STF forma maioria em votação contra 'poder moderador' das Forças Armadas

Política
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Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, Edson Fachin e André Mendonça votaram nesta segunda-feira, 1º, contra qualquer interpretação que permita uma intervenção das Forças Armadas sobre os Poderes da República ou que as classifiquem como um "poder moderador" durante crises institucionais. Com isso, a Corte formou maioria para invalidar a tese.

 

O placar está em seis a zero para derrubar a interpretação do "poder moderador" das Forças Armadas. Além de Fachin e Mendonça, os ministros Flávio Dino e Luís Roberto Barroso acompanharam o relator, ministro Luiz Fux. Ainda restam os votos dos ministros Alexandre de Moraes, Carmen Lúcia, Cristiano Zanin, Dias Toffoli e Kassio Nunes Marques. O julgamento será encerrado na próxima segunda-feira, 8.

 

A ação julgada do STF foi apresentada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) em 2020. O partido questionou o Supremo sobre interpretações do artigo 142 da Constituição Federal, que trata das Forças Armadas. Bolsonaristas frequentemente utilizam o trecho para defender uma intervenção militar "dentro da legalidade".

 

O julgamento começou na última sexta-feira, 29, com Fux afirmando, em seu voto que a Constituição não encoraja ruptura democrática. O ministro também afirmou que a interpretação do artigo 142 da Constituição deve ser feita considerando todo o sistema legal brasileiro, especialmente no que diz respeito à separação dos Poderes. Fux também lembrou que as Forças Armadas não são um Poder, mas sim uma instituição à disposição deles.

 

"Qualquer instituição que pretenda tomar o poder, seja qual for a intenção declarada, fora da democracia representativa ou mediante seu gradual desfazimento interno, age contra o texto e o espírito da Constituição", disse o ministro em seu voto, acrescentando ser urgente "constranger interpretações perigosas que permitam a deturpação do texto constitucional e de seus pilares e ameacem o Estado Democrático de Direito".

 

Em voto contra 'poder moderador', Gilmar diz que STF reafirma o que 'deveria ser óbvio'

 

No seu voto, Gilmar Mendes afirmou que via com "perplexidade" a necessidade do STF em "afastar certas pretensões que seriam consideradas esdrúxulas na vasta maioria das democracias constitucionais". Segundo o magistrado, o Supremo está reafirmando que a "Constituição não admite soluções de força".

 

"Diante de tudo o que temos observado nesses últimos anos, todavia, faz-se necessária a intervenção do Supremo Tribunal Federal para reafirmar o que deveria ser óbvio: o silogismo de que a nossa Constituição não admite soluções de força", pontuou o ministro.

 

Gilmar também declarou que as manifestações bolsonaristas que pedem uma intervenção militar por meio do artigo 142 da Constiuição são um desdobramento de um processo de protagonismo político das cúpulas militares no País.

 

"De 2013 em diante, contudo, tem se observado um paulatino processo de reintrodução do protagonismo político das altas cúpulas militares, em nítida reedição de práticas cuja incompatibilidade com a Constituição hoje nós podemos perceber com inequívoca clareza", afirmou.

 

Em voto, Dino chamou ditadura de 'período abominável'

 

No domingo, 31, data em que o Golpe Militar de 1964 completou 60 anos, Dino votou contra o "poder moderador" das Forças Armadas, afirmando que não existe um "poder militar". "O poder é apenas civil, constituído por três ramos ungidos pela soberania popular, direta ou indiretamente. A tais poderes constitucionais, a função militar é subalterna", destacou.

 

Dino também usou o seu voto para criticar a ditadura militar (1964-1985), período que ele chamou de "abominável". "O Estado de Direito foi destroçado pelo uso ilegítimo da força", pontuou. "São páginas, em larga medida, superadas na nossa história. Contudo, ainda subsistem ecos desse passado que teima em não passar, o que prova que não é tão passado como aparenta ser", completou.

