Prestes a indicar nome no Brasil, X ao STF diz que 'falha técnica' abriu caminho a usuários

Política
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'Falha técnica', 'consequência inesperada' e 'não intencional'. Foi assim que o X se defendeu no Supremo Tribunal Federal sobre o acesso a que usuários tiveram à plataforma nesta quarta-feira, 18, após uma atualização no aplicativo da plataforma. Em petição protocolada no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, os advogados constituídos por Elon Musk para representarem a rede social perante o STF frisam que não houve "qualquer intenção" em burlar a decisão que suspendeu o antigo Twitter no Brasil.

 

Os advogados de Musk são André Zonaro Giacchetta e Sérgio Rosenthal. Eles subscrevem o documento com os argumentos do X levados a Moraes. Nesta quinta, 19, o ministro deu 24 horas para que os representantes de Musk no Supremo comprovem "a regularidade e validade da representação legal da empresa, com comprovação documental da respectiva Junta Comercial da regular constituição da empresa, com indicação de seu representante, com amplos poderes, inclusive de nomeação de advogados".

 

Giacchetta e Rosenthal fazem a representação do X nos autos do processo que tramita no STF - eles não são representantes legais da empresa no Brasil.

 

A Moraes, os advogados ressaltaram que vão apresentar em breve o nome do novo representante legal do X no Brasil, junto com os documentos societários pertinentes, devidamente registrados perante a Junta Comercial do Estado de São Paulo.

 

O Estadão apurou que o X está em tratativas para definir o nome.

 

Ao informarem Moraes sobre as tratativas para escolha do novo representante legal do X no País, os advogados Sérgio Rosenthal e Zonaro Giacchetta apresentaram as justificativas da rede social para o acesso de brasileiros à plataforma nesta quarta, 18.

 

Apesar das alegações, o ministro viu 'burla' ao bloqueio da plataforma no Brasil e aplicou uma multa de R$ 5 milhões por dia à empresa.

 

A sanção foi imposta após o X se explicar a Moraes. A rede social narrou que, até a data do bloqueio, o antigo Twitter era oferecido a todos os usuários da América do Sul a partir da infraestrutura de rede localizada no Brasil, com seu respectivo IP.

 

Em razão da suspensão da plataforma e o bloqueio de ativos da empresa, o X diz que foi necessário alterar seus serviços de infraestrutura de rede para o acesso de usuários dos demais países da América do Sul à plataforma X - passou-se, então, a usar os serviços da empresa Cloudfare, ao invés da localizada no Brasil.

 

Segundo a empresa de Musk, a "alteração compulsória e não intencional" levou a uma "consequência inesperada": a alteração do IP que estava bloqueado no Brasil, o que resultou "em certas circunstâncias, na possibilidade de acesso à plataforma X por usuários brasileiros".

 

O antigo Twitter alega que suas operadoras não sabiam das medidas específicas adotadas pela Anatel para bloquear o X e, por isso, a "consequência" não era prevista. A rede social narra ainda que, em contato com a Cloudfare, as operadoras do X confirmaram que havia dois IPs dedicados à plataforma.

 

As empresas então decidiram separar o tráfego da rede social para que o bloqueio não afetasse o serviço oferecido pela Cloudfare a outros clientes.

 

"O X Brasil reitera que a situação exposta não decorre de qualquer intenção de burlar a ordem de suspensão estabelecida por essa Egrégia Suprema Corte, mas de falha técnica decorrente da necessidade de alteração da infraestrutura da rede utilizada para a disponibilização do acesso à plataforma X aos usuários dos demais países da América do Sul", sustenta a empresa.

 

Na mesma petição, a plataforma informou que já bloqueou nove contas por ordem de Moraes: @EdRaposo_, @Claudio061973, @PrJosiasPereir3, @marcosdoval, @DraPaola_, @mveustaquio, @xfischer, @pfigueiredobr2 e @pfigueiredobr03.

 

O bloqueio foi determinado no bojo da investigação sobre supostas ameaças e coação a delegados que atuam no inquérito das milícias digitais e da tentativa de golpe de Estado.

 

O inquérito apura supostos crimes de obstrução de investigações de organização criminosa.

 

PF faz pente-fino no encalço de usuários do X

 

A Polícia Federal vai fazer um pente-fino para identificar os usuários do X (antigo Twitter) que seguiram usando a plataforma após o bloqueio determinado pelo Supremo Tribunal Federal A busca acata pedido da Procuradoria-Geral da República, com aval do ministro Alexandre de Moraes.

 

O Estadão apurou que os usuários devem ser notificados sobre a decisão da Corte que suspendeu o acesso à plataforma.

