Caetano Veloso impõe silêncio para 'Transa' em segundo dia do Festival de Verão

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Transa no Festival de Verão de Salvador poderia ter sido o show no lugar certo - afinal, Caetano Veloso criou o lendário disco depois de uma rápida visita à Bahia durante seu exilio em Londres -, mas no horário errado.

 

Caetano entrou no palco do Festival por volta das 0h30. Logo após o apoteótico show de Leo Santana, o rei do pagodão baiano.

 

O disco Transa é oposto do clima de festa de Santana. É introspectivo, nostálgico e roça na melancolia.

 

Mas Caetano é Caetano. Sobretudo na sua Bahia. Impôs o 'silêncio' necessário para que o festival ouvisse músicas como You don't know me, Maria Bethânia e It's a long way. Todas as músicas do roteiro foram cantadas pelo público. Até mesmo The Empty Boat, que nem de Transa é.

 

Caetano seguiu à risca o roteiro que havia apresentado no Rio de Janeiro e em São Paulo. Resistiu à tentação de incluir qualquer um de seus sucessos para agradar um público de um festival que, no mesmo dia, assistiu a apresentações de Glória Groove e Thiaguinho.

 

Embora seja simbólico ver Caetano relembrar Transa. Também pela presença de músicos que tocaram na gravação do LP em 1972, Jards Macalé, Tutty Moreno e Aureo de Souza - o baixista Moacyr Albuquerque morreu em 2020.

 

No entanto, o show Transa, que Caetano havia jurado que não faria mais - ele foi concebido para uma única apresentação no festival Doce Maravilha, em 2023 - parece não agradar ou alegrar tanto Caetano. Por isso, exita em transformá-lo em turnê. Caetano tem lá suas razões.

 

Gloria Groove acerta em show focado na música e vozeirão de Péricles

 

Segunda atração do último dia do Festival de Verão de Salvador, a cantora Glória Groove deixou de lado certa megalomania de cenários e adereços como fez no show que apresentou no The Town, em setembro de 2023.

 

Sem tantas distrações - para ela e para o público - sua música pop turbinada pelo funk se sobressaiu, sobretudo por contar com o apoio de uma banda bem entrosada. A cantora viu a plateia cantar músicas como Leilão , Vermelho e A Queda.

 

Com o cantor Péricles, seu convidado, cantou uma versão de Overjoyed, de Stevie Wonder, em dueto já feito anteriormente para a televisão. Péricles, exímio - e inteligente - cantor mostrou que maneja muito bem seu vozeirão em diferentes gêneros.

 

Em momento afetivo para ambos, Anjo, do repertório do grupo Roupa Nova, foi outra que uniu as vozes de Glória e Péricles.

 

Deu liga. Quando o show terminou, o público ficou pedindo mais.

 

Thiaguinho levou seu pagode e abriu espaço para o samba de Maria Rita

 

Estourado no mercado por conta de seu projeto Tardezinha, que vem lotando estádios pelo país, Thiaguinho, enfim, fez sua estreia como atração do Festival de Verão.

 

Pisando em solo do pagodão baiano, o cantor se sentiu seguro em repertório de sucessos, como Ousadia e Alegria, Falta Você, Buquê de Flores e Poderosa.

 

Ao chamar Maria Rita ao palco, repetindo versão pagodeada da valsa Fascinação que gravaram juntos para no projeto Meu Nome é Thiago André, eles trocaram afinidades e elogios.

 

Depois, abriram espaço para o samba em canções como Cara Valente, Vou Festejar e Conselho.

 

Lulu Santos exalta parceria com Grabriel , O Pensador: "Demorou para achar alguém que realmente compensasse"

 

Pela quarta vez no Festival, Lulu brincou que já é destino e não acidente ser chamado para o evento.

 

O cantor e compositor não costuma ter problema para empolgar o público, já que tem uma lista se hits.

 

Cantou todos eles. Não tinha como errar: O Ultimo Romântico, Assim Caminha a Humanidade e Tudo Azul.

 

Quem trouxe alguma novidade foi Gabriel, O Pensador, seu convidado.

