Sidebar

18
Ter, Mar
197 Noticias Novas

Resort de Marçal expulsou funcionário, mulher e filhos pequenos a 3 dias do Natal

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Passava das 21h do dia 22 de dezembro de 2021 quando Raphael da Silva Lima, então gestor do Resort Digital, em Porto Feliz, interior paulista, recebeu a ordem para deixar a fazenda com a mulher e os três filhos pequenos - um deles ainda bebê. Sem saber o que fazer, pediu ao responsável geral Fabio Bueno para reconsiderar a determinação. Sem conseguir convencer a direção, ele deixou o local com a família, só com a roupa do corpo, até chegar a uma pousada, que estava lotada. "A proprietária da pousada, vendo a situação, as crianças chorando, apiedou-se e permitiu que eles passassem a noite na recepção do estabelecimento", consta na inicial de uma ação trabalhista movida por Lima contra o Resort Digital.

 

A empresa, que tem Pablo Marçal (PRTB), candidato a prefeito de São Paulo nas eleições deste ano, como um dos sócios desde 2021, foi condenada em primeira instância e teve recurso negado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT-15). O processo foi citado pelo candidato Guilherme Boulos (PSOL) no domingo, 1º, em debate da TV Gazeta.

 

O acórdão relatado pela desembargadora Tereza Aparecida Asta Gemignani, ao qual o Estadão teve acesso, aponta que "as condições em que ocorreu o dano moral são gravíssimas" e afirmou que o funcionário foi dispensado "de forma abrupta, em horário noturno, sem tempo de minimamente se programar para encontrar um local para abrigar sua família, o que configura inequívoca humilhação e sofrimento para o recorrido".

 

Procurado, Pablo Marçal não se manifestou até a publicação deste texto. A defesa do Resort Digital alegou nos autos que nenhuma prova da expulsão foi apresentada.

 

O motivo para a dispensa feita pela administração do resort teria sido um pedido do então funcionário para conseguir um fiador para um empréstimo bancário. Isso porque Lima não era registrado em carteira, recebia mensalmente R$ 1.997,00 e acumulou dívidas. Ele era obrigado a emitir nota como pessoa jurídica.

 

Segundo consta nos autos, a prática ocorria para menor incidência de impostos para o empregador. Lima juntou recibos dos depósitos de pagamento vinculado ao resort e testemunhas para confirmar que não era registrado na empresa. De acordo com dados apresentados na planilha de cobrança, verbas e FGTS somaram pouco mais de R$ 14 mil em dívidas. Dano moral, R$ 50 mil. Já as contribuições, somam R$ 10,5 mil.

 

Lima trabalhou no local por um ano. De acordo com seus advogados, ele morava na fazenda, cumpria horário específico para entrar ou sair do trabalho, trabalhava de segunda a sexta, com uma hora de almoço e recebia um salário mensal, nunca tendo, porém, recebido aviso prévio, férias, décimo terceiro, FGTS, ou ao menos os 40% que diz respeito ao cargo de gestor do qual fazia jus de acordo com a CLT.

 

A empresa em que Marçal é sócio foi condenada pela primeira vez no dia 19 de agosto de 2022 pela juíza substituta Michele do Amaral, da Vara do Trabalho de Tietê, a pagar dano moral e recolher valores referentes ao registro profissional. O caso foi julgado à revelia, ou seja, o Resort Digital não apresentou defesa até aquele momento.

 

Posteriormente, o advogado Tassio Renam Souza Botelho, um dos mais próximos de Marçal na campanha deste ano, apresentou recurso junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região (TRT-15). Ele afirmou que Lima não apresentou nenhuma prova da expulsão do Resort Digital. "Ora, se por um lado o recorrente sustenta ter sido expulso, o mínimo que se poderia esperar de situação tão absurda é que (...) trouxesse aos autos como prova pré-constituída de suas alegações uma foto da situação esdrúxula alegada; algum vídeo; o local para onde teria ido passar a noite; ou alguma testemunha que tivesse presenciado a situação excepcional. Todavia, não trouxe nada!", argumentou na ocasião.

 

Os desembargadores, porém, rejeitaram as alegações e, em fevereiro de 2023, o TRT-15 negou recurso por unanimidade. O caso ainda pode ser encaminhado para o Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Em outra categoria

A Casa Branca informou ter sido consultada pelo governo de Israel antes da retomada dos ataques contra o Hamas na Faixa de Gaza, na madrugada desta terça-feira, 18. "O governo do presidente Donald Trump e a Casa Branca foram consultadas pelos israelenses sobre os ataques a Gaza nesta noite", disse a secretária de Imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt.

"Como o presidente Trump deixou claro, o Hamas, os houthis, o Irã - todos aqueles que procuram aterrorizar não apenas Israel, mas também os Estados Unidos - terão um preço a pagar: o inferno", afirmou Leavitt, em entrevista à Fox News.

Israel lançou contra Gaza a maior ofensiva em meses nesta terça. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, justificou o ataque pela recusa do Hamas em libertar reféns e prometeu usar "força militar crescente" no território. Fonte: Associated Press.

O ataque lançado por Israel contra a Faixa de Gaza na madrugada desta terça-feira, 18, matou ao menos 235 pessoas, segundo hospitais do território palestino. O bombardeio ameaça colocar fim ao cessar-fogo entre o grupo Hamas e Israel que está em vigor há quase dois meses.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, informou ter ordenado o ataque por causa do impasse nas negociações pela segunda fase da trégua. "Israel vai, de agora em diante, agir contra o Hamas com força militar crescente", informou o gabinete do premiê.

A Casa Branca disse ter sido consultada pelo governo de Israel antes do ataque, que acabou com um período de relativa calma durante o mês sagrado do Ramadan.

