PL, PT e MDB fecham apoio a Motta, candidato de Arthur Lira na Câmara

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Os principais partidos da Câmara anunciaram nesta quarta-feira, 30, apoio à candidatura de Hugo Motta (PB), líder do Republicanos, para a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Casa. O PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o MDB e o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, confirmaram adesão ao nome de Motta, que tem o aval do próprio Lira. A federação liderada pelo PT tem 80 deputados; o PL, 92; e o MDB 45 deputados.

 

A eleição para a presidência da Câmara está marcada para 1.º de fevereiro do ano que vem. Os deputados Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA) também disputam o posto ocupado por Lira. Os anúncios de ontem consolidam o favoritismo de Motta no pleito parlamentar.

 

O apoio do PL foi anunciado pelo líder do partido, deputado Altineu Cortes (RJ), em frente à sala da liderança do PT. A previsão era de que os petistas também declarassem na noite de ontem o apoio a Motta. A candidatura já recebeu o apoio do Podemos e do PP. "Eu quero formalizar o apoio do PL à candidatura do deputado Hugo Motta", declarou Altineu. "Vai ser formada uma comissão do partido com alguns deputados para levar algumas pautas importantes para o partido", emendou. "Essa comissão vai tratar disso com o deputado no próximo mês, mas o apoio do PL está formalizado", declarou.

 

Uma ala bolsonarista defendia uma postura mais intransigente na disputa, com uma lista de reivindicações para condicionar o apoio a determinado candidato ou até mesmo uma candidatura própria. Por outro lado, um grupo majoritário queria apoiar Motta.

 

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, defendeu o apoio ao candidato de Lira. "Hugo Motta é muito equilibrado e tende a ser um bom presidente", afirmou Valdemar. Na lista dos pedidos feitos pelo PL está a exigência de que o novo presidente da Camara ponha em votação o projeto da anistia para os condenados do 8 de Janeiro. O PL também quer a vice-presidência e ampliar espaços em comissões importantes. "Tivemos uma reunião muito boa com a bancada. Agora, o pessoal só está acertando os espaços e a nossa pauta", afirmou o líder da sigla.

 

Anistia

 

A costura feita por Lira para conseguir amplo apoio ao seu nome na disputa pela sucessão desagradou a parte dos bolsonaristas. Nesta semana, Lira tirou da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o projeto de lei que prevê anistiar os bolsonaristas condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelos ataques de 8 de janeiro e o transferiu a uma comissão especial - o que deve atrasar a sua tramitação. O projeto é peça-chave para a tentativa de reverter a inelegibilidade de Jair Bolsonaro.

 

A medida teve apoio de Valdemar Costa Neto, chefe do PL, e do próprio ex-presidente, mas desagradou a deputados federais, como Caroline de Toni (SC), presidente da CCJ, que colheria os louros por ter aprovado uma pauta de apelo para a militância bolsonarista. Os parlamentares têm relatado pressão cada vez maior do eleitorado para dar um jeito de atenuar a punição aos condenados. Algumas penas chegam a 17 anos de prisão. Deputados dizem que Lira garantiu ao PL que a comissão especial daria seu parecer ainda neste ano, mensagem reverberada pelo próprio Bolsonaro. Mas há uma descrença na bancada de que isso possa acontecer.

 

Conforme apurou o Estadão/Broadcast, Lula deu aval para o PT apoiar a candidatura de Motta, em um almoço no Palácio da Alvorada com a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, e o líder da legenda na Câmara, Odair Cunha (MG).

 

A corrente Construindo Um Novo Brasil (CNB), majoritária do partido, havia decidido anteontem dar o endosso ao candidato do Republicanos.

 

1ª secretaria

 

Motta ofereceu ao PT o comando da 1.ª Secretaria da Câmara na futura composição da Mesa Diretora. Hoje, os petistas ocupam a 2.ª Secretaria. Além disso, o partido negocia a indicação para uma vaga no Tribunal de Contas da União (TCU), e os cotados são Gleisi e Odair.

 

A bancada ainda deve realizar uma votação, mas já há maioria pró-Motta entre os deputados do partido. Com o apoio do PT, o candidato do Republicanos consolida sua candidatura contra os dois adversários, Elmar Nascimento e Antonio Brito. Motta também tem o apoio do PP, que conta com 50 parlamentares, do Podemos (14) e do próprio Republicanos (44).

 

"Esperamos de Hugo Motta equilíbrio e busca de consenso", disse na noite de ontem o presidente do MDB, Baleia Rossi. O partido tem 44 deputados na Câmara. O líder da legenda na Casa, Isnaldo Bulhões (AL), é próximo do colega do Republicanos e trabalhou para convencer a bancada a apoiá-lo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

Ainda não se sabe quem vencerá a corrida pela Casa Branca, mas um mercado de apostas proeminente sugere que pode haver impulso para Kamala Harris.

Thomas Peterffy, fundador e presidente da Interactive Brokers, disse em comunicado, na manhã de sexta-feira, 1º, que Harris "projetou um retorno surpreendentemente agressivo" na plataforma ForecastTrader da empresa na noite de quinta-feira, 31. Ele observou que a probabilidade de a democrata derrotar Donald Trump aumentou de 38% no dia anterior para 44% na noite de quinta-feira, acrescentando que houve um volume de cerca de US$ 40 milhões para a negociação de Harris.

ForecastTrader é um dos vários mercados de apostas que Wall Street tem observado nas últimas semanas. Várias outras plataformas proeminentes, como PredictIt, Kalshi e Polymarket, ainda mostram probabilidades muito maiores de vitória de Trump, variando entre cerca de 56% e 62% de probabilidade de o republicano ser eleito o 47º presidente. Mas as chances de uma vitória de Harris também aumentaram, modestamente, nesses veículos nos últimos dias.

