O período pré-eleitoral de 2024 registrou 145 casos de violência política, um aumento de 130% em relação às eleições municipais de 2020. É o que mostra a terceira edição pesquisa "Violência Política e Eleitoral no Brasil", desenvolvida pelas organizações sociais Terra de Direitos e Justiça Global.Foram considerados casos de agressões físicas, ameaças, assassinatos, atentados, invasões, ofensas e criminalização. O levantamento inclui apenas casos de violência que tenham sinais de motivação política. Entre 1 de janeiro e 15 de agosto de 2024, os números da violência superaram todo ano de 2023, que teve 130 casos no ano.
Em 2024 houve um caso de violência política durante a pré-campanha a cada um dia e meio. Nas eleições de 2020, a cada oito dias um caso foi registrado. Dos 145 casos de 2024, 14 foram de assassinatos. Um aumento de 170% comparado aos 8 homicídios que aconteceram em 2020. O tipo mais recorrente de violência é a ameaça (51,2%), já o local mais recorrente é o ambiente virtual (52,3%). A pesquisa foi feita usando notícias que relatassem os episódios, os pesquisadores fizeram um rastreamento automático usando um sistema programado em código Python.
"Desde a primeira edição da pesquisa é possível identificar que em anos eleitorais há um acirramento da violência política. Nos casos registrados percebemos uma naturalização da violência dado os altos índices de assassinatos, atentados e ameaças. A pesquisa ainda identifica [que a violência política] afeta as mulheres de maneira desproporcional", destaca a coordenadora de Incidência Política da Terra de Direitos, Gisele Barbieri, na nota de divulgação da pesquisa.
Segundo a pesquisa, 46% das ocorrências de violência foram contra mulheres. As parlamentares receberam 15 ameaças de estupro no período pesquisado. A maioria dos ataques aconteceu em ambientes do poder legislativo (73,5%) e quase a totalidade partiu de homens (80%).
Os partidos de esquerda são os alvos mais comuns. O PT lidera a lista tendo sofrido 56, o PSOL vem em segundo com 36. A pesquisa mostra que os principais alvos são políticos que estão exercendo seus mandatos (77%). Porém, quando se trata de categorias de violências que ameaçam a vida, os candidatos e pré-candidatos são os principais alvos (68%).
"Na pesquisa, ao analisar o tipo de violência política cometido contra as mulheres, é possível identificar que existe um componente que se diferencia que é a ameaça de estupro, que está relacionada a sua condição de gênero. O levantamento não mapeou nenhum caso de ameaça de violência sexual contra os homens", destaca a Diretora-executiva da Justiça Global, Glaucia Marinho, na nota de divulgação da pesquisa.
Em um recorte de raça e cor, a maioria das vítimas é formada por homens brancos (28%) e mulheres brancas (23,7%). Mas, a diferença não é grande se comparados a homens negros (23,7%) e mulheres negras (21%). Porém, a pesquisa destaca que com a menor representatividade da população negra tanto em cargos, quanto concorrendo a eles, proporcionalmente homens e mulheres negras são vítimas mais comuns da violência política.
Os registros aconteceram em 24 estados e no Distrito Federal. Porém, a pesquisa ressalta que é improvável que a violência política não aconteça em todo o país e aposta em baixa cobertura noticiosa em certas regiões.
Os registros se concentraram Sudeste (38,1%), Nordeste (29,8%), Centro-Oeste (15%). Os estados com maiores números são Sao Paulo, com 53 casos; Rio de Janeiro, com 32 casos; Bahia e Minas Geraes que tem 25 episódios registrados em cada.
Violência política cresceu 130% no período pré-eleitoral deste ano na comparação com 2020
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