Direita racha em Santos, Tarcísio é cortejado por dois candidatos; Bolsonaro escolhe um lado

Política
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Em meio a um racha na direita, o atual prefeito de Santos, Rogério Santos (Republicanos), e a deputada federal Rosana Valle (PL) buscam se apresentar aos eleitores como o nome preferido do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) para governar a principal cidade da Baixada Santista, mesmo após ele deixar claro que não tem lado na eleição da cidade. A gestão do governador é aprovada por 71,5% dos santistas, de acordo com a mais recente pesquisa do Paraná Pesquisas.

O embate entre ocorre diante de um cenário acirrado, onde os dois estão empatados tecnicamente. Valle tem 38,6% das intenções de voto, contra 32,8% do atual prefeito, segundo o levantamento do instituto divulgado no dia 27 de agosto e registrado sob o protocolo SP-02919/2024. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais e o nível de confiança, 95%.

Telma de Souza (PT) tem 15,6% e Nando Pinheiro (Avante), 1,1%. Brancos e nulos são 6,9%, enquanto 5% não souberam ou não responderam.

Aliados de Tarcísio dizem que ele não quer entrar em "bola dividida". Rosana Valle, com quem o governador tem boa relação pessoal, foi cotada para ser a vice na chapa dele em 2022 e é apoiada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e por Michelle Bolsonaro (PL). Rogério Santos trocou o PSDB pelo Republicanos, partido do governador, no final do ano passado, na esperança de obter o apoio do chefe do Executivo paulista, o que não se concretizou.

Interlocutores de Tarcísio afirmam que ele considera que o prefeito é um bom administrador, mas que não há vantagem em tomar lado na disputa. Ao contrário, apenas riscos. Primeiro, de rachar a base de apoio na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) e se indispor com o bolsonarismo em Santos. Segundo, de apostar no nome errado e dar margem para o candidato vitorioso romper com ele, o que seria um problema para a eleição de 2026. A cidade tem cerca de 350 mil eleitores.

É por isso que Tarcísio não fez, nem fará, gestos para Rosana Valle ou Rogério Santos. Ao mesmo tempo em que não entrará na campanha, o governador não vetou a utilização de sua imagem. A candidata do PL diz na propaganda eleitoral que conta com o "apoio total" de Bolsonaro e Michelle e tem a "amizade e confiança" de Tarcísio. Nas redes sociais, publicou vídeo com elogios feitos pelo governador a ela no passado.

O prefeito também exibe imagens com o chefe do Executivo paulista em sua propaganda eleitoral, destaca que é do mesmo partido do governador e a parceria entre a Prefeitura e o governo estadual para projetos na cidade.

"Sei que terei o apoio do governador e a parceria dele se for prefeita", disse Rosana Valle ao Estadão. "Por uma questão partidária, ele precisa ficar neutro neste momento. A intenção do outro lado era ter o apoio dele, mas a gente sabe o carinho que ele tem por mim. É o mesmo grupo, né? Michelle, Bolsonaro, Tarcísio", acrescenta.

Outro integrante do grupo, o secretário de Segurança, Guilherme Derrite (PL), declarou apoio explícito à candidata do PL. "Entramos juntos na Câmara dos Deputados, em Brasília, e pude constatar que ela representou, e muito bem, a cidade de Santos, a Baixada Santista, o nosso Estado", disse.

Ela afirma que Rogério Santos foi oportunista ao trocar o PSDB pelo Republicanos na expectativa de ter o apoio de Tarcísio. "Eu fiz campanha para o governador e fui uma das coordenadoras aqui na Baixada Santista. O prefeito era do PSDB e fez campanha para o Rodrigo Garcia", declarou a candidata do PL.

Rogério Santos diz que foi convidado para se filiar ao Republicanos pelo próprio governador e que eles conversaram antes da troca ocorrer. "Tarcísio é do time 10, é do mesmo time que eu", disse o prefeito. "A gente tem uma parceria não só na questão partidária, mas também na questão institucional desde a época que ele era ministro da Infraestrutura e eu já prefeito", disse o candidato do Republicanos.

Ele cita a vacinação prioritária para trabalhadores portuários na pandemia e a tentativa de privatização do porto, que não foi para frente. Ele também menciona parcerias com Tarcísio, já no governo de São Paulo, na área de habitação, turismo e cultura.

Se Valle tem Bolsonaro e Michelle como padrinhos de sua candidatura, Santos aposta na dobradinha com o deputado federal Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), ex-prefeito tucano de Santos entre 2013 e 2020. Integrantes da campanha do mandatário afirmam que pesquisas internas apontam que o apoio de Barbosa seria mais relevante do que o de Bolsonaro e Tarcísio para os eleitores da cidade.

A candidata do PT em Santos é a vereadora Telma de Souza. Ela já governou a cidade entre 1989 e 1992, mas foi derrotada em 2012 quando tentou voltar ao comando da Prefeitura. O quarto candidato é Nando Pinheiro. Atualmente no Avante, ele se candidatou a deputado federal pelo PL em 2022, mas ficou como suplente.

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O Brics deve fortalecer uma diplomacia preventiva, uma força para o bem, atuando não como um bloco de confronto, mas sim como uma coalizão de cooperação, defendeu nesta segunda-feira, 28, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. Em reunião de chanceleres dos países do Brics, no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, Vieira disse que investir na paz significa abordar as causas profundas da instabilidade, entre elas a pobreza, desigualdade e instituições frágeis.

