Telmário é preso por suspeita de assassinato da mãe de sua filha; entenda o caso

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A Polícia Civil de Goiás prendeu o ex-senador Telmário Mota na investigação sobre o assassinato da mãe de sua filha, Antônia Araújo de Sousa. Ele é suspeito de ser o mandante do crime e foi encontrado em Nerópolis, na região metropolitana de Goiânia, na noite desta segunda-feira, 30, após passar o dia foragido.

 

A investigação foi aberta para chegar aos envolvidos no assassinato de Antônia, morta com um tiro na cabeça por dois homens em uma moto no dia 29 de setembro no bairro Senador Hélio Campos, na zona oeste de Boa Vista (RR). Antônia foi abordada quando saía de casa para trabalhar. Um deles perguntou seu nome e, ao confirmar a identidade, atirou.

 

Atualmente filiado ao Solidariedade, Telmário esteve no PDT (2005-2017), no PTB (2017-2019) e no PROS (2019-2023) - partido que teve a fusão com o Solidariedade aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) neste ano - durante o mandato como senador. Ele tentou se reeleger em 2022, não obteve os votos necessários e ficou na terceira colocação no Estado.

 

A arma do crime, uma pistola, não foi encontrada. O homem que dirigia a moto também não foi identificado. Já o atirador, Leandro Luz da Conceição, segundo os investigadores, tinha experiência em tiro, porque o único disparo foi certeiro.

 

A principal linha de investigação é que a mulher tenha sido executada porque estava com depoimento marcado para falar sobre a acusação de estupro feita pela filha, uma adolescente de 17 anos, que afirma ter sido abusada por Telmário. A adolescente narrou que o pai encostou em suas partes íntimas e tentou tirar sua roupa no Dia dos Pais do ano passado. Quando o caso veio a público, o ex-senador negou as acusações e disse ser vítima de perseguição de adversários políticos.

 

Antônia ficou ao lado da filha na denúncia. Ela foi morta em uma sexta-feira e seria ouvida pela Polícia Civil na segunda. Desentendimentos sobre o pagamento de pensão também podem ter motivado a execução, segundo os investigadores. "Essa relação (entre Telmário e a ex) passou a ser desastrosa nos últimos 12 meses", afirmou o titular da Delegacia Geral de Homicídios de Roraima, João Evangelista, durante coletiva nesta segunda.

 

Duas pessoas próximas a Telmário o colocaram no centro das suspeitas da Delegacia Geral de Homicídios. Uma assessora de longa data do ex-senador foi vista indo entregar a moto aos assassinos um dia antes do crime. Os investigadores também descobriram que a moto foi comprada pelo sobrinho do ex-senador por R$ 4 mil em espécie.

 

Harrison Nei Correa Mota, sobrinho de Telmário, é apontado como responsável pelo planejamento e logística do crime, e Leandro Luz da Conceição, segundo a polícia, seria o executor.

 

Além das prisões, a Justiça de Roraima autorizou buscas em sete endereços ligados aos investigados. A operação foi organizada pela Polícia Civil do Estado, com apoio da Polícia Militar, da Secretaria de Segurança Pública e do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco). Os mandados foram cumpridos em Boa Vista, Caracaraí e Brasília.

 

"Tenho convicção de que temos elementos suficientes apontando que ele (Telmário) seja o mandante", informou o delegado João Evangelista, responsável pela investigação, que não descarta que o ex-senador tenha sido avisado sobre a operação.

 

A assessora, Cleidiane Gomes da Costa, não foi presa nesta etapa, mas deve cumprir medidas cautelares, como a proibição de contato com os investigados e o uso de tornozeleira eletrônica. Ela confessou, em interrogatório, que monitorou e passou informações sobre a rotina da vítima ao ex-senador nos dias que antecederam o crime.

 

Ainda segundo a polícia, Cleidiane ficou responsável por levar a motocicleta para reparos em uma oficina e, depois, entregar o veículo aos executores na véspera do crime.

 

"A motocicleta foi localizada através de alguns recursos de investigação. A gente conseguiu identificar essa moto através da placa. Depois, fizemos novas diligências e alcançamos a informação que essa moto de fato chegou para o Ney, que é sobrinho do Telmário. Também confirmamos que essa moto passou um certo período de tempo na casa da Cleidiane, que era assessora do parlamentar. Na véspera do crime, na noite do dia 28, e isso consta nos altos, a moto foi repassada a outros receptores", afirmou o delegado.

 

Fazenda do ex-senador foi usada para treinamento

 

De acordo com a polícia, as investigações indicam que os suspeitos planejaram o crime. A fazenda Caçada Real, do ex-senador em Roraima, foi usada para treinamento do crime. O imóvel, avaliado em R$ 3,3 milhões, consta na declaração de bens de Mota apresentada à Justiça Eleitoral em 2022, quando ele tentou a reeleição ao Senado. De acordo com os dados do TSE, a fazenda tem 1.200 hectares.

 

O nome da propriedade foi usado pela polícia para batizar a operação. A polícia esteve na fazenda nesta segunda-feira em busca do ex-senador, que estava foragido, mas ele não foi localizado no local. "Muitos elementos de informação indicam que houve planejamento da execução e logística necessária. O nome da operação se reporta a um local onde houve não apenas o planejamento, não apenas reunião do grupo, como também até um treinamento antes da execução. Então, Caçada Real, na verdade, diz respeito à fazenda do ex-senador Telmário Mota", afirmou o delegado.

 

O Estadão procurou a defesa do ex-senador Telmário Mota, mas não obteve retorno até a publicação deste texto. O espaço está aberto a manifestações.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

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"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

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