Zambelli chama Benedita de 'Chica da Silva' e reclama por não discursar em evento

Política
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A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) chamou a também deputada Benedita da Silva (PT-RJ) de "Chica da Silva" durante uma transmissão ao vivo nas redes sociais. Zambelli se queixou de não ter sido autorizada a discursar na primeira reunião de mulheres parlamentares dos países que integram o G-20, evento realizado nesta terça-feira, 2, em Maceió (AL).

 

"Eu não vou ter poder de fala. Eu não vou falar porque provavelmente... não sei por que que eu não vou falar. Parece que já foi montada pela Secretaria da Mulher, que é a Chica da Silva que vai falar", disse a parlamentar do PL. Francisca da Silva foi uma escrava alforriada que se tornou uma das mulheres mais poderosas do Arraial do Tijuco, atual município de Diamantina (MG), no século XVIII.

 

Benedita da Silva é coordenadora-geral da bancada feminina da Câmara e foi escolhida para discursar na abertura do evento. Ao Estadão, ela disse não estar ciente da fala de Zambelli, mas republicou em suas redes sociais um posicionamento do PT do Rio de Janeiro sobre a declaração.

 

"Nossa solidariedade e apoio a nossa grande referência e exemplo de luta Benedita da Silva, que foi chamada de Chica da Silva pela deputada bolsonarista Carla Zambelli. Benedita tem uma trajetória política exemplar, principalmente na luta do povo preto. Racistas não passarão", diz o texto.

 

Carla Zambelli foi procurada por meio da assessoria de imprensa, mas não havia se posicionado até a publicação deste texto. O espaço segue aberto.

 

Em seu discurso, Benedita destacou que a Secretaria da Mulher da Câmara é um exemplo para outros países que querem ampliar a participação das mulheres na política. "Não queremos ser mais. Tampouco permitiremos ser menos, ou menores. Essa reunião é fundamental para darmos início a um movimento global que nos fortaleça e proteja nossos direitos garantidos. Como mulheres parlamentares temos a missão de desafiar os estereótipos", disse a petista.

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Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, se tornou oficialmente primeiro-ministro do Reino Unido nesta sexta-feira, 5, após reunião com o rei Charles III. Após um cerimonial aperto de mãos, o monarca convidou o trabalhista para o cargo e lhe concedeu a bênção para que forme um governo em seu nome.

Ele se encontrou com o rei no Palácio de Buckingham, como manda o ritual após a vitória esmagadora de seu partido sobre o Partido Conservador. Então ele fez um discurso do lado de fora do número 10 da Downing Street, sua nova residência oficial, onde afirmou que "a mudança começa agora". O novo premiê prometeu liderar um governo pragmático que restauraria a esperança e a fé da nação na política e no serviço público.

Starmer levou o Partido Trabalhista a uma enorme vitória eleitoral e se tornou o primeiro líder do partido de centro-esquerda a vencer uma eleição nacional no Reino Unido desde Tony Blair , que venceu três eleições consecutivas a partir de 1997.

Em seu primeiro discurso como premiê, Starmer começou elogiando seu antecessor, Rishi Sunak, que havia feito suas próprias breves observações de despedida do mesmo local algumas horas antes.

"Precisamos avançar juntos", disse sob um céu nublado de tarde e acompanhado de sua esposa Victoria. "Não tenham dúvidas de que o trabalho de mudança começa agora", disse ele.

Starmer mencionou poucas políticas específicas em seus comentários, falando de um governo "não sobrecarregado pela doutrina", prometendo trabalhar de forma pragmática por todos os britânicos, unir a nação e governar com respeito e humildade.

"Quer você tenha votado no Partido Trabalhista ou não - na verdade, especialmente se não votou -, digo diretamente a você: 'Meu governo servirá a você'", disse ele. "A política pode ser uma força para o bem. Nós mostraremos isso."

Os britânicos, disse ele, deram ao seu partido "um mandato claro, e nós o usaremos para entregar mudança, para restaurar o serviço e o respeito à política, encerrar a era da performance barulhenta, interferir menos em suas vidas e unir nosso país."

Falando sobre a necessidade de escolas e moradias acessíveis, Starmer prometeu reconstruir a "infraestrutura de oportunidades" do país "tijolo por tijolo".

Com quase todas as 650 disputas declaradas, o Partido Trabalhista havia conquistado mais de 410 cadeiras e os Conservadores estavam a caminho de menos de 130. Essa seria a pior derrota para os Conservadores nos quase 200 anos de história do partido.

Mas também foi um resultado excepcionalmente fragmentado, com ganhos não apenas para o partido Reformista britânico, de direita radical, mas para o Partido Verde e para candidatos independentes pró-Palestina em assentos trabalhistas antes seguros.

Starmer assumiu a residência oficial cerca de duas horas depois que o líder conservador Rishi Sunak e sua família deixaram a casa e o rei aceitou a renúncia do líder conservador.

"Este é um dia difícil, mas deixo este trabalho honrado por ter sido primeiro-ministro do melhor país do mundo", disse Sunak em seu discurso de despedida.

