STF começa a negociar conciliação sobre regras do Marco Temporal

Política
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O Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou nesta segunda-feira, 5, a primeira de uma série de audiências em busca de uma conciliação sobre as regras que deverão prevalecer para a demarcação de terras indígenas. Relator do caso na Corte, o ministro Gilmar Mendes defendeu que é possível definir as áreas sem desrespeitar as ocupações consolidadas ao longo do tempo e de boa-fé.

 

A comissão especial de conciliação foi proposta por Gilmar. Ele relata cinco ações que tratam ou questionam a constitucionalidade da Lei do Marco Temporal, que estabelece um limite no tempo para demarcação de terras indígenas. A lei aprovada no ano passado prevê que serão passíveis de demarcação apenas áreas em que estiverem ocupadas pelos povos indígenas na data da promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988.

 

"É possível cumprir a Constituição demarcando territórios indígenas sem desrespeitar ocupações consolidadas e de boa-fé. É necessário demarcar terras indígenas e conferir aos seus habitantes meios de conseguir seus propósitos e objetivos, não com a tutela do Estado, mas como pessoas plenas e independentes", disse Gilmar, ao discursar na primeira audiência de conciliação.

 

O ministro afirmou que tratar aqueles que ocupam as terras em situações consolidadas como violadores não resolverá o debate. "Muitos casos de titulação decorreram de ações dos governos federal e estadual. Há inúmeros direitos fundamentais em jogo no conflito que perdura por séculos. A vilanização de indivíduos e a utilização de lentes monocromáticas empobrece o debate e inviabiliza a construção de soluções", afirmou Gilmar. "A inação não é mais uma opção. A crise não vai se resolver sozinha."

 

Ele citou dados recentes de investidas de fazendeiros sobre povos indígenas no Centro-Oeste e de invasões de terras privadas para mostrar que o conflito é crescente.

 

Congresso

 

Gilmar disse também que o projeto de lei 2.903/2023, aprovado pelo Congresso, que estabelece o marco temporal para demarcação de terras indígenas, não trouxe pacificação. "O Parlamento brasileiro não parece ter produzido resultado que tenha pacificado o tema com a lei. É uma janela de pacificação histórica que deve ser aproveitada por todos."

 

O ministro fez referência a dados de organizações indígenas que mostram que há 270 terras desses povos pendentes de demarcação, sendo 12 homologadas, enquanto há 409 regularizadas.

 

Durante a audiência, a presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, pediu que a comissão conciliatória busque soluções e caminhos que evitem retrocessos aos direitos daqueles que são representados pelo órgão. O coordenador jurídico da Articulação dos Povos Indígenas (Apib), Maurício Terena, reiterou o pedido da entidade para que a Lei do Marco Temporal seja suspensa para garantir "diálogo e equidade" na comissão.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse neste sábado, 3, que o presidente dos EUA, Donald Trump, propôs enviar tropas americanas ao México para ajudar seu governo a combater o tráfico de drogas, mas que ela rejeitou o plano.

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"Podemos trabalhar juntos, mas vocês no território de vocês e nós no nosso", disse Sheinbaum. Com uma explosão de aplausos, ela acrescentou: "Nunca aceitaremos a presença do exército dos Estados Unidos em nosso território".

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Na mesma publicação, o mandatário ucraniano disse estar se preparando para importantes reuniões e negociações de política externa. "A questão fundamental é se nossos parceiros conseguirão influenciar a Rússia a aderir a um cessar-fogo total - um silêncio duradouro que nos permitiria buscar uma saída para esta guerra. No momento, ninguém vê tal prontidão por parte da Rússia. Pelo contrário, sua retórica interna é cada vez mais mobilizadora", completou, pedindo sanções à energia e aos bancos russos para pressionar o país a parar os ataques.

Mais cedo neste sábado, 3, Zelenski negou a proposta de uma trégua de 72 horas proposta pela Rússia em virtude das comemorações do Dia da Vitória na Segunda Guerra Mundial, em 9 de maio. Os ucranianos também se negaram a garantir a segurança das autoridades que forem a território russo para as celebrações.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve desembarcar em Moscou no próximo dia 8 para participar do evento. A primeira-dama do Brasil, Janja Lula da Silva, já está em solo russo.

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O ministro afirmou que, na próxima semana, as autoridades começarão a emitir os pedidos para que cerca de 4,5 mil estrangeiros nesta situação saiam voluntariamente dentro de 20 dias.

A medida foi anunciada às vésperas das eleições parlamentares. O endurecimento das regras de imigração tornou-se uma das principais bandeiras de campanha do governo de centro-direita da Aliança Democrática, que busca a reeleição.

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Portugal foi pego pela onda crescente de populismo na Europa, com o partido de extrema-direita na terceira posição nas eleições do ano passado.