrio, que alcançou quase 3 milhões de visualizações no X (antigo Twitter) e 1,8 milhão no Instagram em 12 horas, traz um visual que se assemelha às produções do estúdio ultraconservador Brasil Paralelo, "Investigação Paralela", como destacou o professor João Cezar de Castro Rocha, da Uerj.

 

Comunicadores e lideranças que apoiam publicamente Boulos passaram a compartilhar os vídeos de Tabata com certa euforia nos últimos dias. O militante Jones Manoel (318 mil inscritos no YouTube), crítico contumaz da deputada, por exemplo, chamou o conteúdo de "ótima peça" e questionou a campanha PSOL-PT: "Como é possível ser ameaçado de perder o papel de principal antagonista da extrema-direita para Tabata?". O jornalista Leandro Demori (424 mil seguidores no X) chamou o post de "estratégia perfeita". Felipe Neto (46 milhões de inscritos no YouTube) também compartilhou o vídeo.

 

Pessoas que trabalham na campanha de Boulos relataram ao Estadão insatisfação em relação aos rumos da comunicação. A avaliação é que Tabata tem sido uma candidata mais "frontal" e sabido se comunicar melhor, e que a sua equipe jurídica produziu até agora a principal e mais eficaz ofensiva jurídica contra o coach.

 

No sábado, 24, a Justiça Eleitoral atendeu a um pedido da campanha de Tabata e mandou tirar do ar perfis de Marçal em plataformas digitais usadas para monetização, sob suspeita de que o coach fez uso de recursos ilegais para se promover eleitoralmente. Depois de ter sido a candidata responsável por desestabilizar Marçal durante o primeiro debate eleitoral, na TV Bandeirantes, no começo de agosto, Tabata se firmou como a pedra no sapato do rival.

 

Boulos, por sua vez, tem recebido reclamações pela reação "morna" ao oponente, depois de ter sido a principal vítima dos ataques, incluindo insinuações sem prova sobre uso de drogas. Ao lado de José Luiz Datena (PSDB) e Ricardo Nunes (MDB), o candidato do PSOL faltou ao terceiro debate entre os candidatos, promovido pela revista Veja, para evitar a exposição negativa e as ofensas proferidas pelo coach. No evento anterior, Marçal tirou Boulos do sério ao chacoalhar uma carteira de trabalho na cara dele.

 

Apoiadores insatisfeitos avaliam que a comunicação da campanha tem recorrido a uma abordagem afetiva demais, para se distanciar do discurso de ódio a que atribui aos bolsonaristas. Nas publicações no Instagram, por exemplo, há diversas fotos de Boulos fazendo o gesto de "coração" com as mãos. E também criticam a aposta em associar Marçal ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o que eles julgam não surtir efeito para fora da bolha de esquerda.

 

A identidade visual da campanha, com os nomes de Boulos e Marta envoltos por um coração, e o Gabinete do Amor, perfil que distribui material de campanha da chapa, trazem referências a sentimentos positivos, que tem norteado a campanha. Mas os apoiadores dizem esperar o oposto na hora de rebater o bombardeio difamatório de Marçal. "Te falta ódio, melhora essa campanha ai", comentam alguns usuários nas publicações de Boulos.

 

Aliados de Boulos, contudo, disseram ao Estadão que a campanha não vai deixar de ser propositiva e de apresentar soluções para São Paulo, mas ao mesmo tempo reforçar os ataques aos dois representantes do bolsonarismo na disputa eleitoral: Marçal e Nunes, que até o momento tem o apoio oficial de Bolsonaro.

 

A linha de atuação do PSOL foi explicitada num vídeo que o próprio Boulos divulgou neste fim de semana: "A primeira (missão até a eleição) é focar no principal. Vocês sabem que um dos segredos em qualquer manual de eleição é o adversário tentar te tirar do foco, te levar para a narrativa dele. Se você cai, você deixou de falar o importante. Por isso, nos últimos dez dias, com toda a barulheira na internet, eu fui andar por vários bairros de periferia da cidade, falando das nossas propostas", afirmou o candidato.

Em outra categoria

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, minimizou neste domingo as preocupações com uma possível recessão no país, em meio à desaceleração da economia e ao aumento de tarifas sobre produtos importados. Em entrevista ao programa "Meet the Press", da rede de TV americana NBC News, Trump afirmou que o país atravessa um "período de transição" e que as medidas adotadas por sua gestão visam fortalecer a economia no longo prazo, mesmo com eventuais efeitos negativos no curto prazo.

"Está tudo bem. Eu disse que esse é um período de transição. Acho que vamos nos sair muito bem", afirmou, ao ser questionado se aceitaria uma recessão como custo para alcançar seus objetivos econômicos. A declaração ocorre dias após a divulgação do PIB do primeiro trimestre, que apontou contração de 0,3% na taxa anualizada, a primeira queda desde o início de 2022.

Trump também reiterou sua defesa de tarifas comerciais elevadas, especialmente contra a China. Segundo ele, a imposição de alíquotas de até 145% é uma forma de proteger a indústria americana e corrigir o que chama de desequilíbrio comercial histórico. "Nós perdíamos cinco a seis bilhões de dólares por dia com Biden. Agora, isso caiu drasticamente. Colocamos uma tarifa de 145%. Ninguém nunca ouviu falar disso. E isso está bem", afirmou.

Ao comentar o impacto das tarifas sobre os preços ao consumidor, Trump sugeriu que os americanos podem reduzir o consumo de produtos supérfluos. "Eu não acho que uma garotinha de 11 anos precise ter 30 bonecas. Ela pode ter três ou quatro. Não precisamos gastar dinheiro com lixo vindo da China", disse. A fala foi interpretada como um indicativo de que sua política pode provocar aumento de preços e redução na oferta de alguns itens importados, como brinquedos e artigos escolares.

