Premiação do Mundial de Clubes vai criar mais desigualdade entre clubes sul-americanos?

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A América do Sul já vive uma hegemonia no futebol. A última edição da Libertadores que não ficou com um time brasileiro já tem sete anos. Neste intervalo, mudanças na economia dos dois principais países do continente - Argentina e Brasil - afetaram também o esporte, além de novas formas de gestão, como as SAFs.

 

Agora, seis clubes voltam dos Estados Unidos com premiação recorde pelo Mundial de Clubes, o que levanta dúvidas sobre como a tal injeção financeira irá interferir no mercado sul-americano.

 

Os valores ainda passam por descontos na declaração de impostos. As alíquotas variam a cada caso e país. Ainda assim, o prêmio do Flamengo, por exemplo, é próximo do que Paris Saint-Germain faturou com o título da Champions League: 25 milhões de euros (cerca de R$ 152,8 milhões, pelo câmbio atual).

 

Outro exemplo que demonstra a grandiosidade dos valores é a vitória do Palmeiras sobre o Botafogo, nas oitavas de final. Paulinho custou US$ 18 milhões (R$ 115 milhões na cotação da época) ao clube, que recebeu US$ 13,125 milhões (R$ 72,8 milhões) por ter avançado às quartas de final, graças a bola colocada na rede pelo atacante.

 

A premiação total distribuída pela Fifa chega a US$ 1 bilhão (R$ 5,5 bilhões). O valor tem origem no que foi pago pela DAZN pelos direitos de transmissão do campeonato. A compra foi feita após a estatal de comunicação da Arábia Saudita, parceira da gestão do presidente Gianni Infantino, comprar 10% da companhia de streaming.

 

A Fifa prevê um pagamento de "solidariedade" a clubes que não entraram na disputa do Mundial. O objetivo é minimizar distorções nos continentes em relação a quem estava na competição. "O Mundial de Clubes da Fifa não será apenas o ápice do futebol de clubes, mas também uma demonstração viva de solidariedade que vai beneficiar os clubes em larga escala como nenhuma outra competição já fez", disse Infantino.

 

BRASIL TEM "BOLHA" NO MERCADO DO FUTEBOL E CONTRASTA COM VIZINHOS

Diferentes fatores apontam para uma inflação do mercado do futebol no País. Desde 2021, clubes brasileiros podem receber investimentos como empresas, por meio da Lei da SAF, o que facilitou a injeção de recursos e renegociação de dívidas.

 

Além disso, as casas de apostas passaram a ser os principais patrocinadores dos times do Brasil. Somente em 2025, é estimado que essas empresas aportem R$ 1 bilhão nos clubes da Série A do Campeonato Brasileiro.

 

O economista Cesar Grafietti, referência no Brasil sobre finanças no futebol, avalia que a bolha no futebol nacional irá estourar em algum momento. Ele destaca que o movimento acontece porque, naturalmente, uns clubes podem gastar mais do que outros, já que não há lastro que distribua aportes de maneira competitiva.

 

"A bolha vai estourar, isso é fato. Já enxergo que os números de 2024 serão muito ruins do ponto de vista de resultado e dívida, e 2025 será ainda pior. Não adianta todo mundo gastar o que não tem porque o resultado será sempre prejuízo e aumento de dívida. O que Flamengo e Palmeiras fazem é justificável. O Bahia também, porque é do Grupo City, que tem muito dinheiro. Os outros, não, porque ninguém tem todo esse dinheiro. Só que eles se sentem na obrigação de 'correr' para acompanhar esses que têm mais condição", explicou o economista ao Estadão.

 

FUTEBOL ARGENTINO VIROU "MERCADO" DO BRASIL

Enquanto os brasileiros viram as cifras crescerem, os clubes argentinos lidam com a desvalorização da moeda local. O dólar tem atingido o patamar de 1.238 pesos argentinos, e a inflação chega a 43,5% ao ano no país.

 

Multifatorial, a crise argentina afeta também os clubes. A exemplo do Brasil, há quem pense em buscar investimentos maiores, por meio das SADs (Sociedades Anónimas de Desporto, no espanhol), semelhantes às SAFs brasileiras.

 

Um incentivador do modelo é o próprio presidente Javier Milei, entusiasta do setor privado e do estado mínimo. O chefe do Executivo publicou, em 2024, um decreto que obrigava a Associação de Futebol Argentino (AFA) a permitir as SADs.

