Prêmio Oceanos 2024: Micheliny Verunschk e Nuno Júdice são os vencedores

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Os dois vencedores do Prêmio Oceanos 2024 foram anunciados nesta quinta-feira, 5, na Sala Itaú Cultural, em São Paulo, em cerimônia que foi aberta público e teve transmissão ao vivo pela internet.

Na categoria prosa, o ganhador foi Caminhando com os Mortos (Ed. Companhia das Letras), de Micheliny Verunschk. Trata-se de um romance sobre as consequências perversas da intolerância e da doutrinação religiosa. A escritora pernambucana de 52 anos já havia vencido o Oceanos em 2022 com O Som do Rugido da Onça (Ed. Companhia das Letras), livro que também ganhou o Prêmio Jabuti naquele ano.

Na categoria poesia, o vencedor foi Uma Colheita de Silêncios (Ed. Dom Quixote), em prêmio póstumo para Nuno Júdice (1949-2024), um dos mais importantes poetas e ensaístas portugueses. A última obra do autor expressa a melancolia frente à passagem do tempo e a ternura em relação à memória. O escritor morreu após o livro ter sido inscrito no Oceanos e distribuído entre os jurados para avaliação.

O valor da premiação é de R$ 300 mil, divididos entre os vencedores - R$ 150 mil para cada um. Outros autores brasileiros estavam entre os finalistas: Airton Souza, João Silvério Trevisan, Juliana Krapp e Rodrigo Lobo Damasceno.

O Prêmio Oceanos é considerado um dos prêmios literários mais importantes entre os países de língua portuguesa, a par do Prêmio Jabuti ou Prêmio Camões. Este foi o segundo ano em que a honraria foi dividida em prosa e poesia. Antes, o Oceanos, que é organizado pela Associação Oceanos e pelo Itaú Cultural, não fazia distinção de gênero.

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O dirigente do Banco Central Europeu e presidente do BC da Alemanha, Joachim Nagel, afirmou nesta quinta-feira, que os países da União Europeia precisam investir mais de 1,2 bilhão de euros, anualmente, no período entre 2021 até 2030 para atingir a meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em pelo menos 55% até 2030.

Isto representa quase 8% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo dirigente, que citou dados da Comissão Europeia em apresentação realizada na Adam Smith Business School da Universidade de Glasgow nesta quinta-feira. O dirigente não abordou temas relacionados à política monetária da zona do euro.

Para Nagel, o setor privado deve assumir a maior parte desses investimentos. O dirigente citou que os bancos podem desempenhar um papel maior no financiamento da transição climática do que é comumente antecipado.

"A principal razão para essa conclusão é que uma parcela substancial dos investimentos climáticos recai sobre as famílias", pontuou. As famílias precisam tornar suas casas mais eficientes em termos de energia e substituir sistemas de aquecimento movidos a combustíveis fósseis por alternativas neutras em gases de efeito estufa, salientou Nagel.

"E as famílias simplesmente não têm muitas alternativas viáveis aos empréstimos bancários", observou.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu os estudos para a exploração de petróleo na Margem Equatorial e disse que "ninguém pode proibir" as pesquisas para avaliar as riquezas naturais na região. Lula reforçou, porém, que o governo "não vai fazer nenhuma loucura ambiental", mas que essa é "apenas uma questão de bom senso".

"Eu sou favorável e sonho que um dia a gente não precise de combustível fóssil. Acho que um dia não vamos precisar. Mas esse dia está longe ainda. A humanidade vai precisar muito tempo. Estou falando porque tem gente que fala que não pode pesquisar a margem equatorial para saber se a gente tem petróleo. Primeiro, ninguém tem mais responsabilidade climática do que eu. Eu quero preservar, mas não posso deixar uma riqueza que a gente não sabe se tem e quanto é a 2 mil metros de profundidade enquanto a Guiana e o Suriname estão ficando ricos às custas do petróleo que tem a 50km de nós", declarou.

Lula disse que o ministro da Casa Civil, Rui Costa, tem a incumbência de "acertar com o Ibama". "A Petrobras é a empresa com mais tecnologia do mundo de prospecção de petróleo em águas profundas. Não quero estragar um metro de coisas aqui. Mas ninguém pode proibir a gente de pesquisar para saber o tamanho da riqueza que a gente tem", declarou, já próximo ao fim de seu discurso em cerimônia de entrega de terras da União para o Amapá, ao lado de ministros e políticos do Estado, como o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).

