TJ-SP anula contrato da prefeitura de São Sebastião com associação de coronel da reserva

Política
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O Tribunal de Justiça de São Paulo anulou um contrato fechado sem licitação pela prefeitura de São Sebastião, no litoral norte do Estado, com uma associação civil para a prestação de serviços jurídicos em um processo sobre royalties de petróleo.

 

Procurada pela Estadão, a prefeitura defendeu que a contratação foi regular e informou que vai entrar com recurso para tentar reverter a decisão.

 

"O tema é extremamente específico e complexo, não havendo no quadro técnico da prefeitura de São Sebastião o nível de especialização necessária para lidar com essa demanda específica, o que justificou a contratação de serviços de terceiros", diz a nota enviada ao blog (leia a íntegra ao final da matéria).

 

O contrato foi assinado em 2022, no segundo mandato do prefeito Felipe Augusto (Republicanos), e prevê o pagamento de honorários de 20% sobre o total recuperado pelo município no processo, o que pode chegar a R$ 140 milhões, segundo a ação. O valor foi considerado "exorbitante" e incompatível com o mercado.

 

A entidade contratada é a Associação Núcleo Universitário de Pesquisas, Estudos e Consultoria (Nupec), que está registrada como uma associação civil sem fins lucrativos. O presidente é o coronel da reserva do Exército Arcy Magno da Silva e o vice-presidente é o advogado Vinicius Gonçalves Peixoto.

 

Entre as atividades declaradas pela Nupec estão a "prestação de serviços de consultoria, gerenciamento e assessoria técnica nas áreas jurídica, financeira, tributário fiscal, previdenciária, petróleo e gás, educativa, assistencial, social, cultural, pedagógica, administrativa e tecnológica".

 

O poder público pode contratar bancas de advocacia privadas. A hipótese está prevista na legislação. No entanto, há requisitos que precisam ser observados, como a qualificação do escritório ou profissional escolhido para prestar o serviço.

 

Os desembargadores da 2.ª Câmara de Direito Público consideraram que a associação contratada pela prefeitura de São Sebastião não tinha a expertise necessária para atuar no processo dos royalties.

 

"A priori, este tipo de demanda reclama a contratação de um escritório de advocacia especializado na área de Direito Regulatório de Petróleo e Gás Natural, o que a Associação Nupec não demonstrou ser. A Associação nem escritório de advocacia e nem especializado é", diz um trecho do voto do desembargador Cláudio Augusto Pedrassi, relator do caso.

 

Em nota enviada ao Estadão, a Nupec afirma que atua no setor de óleo e gás há mais de 30 anos e que foi contratada para fazer estudos, análises e pesquisas, de caráter eminentemente técnico, para mensurar a distribuição de royalties oriundos da Bacia de Santos.

 

"A Nupec atuou em uma gama de assuntos complexos, em um nível que pouquíssimos municípios brasileiros conseguem atuar. Essa foi a razão de sua contratação", diz a manifestação (leia mais abaixo).

 

Outro ponto considerado irregular pelo Tribunal de São Paulo é que o contrato prevê que a associação poderia repassar o serviço a um advogado especialista. Para os desembargadores, isso significa "carta branca" para a subcontratação. "O que, frise-se, não pode ser considerado válido, ante a natureza da contratação (atividade singular, que exige notória especialização jurídica em área específica do Direito)", seguiu o relator.

 

Os desembargadores levantaram ainda um terceiro problema. A Procuradoria Municipal, braço jurídico da prefeitura, já havia representado a cidade em um processo sobre o mesmo tema, o que na avaliação do Tribunal de Justiça de São Paulo comprova que o contrato não era necessário.

 

Além de anular o contrato, os desembargadores determinaram a devolução do dinheiro pago pela prefeitura. O valor ainda será calculado no processo. A decisão atendeu a um pedido do Ministério Público de São Paulo e de Andreia Dagues Santana, autora da ação popular que questiona o contrato.

 

COM A PALAVRA, A PREFEITURA DE SÃO SEBASTIÃO

 

A Prefeitura de São Sebastião informa não foi notificada sobre a decisão em questão, e de antemão afirma que os serviços contratados vão além das demandas judiciais em si.

 

A administração municipal firmou contratação com a instituição de pesquisa mais especializada em petróleo e gás do País, vinculada à Universidade Federal do Rio de Janeiro, para a realização de diversos levantamentos técnicos relacionados aos direitos de participação da cidade na distribuição dos royalties ligados à produção da Bacia de Santos.

