Clássico brasileiro inspirou desfile da Portela

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A Portela escolheu basear o enredo de seu desfile na segunda-feira, 12, em um clássico da literatura antirracista nacional. Um Defeito de Cor, de Ana Maria Gonçalves, inspirou a passagem da escola pela Marquês de Sapucaí, no Rio. Com 952 páginas, o livro apareceu em primeiro lugar entre os mais vendidos na Amazon nesta terça-feira, 13, logo após a segunda noite de desfiles das principais escolas de samba do Rio.

 

Apesar de ser um romance, o livro é baseado em fatos históricos. Ilustra a trajetória da ex-escrava Luísa Mahin, figura importante na Revolta dos Malês, na Bahia, tida como mãe do abolicionista Luiz Gama. Na obra, Luísa, também conhecida como Kehinde, volta ao Brasil, cega, para procurar o filho desaparecido.

 

A narrativa é centrada em Kehinde, mas são muitos os personagens que dão vida à história: 416, até o início do nono capítulo, muitos deles inspirados em pessoas reais.

 

"Quis contar principalmente a história das mulheres, que tiveram um papel importantíssimo durante a escravidão. Não se tem quase nada de informações sobre elas, nem no Brasil nem na África", comentou a autora em entrevista ao Estadão em 2007, pouco depois do lançamento do livro,

 

À época, Ana Maria Gonçalves afirmou que não escreveu a obra com a intenção de uma adaptação cinematográfica no futuro, mas como "um livro que gostaria de ter lido sobre todas aquelas histórias esquecidas e perdidas nos arquivos". "Há histórias comoventes de mães que sacrificam os filhos para que não passem por aquilo que viveram", disse.

 

Uma dessas histórias é a de uma escrava impedida de amamentar os filhos para dar leite ao bebê da patroa. Trancada em um quartinho após desobedecer à ordem, ela e as crianças passam a ser alimentadas com apenas uma lata de arroz por dia. A mulher, então, enlouquece e estrangula os dois bebês, tentando cortar o pescoço com a tampa da lata. "É uma história que li num jornal, como muitas que estão no livro", lembrou a escritora.

 

Movimentos

 

No argumento para o enredo deste ano, a Portela descreveu que a vida de Luísa "poderia ser a história da mãe de qualquer um de nós, ou melhor dizendo, é a história das negras mães de todos nós". "Precisamos não apenas nos espelhar na história, mas principalmente valorizar as descendentes desses movimentos de coragem por amor à continuidade", argumentou a escola a respeito do tema. "Através de seu filho, Luiz Gama, sonhamos com uma carta em que o importante abolicionista responde à sua mãe sobre o legado da memória que ela deixou: o livro."

 

Ao Estadão, Iraneide Soares da Silva, presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN), avalia que Um Defeito de Cor é um livro que "ultrapassa a literatura". "Não é somente a ficção que está ali, mas é a história do Brasil. A história das mulheres negras brasileiras", diz.

 

Ela considera que a escola foi "muito feliz" com a escolha e em levar o tema do antirracismo para a Marquês de Sapucaí. "Quando eu assisti ao desfile, fiquei encantada, porque consegui ver a história que a gente tem tentado contar e recontar do Brasil", comenta.

 

Para ela, Um Defeito de Cor no carnaval significa a possibilidade de fortalecer a revisão historiográfica do Brasil, especialmente em relação às mulheres negras. A importância de livros como o de Ana Maria Gonçalves - Iraneide também cita Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus - é de aproximar o público do que já é pesquisado acerca do antirracismo.

 

A pesquisadora pontua que não há como se imaginar o carnaval sem pensar na participação negra no Brasil. Ela frisa, porém, que em blocos e festas tradicionais, como em Salvador ou Olinda, não é possível visualizar, de modo geral, os negros usufruindo da data.

 

Tradição

 

"As escolas de samba tradicionais, sobretudo do Rio de Janeiro, são constituídas pela população negra, pelas comunidades, mas quem está dirigindo, muitas vezes, não somos nós", afirma. Para Iraneide, o carnaval tem sofrido "apropriação", mas, ao mesmo tempo, não há como fugir de temas da negritude.

 

"Essa tradição não tem como fugir da gente, da população negra", comenta. "Mas, a gente precisa ter uma participação mais expressiva, sobretudo em grandes blocos do carnaval, que são privatizados. Neles, ainda estamos carregando carrinho e empurrando o carro."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) publicou um decreto nesta segunda-feira, 24, que estabelece normas para a extinção da Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU). Após o encerramento de suas atividades, o transporte das regiões metropolitanas do Estado por ônibus deve ficar a cargo da Agência Reguladora de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp).

