Paçoquinhas: receita simples e um equilíbrio difícil de atingir

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Paçoquinha tem gosto de festa junina, mas seus adoradores a consomem o ano inteiro. Na versão rolha ou tijolinho. Pura ou como farofa sobre o sorvete. Na cobertura e no recheio de bolos. Adicionada ao café, como base de crumbles de frutas... Receitas com paçoca não faltam. Já que são praticamente uma unanimidade, resolvemos testar como andam as paçocas vendidas nos supermercados, na boca do caixa da padaria, na vendinha do bairro, em lojas de conveniência.

 

Para essa missão, Paladar convidou cinco jurados atuantes na confeitaria e na panificação. Todos adoradores de paçoca desde criancinha. No time de experts, a chef Cláudia Rezende, da padaria artesanal Zestzing; Stephanie Di Perna Vitali, proprietária do Caffè; a chef pâtisserie Mayra Toledo, da May Macarrons; a chef Andrea Vieira, do restaurante Casa de Antônia; e o chef Edmundo Melo, da @ilpastaio_rotisserie.

 

O doce dispensa defesas muito ostensivas. Mas vamos lá... Paçoca é boa porque lembra a infância - era só abrir o papelzinho e dar a primeira mordida para alguém dizer: "Fala paçoca agora!", um dos maiores bullyings da gastronomia, com toda a certeza. Paçoca tem gosto de amendoim com açúcar e, as melhores, um toque leve de sal que dá água na boca. Quem não gosta de paçoca bom sujeito não é, fala a verdade.

 

No dia do teste, esta repórter escutou juras de amor ao docinho. Stephanie Vitali confessou adicionar paçoca ao café sem nem piscar os olhos. A chef Andrea Vieira disse que consome paçoca o ano inteiro, especialmente combinada com sorvete ou torta de chocolate - para ela, um casamento perfeito de sabores. Mayra Toledo saiu em sua defesa alegando que o sabor paçoca foi um dos primeiros lançados por sua marca de macarrons. A versão com alma junina leva farinha de amendoim no lugar da de amêndoa, originalmente usada no preparo do doce francês.

 

Por último, a chef Cláudia Rezende colocou as cartas na mesa ao anunciar que todos os anos, na época das festas juninas, prepara um croissant com paçoca e pé de moleque de lamber os beiços.

 

 

TEXTURA

 

O chef Edmundo Melo diz que uma boa paçoca tem sabor natural de amendoim, pouco açúcar e um toque de sal. A receita pode incluir farinha de rosca e glucose, dando aquela liga entre os farelos e o amendoim.

 

"No preparo tradicional, o amendoim é amassado no pilão e, com a adição do açúcar, ele se transforma na paçoquinha, com uma textura mais compacta, graças ao óleo desprendido do amendoim", explica Mayra Toledo. "Dessa maneira, o doce pode ser posteriormente moldado em formato quadradinho ou de rolha."

 

Claro que o processo industrial é bem diferente e inclui muito mais ingredientes. Não surpreende o fato de o teste ter revelado sabores incríveis e outros bem decepcionantes.

 

"Não tinha ideia da quantidade de marcas de paçoca. As melhores foram as que trouxeram pedaços de amendoim, que garantem a crocância, combinados com um toque de sal", conta Cláudia Rezende. "Mas a essência artificial foi encontrada em muitas paçocas, o que é uma pena, já que o sabor original da receita é tão bom."

 

O teste foi realizado no Caffè Ristoro, na Casa das Rosas. A avaliação às cegas incluiu 11 marcas encontradas nos supermercados. Os jurados avaliariam os produtos intercalando provas de bocados do doce com goles de água mineral e de café sem açúcar.

