Morte de Rubens Paiva: governo paga salários e pensões de R$ 140,2 mil para réus

Política
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O governo federal gasta todos os meses R$ 140,2 mil com salários e pensões de militares acusados pelo assassinato do ex-deputado federal Rubens Paiva durante a ditadura militar. Em maio de 2014, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou cinco militares reformados pela morte do engenheiro. A Justiça aceitou a denúncia no mesmo mês e os militares tornaram-se réus. Dos cinco, três morreram desde o início do processo, enquanto dois seguem vivos.

 

O major Jacy Ochsendorf e Souza, da reserva do Exército, recebe R$ 23,4 mil de salário bruto, sem descontos. Em valores líquidos, o vencimento mensal é de R$ 16 mil. Já o general reformado José Antônio Nogueira Belham recebe R$ 35,9 mil brutos. Após descontos na folha, o militar recebe, por mês, R$ 31 mil.

 

Os réus Rubens Paim Sampaio, Raymundo Ronaldo Campos e Jurandyr Ochsendorf e Souza morreram após o início do processo. Considerando-se os dependentes deixados pelos três militares, há oito familiares aos quais o governo federal destina pensões. O custo total é de R$ 80 mil mensais. Somados, os valores relativos a salários e pensões dos réus pelo assassinato de Rubens Paiva chegam a R$ 140,2 mil. O levantamento foi realizado pelo portal ICL Notícias com dados disponíveis no Portal da Transparência e confirmado pelo Estadão.

 

Rubens Paiva teve o mandato de deputado federal cassado com o golpe militar de 1964. Após seis anos exilado, retornou ao País em 1970. No ano seguinte, foi detido de forma arbitrária, torturado e assassinado nas dependências do Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) do Rio de Janeiro.

 

O drama da família do ex-deputado é retratado em Ainda estou aqui, livro de memórias do jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva, um de seus filhos, publicado em 2015. A obra foi adaptada aos cinemas por Walter Salles. O papel de Eunice Paiva, viúva de Rubens, é interpretado por Fernanda Torres e Fernanda Montenegro, filha e mãe. Neste domingo, 5, Fernanda Torres foi premiada na categoria de melhor atriz em filme de drama pelo Globo de Ouro, a maior premiação da crítica de cinema.

 

Em 1996, foi emitida uma certidão de óbito na qual se reconheceu que Rubens Paiva morreu de forma "não natural, violenta e causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964".

 

Apesar do reconhecimento oficial, não houve punição aos responsáveis pela morte do ex-deputado. O principal entrave para a condenação é a Lei da Anistia, de 1979. O texto perdoou os "crimes" de perseguidos políticos pela ditadura, mas acolheu a tese dos "crimes conexos", o que, na prática, anistiou também os militares envolvidos nas torturas e mortes promovidas pelo regime.

 

A Organização dos Estados Americanos (OEA), órgão internacional ao qual o Brasil está associado, considera crimes de lesa-humanidade como "imprescritíveis e não anistiáveis". Esse é o entendimento que levou o juiz Caio Márcio Gutterres Taranto a aceitar a denúncia do Ministério Público contra os militares implicados no assassinato de Rubens Paiva. "A qualidade de crimes contra a humanidade do objeto da ação penal obsta a incidência da prescrição", afirma trecho da decisão.

 

O entendimento do juiz foi confirmado pela segunda instância em setembro de 2014. No mesmo mês, contudo, um recurso dos réus ao Supremo Tribunal Federal (STF) paralisou a tramitação do caso. A liminar concedida pelo então ministro Teori Zavascki vai ao encontro do entendimento fixado pela Corte em 2010. Por 7 votos a 2, prevaleceu a tese de que a Lei da Anistia foi um acordo político para a redemocratização do País.

 

Embora tenha travado o processo, Zavascki permitiu o prosseguimento da coleta de provas. O ministro morreu em um acidente aéreo em janeiro de 2017. A cadeira dele no Supremo foi herdada por Alexandre de Moraes, que ficou com a relatoria do processo. Em novembro de 2024, Moraes encaminhou o caso à Procuradoria-Geral da República (PGR). A cúpula do Ministério Público ainda não se manifestou.

