'Vermiglio' opta pela ternura, com desfecho tocante

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A exibição do filme Vermiglio, de Maura Delpero, no sábado, dentro da Mostra de Cinema de São Paulo, foi um acontecimento na Cinemateca. Filas enormes para encher a sala maior, que foi montada no espaço aberto, todos interessados em ver o que seria esse tal de Vermiglio, nome de um paese alpino, situado no Alto Trentino. Lá se desenrola um drama familiar ambientado no final da 2ª Guerra. O pater famílias (Tommaso Ragno, genial) é o mestre-escola local, pai de sete filhos e filhas, uma figura eminente na pequena comunidade.

A história caminha aos poucos, nos ambientando nas relações familiares, que comportam filhos e filhas de idades muito diferentes entre si. A diretora Maura Delpero opta por uma câmera de observação que, sem pressa, vai nos introduzindo na intimidade daquela família e da pequena comunidade, esboçando personagens, relações entre elas, rivalidades, hábitos, etc. Quase documental, às vezes.

O drama central envolve um enlace aparentemente feliz - o de uma das filhas, Lúcia, e Pietro, um desertor siciliano que chega por lá, transtornando um pouco a quietude do povoado. A união sofre uma interrupção que parece temporária, quando Pietro precisa viajar à Sicília e deixa a mulher, grávida, em Vermiglio.

Achei o desfecho (que não agradou a muita gente, mulheres em geral) tocante. Envolve a questão da maternidade. Me pareceu o exato contrário do impiedoso Banho do Diabo (Áustria), que parece pesado como uma carga de chumbo. Vermiglio, pelo contrário, não facilita nada, mas opta pela ternura. Acena com um raiozinho de sol, aquele mesmo que os produtores de Fellini imploravam ao mestre para o desfecho de suas obras. Maura Delpero não nos deixa sem um tanto de calor humano como despedida.

Vermiglio ganhou o Grande Prêmio do Júri (Leão de Prata) no Festival de Veneza e é indicado pela Itália para disputar uma das vagas no Oscar de filme internacional.

DOCUMENTÁRIO

Dahomey, de Mati Diop, é um documentário muito rigoroso, sem perder jamais a veia inventiva. Em novembro de 2021, 26 relíquias do Reino do Daomé deixam Paris e são devolvidas ao seu país de origem, a atual República do Benin.

O filme segue o percurso das obras sendo cuidadosamente embaladas na França, até chegarem ao destino final, quando são instaladas num espaço próprio e devolvidas ao seu povo de origem. O significado dessa devolução é evidente num tempo em que se questionam, cada vez mais, os resquícios do colonialismo predador, sobretudo dos países europeus sobre as antigas colônias africanas.

O curioso do filme é "dar voz" às próprias obras, que comentam sua volta ao país e sua cultura de origem. No limite, será o seu diferencial.

Mas também curiosa - e eficiente - é a discussão do significado dessa devolução por um grupo de jovens universitários do Benin. Todos e todas parecem bem equipados para a discussão. E a discordância torna-se a tônica da conversa.

Muitos acham que a devolução tem apenas um caráter simbólico e é irrisória - das, calcula-se, cerca de 7 mil obras sequestradas ao longo do período de colonização, apenas 26 estavam regressando à terra de origem.

Outros entendem que esse simbolismo não deixa de ter sua importância, uma espécie de primeiro passo de reconhecimento do crime colonial.

Mas há quem destaque que tudo é apenas um gesto político de Emmanuel Macron, o presidente francês, para se passar por homem civilizado num momento de instabilidade política na França.

Enfim, há o debate de sempre entre os que tudo querem de imediato e os que ressaltam a importância de dar os primeiros passos de um processo que, sim, será longo e pouco linear.

Também é interessante que esses estudantes da Universidade de Abomey-Calavi discutam o tema em francês, idioma imposto pelo antigo colonizador, o mesmo que está devolvendo essa pequena parcela de obras roubadas. "Fomos sequestrados até mesmo em nossas línguas de origem; falo em francês, mas não sou francesa", diz uma moça a quem a contradição não escapa.

E o que teriam as próprias obras a dizer sobre assunto tão controverso? É bom ouvir o que elas têm a dizer.

Dahomey venceu o Urso de Ouro, prêmio principal do Festival de Berlim.

PRÓXIMAS SESSÕES:

Vermiglio

5ª (24), às 19h50

Cinesystem Frei Caneca 2

Dahomey

5ª (24), às 17h

Cinesystem Frei Caneca 3

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A Polícia Civil do Paraná está investigando a causa do acidente no domingo que matou nove pessoas na BR-376, em Guaratuba, incluindo sete atletas adolescentes do Projeto Remar para o Futuro. Também morreram o treinador da equipe e o motorista da van, atingida por uma carreta.

Entre as hipóteses levantadas inicialmente pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) está a de falha nos freios da carreta. O motorista do caminhão, de 30 anos, deve ser indiciado por homicídio culposo (não intencional). A defesa dele não foi encontrada pela reportagem.

A colisão, de acordo com a Polícia Rodoviária Federal do Paraná, foi registrada por volta das 21h40 de domingo, no sentido sul, no km 665. O veículo saiu de São Paulo com destino a Pelotas, no Rio Grande do Sul, em viagem fretada. Os jovens haviam participado do Campeonato Brasileiro Unificado, disputado na raia olímpica da Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista.

