Nunes diz a podcast que foi vereador 'casca de bala' e que Marçal faz 'crocodilagem'

Política
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O prefeito Ricardo Nunes (MDB) adaptou a linguagem utilizada por ele em entrevista ao podcast Flow, que reúne uma audiência predominantemente jovem na internet. Ele usou gírias para atacar Pablo Marçal (PRTB), se colocar como conservador e rebater as acusações do influenciador de que ele é "comunista" e de "esquerda".

 

Na entrevista na noite desta terça-feira, 10, Nunes se referiu por diversas vezes ao apresentador como "mano", usou a palavra "parada" para substituir o substantivo coisa em inúmeras ocasiões e disse que foi um vereador "casca de bala" ao se posicionar contra temas como a chamada ideologia de gênero, a legalização do aborto e das drogas e pedir a quebra de sigilo fiscal na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Sonegação Tributária.

 

"Quando o cara fala que eu sou de esquerda, comunista, defendo ideologia de gênero. Eu não sou. Sou o contrário", disse Nunes. "Esse papo não é legal. Eu vim da periferia. Lá na minha quebrada a gente chama isso de crocodilagem", continuou o prefeito, que colocou em dúvida as credenciais de "direitista" de Marçal.

 

Um dos motes da campanha de Nunes, inclusive com um jingle dedicado a isso, é destacar que sua origem é na periferia da zona Sul. Ele exibiu um vídeo durante a entrevista de um discurso que fez como vereador contra o que considerava a inclusão da ideologia de gênero no Plano Municipal de Educação em 2015.

 

O prefeito também criticou propostas de Marçal. Disse que é "conversa" que o ex-coach construirá prédio de um quilômetro de altura, porque "a Prefeitura não constrói prédio", e que a cidade não tem o relevo adequado para se construir teleféricos.

 

Nunes também mencionou suspeitas de que membros do PRTB, partido de Marçal, sejam ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele citou o caso revelado pelo Estadão de que o ex-presidente estadual da sigla, Tarcísio Escobar, é investigado por trocar carros de luxo por cocaína para o PCC e o áudio no qual o atual presidente nacional da legenda, Leonardo Avalanche, diz que pertence à organização criminosa e que ajudou a soltar o traficante André do Rap.

 

Marçal nega qualquer relação com irregularidades supostamente praticadas por integrantes da legenda. Avalanche nega ter relação com PCC. Escobar se diz inocente.

 

O prefeito foi questionado sobre a suspeita de que um dos seus principais aliados, o presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União) também tenha ligação com a facção criminosa. Nunes afirmou que pessoas públicas podem e devem ser investigadas e, se forem culpadas, precisam pagar. Caso sejam inocentes, disse, elas demonstrarão isso. Leite sempre negou qualquer ligação com a facção.

 

"Mas não dá para comparar isso [Milton Leite] com aquilo do Pablo Marçal. É diferente. A parada dos cara [sic] é outra. É cara que foi pego no telefone [falando que era do PCC]. O que foi o presidente estadual do PRTB aqui ,o Escobar, Pablo, Pablo Escobar, Escobar, umas parada meia louca, né [sic]", disse Nunes, buscando associar o primeiro nome de Pablo Marçal com o sobrenome de Tarcísio Escobar para remeter os telespectadores ao narcotraficante Pablo Escobar.

 

"O papo é o seguinte: não é discussão de qual é o voto da direita. É o voto no cara que mente e está envolvido com a bendita organização criminosa [contra o voto em] e quem fala a verdade", acrescentou o prefeito.

 

Nunes diz que ele, e não Bolsonaro, governará São Paulo

 

Marçal se tornou o principal concorrente de Nunes no eleitorado de direita. Apesar do emedebista ter o apoio oficial de Jair Bolsonaro (PL), a maior parte dos eleitores do ex-presidente declaram que votarão no candidato do PRTB. De acordo com o último Datafolha, Marçal tem 48% entre quem votou em Bolsonaro, contra 31% de Nunes.

 

No podcast, o prefeito procurou exaltar sua ligação com o ex-presidente, chegou a cantar um pequeno trecho da música "Volta Bolsonaro", mas disse que, se reeleito, quem governará será ele. "Quando houver um problema, você vai falar comigo, não vai ligar pro Bolsonaro. O Bolsonaro foi muito coerente quando estive lá em 2021 pedindo ajuda para a cidade, zeramos a dívida municipal com a União. [...] Agora nos unimos para derrotar a extrema-esquerda", concluiu.