 

AS TRÊS MELHORES:

 

1º DADINHO

 

A paçoca que conquistou o Selo Paladar agradou ao júri por unanimidade. Um doce com textura ideal de paçoca, com uma bem-vinda cremosidade e de sabor delicado. Poderia apenas ser um tiquinho menos doce. (R$ 17,90, 800 g)

 

2º AMOR

 

A vice-campeã do nosso teste foi avaliada como uma paçoca de ótima textura e sabor equilibrado. Um doce crocante na medida, com sabor agradável de amendoim e um toque de sal que potencializa o sabor. (R$ 29,90, 540 g)

 

3º PAÇOQUITA

 

A paçoquinha apresentou leve sabor de caramelo, que resultou em textura agradável e bastante crocância. O sabor presente de amendoim também agradou. O doce ficou em terceiro lugar no ranking. (R$ 42,20, 1,17 kg)

 

AS OUTRAS MARCAS AVALIADAS:

 

Carrefour

 

A crocância agradou, mas o sabor de amendoim foi mascarado pelo gosto de melado, que deixou a paçoca enjoativa. (R$ 12,89, 350 g)

 

Clamel

 

Os jurados avaliaram a paçoca como de textura agradável, porém muito doce, com

sabor de rapadura que a tornou bastante enjoativa. O sabor de amendoim ficou em segundo plano.

(R$ 20,90, 1,08 kg)

 

Confirma

 

Uma paçoca com sabor de farinha com açúcar na definição do júri. A textura massuda também não agradou. Faltou sabor de amendoim. (R$ 20,90, 1,2 kg)

 

Da Colônia

 

A paçoca, com pedacinhos de amendoim evidentes, apresentou gosto de caramelo queimado e pouca crocância. O dulçor parecia ser proposital para mascarar o sabor queimado. (R$ 10,98, 210 g)

 

Mandubim

 

A paçoca apresentou sabor levemente amargo, pouco dulçor e cremosidade. Também ficou devendo em pedaços de amendoim e a textura da paçoca foi avaliada como muito farelenta. (R$ 12,90, 500 g)

 

Qualitá

 

Uma paçoquinha de boa textura e crocância média. O retrogosto levemente amargo não agradou à bancada avaliadora. (R$ 24,49, 340 g)

 

Santo Antônio

 

A paçoquinha não agradou no sabor, que ficou bastante oleoso e doce além da conta. (R$ 12,79, 350 g)

 

Yoki

 

Um doce de textura arenosa e sabor artificial. O amendoim apresentou amargor

na boca. E a coloração acinzentada do produto também deixou a desejar.

(R$ 36,49, 352 g)

 

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Chefe da delegação brasileira na 29ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP29), o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, lamentou a saída da Argentina da conferência. "O negacionismo sobre a questão climática é muito ruim", disse Alckmin.

A afirmação foi realizada em entrevista logo depois dele participar de uma sessão de alto nível, a última agenda coletiva antes de voltar para o Brasil.

"Está nítida a repercussão das mudanças climáticas na economia", afirmou o vice-presidente, acrescentando que, na reunião da qual acabara de sair, houve um alerta sobre o impacto negativo da crise climática no Produto Interno Bruto (PIB) global. "Acabamos de ouvir agora que ela pode derrubar o PIB, a questão das mudanças climáticas", disse.

Segundo estudo da Central Banks and Supervisors Network for Greening the Financial System, representada na sessão pela presidente Sabine Mauderer, o PIB global vai cair em 15% até 2050.

"A ciência é para ajudar a humanidade, para que as pessoas possam viver melhor, ter uma qualidade de vida melhor", concluiu o vice-presidente.

A juíza Patrícia Alencar Teixeira de Carvalho, substituta da Justiça Federal de Ponte Nova (Minas), absolveu a Vale, a Samarco e a BHP das acusações de crimes ambientais na tragédia de Mariana - a qual deixou 19 mortos e lançou 13 mil piscinas olímpicas de lama tóxica no Rio Doce em 2015. A magistrada livrou as empresas de imputações de destruição de bem protegido, poluição qualificada, omissão, obstrução de fiscalização e falsidadade de documento.

Ao Estadão, o advogado Alberto Zacharias Toron, que representa a BHP, afirmou que a decisão é "longa, minuciosa e mais do que acertada".