 

Quando Moraes derrubou o antigo Twitter no Brasil em razão do "descumprimento de decisões judiciais" e da falta de um representante legal no País, o ministro estabeleceu multa diária de R$ 50 mil para quem "fraudar a decisão, com o uso de subterfúgios tecnológicos", como VPN, para seguir usando o X.

 

A sanção chegou a ser questionada quando a Primeira Turma do STF chancelou a medida. O ministro Luiz Fux, por exemplo, indicou que a multa não pode atingir pessoas e empresas "indiscriminadas e que não tinham participado do processo, salvo se utilizarem a plataforma para fraudar a decisão, com manifestações vedadas pela ordem constitucional, como expressões com racismo, facismo, neonazismo, obstrutoras de investigações criminais ou de incitação aos crimes em geral".

 

O X está bloqueado no Brasil desde o dia 30, mas nesta quarta-feira, 18, uma atualização no aplicativo da plataforma possibilitou com que usuários acessassem a plataforma. O ex-presidente Jair Bolsonaro fez um post na rede social.

 

Moraes viu 'burla' ao bloqueio da plataforma e impôs multa diária de R$ 5 milhões à rede social. O ministro considerou que o dono do X, o bilionário Elon Musk, confessou a "dolosa, ilícita e persistente recalcitrância " do antigo Twitter em cumprir a decisão judicial que suspendeu a rede social no País. A indicação tem relação com uma frase de Musk: "Qualquer magia suficientemente avançada é indistinguível da tecnologia."

 

"Não há, portanto, dúvidas de que a plataforma X, sob o comando direto de Elon Musk, novamente, pretende desrespeitar o Poder Judiciário brasileiro, pois a Anatel identificou a estratégia utilizada para desobedecer a ordem judicial proferida nos autos, inclusive com a sugestão das providências a serem adotadas para a manutenção da suspensão", frisou Moraes.

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Um suspeito jogou um dispositivo incendiário que explodiu do lado de fora do consulado russo em Marselha, na França, na manhã desta segunda-feira, 24, disseram as autoridades, no terceiro aniversário da invasão da Ucrânia pela Rússia. Nenhum ferimento foi relatado.

Um segundo dispositivo, também jogado contra a parede externa do consulado, não detonou e caiu na calçada. Um especialista em desarmamento de bombas foi enviado para manusear o dispositivo não detonado.

O suspeito fugiu e uma investigação foi iniciada, disse uma autoridade sob condição de anonimato porque não estava autorizada a falar publicamente sob a política policial nacional. As autoridades não forneceram detalhes sobre o suspeito ou um possível motivo.

Marselha, a segunda maior cidade da França e um importante porto do Mediterrâneo, abriga uma população diversificada, mas não tem uma comunidade russa notavelmente grande.

A França registrou vários protestos contra a guerra da Rússia na Ucrânia desde 2022, incluindo manifestações em Marselha, Paris e outras cidades.

A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que o incidente em Marselha tem "todas as características de um ataque terrorista".

O Brics tem o papel de representar os países emergentes, mas é preciso colocar um limite para que não perca sua coesão, na avaliação do assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, Celso Amorim, em entrevista à plataforma da gestão brasileira à frente do bloco. O grupo foi criado com quatro membros (Brasil, Rússia, Índia e China), agregou em seguida a África do Sul e recentemente foi ampliado, contando agora com 11 integrantes, além de nove países parceiros, um total de 20 nações.

"Eu acho que se você abrir, digamos assim totalmente, quase todos os países em desenvolvimento vão querer ser membros do Brics. Isso revela a importância que o grupo tem", considerou Amorim. "Acho que o Brics tem que ter uma abertura e os países em desenvolvimento têm que se sentir representados. Mas operacionalmente não pode se expandir indefinidamente porque, para atuar concretamente em questões importantes, tem que manter uma certa coesão", continuou.

Para o diplomata, nem ao Ocidente e nem ao Oriente, o grupo é a união principalmente de economias situadas no Hemisfério Sul do globo. "Como é que se pode dizer que o Brasil é contra o Ocidente se acabamos de concluir um acordo na área econômica com a União Europeia? Não tem cabimento. Ter uma subordinação a um determinado país líder, isso nós não queremos. Nem Ocidente, nem Oriente, Sul Global é o que defendemos", argumentou, sem citar os Estados Unidos ou o governo de Donald Trump, que já se mostrou diversas vezes incomodado com a atuação do grupo.

Amorim enalteceu o acordo do Mercosul fechado com o bloco da Europa no fim do ano passado, mas enfatizou que o Brasil tem a ambição de diversificar parceiros, o que vale também para o Brics. "Com o Brics, a gente também não fica dependente de um único país ou grupo de países. Por exemplo, é muito bom que tenha sido concluído o acordo com a União Europeia, mas você não pode ficar só com os países europeus", pontuou.