Sunak admitiu a derrota no início da manhã desta sexta, dizendo que os eleitores haviam dado um "veredicto preocupante".

Em um discurso reflexivo de despedida no mesmo lugar onde havia convocado eleições antecipadas seis semanas antes, Sunak desejou tudo de bom a Starmer, mas também reconheceu seus erros.

"Ouvi sua raiva, sua decepção, e assumo a responsabilidade por essa perda", disse Sunak. "A todos os candidatos e ativistas conservadores que trabalharam incansavelmente, mas sem sucesso, lamento que não tenhamos conseguido entregar o que seus esforços mereciam" (Com agências internacionais).

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou o novo primeiro-ministro eleito do Reino Unido, Keir Starmer, líder do Partido Trabalhista, nesta sexta-feira, 5. Ao desejar um ótimo mandato ao premiê, o chefe do Executivo disse para Starmer contar com o Brasil para o "fortalecimento" dos laços diplomáticos.

"Quero saudar Keir Starmer, novo primeiro ministro eleito do Reino Unido pelo Partido Trabalhista. Desejo um ótimo mandato", escreveu Lula nesta manhã em publicação no X, antigo Twitter. "Conte com o Brasil para o fortalecimento dos laços diplomáticos entre nossos países, o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento da democracia."

O líder do Partido Trabalhista se tornou oficialmente primeiro-ministro do Reino Unido nesta sexta-feira, após reunião com o rei Charles III. Após um cerimonial "beijo de mãos", o monarca convidou o trabalhista para o cargo e lhe concedeu a bênção para que forme um governo em seu nome.

Starmer levou o Partido Trabalhista a uma enorme vitória eleitoral e se tornou o primeiro líder do partido de centro-esquerda a vencer uma eleição nacional no Reino Unido desde Tony Blair, que venceu três eleições consecutivas a partir de 1997.

Com quase todas as 650 disputas declaradas, o Partido Trabalhista havia conquistado mais de 410 cadeiras e os Conservadores estavam a caminho de menos de 130. Essa seria a pior derrota para os Conservadores nos quase 200 anos de história do partido.

O Partido Trabalhista britânico alcançou uma vitória histórica nas eleições parlamentares, conquistando assentos suficientes para garantir a maioria absoluta no Parlamento do Reino Unido. Na madrugada desta sexta-feira, 5, o partido assegurou 412 das 650 cadeiras, enquanto os conservadores alcançaram 120 assentos, conforme resultado parcial. Os trabalhistas, assim, voltam ao poder no Reino Unido após 14 anos de domínio do Partido Conservador.

Os trabalhistas conquistaram 214 assentos a mais do que na última eleição, enquanto os conservadores perderam 251 cadeiras, a pior derrota do partido desde a 2ªa Guerra Mundial.

Com o resultado, o líder do Partido Trabalhista, Keir Starmer se prepara para se tornar o próximo primeiro-ministro e formar um governo majoritário.

"A todos os que fizeram campanha pelos trabalhistas nestas eleições, a todos os que votaram em nós e depositaram a sua confiança no nosso novo Partido Trabalhista - obrigado", escreveu Starmer no X, o antigo Twitter, minutos depois do fechamento das urnas. Caso as projeções se confirmem, será um avanço de 209 cadeiras.

A vitória dos trabalhistas era considerada garantida por analistas políticos e até pelos conservadores. Na véspera da votação, a revista Economist afirmava que as chances da oposição conquistar a maioria absoluta eram de quase 100 % - Sunak, que chegou a criticar publicamente alguns de seus ministros considerados pessimistas, fez um apelo no meio da tarde: "Evite a supermaioria trabalhista. Vote nos Conservadores", escreveu no X, o antigo Twitter, em uma tentativa de contenção de danos.

A derrocada dos conservadores

Em segundo lugar veio o Partido Conservador, do agora futuro ex-premier Rishi Sunak, com 131 cadeiras, o pior resultado desde o fim da Segunda Guerra Mundial, com 241 assentos a menos. A lista de integrantes do Gabinete de Sunak que podem ficar sem vaga no Legislativo é longa, e inclui Jeremy Hunt, ministro das Finanças, e Grant Shapps, ministro da Defesa. Os números oficiais, alertam comentaristas, podem ser ainda piores, uma vez que estão sujeitos a pequenas diferenças, como houve nas últimas três votações.

Rishi Sunak reconheceu a derrota e telefonou para Starmer para parabenizá-lo pela vitória. Em um cenário de desgaste econômico e crescente desconfiança nas instituições, o novo governo enfrentará grandes desafios para atender às expectativas de mudança da população.

Sunak convocou as eleições em maio, de forma até inesperada, em uma decisão que até hoje intriga analistas políticos e é questionada por aliados, especialmente os que foram derrotados nesta quinta-feira. No Reino Unido, os eleitores escolhem um único candidato em seus distritos e o mais votado é eleito, mesmo que com menos de 50% dos votos. Os primeiros resultados oficiais já confirmam as projeções, com um bom desempenho dos trabalhistas e escorregões dos conservadores.