Embora a Interactive Brokers também esteja prevendo apenas 44% de chance de vitória de Harris, esse cenário era de apenas 38% no início desta semana. Peterffy disse que a mudança, provavelmente não se deve à manipulação do mercado.

Ele reconheceu que "muitos observadores temem que os mercados de aposta possam distorcer os resultados eleitorais, mas isso é improvável". Peterffy destacou que os principais mercados de previsão também são regulamentados pela Comissão de Transações de Commodities e Futuros (CFTC, na sigla em inglês), o que significa que haveria consequências graves se alguém tentasse burlar o sistema e fazer parecer que um candidato tinha maiores probabilidades de vencer.

A equipe de campanha do candidato republicano, Donald Trump, classificou o payroll de outubro como "catástrofe" e afirmou que o dado revela que Kamala Harris "quebrou a economia americana". Em um único mês, diz o texto, o governo eliminou quase 30 mil empregos no setor privado e quase 50 mil empregos na indústria. "Famílias trabalhadoras estão sendo enganadas pela agenda econômica Harris-Biden. Kamala quebrou a economia. O presidente Trump vai consertar isso."

Nos Estados Unidos, os partidos políticos são formados a partir de coalizões de grupos que compartilham valores e interesses semelhantes, com o objetivo de eleger representantes e influenciar políticas públicas. O sistema eleitoral do país, baseado em eleições majoritárias (o vencedor leva tudo), favorece a existência de dois grandes partidos: o Partido Democrata e o Partido Republicano. Outros partidos menores também existem, como o Partido Libertário e o Partido Verde, mas eles têm dificuldade em obter representação significativa.

A história do bipartidarismo

A formação dos partidos políticos nos Estados Unidos remonta ao final do século 18, quando as disputas em torno das políticas de George Washington e John Adams dividiram os senadores. Os Federalistas, que apoiavam Washington e Adams, defendiam um governo central forte e mantinham uma postura pró-Reino Unido nas relações exteriores. Já a oposição, liderada por Thomas Jefferson, formou os Republicanos Democratas, que defendiam maior autonomia dos Estados e uma política externa mais próxima da França. Apesar dessas divisões, os partidos ainda eram relativamente informais, sem uma estrutura partidária organizada como a de hoje.

Na década de 1820, a fragmentação dos Republicanos Democratas, motivada por debates sobre o papel do governo federal, deu origem a dois novos partidos: os Republicanos Nacionais e o Partido Democrata, liderado por Andrew Jackson. Por outro lado, a oposição a Jackson se consolidou no Partido Whig, liderado por Henry Clay, que se tornou o principal rival dos democratas nas décadas seguintes.

Com o tempo, esses partidos passaram a adotar práticas mais organizadas no Congresso, como a divisão de assentos no Senado e o controle das comissões permanentes. Na década de 1850, após o colapso dos Whigs, o Partido Republicano ascendeu, impulsionado principalmente pela questão da escravidão. Com o fim da Guerra Civil e a Reconstrução, o Partido Democrata e o Partido Republicano consolidaram seu domínio na política americana, moldando o sistema bipartidário que perdura até os dias de hoje.

Democratas vs Republicanos

Em linhas simples, o Partido Republicano tem uma linha conservadora e defende valores tradicionais, um baixo grau de interferência governamental e grande apoio ao setor privado. Já o Democrata, por sua vez, ideologicamente é considerado mais progressista, e apoia um governo forte para regular os negócios.

Na prática, entretanto, o bipartidarismo permite a existência de diversos espectros políticos dentro de um mesmo partido. Visões para questões como, por exemplo, imigração, acesso ao aborto e impostos podem variar entre diferentes membros de um mesmo partido. Veja abaixo as características dos dois partidos em questões como economia e imigração.

Economia

Democratas: Apoiam uma maior taxação dos mais ricos e a expansão de programas sociais. Defendem o aumento do salário mínimo e a regulamentação de grandes corporações.

Republicanos: Defendem a redução de impostos, especialmente para empresas e indivíduos de alta renda, acreditando que isso estimula o crescimento econômico. São a favor de menos regulamentação do setor privado.

Saúde

Democratas: Apoiadores de um sistema de saúde público mais robusto, como o "Obamacare", defendem a ampliação do acesso aos cuidados de saúde, especialmente para os mais pobres.

Republicanos: São contrários a um sistema de saúde público expansivo, preferindo alternativas baseadas no mercado, onde a competição entre empresas privadas reduziria os custos.

Questões Sociais

Democratas: Favoráveis a políticas de igualdade de gênero e raça, direitos LGBTQIA+, aborto legal e controle de armas.

Republicanos: Em geral, adotam uma postura mais conservadora, defendendo restrições ao aborto, apoio à posse de armas e valores familiares tradicionais.

Meio ambiente

Democratas: Defendem políticas para combater as mudanças climáticas, como a transição para fontes de energia renovável e a regulamentação de emissões de carbono.

Republicanos: Costumam priorizar o desenvolvimento econômico, muitas vezes favorecendo indústrias de petróleo e carvão. São mais céticos quanto às regulamentações ambientais rigorosas.

Imigração

Democratas: Geralmente são a favor de reformas que regularizem a situação dos imigrantes sem documentos e oferecem caminhos para a cidadania.

Republicanos: Defendem políticas mais rígidas de controle de fronteiras e são contra a concessão de cidadania a imigrantes que entraram ilegalmente.