Antônio Rueda é eleito presidente do União Brasil; Bivar é isolado por ala do DEM

Política
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O advogado Antônio Rueda foi eleito nesta quinta-feira, 29, o novo presidente do União Brasil, após uma tentativa de "virada de mesa" de Luciano Bivar, que ocupa o cargo atualmente e tentou cancelar a convenção. O partido foi criado em 2022 como resultado da fusão entre o DEM e o PSL, mas as duas alas nunca se acertaram.

 

"Hoje foi um exemplo de democracia", declarou Rueda a jornalistas após o anúncio do resultado. "Esse partido vai crescer em 2024, vai crescer em 2026", emendou, em referência às próximas eleições.

 

Na sede da sigla, em Brasília, o advogado estava rodeado por egressos do antigo DEM, como o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, o líder do legenda na Câmara, Elmar Nascimento (BA), o líder no Senado, Efraim Filho (PB), e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado. Todos farão parte da nova Executiva. Bivar, que era do PSL antes da fusão, ficou de fora.

 

"Hoje a gente renasce, de uma forma absolutamente positiva. Até hoje, o partido vinha sendo construído de uma forma cartorial", disse Elmar, em crítica velada à gestão de Bivar. ACM Neto, por sua vez, brincou que o partido não poderá mais ser chamado de "Desunião Brasil".

 

De acordo com Efraim, a legenda não terá mais alas divergentes. "Rueda, você é a expressão daquilo que se pensou na fusão. A partir desse momento, essa sinergia, essa simbiose de dois partidos que se fundiram vai criar uma verdadeira união", afirmou o senador.

 

Rueda e seus aliados falaram em unidade e pacificação, mas Bivar disse ao Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que a eleição foi "viciada" e "está nula de pleno direito". "Como a convenção foi viciada, ela não surte nenhum efeito, nem bancário, nem administrativo, nem coisa nenhuma. Esse é o fato", disse o deputado. Ele não confirmou, contudo, se levará a disputa ao Judiciário.

 

ACM Neto rebateu as acusações de Bivar. "É bom lembrar que foi o próprio presidente Bivar que convocou essa convenção. Ela foi homologada pelo Tribunal Superior Eleitoral e respeitou, rigorosamente, todas as exigências do nosso Estatuto", disse o ex-prefeito de Salvador. "O produto do respaldo jurídico com a força política é o que a gente pode oferecer", emendou.

 

"Lamentamos que o presidente Bivar não tenha compreendido que passara a hora da passagem do bastão para que essa nova geração pudesse assumir o comando e o destino do partido", disse Efraim.

 

Pela manhã, Bivar publicou um edital que cancelava a convenção, mas seus adversários aprovaram um recurso para garantir a realização do encontro. O dirigente foi ao local do encontro, chamou Rueda de "covarde" e depois foi embora.

 

O mandato de Bivar à frente do União termina somente em 31 de maio. A mudança no comando da sigla foi definida no final do ano passado, após uma série de embates internos.

 

Durante uma entrevista coletiva na sede do partido nesta quarta-feira, 28, Bivar carregava uma pasta com a inscrição "denúncias". O deputado disse que não poderia revelar o conteúdo dos documentos, mas afirmou que pode levá-los ao Ministério Público. De acordo com ele, há uma investigação interna sobre integrantes da sigla.

 

Embora não tenha dito com todas as letras que as supostas denúncias que carregava eram contra Rueda, nem apresentado provas, o presidente do União deu a entender que seu possível sucessor estaria envolvido nos supostos esquemas ilícitos.

 

"Essas denúncias são de toda a sorte, são incríveis. São denúncias de que o partido não pode estar na mão de alguém que queira usá-lo a título de fazer negócios", disse o deputado. "Denúncias têm aqui. Eu não posso colocar uma denúncia sem antes ver a procedência dela. Certamente eu vou abrir uma investigação sobre isso. Como as denúncias são graves, eu posso até levar ao Ministério Público", emendou Bivar.