Conforme a PRF, a carreta, dirigida por um homem de 30 anos, que se feriu levemente, teria perdido os freios, colidindo na traseira da van. O veículo foi projetado à frente, batendo na traseira do automóvel conduzido por um homem que estava sozinho e não se feriu. Em seguida, no entanto, a van rodou e a carreta a arrastou para fora da pista, tombando sobre o veículo que levava os atletas.

A Força Aérea Brasileira (FAB) ficou responsável pelo transporte das urnas funerárias das vítimas do acidente. De acordo com a prefeitura de Pelotas, o velório será coletivo no Clube Centro Português 1.º de Dezembro e deveria ter início ainda ontem e prosseguir hoje.

DOR

Mas as famílias já vivem o luto. "Eu ainda não consigo acreditar, mas tenho a sensação de que você vai voltar, voltar bem, com luz e com felicidade. Meu campeão conseguiu o primeiro ouro no esporte", escreveu a jovem Brenda Freitas, de 18 anos, namorada do atleta de remo Henry da Fontoura Guimarães, de 15 anos, uma das nove vítimas.

Brenda publicou em sua página no Instagram um relato apaixonado, em que diz que Henry "foi e sempre será" o amor da sua vida. "Meu primeiro namorado", escreveu a jovem. "Uma das pessoas mais fortes que conheci, passava por coisas horríveis e guardava tudo para si, mas sempre com um sorriso no rosto e agitando todo mundo."

Ainda no domingo, uma publicação feita por meio da academia de remo Tissot destacou a participação dos atletas na competição na USP, com medalhas conquistadas, assim como uma mensagem de agradecimento a todos que participaram desta jornada.

"Um cenário de incertezas com uma única convicção: nossos jovens estavam prontos para esse grande desafio. A gratidão é imensa a todos que fazem parte da nossa família e contribuem nesse processo duro, que não mede esforços para vencer as adversidades para fazer esporte de base no nosso projeto."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A capital paulista deve ter pancadas de chuva ao longo de toda esta quarta-feira, 23, com potencial de temporal ao longo da tarde e noite, segundo previsão da empresa Climatempo. Há alerta para riscos de alagamentos e queda de árvores tanto nesta quarta-feira, quanto na quinta-feira, 24, quando os ventos devem se intensificar, com rajadas frequentes de 40 a 60 km/h, devido à formação de um ciclone extratropical entre o Uruguai e ao largo da costa do Rio Grande do Sul.

"Apesar deste sistema (ciclone) se formar longe de São Paulo, isso irá gerar forte gradiente de pressão que irá acelerar os ventos" na parte noroeste da Grande São Paulo, diz a Climatempo. "Há alto risco de transtornos, tanto para alagamentos como também para queda de árvores, que possa impactar o fornecimento de energia".

O mesmo alerta em relação a alagamentos e queda de árvores é feito também pelo Centro de Gerenciamento de Emergências Climáticas (CGE) da Prefeitura de São Paulo.

"No decorrer da tarde, a propagação de áreas de instabilidade deve provocar pancadas de chuva de moderada a forte intensidade, com raios e rajadas localizadas de vento, o que eleva o potencial para formação de alagamentos e queda de árvores", continua o órgão.

O dia será abafado, com máximas que podem superar os 28°C e índices de umidade atingindo valores próximos aos 45%, acrescenta a previsão do CGE.

"Não teremos um dia de tempo completamente fechado. O sol aparece, mas as primeiras pancadas de chuva já podem ocorrer no período da manhã e vão e voltam no decorrer do dia", informa.

Próximos dias

Ainda de acordo com o CGE, os próximos dias devem apresentar sol e temperaturas em elevação, porém com chuvas na forma de pancadas principalmente no fim das tardes.

A quinta-feira deve começar com muita nebulosidade e chuvas isoladas durante a madrugada, mas o sol retorna entre nuvens e favorece a elevação das temperaturas no decorrer do dia. Os termômetros devem variar entre mínimas de 20°C e máximas que podem chegar aos 27°C. No fim da tarde, as chuvas retornam na forma de pancadas isoladas.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou a medida provisória 1.268, que abre novo crédito extraordinário de R$ 938,5 milhões para ações no âmbito da emergência climática declarada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Os valores não entram no cômputo da meta de resultado primário do governo neste ano.

A maior parte dos recursos será usada pelo Ministério da Pesca e Aquicultura, com R$ 418 milhões para o pagamento do Auxílio Extraordinário a Pescadores Artesanais da Região Norte. No começo do mês, a MP que criou o benefício em parcela única de R$ 2.824 previa que as despesas do Auxílio correriam "à conta das dotações consignadas ao Ministério da Pesca e da Aquicultura, observadas as disponibilidades orçamentárias e financeiras".

Outros R$ 238 milhões serão destinados ao Ministério da Saúde para ações de assistência de saúde e farmacêutica na Amazônia Legal, incluindo atendimento a aldeias indígenas. Na sequência, o Ministério da Integração Nacional terá R$ 143 milhões para ações de proteção e defesa civil na região.

Também serão destinados R$ 75 milhões ao Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social. O Ministério do Meio Ambiente receberá R$ 36,7 milhões para ações de fiscalização e combate a incêndios. Já o Ministério da Justiça e Segurança Pública terá R$ 25,9 milhões para ações no Centro-Oeste e na Amazônia Legal, incluindo a atuação da Força Nacional.