Em 'Pimpinero' diretor busca novo western, 'mas com sotaque latino'

Variedades
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O cineasta colombiano Andrés Baiz estava gravando a série Narcos, no norte da Colômbia, quando levou um susto: uma fila enorme com vários carros do modelo Renault 18 passou na frente do diretor, em alta velocidade. Essa cena - "carregada de adrenalina e muito cinematográfica", diz ele - foi o bastante para brotar a ideia de Pimpinero: Sangue e Óleo, filme colombiano já disponível no Prime Vídeo.

 

"Logo me disseram que era a 'caravana da morte': contrabandistas de gasolina camicases que não param por nada e que trazem gasolina da Venezuela para a Colômbia", diz Baiz ao Estadão. "O ofício do contrabandista de gasolina me pareceu fascinante por ser arriscado e perigoso. Então decidi fazer uma investigação mais profunda sobre o tema."

 

Como resultado, a trama de Pimpinero segue Juan (Alejandro Speitzer), o mais jovem de três irmãos no mundo do contrabando de gasolina. Forçado a trabalhar para um rival no setor, ele desencadeia uma série de eventos trágicos que ameaçam desestabilizar não apenas sua vida, mas a de todos ao seu redor. Já Diana (Laura Osma), namorada de Juan, inicia uma jornada perigosa em busca da verdade, determinada a desvendar os segredos e as injustiças ocultas por trás do contrabando.

 

É, assim, uma grande produção colombiana - que a imprensa do país considera uma das maiores ousadias do cinema colombiano. "É um neo-western, um filme de ação, uma história de amor e um thriller de vingança, tudo ao mesmo tempo", resume Andrés. É difícil assistir ao longa, que fez sua estreia mundial no Festival Internacional de Cinema de Toronto em 2024, e não pensar em Mad Max. Corridas no deserto, carros que não desaceleram, a vida em função de uma perseguição que parece não ter um final.

 

Imprevisível

 

"É um filme imprevisível", diz Juanes, que vive Moisés, o irmão mais velho de Juan. Para ele - que hoje também é um dos maiores nomes da música na Colômbia -, Pimpinero passa longe de ser apenas um filme sobre contrabando de gasolina. "Ele também aborda outros aspectos das pessoas retratadas. Reflete uma parte da nossa realidade." É o mesmo ponto que atraiu a jovem atriz Laura Osma, experiente na TV colombiana, mas ainda com poucos créditos no cinema. "Acho um filme extremamente humano, que toca em questões morais, políticas, amor, romance, tristeza", diz ela, intérprete de Diana.

 

Quando questionados sobre o maior desafio de Pimpinero, os dois disseram a mesma coisa: o mergulho no cinema de ação. A América Latina, incluindo o Brasil, não tem costume de produzir filmes do gênero - neste ano, talvez apenas o ótimo Bandida: A Número Um tenha se aproximado disso.

 

"Tivemos de imergir naquele deserto, viver tudo aquilo. Foram muitos dias em que terminávamos com areia até no cabelo, nos ouvidos. Eu tive de aprender a dirigir moto, carro, manusear arma", diz ele.

 

Para o diretor Andrés Baiz, a história é uma boa oportunidade de desenvolver mais o gênero, mas com um sotaque latino. "Para fazer um bom cinema de ação, é necessário ter uma equipe talentosa e um orçamento que permita fazer as coisas bem", diz. "Espero que Pimpinero ajude a consolidar esse tipo de cinema, robusto e vigoroso. O importante é não cair na imitação de Hollywood; precisamos encontrar nossa linguagem, nossa identidade no gênero. É um filme ambicioso, com grandes sequências de ação, mas que é muito nosso, muito latino, e me orgulho disso."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O Ministério da Saúde notificou a empresa GlobalX, fornecedora de canetas reutilizáveis de aplicação de insulina usadas no cuidado de pacientes com diabetes no Sistema Único de Saúde (SUS), após constatar defeitos em milhares de unidades.

As falhas foram comunicadas ao ministério em uma carta com dados de secretarias de Saúde de Estados e municípios de todo o País, conforme informou a Coluna do Estadão em setembro.

De acordo com o documento, 23 secretarias estaduais relataram "quebras ou falhas" das canetas reutilizáveis e sete Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde disseram usar seringas para aplicar insulina como alternativa à "indisponibilidade ou falha dos aplicadores".

Também em setembro, o Tribunal de Contas da União (TCU) alertou o ministério sobre uma falha de transparência na licitação de R$ 570 milhões para a compra das canetas. Os ministros consideraram que a falha não foi da empresa, mas de um servidor do governo, na decisão de assinar o contrato em dólar. O TCU decidiu alertar o ministério para que o episódio não se repita e não haverá punições.

Falhas

O ministério afirma que "notificou a fornecedora sobre dispositivos que apresentaram defeitos e a empresa prontamente encaminhou uma remessa de 42 mil unidades para reposição nos estoques". Segundo a pasta, o montante representa 1,41% das canetas distribuídas em todo o País.