O premiê foi a face mais recente de uma conturbada trajetória dos conservadores à frente do governo britânico nos últimos 14 anos. A decisão de convocar o referendo sobre a saída do Reino Unido da União Europeia, o Brexit, e a escolha das urnas pela saída do bloco em 2016, fez do premiê David Cameron uma espécie de persona non grata no meio político, especialmente depois dos muitos problemas durante o processo de saída e dos que surgiram posteriormente.

Após o Brexit, os conservadores venceram outras duas eleições gerais, sendo que em 2019 impuseram a maior derrota aos trabalhistas, liderados por Jeremy Corbyn, desde 1935, levando o peculiar Boris Johnson à residência de Downing Street. Seria ele que conduziria o país em meio à maior crise sanitária em um século, a pandemia da covid-19, e que protagonizaria escândalos de vários tipos, desde reformas indevidas até festas proibidas durante o período de isolamento social. Johnson deixou o poder em 2022, sendo sucedido por Liz Truss - cujo mandato durou 44 dias e foi marcado pela morte da Rainha Elizabeth II - e finalmente por Sunak.

Em entrevista à BBC, Jacob Rees-Mogg, ex-deputado conservador, disse que o partido considerou que os votos de algumas áreas "já estavam garantidos" e não trabalharam para mantê-los, mesmo diante da sucessão de crises no país e na própria sigla, que teve três líderes desde a última eleição, em 2019. "Não temos o direito divino sobre os votos", concluiu.

A extrema direita conseguiu um grande resultado também, com Partido Reformista Britânico, o Reform UK, liderado por um dos rostos mais conhecidos da campanha pela saída do país da União Europeia, Nigel Farage, conseguindo 13 cadeiras. O partido jamais havia conquistado uma cadeira no Parlamento, e o único parlamentar na Câmara dos Comuns, Lee Anderson, só se juntou à sigla após ter sido expulso pelos conservadores.

Farage, um polêmico ex-eurodeputado, tentou espelhar o sucesso de Marine Le Pen, do Reagrupamento Nacional, na França, mas não conseguiu amenizar o seu discurso e os de muitos de seus aliados.

Vários candidatos foram expulsos após falas racistas, outros preferiram concorrer pelos conservadores para não serem marcados como "extremistas", e o próprio Farage pode ter feito a sigla perder votos quando disse que o Ocidente era o responsável pela guerra na Ucrânia. Embora tenha sido uma grande vitória da sigla ter conquistado 13 cadeiras, ela ficou longe de se tornar a terceira força no Parlamento, como chegaram a sugerir alguns analistas.

"Esse é o nosso passo mais significativo rumo a um objetivo de longo prazo, focado em 2029 [ano das próximas eleições gerais], e também na criação de um movimento pelo senso comum neste país", disse Farage, em entrevista à Reuters na quarta-feira.

Os Liberal-Democratas retomaram o posto de terceira força, com 61 cadeiras (+53), se recuperando da série de péssimos resultados desde as eleições gerais de 2015, e se aproveitando da fragilidade dos conservadores.

A reconstrução do Partido Trabalhista

Em meio às crises internas dos conservadores e à deterioração das condições econômicas do Reino Unido, com uma inflação que chegou a dois dígitos, Keir Starmer conseguiu remodelar o discurso do partido, abandonando a linha mais à esquerda de Corbyn e conduzindo a sigla para o centro.

Ele se aproveitou da insatisfação dos eleitores com o que viam como promessas descumpridas dos conservadores, se apresentando como o nome certo para unir e "reconstruir" o país.

Em maio, durante um discurso de campanha em Essex, ele afirmou que, caso fosse eleito, seu governo trabalharia para fazer com que a economia avance, evitando aumentos de impostos (principal crítica dos conservadores aos trabalhistas), e mantendo a inflação e os juros em níveis baixos.

Ele disse que trabalhará para melhorar o sistema público de saúde, o NHS, alvo de críticas nos últimos anos, elevar os gastos com políticas ambientais e agir de maneira firme sobre a imigração, um tema central da campanha: ao mesmo tempo em que se distanciou de planos como o envio de imigrantes que pediram asilo para Ruanda, ele prometeu agir para conter as gangues de "coiotes", que ajudam pessoas vindas de vários cantos do mundo a entrarem de forma irregular no país. Tudo, garantiu, de acordo com as leis e tratados internacionais sobre o tema.

Na política externa, Starmer recebeu críticas de setores mais à esquerda ao reiterar o apoio a Israel na guerra contra o grupo terrorista Hamas, na Faixa de Gaza, e rejeitar as acusações de que os israelenses estariam cometendo um genocídio no enclave palestino.

A promessa de elevação de gastos militares lhe rendeu a alcunha de "Líder do Partido da Otan" por parte de progressistas - Starmer defende o envio de ajuda militar à Ucrânia, e parece ter no presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, um aliado: em junho, nas comemorações do "Dia D", Zelenski divulgou um vídeo no qual aparece ao lado do líder trabalhista, mas parece "esquecer" de mostrar Rishi Sunak, que também estava no evento. (Com agências internacionais).