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A Justiça americana bloqueou temporariamente as medidas do governo Donald Trump para proibir militares transexuais nas Força Armadas dos Estados Unidos.

Em decisão contundente, a juíza distrital Ana Reyes emitiu uma liminar permitindo que os militares trans continuem servindo nas Forças Armadas enquanto corre o processo. "A proibição, no fundo, invoca uma linguagem depreciativa para atingir um grupo vulnerável em violação à 5ª Emenda", escreveu no parecer.

O Departamento de Defesa afirma que cerca de 4,2 mil militares em serviço, o equivalente a 0,2% das Forças Armadas, são transexuais, incluindo pilotos, oficiais de alta patente, técnicos nucleares e membros das Forças Especiais, além de soldados, marinheiros e fuzileiros navais.

Logo após assumir a presidência, Donald Trump assinou um decreto para exclusão de transexuais das Forças Armadas. O texto alegava que a "adoção de uma identidade de gênero inconsistente com o sexo de nascimento conflita com o compromisso de um soldado com uma vida honrada, verdadeira e disciplinada, mesmo em sua vida pessoal".

Seguindo as ordens do presidente, o Departamento de Defesa emitiu novas diretrizes, na mesma linguagem de Trump, para proibir novos alistamentos e expulsar todos os militares trans das Forças Armadas, independente do seu mérito.

A política foi imediatamente questionada na Justiça. As ações argumentavam que as medidas seriam uma discriminação ilegal, que violaria o direito constitucional à proteção igualitária.

As Forças Armadas estão trabalhando nos planos para implementar a política e ainda não expulsaram nenhum militar trans, mas incentivaram e ofereceram recompensas para que deixem o serviço voluntariamente.

Embora a liminar tenha bloqueado as expulsões temporariamente, muitos dizem que será difícil seguir a carreira militar como se nada tivesse acontecido. A sargento Julia Becraft teve a promoção suspensa depois que política foi anunciada e decidiu tirar férias para cuidar da saúde mental. "Todos na minha unidade têm sido muito solidários, mas meu mundo virou de cabeça para baixo", disse.

Desde que o decreto foi assinado, militares relataram que foram forçados a usar os pronomes e seguir os padrões de aparência de seu sexo biológico, tiveram atendimento médico negado, foram preteridos em missões e colocados em licença administrativa. "Suas vidas e carreiras estão completamente abaladas", disse Shannon Minter, advogado que representa os militares.

Em uma audiência acalorada na semana passada, a juíza Ana Reyes, nomeada por Joe Biden passou o dia inteiro questionando os advogados do Departamento de Justiça que representavam o governo. Ela analisou linha por linha os relatórios sobre militares trans citados para proibição e disse que as conclusões eram "totalmente, grosseiramente enganosas", porque "selecionaram apenas uma parte e deturparam até mesmo essa parte".

"Como você pode até mesmo dizer que um grupo inteiro de pessoas carece de humildade?", questionou a juíza sobre uma das justificativas para a proibição. "Isso simplesmente não faz sentido."

Ana Reyes insinuou repetidas vezes que a falta de evidências de que os militares transexuais tivessem efeito negativo nas Forças Armadas sugeria que a proibição foi motivada por animosidade. O advogado do governo Jason Manion respondeu que isso não seria suficiente para considerar a política ilegal.

A ordem é parte dos esforços de Donald Trump para reverter as iniciativas de promoção da igualdade nas Forças Armadas. Isso inclui demissões, fim do reconhecimento dos meses do Orgulho LGBT+ e da História Negra, além da retirada de conteúdos sobre diversidade dos sites do Departamento de Defesa. Até a foto do bombardeiro B-29 que lançou a primeira bomba atômica foi removida presumivelmente porque o nome, Enola Gay, foi sinalizado na busca por palavras que o departamento queria excluir.

As pessoas abertamente transexuais foram autorizadas a entrar para as Forças Armadas pela primeira vez durante o governo Barack Obama. Nos anos seguintes, líderes militares relataram que a permissão não trouxe nenhuma consequência significativa para o serviço militar.

Mesmo assim, Donald Trump proibiu o alistamento de pessoas trans durante o seu primeiro governo. A medida enfrentou desafios legais, mas foi mantida pela Suprema Corte e continuou em vigor até ser revogada por Joe Biden. (Com agências internacionais).