 

Bivar e Rueda conversaram por telefone na segunda-feira, 26. Segundo a coluna do jornalista Lauro Jardim, em O Globo, o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), relatou a deputados que Bivar teria ameaçado de morte familiares de Rueda. "Sou um cara pacífico", respondeu Bivar na entrevista coletiva. "Foi picotado um estado emocional de parte a parte", emendou, em referência a um suposto áudio da conversa mostrado por Elmar.

 

O presidente do União também atacou Elmar. "Eu não sei de que lado está o líder Elmar. Eu só fico preocupado porque ele é um candidato nosso para uma sucessão do (Arthur Lira). Mas, tendo um comportamento desse, dúbio, nos deixa preocupados em o partido apoiá-lo ou não", disse.

 

Bivar e Elmar divergem internamente com frequência, e o presidente da sigla já havia tentado tirar o deputado baiano da liderança na Câmara em novembro de 2022. Naquele mês, a sigla decidiu declarar apoio à candidatura de Lira à reeleição na presidência da Casa, em acordo costurado por Elmar, contra a vontade de Bivar, que pretendia lançar seu próprio nome ao posto.

 

Na campanha eleitoral de 2022, houve reclamações no União sobre a destinação de recursos dos fundos eleitoral e partidário, o que desgastou Bivar. Vários diretórios regionais do partido também racharam nos últimos meses.

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Mais de 10 pessoas morreram nesta terça-feira, 29, após confrontos em um subúrbio da capital da Síria entre combatentes drusos e grupos pró-governo, disseram um monitor de guerra e um grupo ativista. Os dados de vítimas, no entanto, ainda são imprecisos.

Homens armados drusos sírios entraram em confronto nas últimas semanas com forças de segurança do governo e homens armados pró-governo no subúrbio de Jaramana, no sul de Damasco.

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, afirmou que pelo menos 10 pessoas foram mortas, quatro delas agressores e seis moradores de Jaramana. O coletivo de mídia ativista Suwayda24 afirmou que 11 pessoas foram mortas e 12 ficaram feridas. Outros relatos indicam até 14 mortos.

Os confrontos começaram por volta da meia-noite de segunda-feira, 28, depois que uma mensagem de áudio circulou nas redes sociais em que um homem estaria criticando o profeta Maomé.

O áudio foi atribuído ao clérigo druso Marwan Kiwan. Mas ele afirmou em um vídeo postado nas redes sociais que não era responsável pelo áudio, o que irritou muitos muçulmanos sunitas.

"Nego categoricamente que o áudio tenha sido feito por mim", disse Kiwan. "Eu não disse isso, e quem o fez é um homem perverso que quer incitar conflitos entre partes do povo sírio."

Na terça-feira à noite do horário local, representantes do governo e autoridades de Jaramana chegaram a um acordo para encerrar os conflitos, indenizar as famílias das vítimas e trabalhar para levar os perpetradores à justiça, de acordo com uma cópia do acordo que circulou em Jaramana e foi vista pela Associated Press.

Não ficou imediatamente claro se a trégua será mantida por muito tempo, já que acordos semelhantes no passado fracassaram posteriormente.

O Ministério do Interior afirmou em comunicado que estava investigando o áudio, acrescentando que a investigação inicial demonstrou que o clérigo não era responsável. O ministério pediu à população que cumpra a lei e não aja de forma a comprometer a segurança.

A liderança religiosa drusa em Jaramana condenou o áudio, mas criticou duramente o "ataque armado injustificado" no subúrbio. Instou o Estado a esclarecer publicamente o ocorrido.

"Por que isso continua acontecendo de tempos em tempos? É como se não houvesse um Estado ou governo no comando. Eles precisam estabelecer postos de controle de segurança, especialmente em áreas onde há tensões", disse Abu Tarek Zaaour, morador de Jaramana.

