Presidente eleito do Uruguai se reúne com Lula e fala em otimismo sobre Mercosul-UE

Internacional
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O presidente eleito do Uruguai, Yamandú Orsi, visitou o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto nesta sexta-feira, 29. Depois da conversa, Orsi falou em otimismo na relação entre Mercosul e União Europeia. Os dois blocos negociam um acordo comercial.

 

O bloco dos países da América do Sul se reúne na semana que vem, no Uruguai.

 

"Como Mercosul e como região somos otimistas com a possibilidade de seguir estreitando laços com outras regiões, e fundamente com a Europa", disse Orsi a jornalistas no Palácio do Planalto.

 

Lula afirmou recentemente querer assinar o acordo com a União Europeia ainda neste ano.

 

Orsi também afirmou que levou a Lula uma saudação do ex-presidente uruguaio José Mujica e do atual chefe do governo do país, Lacalle Pou.

 

O presidente eleito do Uruguai é da Frente Ampla, a coalizão de forças da esquerda da qual Mujica é o principal símbolo.

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A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou para derrubar a liminar do ministro Luís Roberto Barroso, deferida na noite da sexta-feira, 17, que afastou a possibilidade de punição criminal contra enfermeiros que atuem em procedimentos de aborto legal.

A decisão em plenário vem logo após Barroso apresentar seu último voto como ministro do STF e de apresentar um voto, em outra ação, pela descriminalização do aborto até 12 semanas de gestação. Na semana passada, ele anunciou que anteciparia a sua aposentadoria oito anos antes do prazo, motivado, segundo ele, pela alta exposição pública que o cargo lhe dá.

Por se tratar de uma liminar, a decisão fica submetida a referendo do plenário - neste caso, em sessão virtual extraordinária que termina em 24 de outubro.

Votaram contra a liminar de Barroso os ministros Gilmar Mendes, Cristiano Zanin, Flávio Dino, Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Alexandre de Moraes, formando a maioria. Os demais ministros (Luiz Fux, Cármen Lúcia, Dias Toffoli e Edson Fachin) podem depositar seu voto até a sexta-feira, 24.

O ministro alegou que falta assistência e há proteção insuficiente que impede mulheres e meninas de acessarem um direito garantido há décadas.

A liminar foi concedida em duas Arguições de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), uma de entidades da sociedade civil, como a Sociedade Brasileira de Bioética e a Associação Brasileira de Saúde Coletiva, e outra do PSOL.

Os autores pediam o reconhecimento da violação massiva de direitos fundamentais na saúde pública em razão das barreiras ao aborto legal, e que, além de médicos, outros profissionais de saúde pudessem atuar nos procedimentos.

Isso porque a interpretação literal pela Justiça da regra do artigo 128 do Código Penal, que admite que apenas médicos realizem o procedimento nessas situações, segundo Barroso, contribui para a omissão da política de saúde. Isto é, outros enfermeiros e técnicos de enfermagem não são mencionados, abrindo brecha para punição desses profissionais.

O Brasil, para o ministro, "ignora parâmetros científicos internacionalmente reconhecidos, mantendo uma rede pública insuficiente, desarticulada e desigual".

Barroso também mencionou outra exigência não prevista em lei que cria barreiras ao aborto legal: a limitação da idade gestacional em que ela pode ser feita. Ele diz que não existe um prazo gestacional fixo para a realização do aborto decorrente de estupro ou qualquer outra circunstância legalmente prevista, e que "o número de semanas da gestação é usada por médicos e instituições de saúde como argumento para negar à interrupção lícita da gravidez".

O ministro citou uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) que proibia médicos de fazerem a interrupção da gestação em caso de estupro quando "houvesse probabilidade de sobrevida do feto em idade gestacional acima de 22 semanas".

"Ao limitar a realização de procedimento médico reconhecido e recomendado pela Organização Mundial de Saúde, inclusive para interrupções de gestações ocorridas após as primeiras 20 semanas de gestação, o CFM aparentemente se distancia de standards científicos compartilhados pela comunidade internacional, e, considerada a normativa nacional aplicável à espécie, transborda do poder regulamentar inerente ao seu próprio regime autárquico, impondo tanto ao profissional de medicina, quanto à gestante vítima de um estupro, uma restrição de direitos não prevista em lei, capaz de criar embaraços concretos e significativamente preocupantes para a saúde das mulheres".

O CFM vem se colocando há anos contra o aborto. Em fevereiro, após o PSOL pedir para o STF reconhecer que enfermeiros podem ajudar no procedimento legal, o conselho emitiu uma nota dizendo que "a realização de aborto por não médico coloca em risco a saúde da mulher".

"Contrariamente ao que dizem o texto legal e o precedente do próprio STF, objetiva-se com a ADPF ora manejada que o aborto legal seja realizado por profissionais não médicos sem que esses tenham a devida qualificação técnica. O médico é o profissional indicado como responsável para realizar o procedimento em todas as situações previstas no ordenamento jurídico", afirmou o CFM em nota.

Descriminalização do aborto

Como última medida antes de se aposentar, Barroso votou para impedir a punição contra mulheres que cometam aborto até a 12ª semana de gestação - uma pauta histórica de movimentos feminista e de direitos humanos.

"As mulheres são seres livres e iguais, dotadas de autonomia, com autodeterminação para fazerem suas escolhas existenciais. Nesses casos, o papel do Estado não é o de escolher um lado e excluir o outro, mas assegurar que cada um possa viver a sua própria convicção", afirmou Barroso.

Em seu último dia no STF, o ministro pediu uma sessão extraordinária e urgente, no plenário virtual, para participar do julgamento antes de se aposentar.

