PT mostra dificuldade em renovar lideranças

Política
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Tradicionalmente associado à juventude, o Partido dos Trabalhadores vem enfrentando dificuldades para renovar suas lideranças, na medida em que vê o seu principal líder, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, se aproximar dos 80 anos.

Nas dez maiores capitais, 5,7% dos 35 vereadores eleitos pelo PT no último domingo têm menos de 30 anos. No Partido Liberal (PL) de Jair Bolsonaro a proporção é de 10,6% entre os 47 vereadores eleitos no mesmo número de cidades. Foram consideradas São Paulo, Rio, Fortaleza, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus, Curitiba, Recife e Goiânia.

Levantamento feito pelo Estadão identificou dois petistas dessa "bancada da juventude": Pedro Rousseff (24 anos, de Belo Horizonte), sobrinho da ex-presidente Dilma Rousseff, e Maíra Cunha, conhecida como "Maíra do MST" (29 anos, no Rio).

Os bolsonaristas do PL têm cinco nomes nesse ranking, a começar pelo vereador mais votado do Brasil nas eleições municipais, Lucas Pavanato (26 anos, em São Paulo). Entram nessa lista também Thiago Medina (21 anos, Recife), Bella Carmelo (23 anos, Fortaleza), Zoe Martínez (25 anos, em São Paulo), e Gilson Machado Filho (26 anos, também em Recife).

GERAÇÃO Z. Pedro Rousseff foi o sexto vereador mais votado de sua cidade colando sua imagem à de sua tia. Assim como os demais candidatos da Geração Z, ele conta com bom engajamento nas redes sociais. Ele é seguido por 126 mil seguidores no Instagram, onde entra de cabeça na disputa ideológica, confrontando nomes como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) e Bruno Engler (PL), candidato bolsonarista à Prefeitura de Belo Horizonte. Maíra Cunha, por sua vez, sem um sobrenome de tal peso, foi uma aposta do PT para fortalecer a bancada carioca. Ela teve um investimento de R$ 307 mil do diretório nacional e contou com o apoio público de uma diversidade de personalidades e artistas, como Chico Buarque, Bela Gil, Paulo Betti, Lucélia Santos e José de Abreu, o que alavancou sua candidatura.

O PL, por sua vez, tem um vereador eleito com menos de 30 anos em cada dez eleitos nessas capitais, o dobro da taxa petista. Junto dos votos, eles carregam poderosas bases digitais de fãs. Lucas Pavanato, por exemplo, é seguido por 1,3 milhão de pessoas no Instagram. Zoe Martínez é ainda mais famosa: 1,4 milhão. Os dois ganharam proeminência na militância bolsonarista com ataques à esquerda e um papel atuante na guerra cultural que tem na família Bolsonaro a infantaria.

DESAFIO. A falta de renovação leva o PT a situações desafiadoras. Em Salvador, capital de um Estado profundamente ligado ao PT e que foi considerado primordial para a vitória de Lula em 2022, o PT elegeu só uma vereadora, Marta Rodrigues, de 65 anos. Em Manaus, a bancada municipal petista contará com o solitário Zé Ricardo, de 60 anos. Em Curitiba, o mais votado do PT foi Angelo Vanhoni, de 69 anos. O partido também com um puxador de votos sexagenário em Goiânia: Professor Edward, de 61 anos.

São poucas as capitais como São Paulo, em que o bom desempenho de Luna Zarattini (30 anos, 101 mil votos) foi importante para eleger a bancada. Mas se a juventude da vereadora de segundo mandato oxigena o PT paulistano, a média de idade da bancada continua superior à bolsonarista: 49,8, contra 44,6 do PL.

PREOCUPAÇÃO. O assunto gera preocupação dentro do PT e incomoda dirigentes, que defendem que novos quadros têm surgido e aberto espaço nos parlamentos do País. "O PT não se renova. Não elege novas lideranças': A gente cansou de ouvir isso de analistas políticos. Mas será verdade?", diz Camila Moreno, da executiva nacional do partido, num vídeo publicado na última quinta-feira, antes de mencionar lideranças eleitas no domingo passado, como Luna, Pedro, Tainá De Paula (41 anos, no Rio) e Luiza Dulci (34 anos, em Belo Horizonte). Camila Jara, que disputou a prefeitura de Campo Grande aos 29 anos e terminou em quarto lugar, também é mencionada.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A vice-presidente dos Estados Unidos e candidata democrata à Casa Branca, Kamala Harris, disse que a morte do líder do Hamas Yahya Sinwar representa uma "oportunidade de, finalmente, acabar com a guerra em Gaza" que começou há um ano.

"A justiça foi feita, e os EUA, Israel e o mundo inteiro estão em melhor situação como resultado", disse Harris em Wisconsin.

Ela acrescentou que espera que as famílias das vítimas do Hamas sintam uma sensação de alívio. "Eu direi a qualquer terrorista que matar americanos, ameaçar o povo americano ou ameaçar nossas tropas e nossos interesses, saiba disso: nós sempre os levaremos à justiça".

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, declarou que a guerra na Faixa de Gaza não chega ao fim com o assassinato do líder do Hamas e principal arquiteto do ataque terrorista de 7 de outubro, Yahya Sinwar. "O mal levou um golpe duro, mas a missão que estamos diante ainda não acabou", disse em um discurso nesta quinta-feira, 17, transmitido pela TV israelense.

