Bolsonaro convocou ato na Paulista e foi para a embaixada da Hungria; veja linha do tempo

Política
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou dois dias na Embaixada da Hungria após ter o passaporte apreendido pela Polícia Federal (PF) e ser investigado por tentativa de golpe de Estado. Nesta segunda-feira, 25, o jornal americano The New York Times (NYT) divulgou gravações de câmeras de segurança que mostram Bolsonaro no prédio.

 

As imagens mostram que Bolsonaro chegou à Embaixada da Hungria, em Brasília, na noite de 12 de fevereiro, saindo de lá apenas na tarde do dia 14. A estadia do ex-presidente foi durante o feriado de Carnaval e, por isso, o prédio estava vazio, sendo frequentado apenas pelos diplomatas que vivem por lá.

 

Segundo o NYT, a estadia de Bolsonaro na Embaixada da Hungria sugere que ele estava tentando "alavancar a sua amizade" com o primeiro-ministro Viktor Orbán, que é um político da extrema-direita do país europeu. A estratégia seria tentar escapar de punições da Justiça brasileira , segundo o NYT. A reportagem, contudo, não chega a detalhar algum plano concreto de fuga de Bolsonaro.

 

Em nota, a defesa do ex-presidente disse que ele passou dois dias hospedado no prédio, mas negou que a estadia se deu por busca de asilo político. Segundo os representantes do ex-presidente, a presença na embaixada se resumiu a "manter contatos com autoridades do país" e atualizar os representantes húngaros sobre o "cenário político das duas nações".

 

Minutos antes de chegar na Embaixada da Hungria, Bolsonaro convocou apoiadores para o ato na Avenida Paulista, que foi realizado no dia 25 de fevereiro, e renuiu centenas de milhares de apoiadores. Enquanto passou o Carnaval no prédio, ele publicou fotos antigas e se comunicou com seguidores nas redes sociais.

 

11 de fevereiro - Bolsonaro conversa com apoiadores em Angra dos Reis

 

Um dia antes de ir, o dia 11 de fevereiro, um domingo, Bolsonaro estava na sua residência em Mambucaba, em Angra dos Reis. Pela manhã, o ex-presidente publicou nas redes sociais um vídeo onde aparece conversando ao lado de apoiadores.

 

Um dia antes, Bolsonaro publicou outro vídeo onde aparece rezando com apoiadores. Na legenda, o ex-presidente afirmou que a oração era "pelo Brasil". O ex-chefe do Executivo não fala no vídeo, que registra uma apoiadora conduzindo uma oração sobre "momentos difíceis" que o ex-chefe do Executivo estaria passando.

 

Naquele dia, a PF prendeu o coronel do Exército Bernardo Romão Correa Neto, o último dos quatro alvos que tiveram a prisão preventiva decretada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

 

Segundo o ministro, o motivo da prisão preventiva de Correa Neto foi a sua saída para os Estados Unidos no final do governo Bolsonaro. Segundo o magistrado, a ação do militar mostrou "fortes indícios de que o investigado agiu para se furtar ao alcance de investigações e, consequentemente, da aplicação da lei penal".

 

Bolsonaro estava em Mambucaba quando a PF vasculhou os seus endereços e apreendeu o seu passaporte, no dia 8 de fevereiro, durante a deflagração da Operação Tempus Veritatis. O ex-presidente chegou a Brasília no dia 12.

 

12 de fevereiro - Bolsonaro chega à embaixada

 

De acordo com o NYT, Bolsonaro chegou à Embaixada às 21h34 da segunda-feira, em um carro preto. No vídeo divulgado pelo jornal americano, um homem aparece batendo palmas para chamar a atenção dos funcionários da embaixada. Depois de três minutos, o embaixador húngaro no Brasil, Miklós Halmai, abre o portão e indica onde o carro com o ex-presidente pode estacionar.

 

No início da tarde do dia 12 de fevereiro, o ex-presidente publicou um vídeo andando de jet-ski e cumprimentando apoiadores em Mambucaba.

