Chefe do Exército de Israel renuncia citando falhas em ataque do Hamas

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O chefe das Forças Armadas israelenses, general Herzi Halevi, anunciou nesta terça, 21, que deixará o cargo no início de março, citando a falha militar sob seu comando em proteger a população dos ataques do Hamas, em 7 de outubro de 2023.

 

O pesado saldo - 1.200 mortos em Israel e outros 250 sequestrados levados para a Faixa de Gaza - criou uma expectativa em Israel de que pelo menos alguns líderes acabariam renunciando. Apenas alguns oficiais renunciaram, e o general Halevi é o de mais alta patente entre eles até agora.

 

"Minha responsabilidade pelo terrível fracasso me acompanha todos os dias, toda hora e assim será pelo resto da minha vida", disse ele, em carta ao ministro da Defesa israelense, Israel Katz.

 

O primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, rejeitou os apelos para renunciar ou assumir plena responsabilidade pelo desastroso fracasso em prever e prevenir o ataque do Hamas. Ele disse apenas que terá de responder a "perguntas difíceis" após a guerra.

 

O anúncio do general foi feito dois dias depois de Israel e Hamas iniciarem uma trégua de 42 dias, a primeira fase de um acordo de cessar-fogo e liberação de reféns. No domingo, o Hamas libertou três mulheres em troca de 90 palestinos presos em Israel.

 

Oportuno

 

Citando o acordo com o Hamas, Halevi disse que o momento agora era propício para ele partir, já que os reféns começaram a voltar para casa. Ele também disse que o Exército israelense havia alcançado uma série de grandes conquistas, permitindo a ele sair com "a dissuasão e a força" de Israel restauradas.

 

Mas ele também admitiu que os objetivos de guerra de Israel - que incluíam a destruição do Hamas e o retorno de todos os reféns - ainda não foram alcançados. Na esteira do cessar-fogo, as forças do Hamas reafirmaram seu controle sobre grande parte de Gaza, e a maioria dos reféns ainda permanece no enclave.

 

Netanyahu nunca se entendeu completamente com Halevi, segundo o comentarista de assuntos militares do Haaretz Amos Harel. Após os ataques do Hamas, Netanyahu tentou cada vez mais direcionar a culpa pelo desastre ao líder militar, disse Harel.

 

Radicalismo

 

Agora, com o general Halevi, que foi nomeado pelos opositores centristas do primeiro-ministro, em 2022, fora do cenário, os aliados conservadores de Netanyahu esperam pela oportunidade de nomear um chefe militar que se alinhe mais estreitamente com eles.

 

Figuras do governo de linha-dura como Bezalel Smotrich, o ministro das Finanças, também criticaram líderes militares como Halevi por não lançarem uma campanha ainda mais agressiva em Gaza, ao mesmo tempo que grupos de direitos humanos acusam o Exército israelense de terem cometido crimes de guerra. Mais renúncias devem ocorrer nas próximas semanas.

 

Nos últimos 15 meses, Halevi, que assumiu o posto mais alto do Exército no início de 2023, supervisionou as forças israelenses na guerra em Gaza, na invasão terrestre no Líbano, nas operações militares na Síria e nos ataques ao Irã.

 

Segundo Halevi, o Exército israelense finalizará uma série de inquéritos internos sobre o fracasso da segurança em 7 de outubro de 2023, antes de sua partida. Mas ele afirmou que os inquéritos militares eram limitados e sugeriu que uma investigação independente fosse aberta, ao que Netanyahu se opõe.

 

Cisjordânia

 

Ainda ontem, enquanto cumpriam um cessar-fogo em Gaza com o Hamas, forças de segurança de Israel iniciaram uma ampla operação militar em Jenin, na Cisjordânia. Segundo o governo, o objetivo da operação é erradicar o terrorismo.

 

Ao menos 10 pessoas morreram e 35 ficaram feridas, segundo a Autoridade Palestina, que governa partes do território ocupado. Sobre a operação em Jenin, Netanyahu disse que ela será extensa e significativa. Houve um aumento acentuado das tensões na Cisjordânia, onde o poder dos combatentes cresceu e a violência de colonos judeus contra civis palestinos disparou. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A cúpula do governo federal está na fase final da discussão sobre o que anunciar no evento que promoverá nesta semana para tentar atrair prefeitos para mais perto de seu grupo político. A expectativa é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha uma reunião sobre o assunto com representantes da Casa Civil nesta segunda-feira, 10. O presidente poderá fechar o pacote nessa conversa. Do contrário, a decisão ficaria para o próprio dia dos anúncios - o que não é tão incomum.