O advogado indicou ainda que a sentença "não elide a eventual responsabilidade civil das empresas, que está sendo objeto de um grande acordo".

A sentença de 191 páginas assinada na madrugada desta quinta, 14, após oito anos de tramitação do processo na Justiça de Minas, sustenta que não há prova suficiente para condenação, que as empresas não teriam concorrido para as infrações e ainda cita "atipicidade da conduta" - quando determinada conduta não é prevista como crime.

"Após uma longa instrução, os documentos, laudos e testemunhas ouvidas para a elucidação dos fatos não responderam quais as condutas individuais contribuíram de forma direta e determinante para o rompimento da barragem de Fundão. E, no âmbito do processo penal, a dúvida - que ressoa a partir da prova analisada no corpo desta sentença - só pode ser resolvida em favor dos réus", anotou a magistrada.

A decisão foi proferida em meio a uma sequência de eventos ligados à tragédia de Mariana: a homologação, pelo STF, do acordo de R$ 170 bilhões para reparação dos danos da tragédia; e o início de julgamento, em Londres, sobre possível indenização aos atingidos pelo tsunami de dejetos, no bojo de um processo ambiental coletivo que é considerado maiores do mundo.

A absolvição também atingiu: Ricardo Aragão, ex-presidente da Samarco (2012-2015); Kleber Luiz de Mendonça Terra, ex-diretor de Operações (2012-2015); Wagner Milagres Alves, Gerente Geral de Operação de Mina (2014-2015); Germano Silva Lopes, Geral de Projetos Estruturantes (2014-2015); e Daviély Rodrigues Silva, gerente de geotecnia (2008-2015).

A juíza juntou uma espécie de preâmbulo à sentença, anotando que tomou "a única decisão possível diante da prova produzida, convicta de que o exercício do poder punitivo em um Estado Democrático de Direito é subsidiário, fragmentário e não pode ser convertido em um instrumento de escape para a ineficácia das demais formas de controle social".

Patrícia Alencar Teixeira de Carvalho cita o acordo de R$ 170 bilhões para reparação da tragédia e diz esperar que todos os atingidos pela catástrofe "justa e efetivamente reparados, consciente de que mesmo a mais vultuosa das indenizações já pagas será incapaz de compensar o que lhes foi tomado".

Segundo a magistrada, nem uma "sentença penal condenatória proferida em uma miríade de incertezas poderia honrar a memória daqueles que perderam a vida" no desastre.

Falta de provas sobre relação entre omissão e desastre

Ao analisar a responsabilidade penal da Samarco ante ao rompimento da barragem de Fundão, a magistrada entendeu que, apesar do reconhecimento de omissões de funcionários e da empresa do caso, a falta de prova sobre a relação de causa e feito entre tais omissões e a tragédia levou à absolvição de pessoas e, por consequência, da empresa.

O Ministério Público Federal ainda atribuia à empresa a adoção de política de redução de custos com a segurança de barragens e mau gerenciamento da governança de barragens.

Na avaliação de Patrícia Alencar Teixeira de Carvalho, as análises realizadas no curso do processo, pela Procuradoria e pela Polícia Federal, nãom era conclusivas e indicavam "apenas a sugestão de que a política de redução de custos, adotada pela nos anos que antecederam o rompimento da barragem de Fundão, pode ter impactado no fator segurança".

"A prova dos autos não indica um problema grave na gestão executiva da Samarco que explique o rompimento da barragem de Fundão", anotou a magistrada.

Deficiência na comunicação poderia levar a condenação "hipotética" por autorresponsabilidade

De outro lado, Patrícia reconheceu que não havia uma "comunicação devidamente orquestrada" na Samarco. Segundo ela, a deficiência na comunicação ficou evidenciada "em uma situação que pode ter importado para o rompimento da barragem, mas o nexo causal não foi provado no curso da ação".

A situação em questão remete a um relatório de 2014 com "impressões técnicas relevantíssimas" que não foi compartilhado com a empresa contratada para elaborar o laudo de estabilidade da barragem de Fundão.