"O sofrimento humano jamais deve ser instrumentalizado. O Brics deve continuar a defender um sistema humanitário global neutro, justo, unificado e genuinamente universal. O caminho para a paz não é fácil nem linear, mas o Brics pode e deve ser uma força para o bem. Não como um bloco de confronto, mas como uma coalizão de cooperação. Devemos liderar como exemplo reafirmando a nossa crença em um mundo multipolar onde a segurança não é privilégio de poucos, mas direito de todos", discursou o chanceler brasileiro.

Em sua exposição na reunião, Vieira citou conflitos em curso no mundo, como a guerra entre Rússia e Ucrânia e a contraofensiva de Israel em Gaza.

"A situação devastadora nos territórios palestinos ocupados continuam sendo uma fonte de profunda preocupação", disse o ministro. "A retomada de bombardeios em Gaza e o bloqueio de ajuda humanitária são inaceitáveis."

Vieira declarou permanecer firme a posição por uma solução que passe por dois Estados independentes para a guerra em Gaza, com um Estado da Palestina independente, tendo Jerusalém Oriental como capital.

"É necessário assegurar a retirada total das forças israelenses de Gaza, assegurar a libertação de todos os reféns e garantir a entrada de ajuda humanitária", defendeu o ministro.

Pelo menos 68 pessoas morreram e outras 47 ficaram feridas após um bombardeio dos EUA à província de Saada, no Iêmen, segundo os rebeldes Houthis afirmaram nesta segunda-feira, 28. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos não comentou o caso.

Imagens transmitidas pelo canal de notícias por satélite al-Masirah, controlado pelos rebeldes, mostram corpos e feridos no local, atingido no domingo, 27. O Ministério do Interior do país afirmou que havia cerca de 115 migrantes detidos no local, uma prisão de migrantes africanos.

Na mesma noite, ataques aéreos dos EUA dirigidos à capital do Iêmen, Sanaã, mataram ao menos outras oito pessoas, segundo os Houthis.

Em comunicado divulgado também na noite do domingo, o Departamento de Defesa dos EUA afirmou que a "Operação Roughrider" havia "eliminado centenas de combatentes Houthis e diversos líderes", inclusive associados a programas de mísseis e drones. Nenhum nome foi revelado.

O Exército americano reconheceu ter realizado mais de 800 ataques individuais durante a campanha de um mês.

Este é o mais recente episódio em uma guerra que já dura uma década e continua fazendo vítimas entre migrantes da Etiópia e de outras nações africanas que atravessam o país em busca de uma oportunidade de trabalho na vizinha Arábia Saudita.

Investida norte-americana

Os Estados Unidos têm atacado os Houthis em resposta aos ataques do grupo contra a navegação no Mar Vermelho - uma rota comercial crucial - e também contra Israel. Eles são o último grupo militante do chamado "Eixo da Resistência" do Irã que consegue atacar regularmente Israel.

Os ataques norte-americanos estão sendo conduzidos a partir de dois porta-aviões na região: o USS Harry S. Truman, no Mar Vermelho, e o USS Carl Vinson, no Mar Arábico. Em 18 de abril, um ataque americano ao porto de combustível de Ras Isa matou pelo menos 74 pessoas e feriu outras 171, sendo o ataque mais letal já conhecido da campanha americana.

A investida ao porto foi justificada pelos EUA como forma de "destruir a capacidade do porto de Ras Isa de receber combustível, o que começará a afetar a capacidade dos Houthis não apenas de realizar operações, mas também de gerar milhões de dólares para suas atividades terroristas", informou.

Enquanto isso, os rebeldes têm intensificado o controle da informação nos territórios sob seu domínio. No domingo, 27, emitiram um aviso determinando que todos os que possuírem receptores de internet via satélite Starlink "entreguem imediatamente" os dispositivos às autoridades.

"Uma campanha de campo será implementada em coordenação com as autoridades de segurança para prender qualquer pessoa que venda, negocie, use, opere, instale ou possua esses terminais proibidos", alertaram.

Os terminais Starlink têm sido fundamentais para a Ucrânia na luta contra a invasão russa em larga escala e também foram contrabandeados para o Irã durante protestos no país. (Com agências internacionais).

O provável próximo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, demonstrou nesta segunda-feira, 28, dúvidas sobre o futuro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "Não sabemos se a Otan continuará existindo nas próximas décadas", disse. Ao discursar no Comitê Federal da União Democrata Cristã (CDU), ele acrescentou que "teremos que passar muitos anos construindo as capacidades de defesa práticas e mentais da Alemanha".

"Estamos diante do maior desafio que as sociedades livres enfrentaram nos últimos 75 anos. Não sabemos se a aliança permanecerá como é nas próximas décadas. Por isso, precisamos priorizar corretamente: a segurança externa é condição essencial para tudo o mais - política interna, economia, meio ambiente, política social. Mas os desafios internos também são imensos", afirmou.

Para Merz, o maior desafio é a guerra na Ucrânia. "Essa guerra não é apenas contra a Ucrânia, mas contra toda a ordem política da Europa. O combate da Ucrânia contra a agressão russa é, também, a defesa da paz e da liberdade em nosso país", declarou.

O líder da CDU também ressaltou que o apoio à Ucrânia é um esforço conjunto da Europa e dos EUA. "Não somos parte do conflito, mas também não somos neutros: estamos ao lado da Ucrânia." Merz ainda afirmou que não aceitará o que chamou de "paz ditada", nem a "legitimação de conquistas territoriais militares contra a vontade da Ucrânia". "Esperamos que a Europa e os EUA mantenham essa postura no futuro."