 

Em abril de 2024, o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) desarquivou a apuração sobre o caso Rubens Paiva. A decisão não é meramente simbólica, pois o órgão pode requisitar documentos, ouvir testemunhas e produzir relatórios propondo sanções.

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O presidente eleito, Donald Trump, entrou com um recurso de última hora pedindo à Suprema Corte dos EUA para bloquear sua sentença em Nova York por usar dinheiro como suborno para silenciar uma estrela de filmes adultos.

Um júri estadual condenou Trump no ano passado por 34 crimes graves por falsificação de registros comerciais.

Após meses de manobras pós-julgamento pelos advogados de Trump, o juiz de Nova York, Juan Merchan, disse na semana passada que sentenciaria Trump nesta sexta-feira, dias antes da próxima posse. Merchan deixou claro, no entanto, que não sentenciaria Trump à prisão e que uma dispensa incondicional - ou uma sentença sem qualquer punição - era "a solução mais viável".

Essas garantias não fizeram nada para satisfazer a equipe de Trump, que argumenta que o ex-presidente tem direito à imunidade que impede a sentença.

"Este Tribunal deve entrar com uma suspensão imediata de novos procedimentos no tribunal de primeira instância de Nova York para evitar grave injustiça e danos à instituição da Presidência e às operações do governo federal", disseram seus advogados no recurso de emergência.

A Suprema Corte pediu que o gabinete do promotor público de Manhattan respondesse até as 10 horas da quinta-feira.

O pedido do republicano veio depois que um juiz de apelações de Nova York se recusou a suspender a sentença. Isso também deixa a Suprema Corte com muito pouco tempo para considerar o assunto - durante um período em que já está enfrentando outro caso urgente: os juízes decidirão na sexta-feira sobre a constitucionalidade de uma proibição federal do TikTok, que está programada para entrar em vigor em 19 de janeiro. Fonte: Dow Jones Newswires

Diversos incêndios florestais em Los Angeles, nos Estados Unidos, saíram do controle esta semana e forçaram a retirada de mais de 80 mil pessoas de suas casas, informaram autoridades locais. Duas mortes foram confirmadas nesta quarta-feira, 8. As previsões indicam que os focos devem piorar ao longo do dia, alimentados por ventos fortes de até 150 quilômetros por hora, e os esforços para apagar o fogo foram ineficazes até o momento.

Os focos de incêndio destruíram casas e a sede de centenas de empresas e cobriram as cidades e rodovias da região de fumaça. O primeiro incêndio, nomeado Palisades, começou na manhã desta terça-feira, 7, na zona oeste de Los Angeles e alcançou uma área de 12 km² à noite. Ordens de retirada e avisos foram emitidos nas cidades de uma das regiões mais conhecidas dos Estados Unidos, de Malibu a Santa Mônica, mas muitas pessoas ficaram presas em congestionamentos nas rodovias atingidas pelo fogo.

Na zona leste, próximo a Pasadena, outro foco de incêndio se expandiu e chegou a atingir uma área de 9 km² na manhã desta quarta. Mais de 100 idosos precisaram ser retirados de uma casa de repouso na região, alguns em cadeiras de rodas e macas. Foi nesta região que as duas mortes foram registradas. De acordo com os jornais locais, algumas pessoas que se preparavam para a retirada da região do incêndio precisaram abandonar a ideia depois do fogo se espalhar rapidamente e tornar a saída arriscada.

Além desses, há pelo menos um outro foco de incêndio menor. Segundo as autoridades, cerca de 28 mil propriedades estão na zona de incêndio, e muitas já foram destruídas, e 280 mil moradores ficaram sem energia, muitos por causa dos ventos fortes ou porque as concessionárias de serviços públicos desligaram a eletricidade para evitar mais incêndios.

As escolas de pelo menos 18 distritos escolares de Los Angeles precisaram fechar por causa dos incêndios e das condições climáticas. "Isso vai ser devastador e uma perda devastadora para toda Los Angeles", disse a política local Traci Park.