"Não se pode afirmar o que teria acontecido se o dito relatório tivesse maior publicidade. [...] Talvez a realização completa do estudo, seguido da construção de uma berma mais robusta, como sugerido pelo consultor, não tivesse impedido ou mesmo retardado o rompimento abrupto da barragem de Fundão. Ou talvez tivesse, e então a barragem não teria se rompido", anotou a juíza. "Impossível determinar sem uma prova técnica (ou quesito) dirigido a este esclarecimento. E como já fundamentado, não há nos autos qualquer prova que aclare esse nexo causal", seguiu.

Patrícia ponderou que este último ponto poderia levar a uma "hipotética" condenação da Samarco se a legislação brasileira "tivesse evoluído a ponto de admitir a responsabilização criminal da pessoa jurídica fundada em sua autorresponsabilidade".

A juíza ainda refletiu sobre aplicar ao caso - em tal sentido de autorresponsabilidade - um precedente do Supremo Tribunal Federal, mas entendeu que seria necessário que o MPF provasse os "aspectos pertinentes aos critérios de imputação da pessoa jurídica, o que definitivamente não foi feito".

Com a palavra, o advogado Alberto Zacharias Toron, que representa a BHP

"A sentença da juíza Patrícia Alencar Teixeira de Carvalho é longa, minuciosa e mais do que acertada. Uma primeira observação que se deve fazer neste caso é que, a despeito de toda dor causada pelas mortes, a despeito de todo mal ambiental causado pelo acidente, a juíza apreciando os fatos, a partir dos relatos que constam no processo e de todas as perícias realizadas, chega a conclusão de que não houve imprudência, imperícia e menos ainda qualquer dolo, mesmo na vontade, mesmo na modalidade eventual, que tivesse dado causa a esse triste acidente - ao contrário. As perícias demonstram que a obra representada pela barragem estava de acordo com a arte desse tipo de edificação. Em outras palavras: a obra se apresentava edificada de forma correta. E ela vai além. Não houve nenhum incremento em termos de atividade de risco que tivesse dado causa ao rompimento da barragem. Aliás, é expressivo o fato de que a principal testemunha acusação, o professor Pimenta Ávila, foi expresso na audiência, na frente do Ministério Público, dos juízes, de todos os advogados quando disse que nem Deus poderia prever o rompimento da barragem. Ou seja, no estado em que ela se encontrava era imprevisível o acontecimento. Então, isso não pode ser debitado de maneira nenhuma à Samarco, a BHP, à Vale e aos engenheiros que trabalhavam na obra. Portanto é uma sentença que merece aplauso. É bom ressalvar que isso não elide a eventual responsabilidade civil das empresas, que obviamente como foi amplamente noticiado está sendo objeto de um grande acordo. Acho que se fez justiça e essa decisão merece aplausos efusivos, porque a Justiça dá a exata dimensão do que é ser juiz penal especialmente num caso como esse que causou tanta dor e tanto clamor também."

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, afirmou que a debandada da Argentina da 29ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP29), que ocorre em Baku, no Azerbaijão, tem um impacto de natureza política e simbólica.

"É um processo que vai na contramão das exigências que o mundo está fazendo. Todas as sociedades estão pagando um preço muito alto da mudança do clima, e cada país que se recusa a fazer o dever de casa está contribuindo para o agravamento dessa situação que prejudica a vida das pessoas, os sistemas agrícolas, os sistemas de produção industrial em todos os níveis", disse a ministra na manhã desta quinta-feira em Baku.

Marina afirmou que Brasil vai trabalhar para que os países assumam seus compromissos e tenham meta de redução ambiciosa.

Ela também defendeu que os países "que optam por produções intensivas em carbono acabarão prejudicando seus próprios produtos, porque alguns continuarão nos esforços de mudança tecnológica, de investimentos para alcançar resultados de produção com menos emissão.

"O maiores prejudicados serão aqueles que querem uma economia carbono intensiva do início do século XX e que ficarão trancados pelo lado de fora da economia de baixo carbono", disse Marina.