 

Menos de uma hora antes de chegar à embaixada, Bolsonaro publicou outro vídeo, onde convocava os seus apoiadores para ir até a Avenida Paulista no dia 25 de fevereiro. Segundo o ex-presidente, a manifestação seria feita para que ele pudesse se defender "de todas as acusações que têm sido imputadas" pela PF.

 

"Olá amigos de todo Brasil, em especial em São Paulo. No último domingo de fevereiro, dia 25, às 3h da tarde, estarei na Paulista, realizando um ato pacífico em defesa do nosso estado democrático de direito. Eu peço a todos vocês que compareçam trajando verde e amarelo e, mais que isso: não compareçam com qualquer faixa e cartaz contra quem quer que seja", disse Bolsonaro na publicação.

 

Naquele mesmo dia, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro cancelou uma turnê que iria fazer por igrejas evangélicas dos Estados Unidos por conta da repercussão da Operação Tempus Veritatis. A agenda seria realizada com a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) que disse ao Estadão que Michelle tinha decidido ficar no Brasil "para cuidar do marido" e que a família Bolsonaro "vive um momento ruim".

 

Porém, as imagens das câmeras de segurança da Embaixada da Hungria divulgadas pelo NYT não mostram a presença de Michelle Bolsonaro no prédio.

 

13 de fevereiro - Bolsonaro publica fotos antigas nas redes sociais

 

No dia 13 de fevereiro, feriado de Carnaval, Bolsonaro publicou duas fotos antigas nas redes sociais. Pelo X (antigo Twitter), o ex-chefe do Executivo publicou, às 10h54, um registro na praia, com a legenda "agradeço sempre a consideração de todos".

 

Às 16h15min daquela terça, Bolsonaro publicou uma foto com o pai, Percy Geraldo Bolsonaro, que faleceu em 1995. Na imagem que, segundo o ex-presidente, foi registrada em 1960, ele aparece segurando um peixe ao lado de Percy.

 

14 de fevereiro - Bolsonaro sai da Embaixada

 

De acordo com o NYT, Bolsonaro foi embora da Embaixada da Hungria às 16h31 do dia 14 de fevereiro, Quarta-Feira de Cinzas. O jornal descreve que o ex-presidente e dois seguranças saíram com duas mochilas e se dirigiram para o carro preto. O embaixador húngaro o acompanhou e acenou para o veículo assim que ele partiu.

 

Às 11h26 daquele dia, o ex-presidente publicou um vídeo nas redes sociais em que aparece ao lado de uma criança, fazendo gestos de coração.

 

Naquele dia, o pastor evangélico Silas Malafaia anunciou que iria fornecer um trio elétrico para o ato convocado por Bolsonaro. O veículo alugado por Malafaia foi custeado pela Associação Vitória em Cristo, que faz parte de seu império religioso. "Alguém tem que pagar, não é de graça", afirmou o pastor ao Estadão.

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O Brics tem o papel de representar os países emergentes, mas é preciso colocar um limite para que não perca sua coesão, na avaliação do assessor-chefe da Assessoria Especial da Presidência da República, Celso Amorim, em entrevista à plataforma da gestão brasileira à frente do bloco. O grupo foi criado com quatro membros (Brasil, Rússia, Índia e China), agregou em seguida a África do Sul e recentemente foi ampliado, contando agora com 11 integrantes, além de nove países parceiros, um total de 20 nações.

"Eu acho que se você abrir, digamos assim totalmente, quase todos os países em desenvolvimento vão querer ser membros do Brics. Isso revela a importância que o grupo tem", considerou Amorim. "Acho que o Brics tem que ter uma abertura e os países em desenvolvimento têm que se sentir representados. Mas operacionalmente não pode se expandir indefinidamente porque, para atuar concretamente em questões importantes, tem que manter uma certa coesão", continuou.