Em nota, a Globalx afirma que substituiu todas as unidades com defeitos. "A empresa ainda doou, sem custo extra aos cofres públicos, mais 1,4 milhão de canetas além do originalmente previsto em edital", diz.

"Para contemplar as necessidades do mercado brasileiro e sensível às notificações feitas pelo Ministério da Saúde, a GlobalX mantém contato permanente com a pasta para promover adequações no dispositivo - algo que já está em curso", acrescenta a empresa.

Desabastecimento

Na carta ao ministério, as secretarias de Saúde apontaram também o risco de desabastecimento das canetas de insulina.

"O quantitativo de canetas reutilizáveis enviado pelo Ministério da Saúde é considerado insuficiente pela maioria das SES (Secretarias Estaduais de Saúde) e Cosems (Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde)", afirma o documento, acrescentando: "Algumas Secretarias Estaduais de Saúde não conseguem atender sequer 30% dos usuários".

Segundo o ministério, até o mês de setembro, mais de 2,9 milhões de canetas reutilizáveis foram entregues aos Estados e uma nova remessa com 494 mil unidades está prevista para ser entregue ainda em outubro.

O número de casos confirmados de intoxicação por metanol no Brasil subiu de 32 na última segunda-feira, 13, para 41 nesta quarta-feira, 15, de acordo com o boletim do Ministério da Saúde.

As mortes por intoxicação pela substância no País subiram de cinco para oito, informou o boletim. Duas novas mortes foram registradas em Pernambuco e uma em São Paulo. Com isso, o Estado paulista chegou a seis óbitos por intoxicação por metanol.

Outras 10 mortes continuam em investigação, sendo quatro em São Paulo, três em Pernambuco, uma em Mato Grosso do Sul, uma na Paraíba e uma no Paraná.

Em relação aos casos, o ministério informou que ainda existem 107 em investigação. Outras 489 notificações foram descartadas.

São Paulo concentra 60,81% das notificações, com 33 casos confirmados e 57 sendo investigados.

Até o boletim anterior, havia confirmações da intoxicação por metanol em São Paulo, no Paraná e no Rio Grande do Sul. No boletim divulgado nesta quarta-feira, foi incluso o estado de Pernambuco - além das duas mortes já citadas, o Estado tem 3 casos de intoxicação confirmados e 31 em investigação.

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) anunciou na tarde desta quarta-feira, 15, que "adotará as medidas jurídicas cabíveis" contra a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de anular a condenação de Francisco Mairlon Barros Aguiar, sentenciado a 47 anos de prisão por homicídio qualificado e furto qualificado no caso conhecido como Crime da 113 Sul.

O MPDFT questiona os argumentos dos ministros da Corte de que Mairlon teria sido coagido em depoimento a assumir participação no crime na fase de investigação do caso. De acordo com o ministério público, "não foi constatada qualquer violação à integridade física ou psicológica do investigado pelos agentes públicos responsáveis pela condução do procedimento".

"A confissão extrajudicial do acusado Francisco Mairlon foi integralmente registrada em áudio e vídeo, com acompanhamento de profissional regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), garantindo o pleno exercício do direito à ampla defesa", diz o MPDFT.

O MPDFT diz que aguardará a publicação do acórdão referente à decisão para adotar as medidas cabíveis. De acordo com o órgão, a decisão do STJ não trata do mérito da acusação e a análise meritória, "de fato, ocorreu em um julgamento solene em que acusação e defesa tiveram igualdade de oportunidades para apresentar suas razões".

"Ao final desse rito legal e após aprofundada análise das provas, a decisão soberana dos jurados, em todas as oportunidades, foi pela condenação dos réus, em plena conformidade com a Constituição Federal", diz.

Entenda o caso

Francisco Mairlon Barros Aguiar deixou o presídio da Papuda na madrugada desta quarta-feira, após ficar 15 anos preso. Em 2013, ele foi condenado pelo Tribunal do Júri a 55 anos de prisão por participação no crime que ficou conhecido como 113 da Sul. A pena foi reduzida para 47 anos na segunda instância. A soltura ocorreu por determinação do STJ, que na terça-feira, 14, anulou a condenação por conta de irregularidades no processo.

O STJ classificou a condenação de Mairlon como um "erro judiciário gravíssimo". Para o relator do recurso, ministro Sebastião Reis Júnior, a decisão que levou Mairlon a ser julgado pelo Tribunal do Júri em 2013 revela que o acusado foi julgado apenas com base na confissão apresentada pela polícia e no relato dos corréus, sem que o juízo tenha aliado a esses elementos qualquer outro decorrente da ampla investigação instaurada para apurar os crimes.

Na avaliação de Reis Junior, houve violação dos princípios da presunção de inocência e do devido processo legal, o que justifica a aplicação de entendimento firmado pelo STJ em 2022, segundo o qual não é possível submeter o acusado a julgamento pelo júri com base apenas em elementos de convicção da fase extrajudicial.