Zelenski diz que Trump está vivendo em um 'espaço de desinformação' criado pela Rússia

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O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse nesta quarta-feira (19) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está vivendo em um "espaço de desinformação" criado pela Rússia, como resultado das conversas entre a administração americana e autoridades do Kremlin. As falas aconteceram pouco antes de o líder ucraniano se encontrar com o enviado especial dos EUA para a região, Keith Kellogg.

 

"Gostaria que a equipe de Trump fosse mais verdadeira", afirmou Zelenski, que cancelou sua viagem para a Arábia Saudita, onde estão acontecendo as discussões entre russos e americanos para o acordo. Analistas acreditam que a atitude é uma tentativa de negar legitimidade às negociações EUA-Rússia sobre o futuro de seu país.

 

Na terça-feira, 18, Trump sugeriu que Kiev era a culpada pela guerra e que "poderiam ter feito um acordo" para impedi-la. Fonte: Associated Press.

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Os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), reagiram nesta quarta-feira, 6, às ações de parlamentares bolsonaristas para impedir o funcionamento das duas Casas - por meio da ocupação das Mesas Diretoras - e houve até ameaças de acionar a Polícia Legislativa contra o grupo.

Os oposicionistas anunciaram nesta terça, 5, a obstrução dos trabalhos em protesto contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL); em troca da desobstrução, eles defendem um pacote de medidas que inclui anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro e o impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Enquanto Motta afirmou que deputados que impedirem votações serão suspensos, Alcolumbre determinou a realização de uma sessão remota, hoje, e mandou um duro recado. "Não aceitarei intimidações nem tentativas de constrangimento à presidência do Senado. O Parlamento não será refém de ações que visem a desestabilizar seu funcionamento", disse ele, que também é presidente do Congresso.

A sessão remota desta quinta, 7, deverá ser reservada para votar a medida provisória que aumenta a isenção do Imposto de Renda para até dois salários mínimos. "A decisão tem por objetivo garantir o funcionamento da Casa e impedir que a pauta legislativa, que pertence ao povo brasileiro, seja paralisada. (...) A democracia se faz com diálogo, mas também com responsabilidade e firmeza", escreveu Alcolumbre.

A nota do senador foi divulgada depois de uma reunião realizada com líderes partidários para debater a obstrução capitaneada pela oposição desde anteontem, um dia após Moraes decretar a prisão domiciliar de Bolsonaro. Parlamentares aliados ao ex-presidente ocuparam a Mesas Diretoras da Câmara e do Senado.

Punição

Na Câmara, após o encontro de líderes na residência oficial de Motta, o presidente da Casa tinha agendado uma sessão plenária presencial para a noite de ontem, embora a oposição continuasse ocupando a Mesa Diretora. Segundo o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), Motta indicou que os deputados que o impedisse de assumir a cadeira no plenário seriam suspensos. De acordo com o líder do PDT, Mário Heringer (MG), a suspensão deve ser de seis meses.

Parlamentares que tentassem impedir a atuação do presidente da Câmara também poderiam ter os nomes enviados para o Conselho de Ética, conforme Lindbergh.

Atribuição

O líder do PSB no Senado, Cid Gomes (CE), afirmou que Alcolumbre descartou qualquer possibilidade de dar andamento, neste momento, a pedidos de impeachment de Moraes e de outros ministros do Supremo. "O presidente (do Senado) disse que a questão de impeachment é uma atribuição dele. Para usar as palavras dele, ele disse: 'Não há hipótese de que eu coloque para votar essa matéria'", declarou Cid a jornalistas, após a reunião de líderes.

Ainda de acordo com o relato de Cid, Alcolumbre afirmou na reunião que a margem de tolerância da ocupação seria esta semana e que, a partir de segunda-feira, o plenário do Senado deveria estar desocupado para a volta das sessões da Casa. Anteontem, o presidente do Senado afirmou, em nota, que a ocupação das Mesas da Câmara e do Senado feita pela oposição era um "exercício arbitrário" e desrespeitava os princípios democráticos.

Corrente

Cid disse também que entrará com representação no Conselho de Ética contra o senador Magno Malta (PL-ES). O bolsonarista se acorrentou a uma mesa no plenário do Senado em defesa do impeachment de Moraes.

"O presidente Davi Alcolumbre deixou claro que o Senado não vai se curvar à chantagem. O que está acontecendo é uma chantagem com o uso da força, o que não será admitido", declarou o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após dois dias de obstrução protagonizada pela oposição na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Hugo Motta, retomou a cadeira para abrir a sessão plenária proposta para a noite desta quarta-feira, 6. Houve resistência por parte dos bolsonaristas que, inicialmente, não queiram deixar o presidente iniciar os trabalhos. A sessão foi iniciada e encerrada após discurso de Motta que deu um recado aos oposicionistas: "País deve estar em primeiro lugar e não projetos pessoais", disse.

