Projeto manobrado por bancada da bala facilita acesso a armas por condenados

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Integrantes da bancada da bala da Câmara dos Deputados manobram para aprovar um projeto de lei que facilita o acesso de armas para criminosos, flexibiliza o porte e a anistia a irregularidades e desmonta o Estatuto do Desarmamento. Após avançar sem resistência de governistas, agora integrantes do ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) correm para frear a proposta.

Na segunda-feira, 9, deputados apresentaram um pedido para acelerar a tramitação de um projeto de lei de Paulo Teixeira (PT-SP), que propunha a custódia de armas apreendidas para o Poder Judiciário. O novo relator de plenário, Ismael Alexandrino (PSD-GO), porém, mudou o texto.

Ele escolheu um apensado que vai na contramão do projeto original. O novo texto prevê que teriam restrição a armas de fogo apenas pessoas condenadas com trânsito em julgado - ou seja, quando não cabe mais recurso em nenhuma corte - e por crime contra a vida considerado hediondo com a intenção de matar. Isso permitiria a condenados em primeira instância, por exemplo, a adquirir armamento. Hoje legislação diz que, para ter acesso a arma, a pessoa não pode responder a inquérito policial ou a processo criminal, numa etapa anterior à condenação.

O texto também anistia quem tem armas ilegais desde 2008 e dispensa a exigência de atestados de aptidão técnica, aptidão psicológica, comprovações de idoneidade e antecedentes criminais para regularizar a arma - requisitos que são hoje exigidos. O porte de arma de fogo (isto é, a possibilidade de levar a arma consigo mesmo em lugares públicos) é proibido no Brasil. A lei altera essa permissão e condiciona o porte à prévia licença.

Um relatório da auditória do Tribunal de Contas da União (TCU) nos sistemas de fiscalização de armas do Exército identificou 70.646 boletins de ocorrência, 9.387 mandados de prisão e 19.479 processos de execução penal relativos a cidadãos com armas registradas no Exército. Tratam-se de pessoas que não cumpriam ou deixaram de cumprir requisitos de idoneidade, mas que mesmo assim tinham acesso aos produtos. A manobra da bancada da bala pode agravar esse cenário.

Além disso, o projeto de lei revoga a necessidade de apresentar uma justificativa individualizada para a compra de armas, e amplia para dez anos o prazo para renovação de registro - período considerado por especialistas como inadequado para checagem de requisitos como a inexistência de antecedentes criminais. Na prática, extingue a proibição do porte de armas como regra geral, já que o Estatuto do Desarmamento define que o porte de arma, isto é, a autorização para pessoas circularem armadas pelas ruas, é proibido, salvo nas exceções previstas na própria lei.

A Câmara vota nesta semana um pacote de projetos de lei do campo da segurança pública, pauta apoiada pelo presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Ele delegou ao presidente da bancada da bala e da Comissão de Segurança Pública, Alberto Fraga (PL-DF), selecionar os projetos que seriam votados. Integrantes do MJSP já conversaram com Alexandrino para alterar o projeto de lei, mas dizem que ele não cede nos principais pontos que preocupam a pasta.

As mudanças no texto foram feitas sob "cochilo" da esquerda. O PSOL, por exemplo, partido que costuma se colocar contra a pauta do armamento da população civil, votou a favor do regime de urgência, e um de seus parlamentares defendeu a votação da proposta de autoria de Teixeira.

"Esse projeto é do atual ministro e ex-deputado Paulo Teixeira, que considera, e nós concordamos com isso, inadequado que a custódia de armas apreendidas fique com o Poder Judiciário. Claro, a discussão de mérito virá no momento adequado, mas entendemos que a urgência é cabível, porque há casos, e o autor as relata na sua justificativa, de vulnerabilidade desses locais. Essas armas, muitas vezes, voltam para mãos criminosas, e por isso essa cautela é muito importante", disse na segunda-feira o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

O Congresso e o próprio Lira passam por uma indisposição com o governo Lula em meio à crise das emendas parlamentares, cujo pagamento foi travado pelo ministro Flávio Dino (Supremo Tribunal Federal), que exige mais transparência no processo. O governo federal publicou nesta terça-feira, 10, uma portaria acertada com a cúpula do Parlamento para destravar o pagamento das emendas e reduzir a animosidade do Legislativo contra os projetos do Executivo.

Especialistas ouvidos pelo Estadão criticam a manobra da bancada da bala, Roberto Uchôa, policial federal que trabalhou com fiscalização de armas na corporação e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, diz que a proposta, a que ele chama de "péssima", pode acabar anistiando armas que entraram no território brasileiro de forma ilícita.

"Enquanto a gente discute sobre campanhas para recompra de armas quando a gente quer retirar o excesso de armas em circulação, a bancada da bala teima em aumentar o número de armas em circulação, mesmo diante de pesquisas mostrando como isso tem sido nocivo para a sociedade. Esse projeto é um verdadeiro trem da alegria para a indústria armamentista", declara Uchôa.

Para o Instituto Sou da Paz, trata-se de uma tentativa de alterar o Estatuto do Desarmamento "inserindo dispositivos camuflados em projetos de lei com outros objetivos", tentando evitar o debate público. A organização critica o fato de o texto original, que tratava da doação de armas apreendidas para as forças de segurança, ter sido deturpado para incluir alguns pontos que descaracterizam a legislação brasileira de controle de armas, o que chama de "grave retrocesso".

"Além de alterar o Estatuto do Desarmamento, que passou incólume, inclusive, pela gestão de Jair Bolsonaro, esse projeto facilita que pessoas respondendo a crimes graves possam adquirir armas. Aprovar tais alterações é fragilizar estruturalmente a política de controle e armas, prejudicando diretamente a população brasileira", diz a organização em nota.