Como mostrou o Estadão/Broadcast, o governo federal organiza para os dias 11, 12 e 13 de fevereiro uma espécie de feirão de programas federais para apresentar aos prefeitos eleitos no ano passado. O evento, batizado de Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas, terá, na abertura, um discurso de Lula com anúncios voltados aos municípios.

Trata-se de uma forma de tentar se aproximar de prefeitos depois de aliados do presidente terem ido mal nas eleições municipais. Também será um canal de interlocução com os gestores locais paralelo à Marcha dos Prefeitos, organizada pela Confederação Nacional dos Municípios, que aliados do presidente hoje identificam como oposicionista.

O chefe do governo mencionou o evento em cerimônia em Paramirim (BA) na sexta-feira, 7. "Estou com vontade de descer ali e abraçar cada prefeito, cada prefeita, que eu espero que possam estar em Brasília na terça-feira para que a gente possa ter uma conversa sobre os rumos das cidades brasileiras", disse o presidente.

Lula deverá anunciar uma nova seleção do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) voltada para obras de interesse municipal - como creches, escolas de tempo integral e unidades básicas de saúde. O Planalto costuma chamar de "seleções" as rodadas em que governadores e/ou prefeitos enviam para análise os projetos que gostariam que o governo federal bancasse ao menos parcialmente.

É pouco provável que haja obras estruturantes nesta edição, que deverá ter valores bem mais modestos que as já anunciadas. A cifra é um dos temas ainda sem definição. Outro programa federal que possivelmente terá algum novo anúncio é o Minha Casa, Minha Vida. O programa habitacional é uma das ações do Executivo federal com mais capilaridade no interior do Brasil. São comuns obras do Minha Casa, Minha Vida envolvendo prefeituras.

A reportagem apurou que o BNDES anunciará um novo programa para financiar ações dos municípios. Outro banco estatal, a Caixa Econômica Federal avalia apresentação de medidas relacionadas à expansão de microcrédito e a financiamentos de obras de infraestrutura e saneamento, entre outros pontos.

O Encontro de Novos Prefeitos e Prefeitas será realizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. A Secretaria de Relações Institucionais (SRI) do Planalto, que está organizando o encontro, espera mais de 20 mil pessoas, entre prefeitos, secretários e ocupantes de outros cargos.

Os ministérios foram instados a montar estandes no local para apresentar seus programas a quem se interessar - em um formato semelhante às feiras promovidas por setores da iniciativa privada para estimular negócios entre empresas. Outros órgãos ligados ao governo, como Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Serpro e BNDES também participarão.

Os maiores vencedores das eleições municipais de 2024 foram o PSD e o MDB, seguidos de PP e União Brasil e outros partidos à direita do PT de Lula. Os partidos de esquerda que mais elegeram chefes de Executivo municipal no ano passado foram o PSB (312, na sétima colocação entre as siglas) e o PT (252, nona colocação). Governistas acham possível atrair mesmo prefeitos de direita para o evento porque as próximas eleições municipais estão distantes no tempo e porque quem chegou ao poder neste ano precisa de recursos federais para cumprir as promessas de campanha.

A Polícia Federal (PF) concluiu o inquérito da Operação 18 Minutos, que investigou a venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Maranhão, e indiciou 23 pessoas, entre desembargadores, juízes, advogados e servidores da Corte, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O relatório final da investigação, de 174 páginas, foi enviado no dia 6 de fevereiro ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), instância competente para julgar desembargadores. O relator é o ministro João Otávio de Noronha.

Os desembargadores Nelma Celeste Souza Silva Sarney Costa, Antônio Pacheco Guerreiro Junior e Luiz Gonzaga Almeida e os juízes Alice de Sousa Rocha e Cristiano Simas de Sousa estão entre os indiciados. O Estadão pediu manifestação dos magistrados via assessoria de imprensa do Tribunal do Maranhão.

A PF apontou envolvimento dos magistrados em fraudes para a liberação de alvarás judiciais que resultaram no levantamento de quase R$ 18 milhões do Banco do Nordeste para o pagamento de honorários advocatícios. Eles teriam manipulado a distribuição de processos e feito cálculos de correção monetária injustificados, por exemplo.

Os investigadores dividiram os indiciados em três núcleos: judicial, formado pelos magistrados e por seus auxiliares; causídico, formado por advogados que agiriam em conluio com juízes e desembargadores para conseguir as decisões suspeitas; e operacional, responsável pela lavagem do dinheiro obtido no esquema.

"A presente investigação identificou a existência de uma organização criminosa formada pelos núcleos judicial, causídico e operacional, em que magistrados, advogados e terceiros atuavam de forma estruturalmente ordenada, com clara divisão de tarefas, com o objetivo de obter vantagens de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais, dentre as quais, corrupção e lavagem de dinheiro", afirma a Polícia Federal.