 

Em decorrência desse trabalho técnico especializado, que resultou em uma nova abordagem sobre a participação de São Sebastião, novas ações judiciais foram propostas, indo além da demanda anterior movida pela Procuradoria do Município.

 

Vale ressaltar que o tema é extremamente específico e complexo, não havendo no quadro técnico da Prefeitura de São Sebastião o nível de especialização necessária para lidar com essa demanda específica, o que justificou a contratação de serviços de terceiros.

 

Destacamos que a decisão não é definitiva e a Prefeitura irá recorrer aos tribunais superiores. O resultado desse trabalho foi a justiça na distribuição dos recursos, proporcionando um aumento significativo na participação da cidade.

 

Salientamos que esse incremento de recursos foram direcionados para a reconstrução da cidade, severamente afetada pelas chuvas de 23 de fevereiro de 2023. Os investimentos foram aplicados na pavimentação e drenagem das vias destruídas, bem como na reconstrução de áreas prioritárias, como escolas e postos de saúde. Uma parte significativa dos recursos foi destinada ainda à prevenção de deslizamentos em encostas e a construção de barreiras de contenção em aproximadamente 10 bairros, como foi o caso da Vila Sahy, onde a obra realizada representou um investimento de R$ 123 milhões pelos cofres municipais.

 

A Prefeitura de São Sebastião reforça seu compromisso com a transparência, a legalidade e o interesse público, buscando sempre o melhor para o desenvolvimento e bem-estar de todos os munícipes.

 

COM A PALAVRA, A NUPEC

 

A Nupec esclarece que tem mais de 30 anos de atuação na área de óleo e gás, e é parceira de diversas outras instituições de excelência, como a Copead da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A contratação pelo município de São Sebastião se destinou a estudos, análises e pesquisas, de caráter eminentemente técnico, visando mensurar a distribuição de royalties oriundos da Bacia de Santos.

 

A Nupec atuou em uma gama de assuntos complexos, em um nível que pouquíssimos municípios brasileiros conseguem atuar. Essa foi a razão de sua contratação. Cabe dizer ainda, ao contrário, a habilitação do exercício da advocacia por notório saber e especialização está em consonância com a legislação do País e com o estatuto da OAB.

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O presidente da França, Emmanuel Macron, destacou a necessidade de aumentar os investimentos em defesa na Europa, em meio às ameaças russas e ao conflito na Ucrânia. Em pronunciamento, Macron afirmou que a segurança europeia está diretamente ameaçada pela guerra na Ucrânia, que se transformou em um "conflito global".

"A Rússia segue aumentando seu orçamento de armamento para a guerra, e a Europa precisa conseguir se defender sozinha, sem ajuda dos EUA", declarou. Ele ressaltou que a paz no continente só será possível com o fortalecimento da capacidade militar europeia. "Precisamos tomar decisões agora para a segurança da Ucrânia e da UE", afirmou.

Macron mencionou que a França dobrou seus gastos militares nos últimos dez anos e que está trabalhando para aumentar os investimentos em defesa na Europa. "Faremos uma reunião com chefes de defesa europeus em Paris na semana que vem", anunciou, reforçando a importância de uma estratégia conjunta. O líder francês também abordou a "dissuasão nuclear", afirmando que as armas nucleares são um pilar de proteção para a França. Ele ainda sugeriu um debate sobre a extensão do "guarda-chuva nuclear" francês a outros parceiros europeus. No entanto, ele deixou claro que a decisão final sobre o assunto caberá exclusivamente ao presidente da França.

Ele destacou que a guerra na Ucrânia não será decidida pela Rússia ou pelos EUA, mas sim por um esforço coletivo. "Precisamos de um acordo que garanta paz duradoura na Ucrânia", disse, acrescentando que "a paz não pode ser conquistada se abandonarmos a Ucrânia".

O francês ainda criticou as tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, alertando para os impactos negativos que elas podem ter não apenas na Europa, mas em todo o mundo. "As tarifas de Trump vão impactar a economia americana e a economia europeia", disse, acrescentando que é preciso convencer o republicano de que essas medidas não são positivas.

A Suprema Corte dos Estados Unidos, de maioria conservadora, manteve nesta quarta-feira, 5, o bloqueio à ordem do presidente Donald Trump que congelava US$ 2 bilhões (R$ 11,6 bilhões) em pagamentos a organizações de ajuda internacional.

