Choque entre helicóptero e avião mata 67 nos EUA

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Um Bombardier CRJ700, operado pela American Eagle, subsidiária da American Airlines, colidiu no ar com um helicóptero militar, quando se preparava para pousar no Aeroporto Nacional Ronald Reagan, em Washington, capital americana. O acidente matou 67 pessoas - 60 passageiros e 4 tripulantes do voo comercial e 3 militares do Black Hawk. Foi o pior desastre aéreo nos Estados Unidos desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.

 

O voo ia de Wichita, no Estado do Kansas, para Washington. O acidente ocorreu às 20h37 de quarta-feira (22h37 em Brasília). Entre as vítimas estão vários membros da comunidade de patinação artística dos EUA, incluindo atletas, treinadores e parentes. Segundo o Kremlin, patinadores russos também estavam no avião. Entre eles, os campeões mundiais Evgenia Shishkova e Vadim Naumov.

 

Especialistas e investigadores buscam agora explicar como uma colisão em pleno ar entre um avião de passageiros e um helicóptero militar foi capaz de acontecer no que muitos consideram o espaço aéreo mais controlado e seguro do mundo.

 

Tráfego intenso

 

Além do Aeroporto Reagan, que recebe voos domésticos, Washington conta com o Aeroporto Internacional Dulles e o Aeroporto Internacional Thurgood Marshall, de Baltimore. Além de aeronaves civis, o céu da capital dos EUA recebe centenas de voos militares, incluindo helicópteros encarregados de transportar funcionários de alto escalão e políticos entre locais sensíveis. Por isso, o espaço aéreo de Washington é restrito - a Casa Branca e o Congresso americano ficam a poucos quilômetros do local do acidente, na outra margem do Rio Potomac.

 

Especialistas afirmam que tanto o avião como o helicóptero deveriam estar em contato direto com o controle de tráfego aéreo civil do aeroporto da capital. Imagens obtidas pela CBS News mostram as duas aeronaves claramente visíveis nos sistemas de radar dos controladores do aeroporto de Washington.

 

Um áudio confirma que o Black Hawk estava em contato com o controle de tráfego aéreo. Na conversa, 30 segundos antes do acidente, o piloto do helicóptero foi perguntado se tinha o avião "à vista". A seguir, o controlador fez outra chamada e orientou o Black Hawk a passar por atrás do avião. Não houve resposta.

 

Treinamento

 

Após a colisão, de acordo com o áudio, os controladores de voo começaram a direcionar os outros aviões para os aeroportos vizinhos. O Bombardier e o Black Hawk se despedaçaram nas águas geladas do Potomac. A fuselagem do avião se partiu em três e foi encontrada de cabeça para baixo. Investigadores buscam agora as caixas-pretas das duas aeronaves no fundo do rio, para analisar os registros de dados e entender a reação dos pilotos.

 

Em entrevista à CNN, Cedric Leighton, coronel da reserva da Força Aérea, disse que era normal que um Black Hawk estivesse treinando à noite na área, especialmente para garantir que os pilotos saibam como usar os instrumentos necessários para voar no escuro.

 

Relatório

 

O novo secretário de Transportes dos EUA, Sean Duffy, disse que a trajetória das duas aeronaves era comum para o que normalmente acontece no espaço aéreo da capital americana. Ele também afastou falhas na comunicação entre o helicóptero, o avião e a torre de controle e disse que o céu estava limpo na hora da colisão.

 

"Tudo estava no padrão antes do acidente", afirmou. No entanto, Duffy disse que o acidente era "perfeitamente evitável", sem dar detalhes de como, já que as condições eram normais.

 

Uma pista sobre as causas pode estar em um relatório preliminar de segurança feito pela Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês), obtido pelo New York Times. O documento sugere que a situação na torre de controle do aeroporto de Washington "não era normal para a hora do dia e o volume de tráfego".

 

Segundo o relatório da FAA, o controlador que estava encarregado dos helicópteros nas proximidades do aeroporto, na noite de quarta-feira, também estava instruindo aviões que estavam pousando e decolando de suas pistas. Essas tarefas normalmente são atribuídas a dois controladores, em vez de um.

 

Como a maioria das instalações de controle de tráfego aéreo dos EUA, a torre do Aeroporto Reagan sofre há anos com falta de pessoal. Ela estava quase um terço abaixo dos níveis ideais, com apenas 19 controladores certificados, em setembro de 2023, de acordo com o mais recente Air Traffic Controller Workforce Plan, relatório anual do Congresso. As metas definidas pela FAA e pelo sindicato dos controladores exigem pelo menos 30. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, disse nesta quarta-feira, 30, que as togas dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) "não podem protegê-los". Segundo ele, as sanções impostas ao ministro do STF Alexandre de Moraes, com base na Lei Magnitsky, devem servir como um alerta às autoridades brasileiras.

Em publicação no X, Rubio disse que a punição ao ministro brasileiro se deve a "graves violações de direitos humanos". "Que isso sirva de aviso para aqueles que pisoteiam os direitos fundamentais de seus compatriotas - as togas judiciais não podem protegê-los", escreveu na rede.

O Departamento de Estado americano, responsável pelas relações internacionais do país, também emitiu uma nota sobre o tema. O órgão comandado por Rubio classificou Moraes como um "ator estrangeiro maligno", que ameaça a liberdade de expressão de empresas e cidadãos americanos.