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Incêndios devastadores estão assolando a área de Los Angeles, alimentados pelos fortes ventos e fazendo com que os moradores fujam das casas em chamas. Milhares de bombeiros estão lutando contra pelo menos três incêndios separados nesta quarta-feira, 8, desde a costa do Pacífico até Pasadena.

Com um número estimado de 1.000 estruturas destruídas e as chamas ainda se espalhando, o incêndio é o mais destrutivo da história de Los Angeles, de acordo com as estatísticas mantidas pela Wildfire Alliance, uma parceria entre o corpo de bombeiros da cidade e a MySafe:LA.

Através da rede social Truth, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, disse que o governador Gavin Newscum se recusou a assinar a declaração de restauração da água apresentada a ele, que teria permitido que milhões de galões de água, provenientes do excesso de chuva e do derretimento da neve do Norte, fluíssem diariamente para muitas partes da Califórnia.

"Agora o preço final está sendo pago. Exigirei que esse governador incompetente permita que a água doce, limpa e bonita flua para a Califórnia!", escreveu Trump.

*Com informações da Associated Press

A Dinamarca está "aberta ao diálogo" com os Estados Unidos para salvaguardar seus interesses no Ártico, afirmou nesta quarta-feira, 8, o chanceler do país nórdico, após Donald Trump ter dito que não descartava o uso da força para tomar o território autônomo dinamarquês.

O reino da Dinamarca, que inclui a Dinamarca continental, a Groenlândia e as Ilhas Faroé, está "aberto a um diálogo com os americanos sobre como podemos cooperar, talvez até mais de perto do que já fazemos", afirmou Lars Løkke Rasmussen.

O ministro das Relações Exteriores dinamarquês afirmou, durante uma coletiva de imprensa, que o derretimento do gelo e a abertura de novas rotas marítimas no Ártico estão provocando uma "rivalidade crescente entre as grandes potências" na região, com a presença tanto da China quanto da Rússia. É "legítimo que os Estados Unidos e a Otan, e portanto também o Reino da Dinamarca, estejam cientes disso", acrescentou.

Trump disse antes do Natal que o controle da Groenlândia era "uma necessidade absoluta" para "a segurança nacional e a liberdade em todo o mundo". Em uma coletiva em Mar-a-Lago, ele não descartou o uso da força para anexá-la, o que provocou preocupação e surpresa em Copenhague, assim como em outras capitais europeias.

No entanto, Løkke Rasmussen pediu calma. "Não é necessário dizer em voz alta tudo o que você pensa", disse o ministro. "Eu tento trabalhar com base nas realidades e acredito que todos deveríamos nos fazer um favor, diminuindo um pouco nosso ritmo cardíaco", acrescentou.

Também abordando os comentários de Trump em uma entrevista à emissora dinamarquesa TV2, a primeira-ministra Mette Frederiksen disse que não acreditava que os Estados Unidos usariam poder militar ou econômico para garantir o controle sobre a Groenlândia.

Frederiksen repetiu que acolheu com satisfação os EUA demonstrando maior interesse na região do Ártico, mas que isso teria que ser feito de uma forma que fosse "respeitosa" com a população da Groenlândia.

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, sugeriu em tom sarcástico que a América do Norte, incluindo os Estados Unidos, poderia ser chamada de "América Mexicana", em resposta a fala do presidente eleito americano, Donald Trump, que demonstrou desejo de renomear o Golfo do México como "Golfo da América".

"Por que não chamamos a América do Norte de América Mexicana? Isso soa bonito, não é verdade?", defendeu Sheinbaum em coletiva de imprensa nesta quarta-feira, enquanto mostrava um mapa com um desenho de 1607 da América do Norte e dizia que o Golfo do México é reconhecido internacionalmente desde então.

A presidente disse acreditar que o republicano é "mal informado" por também dizer que o país é governado por grupos criminosos e não pelo povo.