Para o diplomata, nem ao Ocidente e nem ao Oriente, o grupo é a união principalmente de economias situadas no Hemisfério Sul do globo. "Como é que se pode dizer que o Brasil é contra o Ocidente se acabamos de concluir um acordo na área econômica com a União Europeia? Não tem cabimento. Ter uma subordinação a um determinado país líder, isso nós não queremos. Nem Ocidente, nem Oriente, Sul Global é o que defendemos", argumentou, sem citar os Estados Unidos ou o governo de Donald Trump, que já se mostrou diversas vezes incomodado com a atuação do grupo.

Amorim enalteceu o acordo do Mercosul fechado com o bloco da Europa no fim do ano passado, mas enfatizou que o Brasil tem a ambição de diversificar parceiros, o que vale também para o Brics. "Com o Brics, a gente também não fica dependente de um único país ou grupo de países. Por exemplo, é muito bom que tenha sido concluído o acordo com a União Europeia, mas você não pode ficar só com os países europeus", pontuou.

Um dos pontos mais relevantes do condomínio de emergentes, de acordo com o assessor, é a força que o grupo pode ter em outros fóruns se permanecer unido e coeso, como já tinha adiantado o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) ao registrar a intenção do Brasil de lançar um candidato único do bloco para postos de relevância em instituições financeiras internacionais.

Amorim citou como exemplo, a força que o Brics pode dar ao grupo das 20 maiores economias do globo (G20). "Parece uma contradição, mas não é", assegurou.

Líderes da Europa e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, visitaram a capital da Ucrânia nesta segunda-feira, 24, para demonstrar apoio ao país no terceiro aniversário da guerra do país contra a Rússia. A data acontece no momento em que a continuidade do apoio dos Estados Unidos, o principal financiador de Kiev no conflito, está em xeque por causa do governo de Donald Trump.

Na rede social X, o antigo Twitter, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que estava na comitiva visitante, afirmou que os líderes da Europa estavam em Kiev "porque a Ucrânia está na Europa".

"Nesta luta pela sobrevivência, não é apenas o destino da Ucrânia que está em jogo. É o destino da Europa", disse ela.

Desde que Donald Trump retornou à presidência dos EUA, em 20 de janeiro, e mudou o posicionamento americano com relação ao conflito, os líderes da Europa buscam mostrar apoio conjunto à Ucrânia.

Ao contrário do que os EUA adotaram no governo de Joe Biden, Trump estabeleceu uma abordagem cordial com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e fez críticas abertas ao presidente ucraniano Volodmir Zelenski. Nos últimos dias, o norte-americano chamou Zelenski de ditador e sugeriu que a Ucrânia é culpada pela guerra, além de estabelecer uma mesa de negociação com a Rússia sem a participação de Kiev.

As autoridades americanas também indicaram à Ucrânia que as esperanças de se juntar à Otan dificilmente se concretizarão e o país provavelmente não recuperará as terras que o exército russo ocupou, que equivale a cerca de 20% do seu território.

Enquanto isso, as tropas de Putin retornaram a avançar no campo de batalha enquanto a Ucrânia enfrenta escassez de tropas e armas.

Cúpula da UE

Na comitiva que foi à Ucrânia estavam presentes os primeiros-ministros dos países do norte da Europa e da Espanha, além do presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa. Eles se reuniram com Zelenski para discutir mais apoio do bloco à Kiev, um dia depois de Costa ter anunciado uma cúpula de emergência no dia 6 de março com os 27 líderes da União Europeia para debater o assunto.

"Estamos vivendo um momento decisivo para a Ucrânia e a segurança europeia", disse ele em uma publicação nas redes sociais.

Em paralelo, o primeiro-ministro britânico Keir Starmer e o presidente francês Emmanuel Macron visitarão Washington esta semana e a UE aprovou uma nova rodada de sanções contra a Rússia, na tentativa de pressioná-los no conflito - desta vez, as medidas têm como alvo a chamada "frota sombra" de navios que a Rússia utiliza para contornar as restrições para transportar petróleo e gás.

A principal diplomata da UE, Kaja Kallas, insistiu que os EUA não podem negociar nenhum acordo de paz para acabar com o conflito sem a participação Ucrânia ou dos europeus.