 

O tema divide figuras históricas do esporte no país. Verón, ídolo e presidente do Estudiantes, é favorável. Riquelme, de mesmo status e cargo, mas no Boca Juniors, é contra.

 

Houve disputa judicial e política a partir do decreto de Milei. A AFA chegou a acionar Conmebol e Fifa. A entidade sul-americana argumentou, na época, que "estabelecer a obrigação de que os clubes prevejam a transformação em uma SAF é uma flagrante ingerência do Estado".

 

A questão social dos clubes argentinos tem uma relação de pertencimento diferente em relação ao Brasil. "O processo político eleitoral dos clubes é muito importante. É uma noção de que os sócios são donos dos clubes. Eles votam nos candidatos. Não é um assunto transparente e perfeito, mas há a oportunidade de votar", explicou a antropóloga e pesquisadora de política e esporte da Universidade de Buenos Aires (UBA) Verónica Moraes ao Estadão.

 

Um efeito prático disso são clubes brasileiros contratando talentos da Argentina. Eles são a maioria entre os estrangeiros no futebol do País. A Série A de 2025 tem 47 jogadores argentinos. Em 2018, quando o River Plate foi o último time argentino a ser campeão da Libertadores, o Brasileirão tinha apenas 23 atletas do país vizinho.

 

Apenas em 2021, outra nacionalidade (os colombianos) foram maioria entre os estrangeiros. O número de argentinos oscilou no intervalo, mas estourou a partir de 2022. Dois anos depois, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) aumentou o limite de estrangeiros por equipe de sete para nove jogadores.

 

Em oposição ao aumento de aportes (e de gastos), há a cobrança pelo fair-play financeiro. O sistema busca "o equilíbrio da indústria do futebol por meio da saúde financeira dos clubes", explica Grafietti.

 

Boas práticas incluem não atrasar o pagamento de salários e encargos trabalhistas, recolher impostos em dia e evitar o acúmulo desenfreado de dívidas. A ideia nasceu há cerca de 15 anos na Europa, após a Uefa ver clubes de maior investimento ficarem em débito com outros mais modestos, que, por sua vez, não conseguiam manter suas operações estáveis.

 

A CBF já deu o primeiro passo para criar um Regulamento do Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF), o chamado Fair Play Financeiro. Um grupo de trabalho será montado para estabelecer as regras.

 

"A implementação gradual é para dar tempo de recuperação a situações críticas. Acompanhado de um trabalho até acadêmico, que podemos pensar como fazer por meio da CBF Academy. É muito fácil só aplicar sanção e virar as costas. Não resolve problema assim", analisa Ricardo Glock Paul, vice-presidente da CBF e coordenador do futuro grupo.

 

A situação na América do Sul, contudo, já é de disparidade. O equilíbrio no Brasil pode até ter impactos no futebol da América do Sul, mas apenas um modelo da Conmebol poderia ser base para maior competitividade no continente.

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No Outubro Rosa, mês dedicado ao combate da doença, oncologista da Imuno Santos esclarece estratégicas de prevenção e tratamento

O que você faria se pudesse prever um tumor? Com o avanço da ciência e tecnologia, já é possível saber, antes mesmo da apresentação de sintomas, se uma pessoa tem ou não predisposição para a doença. Neste mês de conscientização do câncer de mama, que deve afetar mais de 73,6 mil mulheres no Brasil em 2025, segundo o Ministério da Saúde e o Inca (Instituto Nacional de Câncer), o rastreamento genético é uma potente aliada da medicina. 

A oncologista da Imuno Santos, Suelli Monterroso, explica que o exame é um complemento importante aos métodos tradicionais, como a mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética. ”O teste genético pode ser feito para identificar mutações hereditárias no DNA que possam evoluir para doenças cancerígenas, neurológicas e cardíacas. Isso permite escolhas estratégicas, como antecipação e aumento da frequência de análises de rastreamento, o que amplia as chances de cura em casos de detecção de tumores em estágios iniciais”, destaca.

Outra medida para quem possui alta probabilidade de ter neoplasia mamária, são as cirurgias preventivas redutoras de risco. A mastectomia, por exemplo, remove uma ou ambas as mamas e reduz em até 90% as chances do diagnóstico de câncer de mama em quadros de mutações genéticas ou forte histórico familiar. 