 

"Demorou para eu encontrar uma parceria artística que realmente compensa", disse Lulu.

 

Pensador mostrou Maresia 2 , música que lançou recentemente com participação do rappper Xamã e de Lulu. O índio agora é um cacique e a letra aborda questões como a polarização do País, a violência, a demarcação de terras indígenas e a canabis medicinal.

 

Ao cantar Lua de Mel, Lulu mudou a letra pra homenagear a amiga para quem deu alguns sucessos, a cantora Gal Costa.

 

"Eu tô morando no pedaço do céu, ouvindo Gal Costa", cantou.

 

Daniela Mercury cumpre a promessa de exaltar o Ilê Aiyê

 

Em entrevista ao Estadão dias antes de sua apresentação no festival, Daniela disse que seu show, que teve o Ilê Aiyê e a cantora Margareth Menezes como convidados, iria colocar o bloco afro como protagonista.

 

Com um vestido vermelho, Daniela entrou no palco para cantar O Canto da Cidade como se anunciasse que as cores de Salvador fossem as do Ilê, nascido há 50 anos na capital baiana.

 

Ao cantar O Mais Belo dos Belos, música que está em seu disco de 1993 e que fala sobre o Ilê, Daniela deu a deixa para a percussão e os dançarinos do bloco entrassem no palco.

 

Daniela não apenas reverenciou ou se valeu do toque e da dança do bloco, convidou todas a serem protagonista, ocupando o centro do palco e a passarela que leva ao público.

 

Graça Onasilê e Juarez, vocalistas do Ilê, tiveram seus momentos solos.

 

Margareth Menezes entrou no palco vestida de amarelo, outra cor presente no bloco. Mais à vontade do que em janeiro de 2023, quando havia acabado de assumir o Ministério da Cultura, matou a saudade do carnaval baiano - para o qual ela voltará neste ano - com os sucessos Faraó Divindade, Raça Negra e Dandalunda.

 

No final, Daniela, Margareth e Ilê terminaram o show juntos, em uma mensagem de que blocos afros como o Ilê, que deram régua e compasso para o carnaval baiano, merecem também o protagonismo na folia.

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A professora de 42 anos que foi encontrada morta em um terreno baldio próximo ao Autódromo de Interlagos, na zona sul de São Paulo, foi vista pela última vez saindo de sua casa, na zona oeste, para socorrer o carro de sua mulher.

O corpo de Fernanda Reinecke Bonin foi encontrado com sinais de estrangulamento - um cadarço envolto no pescoço - na manhã de segunda-feira, 28. Ela foi velada e sepultada na manhã desta quarta-feira no Memorial Jardim, em Santo André.

Segundo o boletim de ocorrência, ao qual o Estadão teve acesso, a professora era casada havia oito anos com Fernanda Fazio, de 45 anos. Fazia um ano que as duas não moravam juntas, após idas e vindas no relacionamento. Elas frequentavam sessões de terapia de casal buscando a reconciliação. Juntas, elas tiveram dois filhos, que se revezavam nas casas das mães.

Fernanda era graduada em matemática pela Universidade de São Paulo (USP) e especializada em necessidades especiais na educação pela Universidade MacEwan, do Canadá. Ela lecionava na Beacon School, escola de alto padrão localizada na zona oeste da cidade.

"Fernanda marcou profundamente a vida de muitos estudantes e colegas com sua dedicação, gentileza e compromisso com a educação e deixará muita saudade", informou o colégio por meio de nota.

Vítima foi encontrada com sinais de estrangulamento.

Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, a professora estava a caminho da esquina da Avenida Jaguaré com a Avenida Torres de Oliveira, onde o carro de Fazio havia quebrado. Por isso, ela enviou a sua localização à professora pedindo socorro.

Câmeras de segurança do prédio onde Fernanda morava registraram sua saída de casa às 18h50 de domingo, 27. Ela estava sozinha no veículo.

Depois de cerca de 30 minutos, o carro da mulher voltou a funcionar. Assim, ela foi à casa da companheira e falou com o porteiro do prédio, que não soube informar se ela havia saído ou não de sua casa.