No final de fevereiro, um membro das forças de segurança entrou no subúrbio e começou a atirar para o alto, o que levou a uma troca de tiros com homens armados locais, resultando na sua morte. Um dia depois, homens armados vieram do subúrbio de Mleiha, em Damasco, para Jaramana, onde entraram em confronto com homens armados drusos, resultando na morte de um combatente druso e no ferimento de outras nove pessoas.

Em 1º de março, o Ministério da Defesa de Israel disse que os militares foram instruídos a se preparar para defender Jaramana, afirmando que a minoria que prometeu proteger estava "sob ataque" pelas forças sírias.

Os drusos são um grupo minoritário que surgiu como um desdobramento do ismaelismo, um ramo do islamismo xiita, no século X. Mais da metade dos cerca de 1 milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. A maioria dos outros drusos vive no Líbano e em Israel, incluindo as Colinas de Golã, que Israel conquistou da Síria na Guerra do Oriente Médio de 1967 e anexou em 1981.

Desde janeiro de 2025, o poder na Síria está nas mãos de um governo de transição liderado pelo presidente interino Ahmed al-Sharaa, líder da coalizão islamista que em janeiro derrubou o regime do presidente Bashar al-Assad, agora no exílio. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou nesta terça-feira, 29, que seu governo está se preparando para conversas com os Estados Unidos sobre novas sanções à Rússia, afirmando que é importante continuar a exercer pressão sobre as redes de influência de Moscou, bem como sobre todas as suas operações de fabricação e comércio.

"Estamos identificando exatamente os pontos de pressão que empurrarão Moscou de forma mais eficaz para a diplomacia. Eles precisam tomar medidas claras para acabar com a guerra, e insistimos que um cessar-fogo incondicional e total deve ser o primeiro passo. A Rússia precisa dar esse passo", escreveu o canal oficial de Zelensky no Telegram.

Além disso, o líder ucraniano enfatizou que o país está se esforçando para sincronizar suas sanções da forma mais completa possível com todas as da Europa.

Divergências apresentadas pelo Egito e pela Etiópia à reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas impediram a divulgação de um comunicado conjunto após a reunião de ministros das Relações Exteriores do Brics. Em vez disso, foi divulgada nesta terça-feira, 29, uma declaração da presidência do grupo de ministros, ocupada atualmente pelo Brasil. Houve consenso nos demais temas debatidos.

O texto diz que os ministros presentes à reunião, que ocorreu nesta segunda e terça-feira no Palácio do Itamaraty, na região central do Rio de Janeiro, "apoiaram uma reforma abrangente das Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança, com vistas a torná-lo mais democrático, representativo, eficaz e eficiente, e a aumentar a representação de países em desenvolvimento nos quadros de membros do Conselho".

As mudanças teriam como objetivo uma resposta adequada "aos desafios globais prevalecentes" e apoiar "as aspirações legítimas dos países emergentes e em desenvolvimento da África, Ásia e América Latina, incluindo Brasil e Índia, de desempenhar um papel mais relevante nos assuntos internacionais, em particular nas Nações Unidas, incluindo seu Conselho de Segurança".

"Reconheceram também as aspirações legítimas dos países africanos, refletidas no Consenso de Ezulwini e na Declaração de Sirte", acrescenta o texto, que trouxe uma observação mencionando ter havido objeções dos representantes do Egito e Etiópia ao comunicado.

Ambos os países se opõem à eleição da África do Sul como país representante do continente africano. Em coletiva de imprensa, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, negou que tenha havido desacordo ou discordância.

"Não houve nenhum desacordo entre os países com relação às questões do Conselho de Segurança. O que acontece é que cada país tem posições e compromissos assumidos", argumentou Vieira a jornalistas, quando questionado sobre o impacto das divergências regionais no documento final. "Não houve nenhuma discordância, apenas cada país e países membros de grupos regionais, alguns africanos no grupo, apenas declararam suas posições e nós estamos trabalhando para compatibilizar todas as necessidades de cada um desses grupos para a declaração dos chefes de Estado."