Os incêndios atingiram inclusive regiões ricas, onde atores de Hollywood e atletas famosos residem. A mãe do técnico de basquete Steve Kerr, de 90 anos, foi uma das forçadas a sair de casa pelas autoridades, disse o técnico nas redes sociais. A premiação Screen Actors Guild cancelou os planos de anunciar as indicações para seu prêmio anual em um evento ao vivo com a justificativa de cautela, depois que pelo menos três artistas americanos que residem em Los Angeles disseram que estavam em zonas de retirada obrigatória.

Funcionários de órgãos de combate a incêndios locais e de regiões próximas foram deslocados para a área dos incêndios, mas não conseguiram conter o fogo. Segundo o chefe dos bombeiros de Los Angeles, Anthony Marrone, os recursos estão nos limites e ajuda de outros condados continuam necessária. Pelo menos um bombeiro que lutava contra o incêndio foi ferido gravemente.

Nas últimas 24 horas, os serviços de emergência da região receberam 3,6 mil chamadas de atendimento, mais do que o dobro da média diária (1,5 mil). Centenas de pessoas foram transportadas para hospitais, afetados pela fumaça.

Durante a noite de ontem, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA chegou a registrar uma rajada de vento de 150 km/h ao norte de Pasadena. As previsões indicam que a velocidade deve cair ao longo desta quarta, mas as condições climáticas continuam favoráveis aos incêndios.

Os ventos fortes também causaram a queda de centenas de árvores, informou o diretor de Obras Públicas do Condado de Los Angeles, Mark Pestrella. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Em uma nova provocação ao país vizinho, o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou na terça-feira, 7, em suas redes sociais, um mapa no qual o Canadá aparece como parte dos Estados Unidos. Trump postou a imagem em sua rede Truth Social um dia após ter afirmado, depois de o primeiro-ministro Justin Trudeau anunciar sua renúncia, que o Canadá deveria se fundir com os Estados Unidos - um comentário que irritou o país vizinho.

"Os comentários do presidente eleito Trump demonstram uma total incompreensão do que faz do Canadá um país forte. Nunca recuaremos perante as ameaças", declarou a ministra dos Negócios Estrangeiros, Melanie Joly, ao jornal X. Pouco depois, o primeiro-ministro Trudeau, acrescentou: "O Canadá nunca, mas nunca fará parte dos Estados Unidos."

Trump mencionou pela primeira vez o "Estado 51" durante um jantar com o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, no final de novembro.

Segundo a Fox News, o republicano brincou dizendo que, se o Canadá não pudesse arcar com tarifas de 25% sobre suas exportações para os EUA, então o país deveria ser incorporado pelos EUA. Desde então, passou a chamar Trudeau de governador.

Em dezembro, ele voltou a repetir em sua rede social a ideia de transformar o Canadá no 51º Estado de seu país, em meio à crise política no país vizinho. "Muitos canadenses querem que o Canadá se torne o 51º Estado", publicou. "Economizariam demais em impostos e proteção militar. Acho que é uma ótima ideia. Estado 51!!!", acrescentou.

Falando com a imprensa menos de duas semanas antes de tomar posse em 20 de janeiro, Trump reiterou na terça-feira suas ambições territoriais para seu segundo mandato - especialmente com Canal do Panamá e Groenlândia - e não descartou o uso de força militar para assumir o controle dos territórios.

"Desde que vencemos as eleições, a percepção do mundo é diferente. Pessoas de outros países me telefonaram e disseram: 'Obrigado, obrigado'", afirmou Trump, ao apresentar sua agenda para os próximos quatro anos.

Eliminar a fronteira "artificialmente traçada" entre os Estados Unidos e o Canadá seria uma grande ajuda para a segurança nacional, ressaltou o republicano.

Ele disse, no entanto, que não usaria força militar para invadir o país, que abriga mais de 40 milhões de pessoas e é um parceiro fundador da Otan.

Em vez disso, afirmou que confiaria na "força econômica" ao lançar o déficit comercial dos EUA com o Canadá - uma nação rica em recursos naturais que fornece aos EUA commodities como petróleo bruto e petróleo - como um subsídio que estaria chegando ao fim.