O corpo foi encontrado por populares na Avenida João Paulo da Silva, na Vila da Paz. Eles acionaram a Polícia Militar de forma anônima. O carro que a professora dirigia, uma SUV Hyundai Tucson, de cor prata, desapareceu e ainda não foi localizado.

O caso foi registrado inicialmente como latrocínio (roubo seguido de morte). A Polícia Civil passou a investigá-lo como homicídio em virtude das circunstâncias do crime. A vítima foi encontrada com sinais de estrangulamento pelos peritos da Polícia Técnico-Científica - a provável causa da morte é asfixia.

O papa Francisco comparou os relacionamentos de namorados e recém-casados a um tango - a dança de sua terra natal, a Argentina, em um texto inédito que preparou para o livro Youcat. Amor para sempre, que será publicado, em breve, pela fundação editora do Catecismo oficial para os jovens da Igreja Católica.

"Não se trata de uma dança passageira, mas de uma aventura que, com incessante encantamento, dura por toda a vida", escreveu o pontífice no prefácio da publicação, ao confessar, inclusive, ter "dançado muitas vezes" na juventude.

O volume, segundo o Vaticano, foi pensado para acompanhar as novas gerações no caminho rumo ao matrimônio cristão.

Na tradicional dança argentina, escreve o papa, "o bailarino e a bailarina se cortejam, vivem a proximidade e a distância, a sensualidade, a atenção, a disciplina e a dignidade. Alegram-se com o amor e intuem o que pode significar entregar-se por completo", afirma.

"Quantos casamentos hoje fracassam após três, cinco, sete anos? Não seria melhor, então, evitar a dor, tocar-se apenas como numa dança passageira, aproveitar um ao outro, brincar juntos e depois se separar?", questiona o pontífice. "Não acreditem nisso!", responde ele, dirigindo-se aos jovens.

"Acreditem no amor, acreditem em Deus, e acreditem que podem enfrentar a aventura de um amor para a vida inteira. No ser humano reside, de fato, o desejo de ser acolhido sem reservas, e vivenciar isso conduz a um ganho supremo: a vida em plenitude."

Sobre união conjugal, Francisco, citando as Sagradas Escrituras com a expressão "Uma só carne!", enfatiza a importância de uma preparação cuidadosa para o matrimônio, destacando que o amor é fundamental para a vida e não deve ser tratado levianamente. "É necessária uma preparação adequada, porque toda a vida se desenvolve através do amor, e com o amor não se brinca."

Ainda segundo a Santa Sé, no texto, o papa propõe, assim, um "catecumenato", termo que, na igreja primitiva, indicava "um caminho muitas vezes de vários anos, de aprendizado e de discernimento pessoal."

"Um percurso que conduz àquela Amoris laetitia - título de sua Exortação Apostólica pós-sinodal - àquela alegria do amor que, passo a passo, com os olhos cheios de encantamento, não deve parar", acrescenta.

A concorrência para ingressar na graduação em Medicina caiu 59,5% em nove anos, de 46,51 candidatos por vaga em 2014 para 18,81 em 2023, segundo aponta estudo Demografia Médica, realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) e divulgado nesta quarta-feira, 30.

Enquanto a procura de candidatos pelo curso teve ligeira queda entre 2014 e 2023 (queda de cerca de 9,5% no número absoluto de candidatos nas seleções), a oferta de vagas mais que dobrou.

Mesmo assim, o ingresso na Medicina continua sendo um dos mais competitivos entre os cursos de graduação. A área supera tanto outros cursos da área da saúde - como enfermagem, odontologia e farmácia - quanto cursos considerados "tradicionais" de outras áreas - como direito e engenharia civil.

A relação candidato vaga difere significativamente entre faculdades públicas e privadas. As públicas tiveram, em 2023, uma concorrência quase dez vezes maior do que as particulares - o que reflete, dentre outros fatores, as altas mensalidades dos cursos de medicina.