De acordo com Kallas, o governo de Donald Trump tem adotado posições em favor da Rússia ao chamá-los para negociar. "Você pode discutir o que quiser com Putin. Mas se for para a Europa ou Ucrânia, então Ucrânia e Europa também têm que concordar com o acordo", disse a repórteres em Bruxelas.

A diplomata viaja para Washington na terça-feira para conversas com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

Encontro de Trump com Putin

Enquanto isso, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse no sábado, 22, que os preparativos para um encontro entre Trump e Putin estavam em andamento. A ideia ganhou força após as autoridades dos dois países se reunirem na Arábia Saudita há uma semana, logo após a Europa realizar a Conferência de Segurança de Munique.

A posição de Trump pode ser explicada pela pressa em acabar com a guerra na Ucrânia, que foi uma de suas promessas de campanha, e pelo interesse em mudar o foco dos EUA após o país gastar cerca de US$ 65,9 bilhões (cerca de R$ 375 bilhões) em assistência militar desde a invasão em 24 de fevereiro de 2022.

As autoridades americanas disseram que concordaram com Moscou em restabelecer os laços diplomáticos e reiniciar a cooperação econômica.

No domingo, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Riabkov, disse à agência de notícias estatal TASS que havia "bastante" contato em andamento entre os lados russo e americano. Fonte: Associated Press.

Um voo da American Airlines de Nova York para Nova Délhi pousou com segurança em Roma (Itália) na tarde de domingo, 23, após ser desviado devido a uma preocupação de segurança, que depois foi considerada "não credível", disse a companhia aérea.

A American Airlines informou que o Voo 292 "foi inspecionado pelas autoridades" após aterrissar no Aeroporto Internacional Leonardo da Vinci e "autorizado a reembarcar". A companhia não esclareceu a causa da preocupação de segurança, mas acrescentou que uma inspeção era necessária de acordo com o protocolo antes que o voo pudesse pousar em Nova Délhi. Segundo a Aeronáutica italiana, no entanto, a suspeita era de um explosivo a bordo.

'Senti um pouco de pânico'

Dois caças da Aeronáutica italiana escoltaram o avião da American Airlines. Caminhões de bombeiros estavam visíveis na pista de pouso de um lado do avião após ele ter aterrissado.

Neeraj Chopra, um dos passageiros a bordo, disse que o capitão anunciou que o avião precisaria dar meia-volta cerca de três horas antes de pousar em Nova Délhi devido a uma mudança no "status de segurança".

Chopra, que estava viajando de Detroit para visitar a família, descreveu o clima no avião como calmo após o anúncio inicial, mas disse que começou a se sentir estressado quando o capitão anunciou que caças escoltariam o avião até Roma. "Senti um pouco de pânico, tipo, o que está acontecendo aqui?", disse Chopra à Associated Press. "Deve ter algo maior acontecendo aqui."

'O voo mais longo para a Europa que já fiz'

O passageiro Jonathan Bacon, 22 anos, de Dayton, Ohio, começou a prestar atenção no rastreador de voo na poltrona à sua frente após o anúncio do capitão sobre um "desvio devido a um problema de segurança", observando a forte curva do avião para longe de Nova Délhi e a rota de volta para Roma.

Os passageiros não tinham conexão com a internet durante grande parte do voo, disse Bacon, com apenas alguns acessos esporádicos que os alertaram para os primeiros relatos sobre a situação cerca de duas horas antes do pouso.

Após o pouso, Bacon disse que todos os passageiros foram levados para um ônibus e transportados até o terminal, onde cada passageiro e seus pertences pessoais passaram por novas verificações de segurança, que foram demoradas e "um pouco mais intensas", especialmente para os recém-chegados.

Mais de duas horas após o pouso, Bacon e seu amigo disseram que ainda estavam esperando pelas suas bagagens despachadas, que também estavam passando por verificações de segurança. "Foi definitivamente o voo mais longo para a Europa que já fiz", disse Bacon.

Um porta-voz do aeroporto disse que as operações estavam continuando normalmente.

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.