Netanyahu também se dirigiu aos membros restantes do Hamas para pedir que se rendam e entreguem os reféns levados de Israel para a Faixa de Gaza no 7 de outubro. De acordo com as autoridades, 101 pessoas continuam presas no enclave. "Para aqueles que estão com os sequestrados: liberte-os e nós deixaremos vocês vivos", declarou.

O discurso do premiê aconteceu cerca de uma hora depois do Exército de Israel confirmar a morte de Sinwar em uma operação no sul de Gaza nesta quinta. Netanyahu disse que o resgate dos reféns é uma obrigação e que o assassinato do líder do Hamas marca um momento importante da guerra. "É um marco importante na queda do governo do Hamas em Gaza", disse.

A morte de Sinwar causou ansiedade entre os parentes dos reféns. Ao jornal israelense Hareetz, uma família considerou a morte um "acontecimento sensível" que exige a negociação de acordos para a libertação dos reféns o quanto antes. "Os objetivos definidos para a guerra com Gaza foram alcançados. Todos, exceto a libertação dos reféns", disse Ronen Neutra, pai de um refém israelense-americano, ao jornal.

"Sinwar foi descrito como um grande obstáculo para um acordo e não está mais vivo. É importante que toda a atenção esteja focada agora em atingir o objetivo do acordo que garantiria a libertação do nosso filho e do resto dos reféns", acrescentou.

Na Faixa de Gaza, a notícia da morte do líder do Hamas também despertou a expectativa do fim da guerra entre os civis.

Após a confirmação da morte, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, conversou com o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Adbulrahman Al Thani, um dos principais mediadores na guerra, para discutir como agir para "acabar com a guerra na Faixa de Gaza e reduzir a escalada no Líbano", segundo um comunicado de Doha.

O Catar tem sido um grande mediador nas negociações sobre um cessar-fogo com o Hamas, que mantém um escritório político em Doha.

Mais cedo, o presidente de Israel, Isaac Herzog, saudou o Exército israelense após a morte do terrorista do Hamas. "Sinwar, o arquiteto do ataque mortal de 7 de Outubro, foi durante anos responsável por atos hediondos de terrorismo contra civis israelenses, cidadãos de outros países, e pelo assassinato de milhares de pessoas inocentes."

"Agora, mais do que nunca, devemos agir de todas as maneiras possíveis para trazer de volta os 101 reféns que ainda estão sendo mantidos em condições horríveis por terroristas do Hamas em Gaza", acrescentou Herzog em um comunicado.

A operação militar israelense em Gaza que matou Sinwar começou após um ataque aéreo israelense, que matou pelo menos 28 pessoas em uma escola, segundo o ministério da Saúde de Gaza. Fares Abu Hamza, chefe da unidade de emergência local do Ministério da Saúde de Gaza, confirmou o número de vítimas do ataque e disse que dezenas de pessoas ficaram feridas. Segundo o oficial, o Hospital Kamal Adwan, nas proximidades, estava lutando para tratar as vítimas. "Muitas mulheres e crianças estão em estado crítico", disse ele.

A Coreia do Norte confirmou nesta quinta-feira, 17, que sua constituição recentemente revisada define pela primeira vez a Coreia do Sul como sendo "um Estado hostil". A divulgação da mudança aconteceu dois dias após explodir trechos de estradas e ferrovias que conectavam o país ao Sul.

Esses acontecimentos indicam que a Coreia do Norte está determinada a aumentar as animosidades contra a Coreia do Sul e o risco de possíveis confrontos nas áreas tensas da fronteira, embora seja improvável que o Norte lance ataques em grande escala, dada a superioridade das forças dos EUA e da Coreia do Sul.

A Agência Central de Notícias da Coreia do Norte (KCNA, na sigla em inglês) afirmou que a recente demolição de partes das seções norte das estradas e ferrovias intercoreanas foi "uma medida inevitável e legítima em conformidade com a constituição da Coreia do Norte, que define claramente a Coreia do Sul como um estado hostil".

"Ato antiunificação e antinacional"

O Ministério da Unificação da Coreia do Sul condenou a referência da Coreia do Norte à Coreia do Sul como um estado hostil em sua constituição, chamando isso de "um ato antiunificação e antinacional". O governo sul-coreano afirmou que responderá firmemente a qualquer provocação e continuará a buscar a unificação pacífica com base nos princípios de liberdade e democracia.

O parlamento da Coreia do Norte se reuniu por dois dias na semana passada para reescrever a constituição, mas a mídia estatal não havia fornecido muitos detalhes sobre a sessão. O líder Kim Jong Un já havia solicitado a mudança constitucional para designar a Coreia do Sul como o principal inimigo do país, removendo o objetivo de uma unificação pacífica da península coreana e redefinindo a soberania e território da Coreia do Norte.

Alguns especialistas dizem que Kim provavelmente está tentando se proteger contra a influência cultural da Coreia do Sul e fortalecer o regime dinástico de sua família. Outros acreditam que Kim quer criar espaço legal para usar suas armas nucleares contra a Coreia do Sul, tratando-a como um Estado inimigo estrangeiro, e não como um parceiro em potencial para a unificação.