A Rússia realizou um ataque com drones no sistema de energia da operadora ferroviária estatal da Ucrânia, a Ukrzaliznytsia, na região de Dnipro, na madrugada desta quarta-feira, 19. Em mensagem via Telegram, a empresa disse que alguns trechos sofreram perda de energia, mas o tráfego de trens seguiu conforme programado.

"Felizmente, não houve vítimas. Estamos trabalhando na restauração", informou o comunicado ucraniano.

O ataque acontece menos de um dia após a conversa entre o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na ocasião, o líder russo disse estar comprometido com a paz.

O primeiro-ministro de Israel, Binyamin Netanyahu, afirmou nesta terça, 18, que os ataques contra o Hamas na Faixa de Gaza continuarão e qualquer negociação futura sobre cessar-fogo ocorrerá "sob fogo" a partir de agora. As declarações foram dadas em um discurso na TV, o primeiro desde os bombardeios contra o território que mataram mais de 400, no dia mais letal da guerra desde seus primeiros meses em 2023.

"Este é apenas o começo. Vamos lutar até atingir todos os objetivos da guerra. De agora em diante, as negociações serão conduzidas apenas sob fogo", disse Netanyahu, que também rejeitou as acusações de que havia renovado a guerra em Gaza para sua própria sobrevivência política. Segundo ele, seus oponentes, ao fazer tais comentários, ecoavam a "propaganda do Hamas".

Os ataques acontecem em um momento tenso na política interna israelense. Netanyahu disse no domingo que demitirá Ronen Bar, chefe do serviço de segurança interna Shin Bet, uma decisão controvertida que provocou acusações de autoritarismo. Protestos foram planejados para hoje.

Críticos do primeiro-ministro argumentaram que ele rejeitou acordos que encerrariam a guerra e libertariam mais reféns para preservar sua coalizão de governo, que inclui apoiadores de ultradireita.

O grupo terrorista Hamas, que controla Gaza, acusou Israel de anular o acordo de cessar-fogo, mas não respondeu militarmente aos ataques. A primeira fase do cessar-fogo entrou em vigor em 19 de janeiro. Nesse período, o Hamas devolveu 33 reféns em troca de 1,8 mil prisioneiros palestinos. Ela foi encerrada no dia 1.º e desde então as negociações para a segunda fase não avançaram.

A próxima etapa deveria libertar os últimos reféns mantidos no território, estimados em 24. Os mediadores esperavam que as negociações levassem ao fim do conflito. Mas os líderes israelenses disseram que não estavam dispostos a parar a luta até eliminar o Hamas. O grupo disse que poderia entregar o controle civil do território, mas não dissolver batalhões de combatentes armados ou enviar líderes para o exílio.

Vítimas

Em Gaza, a intensidade do bombardeio lembrou os primeiros dias da guerra, quando Israel lançou uma onda implacável de ataques aéreos em resposta ao atentado do Hamas em 7 de outubro de 2023, que deu início ao conflito.

Autoridades de saúde em Gaza relataram 404 mortes, incluindo um grande número de mulheres e crianças. Mais de 600 ficaram feridos. Militares israelenses disseram ter como alvo comandantes militares e autoridades políticas do Hamas. O grupo confirmou a morte de cinco altos integrantes do grupo. A Jihad Islâmica Palestina disse que o porta-voz de sua ala militar também foi morto. Ataques aéreos e fogo de artilharia continuaram ao longo do dia.

A Casa Branca afirmou que Israel consultou os EUA antes de lançar os ataques e o presidente Donald Trump deu sinal verde para eles.

Antes do discurso de Netanyahu, o ministro da Defesa, Israel Katz, indicou que o conflito deve seguir por semanas ou até meses. "O Hamas deve entender que as regras do jogo mudaram", disse Katz a jornalistas durante uma visita a uma base aérea. O Exército israelense emitiu ordens de retirada para áreas mais ao norte e leste de Gaza, sugerindo que novos ataques terrestres poderiam ser lançados.

O tenente-coronel Nadav Shoshani, porta-voz militar, disse que Israel lançou os bombardeios após descobrir que o Hamas estava planejando novos ataques para capturar ou matar civis ou soldados israelenses porque o Hamas se recusou a libertar o restante dos reféns.

Vários estados árabes e europeus, assim como a Rússia, condenaram os bombardeios israelenses. O Egito denunciou o que considerou uma tática israelense para expulsar os palestinos de Gaza. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.