Homens também são afetados

Embora o câncer de mama seja mais comum em mulheres, homens também podem desenvolver a doença. No Brasil, desconsiderando  os tumores de pele não melanoma, é o que mais acomete mulheres. Apesar de representar apenas 1% dos casos, o sexo masculino também faz parte do universo de suscetívis a doença. O diagnóstico raro, se comparado a incidência no público feminino (1 a cada 8 mulheres), alerta para a importância da atenção redobrada. 

“A presença de um nódulo, geralmente duro, irregular e indolor, é o sintoma mais encontrado nos consultórios. Entretanto, os mamilos podem apresentar indícios como edema cutâneo na pele, dor, descamação, ulceração, secreção papilar e hiperemia. Por isso, é fundamental que todos criem o hábito de fazer o autoexame em momentos como o do banho, em que a sensibilidade é maior”, enfatiza a oncologista. 

Redução de mortalidade

De acordo com o Governo Federal, o câncer de mama é a primeira causa de morte por tumor em mulheres no Brasil e em 2023 registrou mais de 20 mil óbitos pela doença. No entanto, graças a ampliação da faixa etária para a realização de mamografia pelo SUS (Sistema Único de Saúde), a tendência é que essa mortalidade seja reduzida. 

Agora, as mulheres de 40 a 49 anos têm direito a mamografia pelo SUS, mesmo que não apresentem anomalias. Outra novidade é que o rastreamento ativo será realizado a cada dois anos até os 74 anos de idade. Até então, o exame preventivo era obrigatório entre 50 e 69 anos. A ação de combate é fundamental, considerando que o envelhecimento é um fator de risco e cerca de 60% dos casos de câncer de mama são diagnosticados nesta fase da vida. 

Tratamento

O diagnóstico de câncer de mama só é confirmado mediante a biópsia. O tratamento adequado varia de acordo com o tipo e estágio do tumor, e pode consistir em procedimentos como cirurgia (cirurgia conservadora da mama ou mastectomia), quimioterapia, imunoterapia, radioterapia e hormonioterapia.

Dados apontam que 72% dos brasileiros sofrem de distúrbios do sono; médico alerta para os riscos à saúde e ensina hábitos simples que fazem diferença na hora de descansar



Muitas pessoas encaram o sono como um luxo ou uma perda de tempo. No ritmo acelerado da vida moderna, sacrificar algumas horas de descanso parece uma forma de ser mais produtivo. No entanto, segundo especialistas, essa visão é um equívoco. A ciência tem mostrado que o descanso noturno tem um impacto em diversos aspectos da nossa saúde, tanto física quanto mental.

De acordo com estudos realizados pela Fiocruz em 2023, 72% da população brasileira tem alguma doença relacionada ao sono. O sono de qualidade é um dos pilares mais importantes para uma boa saúde, tão imprescindível quanto a alimentação saudável e a prática regular de exercícios. 

“Durante o sono, o corpo não está parado, mas sim em um estado de reparo e regeneração. É nesse período que o sistema imunológico se fortalece, aumentando nossa capacidade de combater infecções. A privação crônica de sono está relacionada a um maior risco de desenvolver problemas de saúde graves, como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”, comenta o neurologista da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo, Edson Issamu Yokoo.

Além dos benefícios físicos, o sono desempenha um papel na saúde mental e cognitiva. Ele é fundamental para a consolidação da memória e para o processamento de informações que acumulamos ao longo do dia. 

“Uma boa noite de sono melhora a capacidade de aprendizado, a concentração e a resolução de problemas. A falta de sono, por sua vez, pode levar a problemas como irritabilidade, ansiedade e até mesmo quadros de depressão”, explica o médico.

Um estudo publicado no Psychological Bulletin, da American Psychological Association, apontou por meio da análise de diversos estudos sobre o tema que a privação do sono por uma ou mais noites resulta no aumento de sintomas de ansiedade e preocupação.

“O bem-estar emocional também é regulado pelo sono. Quando dormimos bem, nosso corpo consegue gerenciar melhor os hormônios do humor, permitindo que controlemos nossas emoções para reagir de forma mais equilibrada aos desafios diários. Uma noite mal dormida pode nos deixar mais sensíveis e propensos a mudanças de humor”, aponta o neurologista.