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O documentário Caso Eloá - Refém ao Vivo, já disponível na Netflix, refaz os passos e os principais momentos do sequestro e assassinato da jovem Eloá Cristina Pimentel, morta em 2008 pelo ex-namorado, Lindemberg Alves, após um sequestro de cerca de cem horas que comoveu o Brasil. Nayara Rodrigues, amiga de Eloá que também foi mantida em cativeiro, não está entre os entrevistados do novo projeto.

Na ocasião do sequestro, Nayara, Iago Vieira e Victor Lopes foram mantidos em cativeiro por Lindemberg. Os outros três jovens estavam na casa de Eloá para fazer um trabalho de escola. O sequestrador libertou os dois rapazes no primeiro dia, mas manteve as meninas. Posteriormente, ele também libertou Nayara, mas ela acabou voltando ao cativeiro por um erro da polícia. Ela saiu do sequestro baleada com um tiro no rosto.

Várias pessoas envolvidas na cobertura e nos desdobramentos do caso são entrevistadas para o documentário. Os irmãos e os pais de Eloá, além dos colegas Victor e Iago, estão entre os que retornaram a convite da diretora Cris Ghattas e da produtora Veronica Stumpf, da Paris Entretenimento. Nayara, no entanto, não topou o convite.

Ao Estadão, Cris e Veronica contaram que convidaram todas as pessoas consideradas relevantes para se revisitar esta história. Nayara hoje evita falar sobre o assunto.

"Queríamos ouvir todos os lados com imparcialidade, para fazer essa reflexão mais ampla. O documentário não está aqui para julgar nenhum elo dessa corrente, e sim mostrar as fragilidades e potencialidades de cada participante dessa história horrorosa", afirmou a produtora.

Segundo informações que circulam em redes sociais, por amigos e conhecidos, Nayara passou a levar uma vida mais reclusa e discreta nos anos seguintes ao sequestro. Atualmente, ela evita dar entrevistas e falar sobre o caso. Um mês após o crime, em 2008, ela concedeu uma entrevista ao Fantástico, exibida em 2 de novembro daquele ano. Durante o papo com Renata Ceribelli, Nayara deixou claro que, quando a polícia entrou, Lindemberg ainda não havia atirado.

"Tem horas que parece que a ficha não caiu ainda", declarou. "Às vezes eu me sinto conformada com o que aconteceu com ela, mas as vezes parece que não entra na minha cabeça. Não tem um motivo. Por que aconteceu isso com ela?"

Vencedora do Oscar de Melhor Canção Original em 2013 por Skyfall, Adele agora se prepara para sua estreia na atuação. A cantora foi anunciada como parte do elenco de Cry to Heaven, adaptação do livro homônimo de Anne Rice (Entrevista com o Vampiro) publicado em 1982, que terá direção do estilista e cineasta Tom Ford (Animais Noturnos).

Adele se junta a um elenco estelar, que conta ainda com Nicholas Hoult (Superman), Aaron Taylor-Johnson (Extermínio: A Evolução), Colin Firth (Bridget Jones: Louca Pelo Garoto), Paul Bettany (WandaVision), Hunter Schafer (Euphoria) e Owen Cooper (Adolescência).

A história de Cry to Heaven se passa na Itália do século 18, durante o período de popularidade dos castrati, cantores que eram castrados ainda jovens para manter a voz fina. O longa seguirá a colaboração inesperada entre uma nobre de Veneza e um cantor castrato, que desejam se tornar grandes nomes da ópera.

Além de dirigir, Ford também assina o roteiro e a produção de Cry to Heaven. O longa está atualmente em processo de pré-produção e, segundo o Deadline, deve começar a ser rodado em janeiro.

Ciarán Hinds (Belfast), George MacKay (1917), Mark Strong (Nove Desconhecidos), Daniel Quinn-Toye, Josephine Thiesen (A Imperatriz), Thandiwe Newton (Wandinha), Theodore Pellerin (Maid), Daryl McCormack (Vivo ou Morto: Um Mistério Knives Out), Cassian Bilton (Fundação), Hauk Hannemann e Lux Pascal (Narcos) completam o elenco.

Até o momento, não foi revelado que ator interpretará qual personagem.

Cry to Heaven não tem data para estrear.

Miranda Priestly e Andy Sachs estão de volta. A 20th Century Studios divulgou nesta quarta-feira, 12, o primeiro teaser trailer de O Diabo Veste Prada 2. A prévia mostra o reencontro, breve, das personagens vividas por Meryl Streep e Anne Hathaway.

A sequência do fenômeno de 2006 vai acompanhar a editora-chefe da revista Runway tentando encontrar seu lugar no mundo profissional diante do declínio do jornalismo impresso. Ela logo descobre que um de seus empecilhos será Emily Charlton (Emily Blunt), sua antiga assistente que agora é a executiva de um grupo que tem o dinheiro do qual Miranda precisa para se reerguer. A estreia está marcada para maio de 2026 nos Estados Unidos, com direção novamente de David Frankel.

Além delas, Stanley Tucci, que também estrelou o primeiro O Diabo Veste Prada, também teve seu retorno confirmado. De acordo com a Variety, Kenneth Branagh (Morte no Nilo) se juntou ao elenco da sequência como o marido da personagem de Streep.

O Diabo Veste Prada adapta o livro homônimo de Lauren Weisberger publicado em 2003, baseado na própria experiência da autora trabalhando para Anna Wintour. Uma sequência, A Vingança Veste Prada - O Diabo Está de Volta, foi publicada em 2013. Na história, Andy se torna a editora de uma publicação de sucesso dedicada a noivas. Enquanto planeja o próprio casamento, ela começa a relembrar os traumas sofridos quando trabalhava para Priestly e o caminho das duas se cruza novamente.