Boulos é único candidato à Prefeitura de SP a não contestar eleição na Venezuela

Política
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Candidatos à Prefeitura de São Paulo repudiaram os resultados divulgados pelo órgão eleitoral da Venezuela que declarou a vitória do ditador Nicolás Maduro no pleito deste domingo, 28. O único que não se posicionou de forma contrária à apuração, em que há suspeita de fraude, foi o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), nome apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

 

Na madrugada desta segunda-feira, 29, o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, controlado pelo governo do país, declarou Maduro como o vencedor das eleições. Segundo o órgão, o chavista conquistou 51,2% dos votos válidos contra 44,2% do candidato oposicionista Edmundo González Urrutia. Os adversários de Maduro contestam os resultados e declaram Gonzáles Urrutia vencedor com 70% dos votos.

 

Em nota, Boulos afirmou que está acompanhando "com preocupação" a situação no país vizinho. Sem criticar o processo eleitoral da Venezuela, o deputado do PSOL disse que vai esperar a posição da diplomacia brasileira e a divulgação das atas das sessões eleitorais.

 

"Acompanhamos com preocupação a situação da Venezuela. Vamos esperar a posição da diplomacia brasileira, que está monitorando de perto a situação no país e aguardando a divulgação das atas das sessões eleitorais", afirmou Boulos. Ele já teve a candidatura aprovada em convenção partidária. O registro na Justiça Eleitoral é até 15 de agosto.

 

Indo na contramão de países sul-americanos, o governo Lula também adotou um tom mais brando ao falar da eleição venezuelana. Assim como Boulos, o Planalto expressou o desejo da divulgação das atas de cada urna utilizada neste domingo.

 

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), prestou solidariedade aos refugiados venezuelanos que vivem no Brasil e afirmou que não poderia reconhecer o resultado divulgado pelo órgão eleitoral do país. "Um democrata não pode reconhecer o resultado. Não sejamos cúmplices de ditadores de estimação. Onde não há democracia, não há justiça social", afirmou o pré-candidato à reeleição em publicação no X (antigo Twitter) nesta segunda-feira, 29.

 

A deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) também utilizou o X para criticar os resultados divulgados pelo órgão eleitoral da Venezuela. A candidata apoiada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) disse que o país vizinho está vivenciando uma "fraude eleitoral".

 

"Intimidação a opositores, manobras para dificultar o voto, observadores internacionais impedidos de atuar e o governo declarando vitória sem divulgar os boletins. Há todos os motivos para crer que o resultado não corresponde ao que o povo venezuelano manifestou nas urnas", afirmou a candidata.

 

O pré-candidato do PRTB, o ex-coach Pablo Marçal, compartilhou vídeos no Instagram com denúncias de fraudes no pleito entre Maduro e González Urrutia. Em uma das postagens, Marçal escreveu na legenda: "Orem pela Venezuela".

 

O candidato do PSDB, o apresentador de televisão José Luiz Datena, afirmou que as eleições venezuelanas tiveram "cartas marcadas". Datena também cobrou que o governo Lula "seja duro e firme" em resposta aos resultados divulgados pelo órgão eleitoral do país.

 

"Simplesmente inaceitável o resultado dessa eleição, que não pode ser o resultado verdadeiro. Esse Maduro é uma ameaça à democracia não só ao país dele, um povo pacato e amigo do Brasil, mas a América do Sul. É inaceitável, um antidemocrata, um cidadão ditador como esse continuar destruindo a Venezuela", disse.

 

A economista Marina Helena, candidata do Novo à Prefeitura, também declarou que as eleições venezuelanas foram fraudadas. Marina também acusou Maduro de ter mobilizado o Exército do país para intimidar eleitores do candidato oposicionista.

 

"Não há nada para esperar de um ditador. Na Venezuela, Maduro colocou as Forças Armadas nas ruas para intimidar a população. O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) diz que Maduro teve 51,2% dos votos. Sabemos que isso tem um nome: fraude", afirmou. Marina Helena é a única candidata a Prefeitura da capital paulista registrada na Justiça Eleitoral até o momento.

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Os republicanos conquistaram as duas cadeiras da Câmara da Flórida uma eleição especial nesta terça-feira, 1, derrotando seus adversários democratas.

