O que é estado de sítio, citado por Bolsonaro para refutar plano de golpe

Política
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O ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta segunda-feira, 25, que chegou a analisar a possibilidade de decretar estado de sítio após a eleição presidencial de 2022, mas descartou a medida e negou qualquer envolvimento em planos de golpe de Estado. Ele afirmou que todas as ações avaliadas respeitaram os limites constitucionais. "Jamais faria algo fora das quatro linhas", declarou.

Bolsonaro enfatizou que nunca discutiu golpe com ninguém e questionou a viabilidade de uma tentativa nesse sentido. "Golpe de Estado é uma coisa séria... Tem que estar envolvido todas as Forças Armadas senão não existe golpe. Ninguém vai dar golpe com general da reserva e mais meia dúzia de oficiais", afirmou a jornalistas no aeroporto de Brasília. Ele também disse que a palavra "golpe" não está em seu vocabulário. "Se alguém viesse discutir golpe para mim, (eu) ia falar, 'tá, tudo bem, e o 'after day'? E o dia seguinte, como é que fica? Como fica o mundo perante a nós?'".

Bolsonaro admitiu que, diante do que chamou de "comoção popular", considerou possíveis alternativas dentro da legalidade, incluindo o estado de sítio, mas afirmou que essa ideia foi descartada após consultas. "Não convoquei ninguém e não assinei nenhum papel", disse. Ele disse que buscou entender os mecanismos constitucionais para lidar com o cenário, mas concluiu que "não teve como resolver, descartou-se".

O que é estado de sítio?

O estado de sítio é a medida mais extrema prevista pela Constituição e pode ser acionado pelo presidente em situações que ameacem a ordem e estabilidade do País, como uma grave comoção nacional, estado de guerra ou agressão estrangeira. Está regulado nos artigos 137 e 138 da Constituição e exige autorização do Congresso Nacional, após consulta ao Conselho da República e ao Conselho de Defesa Nacional, que emitem pareceres não vinculativos sobre a necessidade da medida.

Após a autorização, o presidente pode suspender garantias constitucionais, como o sigilo de comunicações e a liberdade de reunião. O decreto deve especificar a duração da medida, as normas aplicáveis e as garantias suspensas, com o estado de sítio limitado a 30 dias, prorrogáveis por períodos iguais, sempre com nova aprovação do Congresso.

Durante a vigência da medida, o funcionamento do Congresso é garantido, e o presidente nomeia um executor para implementar as disposições, que podem afetar áreas específicas ou todo o território nacional. A medida é monitorada de perto pelo Legislativo para evitar abusos de poder.

Além do estado de sítio, a Constituição prevê o estado de defesa e a intervenção federal, medidas menos extremas que podem ser usadas em situações de instabilidade localizada. O estado de sítio, por ser um último recurso, concentra poderes extraordinários no presidente e suspende direitos fundamentais, tendo um impacto profundo na democracia.

Medidas dentro das 'quatro linhas' da Constituição

Na quinta-feira, 21, a Polícia Federal indiciou Bolsonaro e outras 36 pessoas por suspeita de participação em um plano de golpe de Estado e abolição violenta do regime democrático, após sua derrota eleitoral em 2022. Entre os investigados estão ex-ministros de seu governo e ex-comandantes das Forças Armadas. Além disso, fontes ligadas às investigações relataram que a Polícia Federal encontrou indícios de que Bolsonaro teria conhecimento de um plano para assassinar o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Questionado sobre isso, Bolsonaro negou envolvimento: "Esquece, jamais. Dentro das quatro linhas não tem pena de morte."

As acusações contra o ex-presidente incluem a análise de medidas excepcionais, como o estado de sítio, mas ele insiste que nunca houve intenção de ultrapassar os limites constitucionais. "É uma loucura falar em golpe, uma loucura", concluiu.

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A presidente do México, Claudia Sheinbaum, indicou nesta terça-feira, 26, que o país pode responder reciprocamente a eventuais tarifas alfandegárias impostas pela equipe do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Na segunda-feira, o republicano ameaçou taxar produtos mexicanos caso o vizinho ao sul não aja para conter a passagem de imigrantes pela fronteira e o tráfico de drogas.

Em coletiva de imprensa na manhã desta terça, Sheinbaum apresentou uma carta aberta endereçada a Trump.

No documento, a líder mexicana argumenta que essas questões não serão resolvidas na base da ameaça comercial.

"A uma tarifa, virá outra em resposta e assim será até que coloquemos empresas comuns em risco", advertiu ela.

Sheinbaum acrescentou que tarifas são inaceitáveis e elevariam a inflação nos dois países, além de causar perdas de empregos.

"Considero que o diálogo é o melhor caminho para o entendimento, a paz e prosperidade entre nossas nações, espero que nossas equipes possam se encontrar logo", disse a presidente do México.

O vice primeiro-ministro da Itália, Antonio Tajani, disse que não se pode colocar o grupo terrorista Hamas e Israel "no mesmo nível" de discussões e que é preciso respeitar os civis, em coletiva de imprensa da reunião do G7, nesta terça-feira, 26.

Na ocasião, ele informou que um acordo de cessar-fogo com o Hezbollah está perto de ser alcançado e que a Itália deve participar das negociações, ao lado dos Estados Unidos e da França.

Na ocasião, ele disse que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, não iria para um país onde ele pode ser preso, após o Tribunal Penal Internacional emitir um mandado de prisão pelo líder.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse que teve uma "conversa construtiva" por telefone com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, após o republicano ameaçar impor tarifas de 25% sobre produtos do Canadá e do México. Em vídeo publicado no X, antigo Twitter, pela CPAC TV, ele informa que é preciso "seguir em frente de maneira construtiva", em conversa com repórteres.

Trudeau afirmou que existem desafios na relação entre os dois países, mas que eles podem ser trabalhados juntos.

"Nós sabemos que essa é uma relação que precisa de trabalho e é o que vamos fazer", pontuou o primeiro-ministro.