A votação foi suspensa na sequência por um pedido de destaque do decano Gilmar Mendes. A tendência é que o processo volte a ser engavetado, sem perspectiva de retornar à pauta do STF em um futuro próximo.

Barroso usou a mesma estratégia de Rosa Weber, que deu o primeiro voto a favor da descriminalização às vésperas da aposentadoria, em setembro de 2023. Na ocasião, a ministra esperava ser substituída por um homem e fez questão de participar da decisão do STF. Foi ela quem definiu o limite das 12 semanas. Barroso a acompanhou integralmente.

Um dos cotados para substituir Barroso é o advogado-geral da União, Jorge Messias, que por ser evangélico poderia votar contra a ampliação das hipóteses para o aborto legal no Brasil. O regimento interno do STF prevê que os votos de ministros aposentados valem mesmo após deixarem o tribunal. Com isso, os sucessores ficam impedidos de votar.

O posicionamento de Barroso era esperado. O ministro já havia se manifestado publicamente a favor da descriminalização do aborto, mas sempre com a ressalva de que, na avaliação dele, a sociedade não estava madura para uma decisão do STF. Com a aposentadoria, o tempo de espera chegou ao fim.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou o episódio final da novela "Vale Tudo", da TV Globo, para promover o debate sobre desigualdade social e justiça. O capítulo foi exibido na noite desta sexta-feira, 17.

"Hoje é dia de final de novela, e o Brasil vai parar pra ver quem matou a Odete Roitman. Mas, fora das telas, o povo brasileiro está escrevendo outra história: a da esperança, com um país que escolheu combater a desigualdade com justiça social. E aqui o final é feliz e coletivo", escreveu o presidente em uma publicação na rede X (antigo Twitter).

No post, Lula também compartilhou imagens de agendas do governo e resultados da gestão em seu terceiro mandato.

Em conversa com o deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) nesta sexta-feira, 17, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) cobrou maior articulação entre presidentes de partidos de direita contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de olho nas eleições de 2026.

Bolsonaro cumpre prisão domiciliar em sua casa em Brasília, onde vem recebendo aliados para romper o isolamento e tratar de questões políticas. O ex-presidente foi punido com a restrição por descumprir medidas cautelares impostas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, em 4 de agosto.

"Bolsonaro entende que precisa mais - e ele vai conversar com Valdemar na próxima semana (sobre isso) - que os presidentes de partido estejam se reunindo com mais frequência para que a gente possa ter ainda mais resultados positivos, para enfrentar o atual governo, visando em especial a eleição de 2026", afirmou o líder do PL na Câmara à imprensa na saída da visita ao ex-presidente.

Em setembro, o União Brasil e o Progressistas (PP) anunciaram o desembarque oficial do governo Lula, antecipando a articulação de uma candidatura competitiva na direita para derrotar o PT em 2026. Os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União), e do Paraná, Ratinho Júnior (PSD), são cotados para liderar esse movimento, mas a escolha do nome ainda não foi decidida.

Sóstenes diz que Bolsonaro lhe perguntou como está a articulação pela anistia do 8 de Janeiro. O tema interessa ao ex-presidente, que pode ser beneficiado pelo texto que os bolsonaristas tentam, ainda sem sucesso, aprovar na Câmara, de modo a perdoar todos aqueles investigados por atos antidemocráticos desde 2019.

Sóstenes detalhou o seguinte panorama: o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), relator do projeto, aguarda o texto ser devolvido pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), na terça-feira, com o compromisso do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), de pautá-lo para votação. Caso a proposta devolvida pelos articuladores preveja a redução de penas - e não a anistia "ampla, geral e irrestrita", como cobram os bolsonaristas -, a bancada do PL vai apresentar um destaque para ampliar o perdão.

"Estamos muito confiantes, quem sabe na próxima semana a gente pode ter essa boa notícia. Estou muito empenhado em que a gente finalmente possa resolver de uma vez por todas a questão da anistia. Bolsonaro tem reconhecido que as articulações têm avançado", declarou Sóstenes.

O líder do PL disse que a saúde do ex-presidente parece melhor, com menos soluços, mas que a questão emocional permanece a mesma. Bolsonaro, segundo o deputado, vem reclamando do tédio na prisão domiciliar e do uso da tornozeleira.

"Está um pouco melhor do que da última vez que eu o vi. Ele está tomando algumas medicações, com cuidados alimentares. A preocupação dele é com soluço. Enquanto estivemos (juntos), ele tossiu algumas vezes, mas não estava soluçando, mas ele está sentindo algum incômodo (com refluxo) (...) Ele tem conseguido na última semana voltar a fazer exercício físico, porque, por conta do soluço constante que ele estava tendo, ele não estava conseguindo se exercitar. Ele conseguiu hoje fazer uma hora de esteira", disse Sóstenes.

A indicação de Lula à vaga deixada por Luís Roberto Barroso no STF foi outro assunto da conversa desta sexta-feira, mas desta vez com Michelle. O presidente deve indicar o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, que é evangélico e homem de confiança do petista.

"Conversei com a Michelle (sobre isso). Nós comungamos da mesma opinião, por sermos evangélicos. Querem colocar (Messias) na conta dos evangélicos, mas ele, antes de qualquer coisa, não está sendo indicado por ser evangélico, mas porque é petista. E ele, como petista, representa 5% do segmento dos evangélicos, que são os evangélicos esquerdistas. (Mas) não temos como opinar sobre isso, é um direito do presidente indicar quem ele quiser", afirmou Sóstenes.