Um dos pontos mais relevantes do condomínio de emergentes, de acordo com o assessor, é a força que o grupo pode ter em outros fóruns se permanecer unido e coeso, como já tinha adiantado o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) ao registrar a intenção do Brasil de lançar um candidato único do bloco para postos de relevância em instituições financeiras internacionais.

Amorim citou como exemplo, a força que o Brics pode dar ao grupo das 20 maiores economias do globo (G20). "Parece uma contradição, mas não é", assegurou.

Líderes da Europa e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, visitaram a capital da Ucrânia nesta segunda-feira, 24, para demonstrar apoio ao país no terceiro aniversário da guerra do país contra a Rússia. A data acontece no momento em que a continuidade do apoio dos Estados Unidos, o principal financiador de Kiev no conflito, está em xeque por causa do governo de Donald Trump.

Na rede social X, o antigo Twitter, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que estava na comitiva visitante, afirmou que os líderes da Europa estavam em Kiev "porque a Ucrânia está na Europa".

"Nesta luta pela sobrevivência, não é apenas o destino da Ucrânia que está em jogo. É o destino da Europa", disse ela.

Desde que Donald Trump retornou à presidência dos EUA, em 20 de janeiro, e mudou o posicionamento americano com relação ao conflito, os líderes da Europa buscam mostrar apoio conjunto à Ucrânia.

Ao contrário do que os EUA adotaram no governo de Joe Biden, Trump estabeleceu uma abordagem cordial com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e fez críticas abertas ao presidente ucraniano Volodmir Zelenski. Nos últimos dias, o norte-americano chamou Zelenski de ditador e sugeriu que a Ucrânia é culpada pela guerra, além de estabelecer uma mesa de negociação com a Rússia sem a participação de Kiev.

As autoridades americanas também indicaram à Ucrânia que as esperanças de se juntar à Otan dificilmente se concretizarão e o país provavelmente não recuperará as terras que o exército russo ocupou, que equivale a cerca de 20% do seu território.

Enquanto isso, as tropas de Putin retornaram a avançar no campo de batalha enquanto a Ucrânia enfrenta escassez de tropas e armas.

Cúpula da UE

Na comitiva que foi à Ucrânia estavam presentes os primeiros-ministros dos países do norte da Europa e da Espanha, além do presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa. Eles se reuniram com Zelenski para discutir mais apoio do bloco à Kiev, um dia depois de Costa ter anunciado uma cúpula de emergência no dia 6 de março com os 27 líderes da União Europeia para debater o assunto.

"Estamos vivendo um momento decisivo para a Ucrânia e a segurança europeia", disse ele em uma publicação nas redes sociais.

Em paralelo, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o presidente francês Emmanuel Macron visitarão Washington esta semana e a UE aprovou uma nova rodada de sanções contra a Rússia, na tentativa de pressioná-los no conflito - desta vez, as medidas têm como alvo a chamada "frota sombra" de navios que a Rússia utiliza para contornar as restrições para transportar petróleo e gás.

A principal diplomata da UE, Kaja Kallas, insistiu que os EUA não podem negociar nenhum acordo de paz para acabar com o conflito sem a participação Ucrânia ou dos europeus.

De acordo com Kallas, o governo de Donald Trump tem adotado posições em favor da Rússia ao chamá-los para negociar. "Você pode discutir o que quiser com Putin. Mas se for para a Europa ou Ucrânia, então Ucrânia e Europa também têm que concordar com o acordo", disse a repórteres em Bruxelas.

A diplomata viaja para Washington na terça-feira para conversas com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

Encontro de Trump com Putin

Enquanto isso, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse no sábado, 22, que os preparativos para um encontro entre Trump e Putin estavam em andamento. A ideia ganhou força após as autoridades dos dois países se reunirem na Arábia Saudita há uma semana, logo após a Europa realizar a Conferência de Segurança de Munique.

A posição de Trump pode ser explicada pela pressa em acabar com a guerra na Ucrânia, que foi uma de suas promessas de campanha, e pelo interesse em mudar o foco dos EUA após o país gastar cerca de US$ 65,9 bilhões (cerca de R$ 375 bilhões) em assistência militar desde a invasão em 24 de fevereiro de 2022.

As autoridades americanas disseram que concordaram com Moscou em restabelecer os laços diplomáticos e reiniciar a cooperação econômica.

No domingo, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Riabkov, disse à agência de notícias estatal TASS que havia "bastante" contato em andamento entre os lados russo e americano. Fonte: Associated Press.