Dividida, a Suprema Corte formou a estreita maioria de 5-4 para manter a decisão da instância inferior, exigindo que o governo faça os pagamentos devidos. O resultado é uma derrota para o governo, que buscava repreender o juiz distrital Amir Ali por suspender o corte de gastos de Donald Trump.

Apesar da maioria conservadora na Corte, essa foi a segunda vez que o governo tentou, sem sucesso, persuadir o Supremo a intervir imediatamente contra um juiz de instância inferior em disputas legais envolvendo ações de Trump na Casa Branca.

A maioria dos juízes observou que o governo não contestou a ordem inicial de Ali, apenas o prazo imposto - que, de qualquer forma, já havia expirado na semana passada.

A votação dividiu a ala conservadora da Corte, composta por seis do total de nove juízes. O presidente do Supremo, John Roberts, e a juíza Amy Coney Barrett, indicada pelo próprio Donald Trump, votaram com os três progressistas para manter a ajuda internacional.

Na divergência, Samuel Alito questionou a autoridade de Amir Ali para ordenar a liberação dos recursos da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e do Departamento de Estado.

"Um único juiz de distrito, que provavelmente não tem jurisdição, tem o poder de forçar o governo dos Estados Unidos a pagar (e provavelmente perder para sempre) US$ 2 bilhões dos contribuintes?", questionou.

"A resposta a essa pergunta deveria ser um sonoro 'Não', mas a maioria deste tribunal aparentemente pensa o contrário. Estou pasmo", disse Alito. Ele foi acompanhado na dissidência pelos conservadores Clarence Thomas, Neil Gorsuch e Brett Kavanaugh.

O governo argumentou que a situação mudou porque substituiu o congelamento total decretado por Donald Trump por ordens individuais, resultando no cancelamento de 5,8 mil contratos da USAID e 4,1 mil concessões do Departamento de Estado, que totalizavam quase US$ 60 bilhões.

Na decisão, contudo, a Suprema Corte manteve a suspensão temporária de Amir Ali e instruiu o juiz a detalhar quais as obrigações devem ser cumpridas pelo governo. Na quinta-feira, Ali realizará uma audiência para decidir se mantém de forma mais duradoura o bloqueio ao decreto de Trump.

Entenda o caso

Logo após voltar à Casa Branca, Donald Trump ordenou o congelamento das contribuições da USAID e do Departamento de Estado a organizações de ajuda internacional. O decreto classificava os programas como desperdício de dinheiro e alegava que estariam desalinhados com os objetivos da política externa.

A ordem foi questionado na Justiça em ação que alertava contra a suspensão do financiamento de programas emergenciais em outros países.

O juiz Amir Ali, nomeado por Joe Biden, determinou no mês passado que o financiamento fosse restabelecido temporariamente. Passadas duas semanas, ele concluiu que o governo não demonstrava intenção de cumprir a ordem e estabeleceu o prazo para a liberação de pagamentos devidos.

O governo recorreu, classificando a ordem de Ali como "extremamente intrusiva e profundamente equivocada", além de protestar contra o prazo imposto para a liberação dos recursos.

O controvertido decreto é parte dos esforços de Donald Trump para cortar gastos do governo federal, em operação liderada pelo homem mais rico do mundo, o bilionário Elon Musk, chefe do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).

Um dos seus objetivos é cortar a ajuda da USAID, que tem programas de saúde e emergência em cerca de 120 países. Trump disse que a agência é "administrada por lunáticos radicais", enquanto seu novo braço direito a descreveu como uma "organização criminosa". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em declaração conjunta publicada nesta quarta-feira, 5, os ministros das Relações Exteriores da França, Alemanha e Reino Unido pediram que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas seja mantido, que todos os reféns sejam libertados e que o fluxo contínuo de ajuda humanitária para a Faixa de Gaza seja garantido.

"Solicitamos a todas as partes que se envolvam de forma construtiva na negociação das fases subsequentes do acordo para ajudar a garantir sua implementação total e o fim permanente das hostilidades. Saudamos os esforços do Egito, do Catar e dos EUA na mediação e na busca de um acordo para a extensão do cessar-fogo".

Os ministros ainda afirmaram que o Hamas deve pôr fim "a seu tratamento degradante e humilhante" e reiteraram a solidariedade com o povo israelense diante dos ataques terroristas cometidos pelo Hamas em 7 de outubro de 2023.