A ofensiva também levantou questões sobre o futuro de cerca de 12 reféns israelenses que permanecem sob o poder do Hamas desde o início da guerra, em outubro de 2023.

Izzat al-Risheq, um dos líderes do Hamas, disse que a retomada do conflito representa uma "sentença de morte" para os reféns que permanecem na Faixa de Gaza. O militante afirmou ainda que Netanyahu lançou o ataque nesta terça para tentar salvar a coalizão que o mantém no poder em Israel.

Na cidade de Rafah, 17 pessoas da mesma família, incluindo 12 crianças e mulheres, morreram ao ter a residência onde moravam bombardeada, segundo o hospital que recebeu os corpos. Fonte: Associated Press.

O novo primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, visitou a França e o Reino Unido na primeira viagem internacional desde que assumiu o cargo, buscando fortalecer alianças para enfrentar os ataques de Donald Trump à economia e à soberania canadenses.

"Quero garantir que a França, e toda a Europa, trabalhem com entusiasmo com o Canadá, o mais europeu dos países não europeus", disse Carney, destacando a determinação em manter uma relação "positiva" com os Estados Unidos, sem mencionar Donald Trump.

No esforço de mostrar união, Mark Carney fez uma aparição ao lado de Emmanuel Macron na passagem por Paris. O presidente francês não falou diretamente sobre os ataques de Trump, que ameaça impor tarifas e anexar o Canadá como 51º Estado americano, mas disse que as tarifas só trazem inflação e danos às cadeias de suprimentos.

"No atual contexto internacional, queremos ser capazes de desenvolver nossos projetos mais estratégicos com nossos parceiros mais próximos e leais", declarou Emmanuel Macron.

De Paris, Mark Carney seguiu para Londres, onde foi recebido no Palácio de Buckingham pelo rei Charles III, o chefe de Estado canadense. O monarca usava uma gravata vermelha e um broche da Ordem do Canadá.

Ainda em Londres, ele se reuniu com o primeiro-ministro Keir Starmer, que chamou o Canadá de amigo e aliado do Reino Unido. Starmer evitou criticar abertamente as ameaças de anexação de Donald Trump, mas enfatizou a soberania canadense.

"A relação entre nossos dois países sempre foi forte", disse Starmer a Carney em recepção calorosa na Downing Street 10. "Dois aliados soberanos, com tanto em comum - uma história compartilhada, valores compartilhados, um rei compartilhado."

Carney, por sua vez, disse que a relação entre os dois países é "construída com base em valores compartilhados" e observou que "estamos em um momento da história em que o mundo está sendo reorganizado."

Carney escolheu como destino da primeira viagem internacional os dois países que moldaram a existência do Canadá. Em discurso de posse, na semana passada, ele disse que o país foi construído por três povos: franceses, ingleses e indígenas. Ele acrescentou que o Canadá é fundamentalmente diferente dos EUA e "nunca, jamais, de forma alguma, fará parte dos Estados Unidos."

A viagem a Londres foi uma espécie de retorno às origens para Mark Carney, o economista que se tornou o primeiro não britânico a comandar o Banco da Inglaterra.

Os Estados Unidos, por outro lado, não estão no roteiro do líder do Partido Liberal, que ganhou impulso nas pesquisas com os ataques americanos. Carney disse que está pronto para se encontrar com Donald Trump se ele demonstrar respeito pela soberania canadense. Ele afirmou que não pretende visitar Washington no momento, mas espera ter conversa por telefone com Trump em breve.

Mark Carney ascendeu à liderança do Partido Liberal e, consequentemente, ao cargo de primeiro-ministro com a renúncia de Justin Trudeau. Até o final da semana, ele deve convocar as eleições, previstas para ocorrer entre o final de abril e o começo de maio.

Os liberais estavam à caminho de uma derrota histórica até que as ameaças de Donald Trump reviveram o nacionalismo no país vizinho, com boicotes a produtos americanos e vaias ao hino dos Estados Unidos. O movimento enfraqueceu o líder do Partido Conservador, de Pierre Poilievre, que era comparado com Trump. Agora, as pesquisas indicam uma disputa acirrada.

Planos para Defesa

Em meio aos atritos com Donald Trump, o governo de Mark Carney está reconsiderando a compra de caças F-35 fabricados nos Estados Unidos.

Enquanto isso, Macron busca convencer os aliados da França a reduzir a compra de equipamentos militares americanos no momento de crescente preocupação na Europa com a dependência dos Estados Unidos em Defesa. Com o apoio americano cada vez mais incerto, o presidente francês aproveita para projetar liderança na região.

Durante o encontro com Mark Carney, ele mencionou os planos da França, em parceria com o Reino Unido, para garantir o cessar-fogo na Ucrânia, caso a Rússia aceite a trégua proposta pelos Estados Unidos. "Canadá e França são potências de paz, aliados confiáveis, que participarão juntos desse esforço", disse sem dar mais detalhes.

Na véspera, Mark Carney conversou com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, por telefone e o convidou para a Cúpula do G-7, no Canadá. "O primeiro-Ministro fez as observações certas sobre como precisamos aumentar a pressão sobre Moscou", relatou Zelesnki nas redes sociais. "Precisamos impor sanções totais a tudo que fornece à Rússia financiamento para sua guerra. Só assim poderemos forçar Putin a uma paz justa e duradoura".

A Ucrânia aceitou o cessar-fogo de 30 dias proposto pelos Estados Unidos. A Rússia, por outro lado, deu uma resposta ambígua: disse que apoia, mas precisa "discutir os termos" com os americanos e impôs novas exigências para o acordo. A pausa nos combates deve ser tema de uma conversa entre Vladimir Putin e Donald Trump esta semana./COM AP