Criada em 1977, a empresa deverá apresentar um plano de desmobilização em até sete dias, contendo medidas para a sua dissolução, liquidação e extinção.

Entre elas, estão o quadro de funcionários e a proposta de data de convocação da assembleia geral de acionistas. "Deverá incluir a previsão das medidas necessárias para a assunção, pela Artesp, das funções de fiscalização, controle e regulação dos serviços de transporte coletivo metropolitano", afirma o documento.

O fim da empresa é alvo de debates desde 2020, durante a gestão do ex-governador João Dória (PSDB), sob a justificativa de ser uma medida voltada para o ajuste fiscal e o equilíbrio das contas públicas. Na época, o tucano publicou a lei 17.293/20 que autorizou o fim de diversas empresas públicas ligadas ao transporte, a fim de concedê-las ao "guarda-chuva" da Artesp.

A agência reguladora Artesp foi reestruturada em setembro do ano passado após sanção de Tarcísio. Inicialmente, sua função era gerenciar os contratos de concessão de rodovias. Ao longo dos anos, seu papel foi estendido englobando ônibus, metrô e trens.

O texto sancionado também garante menos ingerência governamental no quadro de funcionários, de modo a oferecer mais garantias e segurança a potenciais investidores privados para privatizações e concessões de empresas públicas.

A EMTU é atualmente subordinada à Secretaria dos Transportes Metropolitanos e atua nas Regiões Metropolitanas de São Paulo, Baixada Santista, Campinas, Sorocaba e Vale do Paraíba.

O Vaticano anunciou nesta segunda-feira, 24, o início de orações noturnas pela saúde do Papa Francisco na Praça de São Pedro, e convidou católicos de todo o mundo a se juntarem. O pontífice de 88 anos está internado com uma complexa infecção pulmonar há dez dias e sofre complicações. O número 2 do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, deverá liderar a primeira oração na noite desta segunda-feira.

Francisco, que tem pneumonia dupla e os primeiros estágios de insuficiência renal, estava acordado e de bom humor na manhã desta segunda. "A noite passou bem, o papa dormiu e está descansando". Um novo boletim médico deve ser publicado ao fim do dia.

No hospital Gemelli, onde Francisco está desde 14 de fevereiro, o Bispo Claudio GiulioDori presidiu uma missa na capela nomeada por João Paulo. "Estamos muito tristes. O Papa Francisco é um bom papa, esperamos que ele se recupere. Vamos esperar", disse emocionada Filomena Ferraro, que estava visitando um parente no Gemelli na segunda-feira. "Estamos nos unindo a ele com nossas orações, mas o que mais podemos fazer?"

No final de domingo, os médicos relataram que Francisco permanecia em estado crítico, mas que não tinha apresentado novas crises respiratórias. Exames de sangue mostraram "insuficiência renal leve e precoce" que estava, no entanto, sob controle.

Francisco estava recebendo altos fluxos de oxigênio suplementar e, no domingo, estava alerta, responsivo e assistiu à missa. Os médicos disseram que seu prognóstico segue reservado, mas que a condição de Francisco é delicada, dada sua idade, fragilidade e doença pulmonar pré-existente.

Os especialistas alertaram que a principal ameaça enfrentada por Francisco é a sepse, uma infecção séria do sangue que pode ocorrer como complicação de pneumonia. Até o momento, não houve referência a qualquer início de sepse nas atualizações médicas fornecidas pelo Vaticano.

Com 10 dias, esta hospitalização agora se torna a mais longa de Francisco como papa. Ele passou 10 dias no hospital Gemelli de Roma em 2021 após ter 33 centímetros do seu cólon removidos. (Com informações da Associated Press)

Um motorista embriagado de apenas 23 anos atropelou cinco crianças que estavam brincando em uma calçada na noite de domingo, 23, em Limeira, no interior de São Paulo. As vítimas foram socorridas e o indivíduo foi preso em flagrante. A defesa não foi localizada.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública do Estado, o caso foi registrado na Rua Jéssica Fernanda Dalcol. Na ocasião, policiais militares foram acionados para atender a ocorrência e, no local, apuraram que o indiciado havia fugido após o crime, se escondendo em uma residência.

Após buscas, ele foi localizado e abordado. "O indiciado foi submetido ao teste do etilômetro, que resultou positivo para 0,44mg/L de álcool no organismo", disse a SSP.

Conforme as investigações, as vítimas foram socorridas ao Pronto-Socorro da região local, onde permanecem internadas.

Já o autor da ocorrência foi encaminhado à delegacia e permaneceu à disposição da Justiça. "A perícia e o Instituto Médico Legal (IML) foram acionados e o automóvel apreendido", afirmou a SSP.

O caso foi registrado como embriaguez ao volante e tentativa de homicídio pela Delegacia Seccional de Limeira.