O ex-deputado federal Edilázio Júnior (PSD-MA) foi indiciado no núcleo operacional. Ele é genro da desembargadora Nelma Sarney. Mensagens obtidas na investigação indicam que Edilázio influenciou decisões da desembargadora. O Estadão pediu manifestação do ex-deputado. Quando o inquérito veio a público, ele negou irregularidades e disse que as acusações são baseadas em "ilações e elucubrações que buscam atingir a sua imagem política".

Os investigadores afirmam ter encontrado movimentações financeiras suspeitas. São depósitos sem identificação de origem e transferências fracionadas, o que sugere lavagem de dinheiro.

Veja a lista completa de indiciados:

- Nelma Celeste Souza Silva Sarney Costa

- Antonio Pacheco Guerreiro Junior

- Luiz Gonzaga Almeida

- Alice de Sousa Rocha

- Cristiano Simas de Sousa

- Frederico de Abreu Silva Campos

- Francisco Xavier de Sousa Filho

- José Helias Sekeff do Lago

- Carlos José Luna dos Santos

- Sebastião Moreira Maranhão

- Edilázio Gomes da Silva Júnior

- Felipe Antônio Ramos Sousa

- Janaína Moreira Lobão Coelho

- Arnaldo José Sekeff do Lago

- Flávio Henrique Silva Campos

- Alderico Jefferson Abreu da Silva

- Fernando Antônio Ramos Sousa

- Eliane Ramos Sousa

- Sirley Regina Silva

- Fabrício Antônio Ramos Sousa

- Jaiçara Melo de Araújo Sousa

- Paulo Martins de Freitas Filho

- Lúcio Fernando Penha Ferreira

Com a palavra, os citados

A reportagem pediu manifestação dos magistrados e dos advogados e busca contato com os demais citados. O espaço está aberto para manifestações.

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, deu 10 dias para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) explicar o aumento de casos notificados de malária na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A decisão foi proferida na quinta-feira, 6, e o prazo termina no próximo dia 16.

O Estadão procurou o Ministério da Saúde e a Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), mas não obteve retorno.

Barroso cobrou respostas do governo após a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) apontar, em uma manifestação enviada ao STF no último dia 24, que os casos de malária aumentaram em 27% entre os anos de 2023 e 2024, de acordo com dados disponibilizados pelo Ministério da Saúde. Além disso, a Apib relatou que as ocorrências de desnutrição e infecção respiratórias agudas também estão em "constante crescimento".

"Embora o boletim indique que o aumento de casos notificados esteja relacionado ao aumento da cobertura de serviços de saúde, é estarrecedor que, após pelo menos dois anos de conhecimento público sobre a situação, sejam registrados, em um período de seis meses, 18.310 casos (dezoito mil trezentos e dez casos) em um conjunto populacional de 32.012 (trinta e dois mil e doze) indígenas, o que representa mais da metade da população possivelmente contaminada", disse a Apib na manifestação.

A entidade também acusa a pasta chefiada por Nísia Trindade de falta de transparência sobre a emergência. Segundo a Apib, os informes de saúde sobre o território Yanomami tinham periodicidade semanal até setembro de 2023 e, após isso, passaram a ser mensais e finalmente semestrais a partir de agosto do ano passado.

Em julho, o Estadão mostrou que o Ministério da Saúde parou de divulgar boletins com dados sobre número de mortes e incidência de doenças e desnutrição na Terra Indígena Yanomami. O governo também deixou de responder os pedidos sobre a situação na região apresentados via Lei de Acesso à Informação (LAI).

"É primeiro necessário observar a falha do Ministério da Saúde em prover transparência adequada às ações empregadas para combater a emergência de saúde na Terra Indígena Yanomami, uma vez que a ausência de periodicidade nas informações públicas, bem como o longo período no qual são elaboradas, denota uma ausência de compromisso com o repasse de informações adequadas para que se possa realizar um balanço das informações apresentadas", disse a Apib.

Um dos primeiros gestos do mandato de Lula foi decretar, em janeiro de 2023, estado de emergência na Terra Indígena Yanomami após altos índices de morte, justamente por malária e desnutrição. O Executivo realizou operações para a retirada de garimpeiros e reabriu seis dos sete polos-base existentes no território. Mesmo assim, no início do ano passado, o Planalto reconheceu que as ações não deram conta de sanar a crise.

Em março do ano passado, o governo liberou R$ 1 bilhão em crédito extraordinário para as ações contra o garimpo ilegal e o provimento de atendimento médico. Na manifestação enviada ao STF, a Apib afirma que, apesar do valor significativo enviado pelo Executivo, as verbas não foram suficiente para reverter os quadros de óbitos.