Trump exige confirmações de cargos de gabinete sem sabatinas no Senado

Internacional
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Enquanto o novo governo republicano começa a tomar forma, uma semana após sua vitória nas urnas, o presidente eleito, Donald Trump, passou a exigir que o futuro líder do Senado permita que ele faça as nomeações sem audiências de confirmação, o que significaria um drible no Congresso e na Constituição.

 

Trump já indicou nomes para cargos importantes. Tom Homan, ex-diretor interino da Imigração e Controle de Alfândegas (ICE), no primeiro mandato, foi anunciado como "czar da fronteira", com o papel de liderar a prometida repressão à imigração. Elise Stefanik, deputada de Nova York, recebeu o convite para ser embaixadora dos EUA na ONU.

 

Segundo a CNN americana, Stephen Miller, assessor linha-dura em imigração, é cotado para ser vice-chefe de gabinete da Casa Branca. Acima dele estaria Susie Wiles, primeiro anúncio de Trump para um posto em seu governo, feito na semana passada. Membro leal de seu grupo de conselheiros, ela será a primeira mulher a ocupar o cargo.

 

Demanda

 

Para essas e outras posições que serão indicadas, Trump espera agora que o novo Senado, cuja maioria foi retomada pelos republicanos, permita uma manobra de aprovação que dispense as sabatinas de confirmação. Ele manifestou ontem sua intenção em uma postagem no X.

 

Segundo reportagem do jornal britânico The Guardian, a exigência foi feita por Trump aos três candidatos a liderar o Senado, em troca de seu apoio na disputa. Os três cotados - Rick Scott, John Thune e John Cornyn - rapidamente concordaram com a exigência.

 

A ferramenta parlamentar, chamada de "nomeações de recesso", permite ao presidente aprovar nomes enquanto o Senado está temporariamente em recesso, pode ser usada para contornar o processo de confirmação e evitar atrasos ou bloqueios. A exigência mostra o quanto o presidente eleito pretende influir na escolha do próximo líder do Senado, que deve ser eleito esta semana, em substituição a Mitch McConnell, que está se aposentando. Quando assumir, em janeiro, os republicanos terão 53 das 100 cadeiras da Casa. O partido está perto de conseguir também a maioria na Câmara, mas a apuração ainda não foi encerrada.

 

Gabinete

 

Trump tem montado sua nova equipe com consultoria direta de amigos e assessores. A promessa é "remodelar radicalmente" o governo federal. Um grupo em particular tem tido uma influência maior. Ele inclui seu vice-presidente eleito, JD Vance, e nomes menos conhecidos, como executivos influentes. No fim de semana, eles começaram a navegar pelas diferenças ideológicas do partido - e os impulsos de Trump -, enquanto definiam os cargos.

 

A maioria republicana no Senador significa que Trump não terá problemas para confirmar seus indicados e não precisaria abreviar o processo. No entanto, sua intenção de indicar Robert F. Kennedy Jr. para algum cargo na área da saúde pode enfrentar resistência em razão de suas opiniões antivacina. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em outra categoria

O novo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou na tarde deste sábado, 8, em São Paulo, que governadores bolsonaristas "preferem fazer demagogia com sangue, ao tratar todo mundo da comunidade como se fosse bandido". Boulos disse que essa é a visão dos governadores do Rio, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de outros chefes de Executivo estadual apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Ele lançou no Morro da Lua, região de Campo Limpo, na zona sul de São Paulo, o Projeto Governo na Rua, que tem a finalidade de ouvir a população e levar as manifestações ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Boulos declarou também que a questão do combate ao crime é antiga, mas que Luiz Inácio Lula da Silva é quem tomou a iniciativa de tentar resolver com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública e o projeto de lei antifacção. Conforme o ministro chefe da Secretaria-Geral da Presidência, com essas propostas aprovadas, o governo federal terá mais atribuições e responsabilidades para o enfrentamento ao crime.

"A gente acredita que o combate ao crime tem que fazer da maneira correta, como a Operação Carbono Oculto, da Polícia Federal, para pegar o peixe grande, não o bagrinho. O peixe grande está na Avenida Faria Lima, não na favela", acredita.

O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), divulgou neste sábado, 8, a pauta da Casa para a próxima semana, com a inclusão do projeto de lei antifacção - texto encaminhado pelo governo ao Congresso na esteira da megaoperação que deixou 121 mortos no Rio de Janeiro. A proposta é relatada pelo deputado Guilherme Derrite (PP-SP), secretário de segurança de São Paulo.