Segundo a nota, o ministro do STF teria abusado de sua autoridade "ao se engajar em um esforço direcionado e politicamente motivado para silenciar críticos políticos por meio de ordens secretas obrigando plataformas digitais, incluindo dos EUA, a banir as contas de indivíduos".

"Os Estados Unidos usarão todos os instrumentos diplomáticos, políticos e legais apropriados e eficazes para proteger a expressão dos americanos contra atores estrangeiros malignos como Moraes, que procurariam miná-la" diz o texto, em tradução livre (acesse a íntegra neste link).

No último dia 18, Rubio já havia anunciado a revogação imediata do visto de Moraes, de seus aliados na Corte e familiares diretos.

O Estadão apurou que estão na lista de restrição de viagem aos EUA, além de Moraes, mais sete ministros do STF: Luís Roberto Barroso, Flávio Dino, Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Edson Fachin.

Só ficaram de fora da lista de sanções impostas pelo governo americano André Mendonça, Luiz Fux e Nunes Marques. Além disso, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, teve o visto revogado.

Embaixada dos EUA compartilha nota de Rubio

Após o governo dos Estados Unidos punir o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com a Lei Magnitsky nesta quarta-feira, 30, a Embaixada americana no Brasil compartilhou uma nota do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, em que diz que togas dos ministros "não podem protegê-los".

"@POTUS e @USTreasury sancionaram o ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Alexandre de Moraes, por meio do programa de sanções Global Magnitsky, por graves violações de direitos humanos. Que isso sirva de alerta a todos que atropelam os direitos fundamentais de seus compatriotas - togas não oferecem proteção contra a justiça", traduziu a Embaixada.

O advogado-geral da União, Jorge Messias, reagiu ao anúncio do governo dos Estados Unidos de aplicar sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), com a Lei Magnitsky, afirmando que medida é "arbitrária e injustificável" e representa "tentativa de intimidação do Poder Judiciário brasileiro".

Na nota, a Advocacia-Geral da União (AGU) informou que vai adotar "de forma ponderada e consciente nos fóruns e momentos adequados" todas as medidas de responsabilidade do Estado brasileiro para "salvaguardar sua soberania e instituições, especialmente em relação à autonomia de seu Poder Judiciário".

A estratégia jurídica para tentar reverter as medidas de Donald Trump ainda estão em fase de elaboração. A nota afirma que "merece forte repúdio qualquer tentativa de intimidação do Poder Judiciário brasileiro, sobretudo quando voltada a afetar a integridade do exercício de suas funções constitucionais".

"A existência de uma Justiça independente é pilar essencial de qualquer democracia e nós, brasileiros, jamais admitiremos sofrer assédio político contra quem aqui cumpre seu dever constitucional. Não nos curvaremos a pressões ilegítimas, que tentam macular a honra e diminuir a grandeza de nossa nação soberana", diz trecho da nota publicada no X (antigo Twitter).

Na frase final da nota, Messias deixa claro que não está em negociação a possibilidade de intervenção nas decisões tomadas pelo STF no julgamento de processos que afetam Jair Bolsonaro e a família dele. "Soberania não se negocia!", escreveu o advogado-geral.

O anúncio de sanções da Lei Magnitsky contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes repercutiu nas redes sociais de autoridades. Enquanto políticos ligados ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saíram em defesa do magistrado, a oposição celebrou a punição.

O governo dos Estados Unidos aplicou punições ao magistrado brasileiro nesta quarta-feira, 30. A Lei Magnitsky impõe sanções como proibição de entrada nos Estados Unidos e bloqueio de bens no país.

O líder do governo Lula na Câmara, José Guimarães (PT-CE), chamou as sanções de "conspiração da família Bolsonaro contra o Brasil". "Isso não é apenas uma afronta a um ministro do Supremo - é um ataque direto à democracia brasileira e à nossa soberania nacional!", disse o petista.

No mesmo sentido, a ministra-chefe da secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), chamou as sanções de "ato violento e arrogante". "Mais um capítulo da traição da família Bolsonaro ao País", disse a ministra.

O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) qualificou como "gravíssimo" o uso da Lei Magnitsky contra Moraes. Para o petista, as sanções não se restringem ao ministro e são também um "ataque ao Brasil".

A deputada federal Carol de Toni (PL-SC), ex-presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, afirmou que a aplicação da Lei Magnitsky contra Moraes "é a resposta internacional aos abusos, à censura e à perseguição política que o Brasil vive".

O deputado estadual Gil Diniz (PL-SP) celebrou o anúncio da Lei Magnitsky contra Moraes. Gil Diniz é aliado do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e já trabalhou no gabinete do filho "03" do ex-presidente. Para Diniz, as sanções contra Moraes são "resultado direto" de um "trabalho estratégico e silencioso" do brasileiro nos Estados Unidos.

A edição da Lei Magnitsky contra Moraes ocorre após um semestre de atuação de Eduardo nos Estados Unidos. O filho de Jair Bolsonaro é investigado no STF por buscar punições ao País e a autoridades brasileiras como forma de coagir o processo penal contra seu pai, réu por golpe de Estado.

O uso da Lei Magnitsky contra uma autoridade de um país democrático é inédito. Até o momento, a norma só havia sido aplicada contra violadores graves dos direitos humanos, como autoridades de regimes ditatoriais, integrantes de grupos terroristas e criminosos ligados a esquemas de lavagem de dinheiro e de assassinatos em série.