Para entender como o sono funciona, é preciso falar da melatonina. Este hormônio, produzido naturalmente pela glândula pineal no cérebro, é o responsável por regular nosso relógio biológico. 

“A produção desse hormônio aumenta com a escuridão, sinalizando ao corpo que é hora de se preparar para dormir. A luz, especialmente a luz azul de telas de celulares e computadores, suprime a produção de melatonina, o que explica por que usar o celular antes de dormir atrapalha o sono”, comenta Yokoo.

Quebrando alguns mitos sobre o sono

Apesar da importância do sono, muitas crenças populares ainda confundem as pessoas. Segundo o neurologista, é um mito, por exemplo, que se pode compensar a falta de sono no fim de semana. 

“Embora dormir mais ajude a se sentir melhor, a ´dívida de sono’ acumulada durante a semana não é totalmente resolvida e continua a afetar o corpo. Outro mito comum é que roncar é normal. O ronco é um sinal de que existe obstrução física/mecânica parcial  nas vias respiratórias durante o sono. O turbilhonamento do ar quando passa por esta obstrução é que dá o som de ronco”, explica o neurologista.

Segundo o especialista, a apneia é quando existe uma parada respiratória temporária durante o sono, que pode levar à dessaturação de oxigênio sanguíneo. “A presença de ronco aumenta muito a chance de se ter apneia, que leva à consequências variadas no cérebro, desde prejudicar os ciclos do sono até causando pequenas lesões isquêmicas cerebrais, podendo ocasionar à situação de Acidente Vascular Encefálico e crises epilépticas ou demências. Ou seja, o ronco não é um sinal da apneia, mas um potencial causador da condição”, comenta o médico.

Yokoo aponta ainda mais um mito, aquele que diz que o cochilo a tarde sempre é benéfico. Segundo ele, um cochilo curto e bem sincronizado (geralmente de 20 a 30 minutos) pode ser ótimo para melhorar o humor, a atenção e o desempenho. No entanto, cochilos longos ou tirados muito tarde no dia podem atrapalhar o sono noturno. Se você tem dificuldade para dormir à noite, pode ser melhor evitar cochilos.

“Tem também a ideia de que quanto mais tempo você dorme, melhor, que é mito. O ideal para a maioria dos adultos é [dormir] entre 7 e 9 horas por noite. Dormir em excesso consistentemente pode estar associado a problemas como diabetes e depressão”, explica.

O neurologista da Rede de Hospitais São Camilo aponta algumas dicas importantes para melhorar a qualidade do sono:

  • Crie uma rotina: Tente ir para a cama e acordar no mesmo horário todos os dias, até nos fins de semana.
  • Controle o ambiente: Mantenha o quarto escuro, silencioso e com uma temperatura agradável.
  • Desconecte-se: Evite o uso de telas pelo menos uma hora antes de dormir.
  • Relaxe: Realize atividades relaxantes antes de dormir, como ler um livro ou tomar um banho morno.

“Vale ressaltar que priorizar o sono não é um ato de preguiça, mas sim um investimento na sua saúde e bem-estar físico e mental a longo prazo, melhorando a qualidade de vida do paciente”, finaliza o neurologista.

Ministério da Saúde atualiza, nesta quarta (15), o número de notificações de intoxicação por metanol após consumo de bebida alcoólica. Até o momento, 148 notificações foram registradas, sendo 41 casos confirmados e 107 em investigação. Outras 469 notificações foram descartadas. 

O estado de São Paulo concentra 60,81% das notificações, com 33 casos confirmados e 57 ainda em investigação.  

Até a última atualização, apenas os estados de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul haviam registrado casos confirmados. Agora, o estado de Pernambuco também confirmou casos por esse tipo de intoxicação. Com isso, os números de casos confirmados são: 33 em SP, 4 no PR, 3 em PE e 1 no Rio Grande do Sul. 

Em relação aos casos em investigação, São Paulo investiga 57, Pernambuco (31), Rio de Janeiro (6), Mato Grosso do Sul (4), Piauí (3), Rio Grande do Sul (3), Alagoas (1), Goiás (1) e Paraná (1). 

Em relação aos óbitos, 6 foram confirmados no estado de São Paulo e 2 em Pernambuco. Outros 10 seguem em investigação, sendo 4 em SP, 3 em PE, 1 no MS, 1 na PB e 1 no PR.