Em discurso de 10 minutos, Motta afirmou que a obstrução feita pela oposição ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) "não fez bem à Casa". Segundo ele, o ato não foi "condizente" com a história da Câmara.

"O que aconteceu entre o dia de ontem e o dia de hoje, em um movimento de obstrução física, não fez bem a esta Casa. A oposição tem todo o direito de se manifestar, a oposição tem todo o direito de expressar a sua vontade", afirmou Motta, que defendeu sempre ter lutado pelas prerrogativas dos deputados e pelo livre exercício do mandato parlamentar.

A oposição adotou diversas táticas para ocupar as mesas da Câmara e do Senado desde que a prisão domiciliar de Bolsonaro foi decretada. Os deputados usaram esparadrapos para cobrir a boca e os olhos e a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) levou a filha de quatro meses para o plenário e sentou na cadeira de Motta com a bebê ao longo do dia. Na Casa Alta, alguns senadores chegaram a se acorrentar à mesa utilizada para comandar os trabalhos.

No discurso, Motta disse também que não irá negociar a Presidência da Câmara e que não irá permitir que obstruções como a feita pela oposição sejam "maiores que o Parlamento". Para isso, o paraibano pediu para que os parlamentares reconhecessem a Mesa Diretora.

"Vamos continuar apostando no diálogo mesmo quando ninguém acreditar nessa ferramenta", disse.

"A nossa presença nesta mesa, na noite de hoje, é para garantir duas coisas: a respeitabilidade a essa mesa, que é inegociável com quem quer que seja, e o segundo motivo é para que essa Casa possa se fortalecer", afirmou Motta.

O presidente da Câmara afirmou que retomou a Presidência com a intenção de formar uma pauta "pró-País" a partir desta quinta-feira, 7. Motta disse ainda que conversou com lideranças ao longo desta quarta-feira, 6, e que a Casa deve voltar a obedecer o regimento e que ele não irá se distanciar da "serenidade e da firmeza" enquanto estiver no comando.

Sem citar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Motta disse que "acontecimentos recentes" geraram um "sentimento de ebulição".

Os aliados do ex-presidente defendem a inclusão do projeto de anistia aos condenados pelo 8 de Janeiro. Sem citar a proposta, o presidente da Câmara afirmou que não terá "omissão" para discutir qualquer tema e que o Legislativo é responsável por discutir questões atuais.

"Nós tivemos um somatório de acontecimentos recentes que nos trouxeram a esse sentimento de ebulição dentro da Casa. Nós estamos vivendo tempos normais? Não. Mas é justamente nessa hora que nós não podemos negociar a nossa democracia"

O subsecretário de Diplomacia Pública dos Estados Unidos, Darren Beattie, fez uma ameaça aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de seu X (antigo Twitter) nesta quarta-feira, 6. Compartilhando publicação do Departamento de Estado dos EUA - órgão equivalente ao Itamaraty - que condena a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ele pediu para que outros magistrados não apoiem Alexandre de Moraes.

"Os aliados de Moraes na Suprema Corte e em outros lugares são fortemente aconselhados a não auxiliar ou encorajar o comportamento sancionado de Moraes", escreveu o funcionário de alto escalão dos EUA.

Beattie ainda definiu Moraes como "o principal arquiteto do complexo de censura e perseguição direcionado a Bolsonaro e seus apoiadores" e afirmou que "os flagrantes abusos de direitos humanos cometidos por Moraes lhe renderam uma sanção Global Magnitsky do presidente Trump".

O ministro foi alvo de sanções via Lei Magnistsky. O dispositivo americano impede Moraes de acessar o país, de movimentar bens nos Estados Unidos e de ter acesso a serviços de empresas americanas. Até o momento, a norma só tinha sido usada para punir violadores de direitos humanos, ditadores e criminosos.

O objetivo do governo dos EUA, ao aplicar as sanções, era interferir no julgamento que investiga a participação de Jair Bolsonaro na tentativa de golpe de Estado.

Anteriormente, Beattie já tinha definido a taxação de 50% sobre produtos nacionais pelos EUA como "consequências há muito esperadas à Suprema Corte de Moraes e ao governo Lula por seus ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio americano".

Além de Moraes, o governo dos EUA também aplicou sanções a outros sete ministros do STF, cassando os vistos americanos dos magistrados. O tarifaço sobre produtos nacionais também foi uma forma de pressionar o Brasil, por meio de coerção econômica, a interromper o julgamento de Bolsonaro.

As sanções dos Estados Unidos contra o Brasil são conduzidas a pedido do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se autoexilou nos EUA e de lá articula ataques contra o País e autoridades nacionais com o objetivo de pressionar a concessão de uma anistia para os condenados pela tentativa de golpe de Estado, incluindo seu pai.