"A gente não vai fazer nenhuma loucura ambiental, mas a gente tem que estudar e assumir compromisso de sermos responsáveis e cuidar com carinho. Não queremos poluir um milímetro de água, mas ninguém pode proibir e deixar o Amapá pobre se tiver petróleo aqui no Amapá. É apenas uma questão de bom senso", completou.

Lula minimizou eventuais críticas que outros países podem fazer sobre o assunto. A exploração de petróleo da Margem Equatorial é vista com cautela por causa de possíveis prejuízos ambientais que ela pode causar.

"Tem gente que fala: Presidente, vai ter a COP aqui, vai ser muito ruim. Vê se os EUA estão preocupados, se a França, Alemanha, Inglaterra estão preocupados. Não, eles exploram o quanto puder. É a Inglaterra que está na Guiana. É a França que está no Suriname. Só nós que vamos comer pão com água? Não. A gente também gosta de pão com mortadela", declarou.

Apontado como um dos mandantes da morte do delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), Emilio Gongorra Castilho, também conhecido como João Cigarreira ou Bil, é um dos traficantes da facção criminosa. A Polícia Civil realiza uma operação nesta quinta-feira, 13, para prendê-lo. A reportagem tenta contato com a defesa.

Até as 11 horas, ele ainda não havia sido encontrado. A polícia ouvia o depoimento de parentes e pessoas ligadas ao traficante. As buscas foram realizadas em diversos endereços, dentre eles um galpão de propriedade de Castilho. No local, a polícia atua com o auxílio de cães farejadores.

Segundo apurado pelo Estadão, Castilho também seria o elo entre o PCC e a facção Comando Vermelho, oriunda do Rio de Janeiro. Durante o planejamento do assassinato, a suspeita é de que ele recebeu auxílio de Diego Amaral, vulgo Didi, também integrante da facção e procurado pela polícia. A reportagem também tenta contato com a defesa de Amaral.

O crime teria sido motivado pelo fato de Gritzbach estar solto e ter revelado às autoridades nomes de faccionados, além dos esquemas de lavagem de dinheiro do PCC com empresas.

Na delação ao Ministério Público, o empresário forneceu informações sobre as operações da facção e também denunciou policiais de dois departamentos de Polícia Civil e duas delegacias da cidade de São Paulo. Ele relatou como inquéritos foram suspostamente manipulados por policiais para livrar integrantes do PCC da acusação de crimes, mediante pagamento de propinas em dinheiro e até mesmo com a transferência da propriedade de imóveis.

O Estadão já havia revelado que Cigarreiro e Ademir Pereira de Andrade, outro traficante do PCC, seriam os supostos responsáveis por contratar os PMs para matar o delator. A facção teria oferecido R$ 3 milhões pela morte do empresário.

Desde novembro, quando o empresário foi morto, 26 suspeitos foram presos. Dentre eles, 17 policiais militares, cinco policiais civis e quatro pessoas suspeitas de relação com Kaue Amaral Coelho, apontado como "olheiro" dos assassinos no dia da execução. Ele ainda está foragido e a Secretaria da Segurança Pública oferece R$ 50 mil por informações sobre ele.

Investigação sobre lavagem de dinheiro do PCC

Antonio Vinicius Lopes Gritzbach estava no centro de uma das maiores investigações feitas até hoje sobre a lavagem de dinheiro do PCC em São Paulo, envolvendo os negócios da facção na região do Tatuapé, zona leste paulistana.

Sua trajetória está associada à chegada do dinheiro do tráfico internacional de drogas ao PCC. Ele fechara acordo de delação premiada em abril do ano passado. Em reação, a facção pôs um prêmio de R$ 3 milhões pela sua cabeça.

Gritzbach era um jovem corretor de imóveis da construtora Porte Engenharia quando conheceu o grupo de traficantes de drogas de Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta. Vinícius Gritzbach foi demitido pela empresa em 2018.

Foi a acusação de ter mandado matar Cara Preta, em 2021, que motivou a primeira sentença de morte contra ele, decretada pela facção.

Para a polícia, Gritzbach havia sido responsável por desfalque em Cara Preta de R$ 100 milhões em criptomoedas e, quando se viu cobrado pelo traficante, decidira matá-lo. O empresário teria contratado Noé Alves Schaum para matar o traficante.

O crime foi em 27 de dezembro de 2021. Além de Cara Preta, o atirador matou Antonio Corona Neto, o Sem Sangue, segurança do traficante. Conforme as investigações, Schaum foi capturado pelo PCC em janeiro de 2022, julgado pelo tribunal do crime e esquartejado por um criminoso conhecido como Klaus Barbie, referência ao oficial nazista que atuou na França ocupada na 2ª Guerra, onde se tornou o Carniceiro de Lyon.