Motta marcou a primeira sessão deliberativa da Casa da semana para terça-feira, 11, às 13h55. A sessão será semipresencial, conforme decidido pelo presidente da Câmara em atenção a pedido de líderes partidários. Isso significa que os deputados poderão votar a distância nas sessões dessa semana, sem precisarem estar em Brasília.

A pauta também contém outros projetos relacionados à Segurança Pública, como o que aumenta a destinação da arrecadação com jogos de apostas de quota fixa (bets) para o financiamento da segurança pública. O relator de tal projeto é o deputado Capitão Augusto (PL-SP).

Outro projeto na lista de serem debatidos pelos parlamentares é o que condiciona a progressão de regime, a saída temporária e a substituição de pena privativa de liberdade por pena restritiva à coleta de material biológico para obtenção do perfil genético do preso. O relator é o deputado Arthur Maia (União-BA).

Ainda consta na pauta a discussão de um projeto que altera o Código Tributário Nacional para tratar de normas gerais para solução de controvérsias, consensualidade e processo administrativo em matéria tributária e aduaneira. A tramitação em regime de urgência da proposta foi aprovada no último dia 21. O relator é o deputado Lafayette de Andrada (Republicanos-MG).

O sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier, alertou neste sábado, 8, para a situação fiscal explosiva do Brasil. Com o juro real perto de 11% e o atual nível de endividamento, o País corre risco de quebrar se o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) for reeleito e não mudar suas políticas. Por outro lado, pode virar a página caso eleja um candidato de centro-direita, escapando do duelo Lula versus Jair Bolsonaro e colocando um ponto final no ciclo pós-ditadura.

"O País quer uma coisa diferente dessa oferta que foi nos dada nos últimos anos, que aponte para o futuro. Chega de Bolsonaro, chega de Lula, está bom", disse Xavier, durante painel na conferência MBA Brasil 2025, em Boston, nos Estados Unidos.

Segundo ele, Lula e Bolsonaro representam um período "do nós contra eles" que o Brasil vive desde o fim da ditadura. "Temos uma alternativa de acabar com esse ciclo já no ano que vem", disse, sem mencionar um candidato específico. Na sua visão, qualquer candidato da direita hoje pode ser a 'cara' do centro-direita nas eleições de 2026, mas que ainda não é hora de se colocar. "Vai apanhar", afirmou.

Xavier prevê uma eleição "super acirrada", em que não será possível saber o vencedor das urnas nem 24 horas antes do pleito. E, nesse ambiente, a situação fiscal d Brasil pode se deteriorar ainda mais, com o governo petista gastando mais para vencer a disputa. Na sua visão, "o Brasil está em risco".

"A gente está criando um endividamento muito alto e que é explosivo. 11% de juro real para um país que já tem uma dívida desse tamanho, a gente quebra", alertou. "A gente está se aproximando muito perto do encontro com a dívida", acrescentou. Uma eventual piora da situação fiscal do Brasil pode levar credor da dívida brasileira a questionar a vontade do País de honrá-la. "Dívida é capacidade vontade. A capacidade está ficando em dúvida e já tem um pouco de dúvida se (o governo) tem muita vontade de pagar mesmo".

Ao falar a estudantes brasileiros de MBA no exterior, ele analisou o histórico dos partidos políticos no Brasil para reforçar a cobrança da sociedade por uma proposta nova. Na sua visão, o PT "morreu", assim como o PSDB perdeu relevância nacional. No entanto, o Partido dos Trabalhadores tem o Lula, que é "muita coisa", mas demonstra um "egoísmo brutal" ao continuar sendo presidente e não dar oportunidade para outros.

"A reeleição é um câncer no Brasil. O incentivo do político é se reeleger. Virou uma profissão", criticou o gestor. "O político deveria servir as pessoas, servir o povo. Não se servir", emendou.

Segundo ele, é importante que o ciclo pós-ditadura termine para que o Brasil aponte para o futuro. Mesmo que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tenha surpreendido para cima nos últimos anos, sob a ótica de crescimento, quando comparado a outros emergentes, o Brasil "ficou para trás", na sua visão. "O Brasil nunca teve horizonte, nunca teve previsibilidade", concluiu.

*A repórter viajou a convite da MBA Brasil