O porte do município que abriga o curso e a idade da instituição que o oferta também afetam a concorrência do curso de medicina. Quanto menor é o município, menor é a concorrência. Por outro lado, quanto mais antiga é a escola médica, maior é a relação candidato/vaga.

Mulheres são maioria

O perfil dos estudantes de medicina também pelo estudo foi traçado pelo estudo a partir de informações do Censo da Educação Superior do Inep: majoritariamente mulheres, brancas, com menos de 24 anos e com ensino médio em escola particular. Apesar de a maioria dos estudantes da área ser do sexo feminino há anos, somente em 2023 a maioria de médicos passou a ser de mulheres, revelou o estudo.

Privadas x públicas

Entre 2014 e 2023, foram autorizadas 27.921 vagas de medicina, 4 vezes a mais do que na década anterior. Desde 2014, mais de 90% das novas vagas abertas foram em instituições privadas.

Proporcionalmente, o ensino médico público atingiu seu menor patamar histórico em 2024, quando apenas 1 em cada 5 vagas de graduação eram públicas.

"As escolas privadas tradicionalmente, nas avaliações do Enade e nos indicadores de perfil dos docentes, têm uma capacidade inferior às escolas públicas de formar bons médicos. Então, precisamos ampliar a formação de médicos nas instituições públicas de excelência e aproximar mais a qualidade de formação das privadas dos melhores indicadores das públicas", afirmou o professor da FMUSP Mario Scheffer, que esteve à frente do estudo.

"Creio que as instituições privadas estão se esforçando muito, mas veja o percentual de professores sem doutorado [menor do que em públicas], o dobro de alunos por docente, muito pouco professores de dedicação exclusiva e piores desempenhos em todas as avaliações disponíveis", completou.

Dois Estados - São Paulo e Minas Gerais - concentram quase um terço das vagas de medicina. Dentre as regiões do País, Sudeste tem a maior concentração de vagas, seguido do Nordeste, região onde houve um aumento substância de abertura de cursos desde 2023.

Apesar de ainda haver desigualdade da distribuição das vagas pelo País, o índice melhorou ao longo dos últimos anos. Em 2004, 51,2% das vagas oferecidas estavam concentradas nas capitais. Já em 2024, o índice caiu para 34,8%.

Densidade médica no País

O estudo identificou ainda que o aumento de vagas de medicina levou a um aumento significativo na oferta de médicos formados anualmente no País, aproximando o Brasil das densidades médias observadas em países de maior renda.

"No caso do Brasil, com o aumento no número de vagas em escolas médicas, o País, com taxa de 16,06 médicos graduados por ano, já supera a média e se encontra próximo a nações europeias, como Áustria (16,19) e Portugal (15,99)", compara o estudo Demografia Médica.

Apesar da alta de formados anualmente, a densidade total de médicos por 1.000 habitantes ainda deixa o País abaixo da média de integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), de 3,70. O Brasil tem uma taxa de 2,98 médicos por mil habitantes, acima de nações como Estados Unidos e Coreia do Sul, mas abaixo de outras 32 nações pertencentes à OCDE (são 47 países na organização ao todo).

Apesar disso, a dispersão geográfica de médicos ainda é bastante desigual entre as capitais e as cidades interioranas, assim como entre as regiões do País - em 2023, havia 3,77 médicos por mil habitantes no Sudeste, enquanto a razão no Norte é de apenas 1,70.

O programa federal do Mais Médicos tem como objetivo sanar essa alta concentração médica em determinadas regiões do Brasil, enquanto outras ainda estão desassistidas, por meio da abertura de novos cursos em municípios cuja relação de médicos por habitantes é inferior à média da OCDE.

Contudo, há críticas ao programa que argumentam que parte das cidades selecionadas para receber novos cursos não têm infraestrutura hospitalar nem diversidade de casos suficientes para uma boa formação médica. Outros críticos dizem que não há

Uma projeção feita pelo estudo Demografia Médica, com base nos 572.960 médicos em 2023, prevê ainda que esse número deverá ultrapassar 1,15 milhão em 2035, representando um aumento de mais de 100% em 12 anos se mantidas as tendências atuais.