Durante a entrevista, Trump negou que sua agenda econômica esteja causando danos estruturais e classificou os impactos como ajustes temporários. "As tarifas vão nos deixar ricos. Vamos ser um país muito rico", declarou. Quando questionado sobre a reação negativa de parte do mercado financeiro após o anúncio das novas tarifas, o presidente afirmou que se responsabiliza pelas consequências, mas argumentou que está no cargo há apenas três meses.

"Ultimamente, eu me responsabilizo por tudo. Mas só estive aqui por pouco mais de 100 dias. Mesmo assim, já conseguimos reduzir custos. Estamos falando de uma economia que estava sangrando. Hoje temos um comércio muito mais equilibrado e parceiros que querem fazer acordos conosco. Mas tem que ser justo", disse.

Trump também criticou o ex-presidente Joe Biden e atribuiu a ele os problemas econômicos atuais. "As partes boas da economia são minhas. As ruins são do Biden. Ele fez um trabalho terrível em tudo. Desde a economia até o uso do autopen, que ele nem sabia que estava assinando", afirmou, em referência ao episódio recente em que um indulto concedido a um aliado democrata foi atribuído ao uso do mecanismo automatizado de assinatura do presidente.

Questionado sobre sua principal promessa de campanha, acabar com a inflação e turbinar a economia americana, Trump descreveu a crise recente como parte de um período de "transição". Ele argumenta que as tarifas, em última análise, reduzirão o déficit comercial dos EUA, gerarão receita para o governo e melhorarão a economia doméstica.

"Não precisamos desperdiçar dinheiro em um déficit comercial com a China por coisas que não precisamos, por lixo que não precisamos", disse Trump. Ele afirmou ainda que os EUA ficariam "bem" no caso de uma recessão de curto prazo a caminho do que ele prevê, a longo prazo, será uma economia agitada quando suas políticas entrarem em vigor.

"Olha, sim. Está tudo bem", disse. "Eu disse, este é um período de transição. Acho que vamos nos sair muito bem", ressaltou o republicano.

A entrevista também abordou a tensão entre a promessa de combater a inflação e o efeito prático das tarifas sobre o custo de vida. Dados recentes mostram que, apesar de uma leve desaceleração na inflação anual, os preços de itens importados como pneus, utensílios domésticos e carrinhos de bebê seguem em alta. Trump relativizou esses aumentos e disse que o foco deve ser a redução no preço da energia, como gasolina. "Gasolina é milhares de vezes mais importante do que um carrinho de bebê", disse.

Sobre a possibilidade de desabastecimento, Trump negou que os americanos devam esperar prateleiras vazias, mas insistiu na ideia de que o consumo deve ser racionalizado. "Não estou dizendo que vai faltar. Só estou dizendo que as pessoas não precisam ter 250 lápis. Podem ter cinco."

A política tarifária adotada por Trump é um dos pilares de sua estratégia econômica, ao lado da contenção da imigração irregular e do corte de gastos públicos. Nas últimas semanas, ele tem pressionado o Congresso a aprovar um pacote de reconciliação orçamentária que amplia cortes tributários e busca limitar programas sociais. A proposta deve enfrentar resistência de parlamentares moderados, que temem o impacto sobre o déficit e sobre eleitores de baixa renda.

A entrevista ao "Meet the Press" marca o fim dos primeiros 100 dias do novo governo Trump. Em meio à queda nos índices de aprovação e à contração do PIB, o presidente tem buscado reforçar sua base de apoio com mensagens voltadas à classe média e ao eleitorado industrial. As declarações deste domingo reforçam o tom nacionalista e protecionista que pautou sua campanha e seguem sendo o eixo central de sua agenda econômica.

O principal aeroporto internacional de Israel interrompeu brevemente os voos neste domingo, 4, após um míssil disparado do Iêmen cair próximo ao seu terminal mais movimentado, disseram autoridades israelenses.

Uma porta-voz da Autoridade Aeroportuária de Israel afirmou que o míssil caiu em um estacionamento próximo ao Terminal 3, a principal via de acesso do Aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv.

Fotos divulgadas pelos serviços de emergência mostravam a terra levantada pelo impacto cobrindo estradas próximas ao aeroporto. Imagens de câmeras de segurança do aeroporto, verificadas pela Storyful (empresa pertencente à News Corp, controladora do The Wall Street Journal), mostravam uma grande nuvem de fumaça preta e poeira subindo da área atingida pelo míssil.

O exército israelense disse que ainda não está claro se o impacto foi causado pelo míssil em plena potência ou por uma parte dele. Segundo os militares, várias tentativas foram feitas para interceptar o míssil, que foi disparado na manhã deste domingo - o início da semana de trabalho em Israel. O Arrow 3, sistema de defesa aérea mais sofisticado de Israel, e o avançado sistema americano Thaad foram acionados, mas sem sucesso, de acordo com a rádio estatal Army Radio.

Feridos

Oito pesoas foram levadas ao hospital com ferimentos, incluindo lesões nos membros e causadas pela onda de choque provocada pelo ataque, segundo os serviços de emergência. Não houve relatos imediatos de mortes.

"Aquele que nos fere será ferido sete vezes mais", afirmou o ministro da Defesa de Israel, Israel Katz, após o ataque.

(Com Dow Jones)

A Justiça da Bolívia restituiu na sexta-feira (2) a ordem de captura contra o ex-presidente Evo Morales por um caso de tráfico envolvendo uma menor, que tinha sido anulada por uma juíza no início da semana. O líder indígena acusa o governo de Luis Arce de orquestrar uma perseguição judicial contra ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.