Jimmy Patronis venceu no 1º Distrito Congressional da Flórida, apoiado pelo endosso do presidente Donald Trump para preencher a vaga. Patronis, o diretor financeiro do estado, concorreu contra a democrata Gay Valimont. Ele ocupará a vaga no noroeste do estado deixada pelo ex-deputado Matt Gaetz, que foi escolhido para ser o procurador-geral de Trump, mas desistiu de concorrer em meio a alegações de má conduta sexual.

Mais cedo, o senador estadual republicano Randy Fine conseguiu o assento no 6º Distrito Congressional do estado, derrotando o democrata Josh Weil.

"As duas cadeiras da Câmara da Flórida foram conquistadas, em grande escala, pelos candidatos republicanos. O apoio de Trump, como sempre, provou ser muito maior do que as forças do mal dos democratas. Parabéns América!!!", escreveu o presidente no Truth Social.

*Com informações da Associated Press

O governo de Donald Trump iniciou amplos cortes de pessoal no Departamento de Saúde e Serviços Humanos, deixando alguns funcionários fora dos prédios federais e transferindo outros para novas agências, incluindo o Serviço de Saúde Indígena.

Os e-mails notificando os funcionários sobre os cortes e remanejamentos inundaram as caixas de entrada na noite de segunda-feira e na manhã de hoje. A medida faz parte da estratégia do secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., de reduzir e remodelar os órgãos de saúde do país.

Os cortes se estendem por toda parte, desde a Administração de Alimentos e Medicamentos e os Institutos Nacionais de Saúde até os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

Na plataforma de mídia social X, Kennedy disse que o que o governo anterior vinha fazendo não estava funcionando: "Precisamos mudar de rumo. Essas mudanças não afetarão o Medicare, o Medicaid ou outros serviços essenciais de saúde".

O senador democrata de Nova Jersey Cory Booker ocupou o plenário do Senado americano com um discurso de quase um dia inteiro, em uma demonstração de resistência para evidenciar o que ele chamou de "crise" enfrentada pelos Estados Unidos sob a presidência de Donald Trump.

Booker foi ao plenário do Senado na noite de segunda-feira, 31, e começou a falar às 19h. Mais de 22 horas depois, no começo da noite desta terça-feira, o senador, claramente exausto, continuava falando, criticando os cortes do governo Trump nos serviços governamentais e sua repressão aos imigrantes.

O discurso foi parte de um esforço dos democratas para retomar a iniciativa e se opor mais assertivamente ao presidente Trump. Booker dividiu seus comentários em seções focadas em um aspecto das políticas da administração, incluindo assistência médica, educação, imigração e segurança nacional.

"Estes não são tempos normais em nossa nação", disse ao iniciar seu discurso. "E eles não devem ser tratados como tal no Senado dos Estados Unidos. As ameaças ao povo americano e à democracia americana são graves e urgentes, e todos nós devemos fazer mais para enfrentá-las."

Na tarde de terça-feira, Booker parecia estar determinado a quebrar um recorde estabelecido pelo senador Strom Thurmond, que em 1957 falou por 24 horas e 18 minutos se opondo a uma parte da legislação de direitos civis.

Às 16h20 no horário local, o discurso já havia ultrapassado a memorável arenga do senador Ted Cruz sobre a Lei de Assistência Médica Acessível do presidente Barack Obama em 2013, que durou 21 horas e 19 minutos.

Sem pausas para ir ao banheiro, mas fazendo pausas ocasionais para perguntas de seus colegas democratas, Booker leu um fichário de notas e acenou com uma pequena cópia da Constituição dos EUA. Com o passar das horas, sua voz ficou rouca. Não ficou claro se ele se alimentou ao longo da maratona, e apenas alguns copos de água foram vistos no púlpito.

Andando de um lado para o outro, às vezes se inclinando, Booker protestou por horas contra os cortes nos escritórios da Previdência Social liderados pelo Departamento de Eficiência Governamental do conselheiro de Trump, Elon Musk.

Ele listou os impactos das ordens iniciais de Trump e falou sobre as preocupações de que cortes mais amplos na rede de segurança social poderiam estar chegando, embora os legisladores republicanos digam que o programa não será tocado.

Musk estava ativo no X ativo nesta terça-feira, mas não fez menção a Booker ou seu discurso a noite toda. Nem Trump no Truth Social.

Booker está no seu segundo mandato no Senado. Ele tentou se candidatar à presidência em 2020, mas desistiu e perdeu a nomeação para Joe Biden. (Com agências internacionais)